segunda-feira, 31 de março de 2014

MEMÉTICA NA MAÇONARIA



Escrito por Charles Evaldo Boller   
Sex, 28 de Março de 2014 17:00
Que fascínio exercem os contadores de histórias, romancistas e dramaturgos? Porque os seres humanos dedicam tantas horas concentrados, até alienados, em assistir filmes, ler livros ou jogar conversa fora? E como é gratificante ouvir o som das palmas de uma criança quando lhe é prometido um conto; júbilo este que se propaga entre adultos. São atitudes que certificam que a espécie humana é a única que troca estórias entre si. O hábito provavelmente estabeleceu-se na pré-história do homem, em momentos de ociosidade dentro das cavernas, onde contavam estórias entre os acontecimentos do dia. Isto propiciou o fato da maioria dos conceitos éticos e morais aportarem no presente por intermédio de parábolas. Em função disto determinou-se que a sociedade humana só está em seu atual desenvolvimento em resultado da transmissão dos mitos e de como estes influenciaram na psique humana; é tanto que, são as ficções as responsáveis pelas explicações das mais diversas realidades espirituais, transcendentais, sociais e cósmicas.

O iniciado na Ordem Maçônica é diversas vezes conduzido em viagens simbólicas; conduzem-no por sendas imaginárias que lhe são dadas a desbravar física, emocional e mentalmente. Para aumentar o impacto e aguçar a sensibilidade emocional e cognitiva, alguns destes passeios são feitos às cegas, com os olhos vendados. Mesmo na rigidez ritualística com que estes deslocamentos físicos são efetuados, em virtude da individualidade, cada indivíduo os percebe psicológica e racionalmente a sua maneira, alicerçado em seus próprios referenciais, baseado nos mitos e sistemas de crenças previamente fixados pela sua experiência de vida.

Surge um questionamento: até onde estas jornadas da Maçonaria conduzem? Até a morte; a maior ameaça que pode atingir alguém. Cada vez que um maçom passa de grau por iniciação, dispara-se nele simbolicamente uma angústia existencial aterradora, experimenta o fim, a morte. Estas reiteradas mortes fictícias têm por objetivo negociar com o pavor da abominável destruição. Ao homem maçom é dado aprender a morrer para condições anteriores; a valores morais e éticos, e ao mesmo tempo é auxiliado emocionalmente a superar a angústia da morte. Resumindo: aprende a morrer bem, para viver bem. Para Sócrates, o homem virtuoso não pode sofrer nenhum mal, nem da vida, nem da morte. Nem da vida porque os outros podem danificar-lhe os haveres ou o corpo, mas não arruinar-lhe a harmonia interior e a ordem da alma. Nem na morte, porque, se existe um além, o virtuoso será premiado; se não existe, ele já viveu bem no aquém, ao passo que o além é como um ser no nada" (G. Reale). As religiões criaram mecanismos para atenuação emocional deste trauma: promessa de uma vida futura num jardim de delícias; restauração em um novo sistema de governo mais justo aqui na Terra mesmo; outras declaram que o adepto será levado a um lugar onde será servido por dezenas de virgens pela eternidade. O maçom, por experimentar repetidas mortes simbólicas, e havendo compreendido e praticado seu sentido simbólico, passa a gozar a vida em graus de harmonia correspondentes ao quanto ele absorveu e vivenciou daquelas experiências, e passa a ser afetado de forma positiva no conjunto de circunstâncias físicas e de relacionamento interpessoal; aproveitando no aquém as benesses de levar vida virtuosa.

A morte, por ser única, é destino que a mente humana não aceita, haja vista os genes imporem a sobrevivência a qualquer custo. Os psicodramas vividos nas passagens de grau, sabidamente lendas, objetivam e ensinam a morrer. Ao vivenciar a morte, de imediato o recipiendário normalmente alcança um entendimento razoável da mensagem, e, se mudar os seus parâmetros de vida, passa a viver cada vez melhor desde então. Entretanto, ele também é atingido por sugestões subliminares; outros pensamentos são incompreensíveis por não disporem de referenciais na base de seu entendimento. No exato instante da transferência da informação para o seu cérebro, a informação pode não ficar clara quanto ao objetivo, mas, ao longo do crescimento dentro do contexto da lenda do grau, ou em outros mais elevados, se houver esforço pessoal, despertarão percepções que linguagem alguma teria condições de verbalizar.

Porque os mitos se espalham e se mantém ao longo da linha do tempo? A ideia foi lançada pela primeira vez em 1976, por Richard Dawkins, que partiu do princípio de, em sendo as leis físicas verdadeiras, e, alicerçado na ação biológica da replicação; uma vida gera a outra vida apoiada nos genes, ele transportou os conceitos da imutabilidade das leis físicas e da capacitação replicante da genética para a capacidade humana em transmitir ideias. A cada unidade de informação ele denominou meme. Provinda do verbete grego mimeme, abreviando-o depois para meme apenas para ficar parecido com gene. Sugeriu que, assim como os genes induzem a desejar a sobrevivência pela replicação, também os memes se propagam e reproduzem no tempo pulando de um cérebro para outro. Ao aportarem no receptor, os princípios e conceitos recebidos são agrupados ao referencial existente, fundem-se ao que ele já possui. Se encontradas condições favoráveis, acabam em transformarem-se em algo aceitável, trabalhando no sentido de beneficiar seu utilizador; à semelhança das mortes sucessivas das iniciações maçônicas levarem a intuir o viver bem na vida aquém.

Considerando que "somente o sábio, que esmagou os monstros selvagens das paixões que lhe agitam no peito, é verdadeiramente suficiente a si mesmo: ele se aproxima ao máximo da divindade, do ser que não tem necessidade de nada" (W. Jäger), outras transações meméticas entre os maçons se fazem necessárias para o entendimento do que realmente a Maçonaria intenciona que cada um descubra durante sua edificação interna. Sem a troca memética não é possível descobrir que dentro de si encontra-se a lei que levará ao despertar para o culto do amor fraterno, verdade que a maioria dos grandes iniciados da história descobriram como solução única aos problemas da humanidade.

Que vindes fazer aqui? Se não for para transmitir memes às mentes de teus irmãos, quer perda de tempo maior? Depois de aprender, é só pensar, filosofar, contar histórias, enfim, transmitir memes; propiciar que os interlocutores efetuem ligações neurais e gerem em si o alimento para que se autoconstruam dentro do objetivo do "conhece-te a ti mesmo". Partindo do princípio que todos os seres humanos são tripulantes desta linda nave espacial Terra e dependerem uns dos outros para manter a supremacia como espécie, a memética é fator fundamental para manter esta condição. E como se faz isso na Maçonaria? Apresentando peças de arquitetura; lançando novas ideias; conversando após as sessões; visitando outras lojas; visitando os irmãos em suas residências; visitando aqueles irmãos que passam por situações difíceis; replicando e criticando construtivamente, dicotomizando, reconstruindo pensamentos pelos eternos ciclos de tese, antítese e síntese; derrubando conceitos antigos e construindo novos, num processo continuo de transmissão e replicação memética.

A memética é a técnica utilizada para revelar o conhecimento ao iniciado na ordem maçônica. Com esforço, dedicação e perseverança, o maçom vai misturando as estórias que lhe são contadas ao referencial pessoal e então os insights explodem em fascínio e admiração; outros pensamentos ficam dormentes no limiar da consciência para despertarem mais tarde; outros, nunca aflorarão. Certamente este é um dos caminhos que conduzem ao encontro da luz emanada do Grande Arquiteto do Universo. Como certificar-se disso? Apoiando-se na memética e viajando pelos caminhos da jornada solitária que cada um faz a sua alma, e cuja aplicação é oportunizada em cada encontro maçom.

Bibliografia:

1. ADOUM, Jorge, Do Mestre Secreto e seus Mistérios, Esta é a Maçonaria, primeira edição, Editora Pensamento Cultrix limitada., 118 páginas, São Paulo, 2005;
2. ANTISERI, Dario; REALE, Giovanni, História da Filosofia, Antigüidade e Idade Média, Volume 1, ISBN 85-349-0114-7, primeira edição, Paulus, 670 páginas, São Paulo, 1990;
3. ASLAN, Nicola, Instruções para lojas de Perfeição, Do Quarto ao 14º Graus do Ritual Escocês Antigo e Aceito, ISBN 85-7252-174-7, quarta edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 102 páginas, Londrina, 2003;
4. BENOÎT, Pierre; VAUX, Roland de, A Bíblia de Jerusalém, título original: La Sainte Bible, tradução: Samuel Martins Barbosa, primeira edição, Edições Paulinas, 1663 páginas, São Paulo, 1973;
5. CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçônico, ISBN 85-7374-251-8, primeira edição, Madras Editora limitada., 413 páginas, São Paulo, 2001;
6. CAMINO, Rizzardo da, Os Grau Inefáveis, Loja de Perfeição, Volume 1, Do Quarto ao Décimo Grau, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 178 páginas, Londrina, 1995;
7. CASTELLANI, José, Dicionário Etimológico Maçônico, Coleção Biblioteca do Maçom, segunda edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 123 páginas, Londrina, 1996;
8. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, versão 1.0, 2001;
9. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia, sua História, quarta edição, Editora Pensamento Cultrix limitada., 550 páginas, São Paulo, 1989;
10. GUIMARÃES, João Francisco, Maçonaria, A Filosofia do Conhecimento, ISBN 85-7374-565-7, primeira edição, Madras Editora limitada., 308 páginas, São Paulo, 2003;
11. LOMAS, Robert, Girando a Chave de Hiram, Tornando a Escuridão Visível, título original: Turning the Hiram Key, Making Drakness Visible, tradução: José Arnaldo de Castro, ISBN 85-3700-044-2, primeira edição, Madras Editora limitada., 288 páginas, São Paulo, 2005;
12. OLIVEIRA FILHO, Denizart Silveira de, Comentários Aos Graus Inefáveis do Ritual Escocês Antigo e Aceito, Coleção Biblioteca do Maçom, ISBN 85-7252-035-X, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 192 páginas, Londrina, 1997;
13. Ritual do Grau 4, Mestre Secreto, primeira edição, Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito do Brasil, 32 páginas, Rio de Janeiro, 1970;
14. SCHURÉ, Edouard, Os Grandes Iniciados, título original: Les Grands Initiés, ISBN 85-7374-620-3, primeira edição, Madras Editora limitada., 352 páginas, São Paulo, 2005;
15. VIDAL, César, Os Maçons a Sociedade Secreta mais Influente da História, tradução: Maria Alzira Brum Lemos, ISBN 85-7316-423-9, primeira edição, Ediouro Publicações S. A., 262 páginas, Rio de Janeiro, 2006.

Rito: Rito Escocês Antigo e Aceito
Grau do Texto: Aprendiz Maçom.

Fonte: JB News

BANQUETE MAÇÔNICO

Livro de grande utilidade para Veneráveis Mestres e demais oficiais das Lojas Maçônicas Brasileiras, discorre sobre usos e costumes dos “comes e bebes”, desvenda os mistérios da interpretação esotérica do Banquete Ritualístico, realizado tanto no Simbolismo como no Filosofismo Maçônico. Apresenta gráficos demonstrativos das posições das mesas de banquetes realizados nos Solstícios de Inverno e Verão. Ensina como planejar, organizar e executar uma Loja de Mesa ou Loja de Banquete, nos diversos Ritos Maçônicos, adotados pelo GOB. Além disto, oferece um ABC do Banquete, um glossário de palavras e termos ligados à ritualística do Ágape Maçônico. Apresenta, ainda, diversas peças de arquitetura, artigos sobre o significado da Loja de Mesa, bem como oferece vários tipos de cardápios já testados em Lojas de Banquete, em vários Grandes Orientes Estaduais e do Distrito Federal.


Sobre o Autor
Hélio Pereira Leite nasceu em Fortaleza – Ceará
Em 1959, concluiu o Curso Científico, no Liceu do Ceará.
Ainda em Fortaleza, fez  o Curso de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR de Fortaleza, turma de 1960).
Em São Luís (Maranhão) serviu como Oficial R-2 de Infantaria, no 24° Batalhão de Caçadores.
A partir de l963, radicou-se em Brasília, onde ingressou no Serviço Público, constituiu família e se bacharelou em Direito (CEUB, turma de 1972).
Em 1966, ingressou na Loja Maçônica União e Silêncio, federada ao Grande Oriente do Brasil.
Exerceu diversas funções maçônicas, destacando-se a de Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal (gestã0 2003-2007).
Recebeu  várias comendas maçônicas, dentre as quais a Cruz da Perfeição, após quarenta anos  de atividades na Arte Real.
Participou do 4º Ciclo da ADESG-DF (turma 1975).
É Cidadão Honorário de Brasília, título concedido pela Assembleia Distrital Legislativa do Distrito Federal.
Presidiu a APAE-DF, tendo exercido o cargo de Procurador Geral da Federação Nacional das APAEs.
Produções literárias:  Ensaio –“ Maçonaria e Intelectualidade” (1989); Diário de Viagem – “Cuba, uma Ilha, dois países” (2002); “100 Peças de Arquitetura” (2010, organizado com Kleber S. Nascimento).
A partir de 2008, voltou a residir em Fortaleza, criando e passando a administrar o site  www.formadoresdeopinião.com.br, no qual publica matérias voltadas para cidadania, civismo e patriotismo.





'PASSA, PASSA, PASADENA', UM ARTIGO DE FERNANDO GABEIRA

Água era o meu foco. Revisitava o Rio Piracicaba castigado pela seca. No passado fui a algumas reuniões do Comitê de Bacia. Já havia na época uma preocupação com o futuro do rio, tão solicitado: abastece uma região em crescimento e mais 8,8 milhões de pessoas em São Paulo.

Lembrei, à beira do Piracicaba, alguns autores no fim do século passado afirmando que a água seria o petróleo do século 21, com potencial de provocar conflitos e até guerras. Mas ao falar no petróleo como algo do passado constatei que está na ordem do dia. Enterraram uma fortuna em Pasadena, no Texas. Outra Pasadena, na Califórnia, é a cidade cenário da sitecom The Big Bang Theory.

Pois é, nossa Pasadena começou com um singular ponto que se expande de forma vertiginosa. Foi uma espécie de Big Bang na consciência dos que ainda duvidavam que a Petrobrás estivesse indo para o buraco nas mãos dos aliados PT e PMDB. Diante dos fatos, vão-se enrolar de novo na Bandeira Nacional, sobretudo num momento de Copa do Mundo, fulgurante de verde e amarelo.

Os críticos da Petrobrás não são bons brasileiros. Bons são os que se apossaram dela e a fizeram perder R$ 200 bilhões nestes anos e despencar no ranking das grandes empresas do mundo.

O líder do governo, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), disse que a perda desse dinheiro faz parte do jogo capitalista de perde e ganha. Se fosse numa empresa privada, dificilmente seus diretores resistiriam no cargo. Em Pasadena enterrou-se dinheiro público. O que deveria ser mais grave em termos políticos.

Pasadena é uma boa versão com sotaque latino para Waterloo. Dilma Rousseff afirma que assinou a compra da refinaria no Texas sem conhecer as cláusulas. Depois disso conheceu. Ela lançou uma nota para explicar o momento em que não sabia. E se esqueceu de explicar todos os anos de silêncio e inação.

Os diretores que teriam omitido as cláusulas que enterram mais de US$ 1 bilhão em Pasadena continuaram no cargo. Até a coisa explodir mesmo. Tenho a impressão de que tentaram sentar-se em cima da refinaria de Pasadena. Sentaram-se numa baioneta, porque não se esconde um negócio desastroso de mais de US$ 1 bilhão.

Os fatos começam a se desdobrar agora que os olhares se voltam para esse refúgio dos nacionalistas, defensores da Pátria enriquecidos.

Uma empresa holandesa cobrou US$ 17 milhões da Petrobrás por serviços que não constavam do contrato. A primeira parcela da compra em Pasadena foi declarada como US$ 360 milhões, mas no documento americano ela foi registrada como uma compra de US$ 420 milhões. Refinarias compradas no Japão têm as mesmas cláusulas do contrato desastroso de Pasadena.

Um amigo de Brasília me disse ao telefone: "Se esse Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobrás, abrir a boca, a República vai estremecer". Conversa de Brasília. Quantas vezes não se falou o mesmo de Marco Valério?! O que pode trazer revelações são os computadores, pen drives e documentos encontrados na casa dele. A Polícia Federal não acreditava que ele iria falar, tanto que o prendeu com o argumento de que estava destruindo provas.

Passa, passa, Pasadena, quero ver passar. A Petrobrás da nossa juventude, dos gritos de "o petróleo é nosso", se tornou o reduto preferido dos dois grandes partidos que nos governam. O petróleo é deles, do PT e do PMDB. Levaram o slogan ao pé da letra e suas pegadas na maior empresa do País demonstram que devoram até aquilo que dizem amar.

De certa forma, isso já era evidente para mim nas discussões dos contratos do pré-sal. Eles impuseram uma cláusula que obriga a Petrobrás a participar de todos os projetos de exploração. Não deram a chance à empresa de recusar o que não lhe interessava.

Tudo isso é para fortalecer a Petrobrás, isto é, fortalecer-se com ela, com uma base de grandes negócios, influência eleitoral e, de vez em quando, uma presepada nacionalista, tapas imundos de óleo nas costas uns dos outros, garrafas de champanhe quebradas em cascos de navios.

Lá, no Texas, os magnatas do petróleo usavam aqueles chapéus de cowboy. Lá, em Pasadena. Aqui, os nossos magnatas em verde e amarelo estão com poucas opções no momento. Ou reconhecem o tremendo fracasso que é a passagem dos "muy amigos" da Petrobrás pela direção da empresa ou se enrolam na Bandeira e acusam todos de estarem querendo vender a Petrobrás. Diante das eleições e da Copa do Mundo, devem optar por uma alternativa mais carnavalesca.

Mas os fatos ainda não são de todo conhecidos. Deverá haver uma intensa guerra de bastidores para que não o sejam, especialmente os documentos nas mãos da Polícia Federal.

Pasadena. Certos nomes me intrigam. O mensalão não seria o que foi se não houvesse esse nome tão popular inventado por Roberto Jefferson, que no passado apresentava programas populares de TV. Pasadena soa como algo esperto, dessas saidinhas em que você vai e volta em cinco minutos, leve e faceiro. Mas pode ser que Pasadena não passe e fique ressoando por muito tempo, como o mensalão. E se tornar uma saidinha para comprar cigarros, dessas sem volta, para nunca mais.

Criada uma comissão no Congresso Nacional, envolvidos Ministério Público e Polícia Federal, podem sair informações que, somadas às de fontes independentes, deem ao País a clara visão do que é a Petrobrás no período petista. Não tenho esperança de que depois disso todos se convençam de que a Petrobrás foi devastada. Mas será divertido vê-los brigando com os fatos, com as mãos empapadas de óleo.

Diante do Rio Piracicaba meu foco é a água. Na semana passada, vi como na Venezuela o uso político do petróleo deformou o país. No Brasil o alvo da voracidade aliada é a Petrobrás.

E se a água é o petróleo do século 21, daqui a pouco vão descobri-la, quando vierem lavar as mãos nas margens dos nossos rios.

*Fernando Gabeira é jornalista.

Fonte: Veja.com



É CLARO QUE PASADENA É UM CASO DE POLÍTICA, MAS É INEGÁVEL QUE É, SOBRETUDO, UM CASO DE POLÍCIA

Não tem jeito: a cada enxadada, uma minhoca. Raia o dia, e lá vem uma nova informação sobre a compra da refinaria de Pasadena que empurra mais e mais o caso para a esfera da polícia — embora, é evidente, ele seja também um caso de política. Ora, se é assim que a Petrobras executa as suas aquisições, e dado que um de seus mais importantes ex-diretores está na cadeia, a gente imagina o padrão de governança da empresa.

Salvem a Petrobras antes que acabe! R$ 200 bilhões em valor de mercado já foram para o ralo da irresponsabilidade petista. O que sobrou é menos da metade do que havia há três anos. A Petrobras tem de ser devolvida a seus legítimos donos: o povo brasileiro, representado pelo Estado, e os acionistas minoritários, que estão sendo logrados.
Gabrielli: há pouco mais de um ano, em resposta ao blog, afirmou que a
Petrobras havia conseguido desconto  na compra de refinaria
Como já se sabe, os próprios belgas da Astra, ao vender a primeira metade da refinaria à Petrobras, saudaram o negócio excepcional e o ganho acima de qualquer expectativa. Na Folha deste sábado, há uma reportagem sobre os desentendimentos entre a Astra e a Petrobras. Reproduzo trecho (em vermelho) do texto de Isabel Fleck, Raquel Landim e David Friedlander. Volto em seguida.
Os executivos da Petrobras faziam muita “besteira”, eram “extravagantes” nos gastos e qualquer decisão levava “10 vezes mais tempo que o necessário”. Era assim que os belgas da Astra se referiam aos seus sócios brasileiros na refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).
Os comentários pejorativos de Mike Winget, presidente da Astra, e seu diretor de operações, Terry Hammer, aparecem numa troca de e-mails com outras cinco pessoas da equipe, datada de 2 de novembro de 2007 e obtida pela Folha na Justiça do Texas.
Retomo
O clima era beligerante, havia desentendimento entre os sócios, e os belgas decidiram, então, fazer valer a cláusula que obrigava a Petrobras comprar a outra metade. Até aí, bem. Num dos e-mails obtidos pela Folha, Winget escreve, referindo-se aos negociadores com os quais dialogava, que “não ficaria surpreso se a Petrobras já tiver se dado conta de que a refinaria não vale os US$ 650 milhões que eles [os negociadores brasileiros] sinalizaram”.
Entenderam? Eles mesmos sabiam que a refinaria não valia aquilo tudo. Ao Congresso, no entanto, Graça Foster afirmou que as condições do mercado à época justificavam aquele preço. Nem os donos originais achavam isso!
Multa e passivo ambiental
Reportagem levada ao ar na noite desta sexta pelo Jornal Nacional evidencia que Pasadena ainda não parou de sangrar o cofre do Brasil. O Condado de Harrys acionou a refinaria na Justiça para receber uma multa US$ 6 milhões, soma de tudo o que ela deixou de recolher em impostos desde 2005, sem contar que, em 2012, o condado fechou com a Petrobras um acordo para o pagamento de uma multa de US$ 750 mil por causa da poluição do ar em anos anteriores. Rock Owens, que é advogado da área ambiental de Harrys, diz que o valor da venda da refinaria  chamou a atenção na época. Ele explica por quê: “Era a venda de uma refinaria velha a um preço premium que não deveria ter sido pago. E sem os reparos que recomendamos desde os anos 80, que não foram feitos”.
Os sócios da Astra sabiam que a empresa não valia tudo aquilo; o advogado do Condado de Harrys sabia que a refinaria não valia tudo. Intuo que os diretores que realizaram a operação também soubessem, não é? O conselho, no entanto, foi levado no bico — e Dilma decidiu ignorar o assunto depois, como conselheira da Petrobras, como ministra e como presidente da República.
Mas a Petrobras não contratou consultoria? Pois é. Aí é preciso lembrar a reportagem do Globo que mostra que a avaliação foi feita às pressas, em apenas 20 dias. Os avaliadores contratados, da BDO Seidman, deixaram claro que não tiveram tempo de fazer o trabalho adequado e se eximem de eventuais problemas posteriores. Recomendam à Petrobras que faça, então, ela própria a avaliação. E a Petrobras fez. Sabem quem a ajudou? A então diretora financeira da Astra, Kari Burke. É do balacobaco!
Não por acaso, informa outra reportagem da Folha, “a análise [sobre o preço da refinaria] contemplava três cenários, com cinco situações em cada, nas condições em que se apresentava a refinaria na época. A mais conservadora estabelecia que Pasadena inteira custava US$ 582 milhões. A mais otimista atingia US$ 1,54 bilhão. Com o estudo na mão, Nestor Cerveró decidiu oferecer US$ 700 milhões por 50% do ativo. O fato de a oferta não corresponder à metade de nenhuma das cifras apresentadas no estudo chamou atenção da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que questionou a escolha de valores “aleatoriamente, sem comprovação, entre todos os cenários possíveis”
Entenderam? Foi Cerveró que ofereceu os US$ 700 milhões pela segunda metade — que depois acabaram se transformando em R$ 820,5 milhões. Aí, sim, a operação foi vetada pelo Conselho e teve início a disputa judicial. Dilma pode até explicar como foi enganada na condição de membro do conselho. A sua omissão posterior é que é inexplicável, com Cerveró assumindo a direção financeira da poderosa BR Distribuidora. Curiosamente, a presidente mandou demiti-lo antes de qualquer investigação.
Dá para entender por que o mercado se animou quando a oposição conseguiu o número de assinaturas no Senado para fazer a CPI da Petrobras. É a esperança de que uma comissão de inquérito contribua para botar ordem na bagunça. Como se nota, mais de uma vez, os próprios belgas se mostraram espantados — e até incrédulos — com a, por assim dizer, generosidade da Petrobras.
Durante um bom tempo, como sabem, este blog foi o único veículo a manter Pasadena na pauta. No dia 17 de dezembro de 2012,  informei aqui, o site Bahia Notícias publicava o seguinte (em vermelho):
O secretário de Planejamento e ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, esclareceu por meio de nota as afirmações feitas pelo colunista da revista Veja, Reinaldo Azevedo. Por meio de nota, a assessoria do titular da Seplan informa que a pauta “é requentada”.
“Em novembro 2005, a Petrobras assinou um Memorando de Entendimento com a Astra Oil Company (Astra). Em setembro de 2006, a Companhia concluiu a aquisição através de sua subsidiária Petrobras America Inc. (PAI). Desentendimentos entre os sócios levaram a Astra a requerer o direito de vender seus 50%”.
Segundo o documento, o valor foi acrescido de juros e outras atribuições durante o processo arbitral. “A Petrobras empenhou seus melhores esforços e obteve uma redução significativa no montante pleiteado pela Astra. Em junho de 2012, um acordo extrajudicial totalizou US$ 820 milhões. Parte desse montante, US$ 750 milhões, já vinha sendo provisionado, restando o complemento de provisão de US$ 70 milhões”, diz a nota. “O acordo tornou a refinaria [de Passadena] um ativo negociável, ainda que não haja uma obrigatoriedade nem urgência em se desfazer da mesma”, finaliza o comunicado.
Encerro
Até aquela data, Gabrielli achava que bastava arrogância para matar o assunto. Vejam quanta notícia tem rendido o “assunto requentado”. Mais: segundo sustentou então, a Petrobras ainda havia conseguido uma “redução” (!!!) no valor da compra.
Um caso de política. Um caso de polícia.
Por Reinaldo Azevedo

Fonte: Veja.com


PREJUÍZO DA PETROBRAS VAI AUMENTAR: AUTORIDADES DE PASADENA COBRAM MILHÕES DA EMPRESA NA JUSTIÇA

A conta bancada pela Petrobras pela refinaria americana que provocou tanto barulho pode ficar maior. Autoridades da região de Pasadena cobram mais alguns milhões de dólares da refinaria na justiça. O correspondente Hélter Duarte explica. A briga das autoridades do Condado de Harrys com a refinaria de Pasadena começou há nove anos. Segundo Scott Lemond, advogado do Condado, foi nesse período que a companhia deixou de pagar seus impostos regularmente.

A refinaria de Pasadena fica em uma área isenta de tributos federais e alfandegários. Mas, como compensação, esses valores têm que ser repassados ao Condado, que engloba mais de 80 cidades da região, incluindo Pasadena e Houston, a maior cidade do Texas.
Os advogados do condado de Harrys afirmam que tentaram, mas nunca conseguiram fechar um acordo com a refinaria. Em janeiro do ano passado, eles entraram na Justiça contra a refinaria de Pasadena para receber um dívida de US$ 6 milhões. Scott Lemond explica que esse valor é a soma de tudo o que a refinaria deixou de pagar ao Condado desde 2005, quando ela foi vendida pela Crown para a empresa belga, Astra Oil. Scott diz que entre 2005 e 2006 alguns pagamentos foram feitos. “Eles pararam de pagar entre 2007 e 2008, e os valores entre 2005 e 2006 foram pagos menos que o devido”, afirma o advogado. Foi nesse período que a Petrobras comprou a primeira metade da refinaria. Uma dívida que, na avaliação do advogado, era de conhecimento dos envolvidos no negócio.
Um documento interno da Petrobras, publicado nesta sexta-feira (28) pelo jornal “O Globo”, revela que a avaliação da situação jurídica e financeira da refinaria de Pasadena foi feita em apenas 20 dias. Um prazo que a própria Petrobras, no relatório de 31 de janeiro de 2006, considera curto em relação ao que uma “due diligence” normalmente requer. A due dilligence é um passo essencial nos processos de fusões e aquisições de companhias. Funciona como uma espécie de auditoria, avaliação, de todos os números da empresa a ser comprada. No caso de Pasadena, os estudos sobre a saúde da refinaria foram feitos no escritório da Astra, entre 23 e 27 de janeiro de 2006, com a ajuda do consultores da BDO Seidman e da então diretora financeira da Astra, Kari Burke. O documento interno da Petrobras cita uma primeira fase de coleta de documentos, entre 11 e 25 de novembro, com a colaboração de diretores financeiros da Astra.
Um dia antes da assinatura do documento de avaliação, por gerentes da área financeira, tributária e jurídica, segundo a reportagem, a BDO enviou ao então presidente da Petrobras americano Renato Tadeu Bertani uma carta em que diz que devido ao tempo, a consultoria ficou limitada na capacidade de identificar assuntos que poderiam potencialmente ser encontrados. E que os serviços prestados não deveriam servir de base para divulgar erros, fraudes ou outros atos ilegais que pudessem existir.
Rock Owens é advogado da área ambiental do Condado de Harrys. Ele diz que o valor da venda da refinaria para a Petrobras chamou a atenção na época. “Era a venda de uma refinaria velha a um preço premium que não deveria ter sido pago. E sem os reparos que recomendamos desde os anos 80 que não foram feitos”, ele diz.
Em 2012, Owens fechou com a Petrobras um acordo para o pagamento de uma multa de US$ 750 mil, por causa de vários episódios de poluição do ar em anos anteriores. Desde o pagamento desse valor, segundo o advogado, não foram registrados outros casos de poluição do ar na refinaria. Nos Estados Unidos, a ex-diretora financeira da Astra, Kari Burke, que participou da avaliação da refinaria de Pasadena em 2006, não retornou nossas ligações e e-mails. A BDO avisou, por e-mail, que não vai comentar o caso em respeito à política de confidencialidade.

Por Reinaldo Azevedo

Fonte: Veja.com

A MAÇONARIA OPERATIVA FINDOU EM 1717, OFICIALMENTE


“Deixemos de lado as brilhantes, porém mentirosas origens da nossa Instituição, quer egípcias, quer judaicas, quer de quaisquer outras procedências igualmente inverídicas. A Maçonaria é um produto genuinamente inglês e medieval, operário na origem e não iniciático ou religioso. Neste terreno, como já dissemos, todos os historiadores da atualidade concordam de maneira ampla, plena e uníssona.


Pretender ainda discutir esta verdade mil vezes demonstrada, é revelar simplesmente total desconhecimento das conquistas da História relativamente à Maçonaria.”
(Pág.28, do livro “A Maçonaria Operativa” de Nicola Aslan)

INTRODUÇÃO
Não iremos viajar aqui pelas dezenas de teorias, lendas e invenções sobre as origens da Maçonaria. Não existe nenhuma pretensão de criarmos mais dúvidas, onde já pairam muitas. Mas, com base em fontes seguras e autores sérios, além do uso de critérios e muita cautela, poderemos chegar à resposta mais satisfatória que a pergunta do título requer. Do que ouvimos, gravamos muito mais, sabidamente, do que foi bastante repetido, e seguindo essa linha de raciocínio, sabemos melhor então, sobre o período que compreende o final da Maçonaria Operativa e o começo da Maçonaria Especulativa, aliás, nomes com os quais nem todos concordam.

Os historiadores mais conceituados, tem sido praticamente unânimes: a origem da Maçonaria, a mais próxima da verdade, é a que diz que ela descende das antigas organizações ou corporações de pedreiros da Idade Média, responsáveis pelas construções das igrejas e catedrais, e há uma unanimidade também, no aspecto tocante à influência sofrida da Igreja da época. Todas as corporações desses profissionais, que convergiram para formaram o que se convencionou chamar de Maçonaria Operativa, tinham como obrigatórios o cumprimento de uma série de preceitos religiosos e obrigações, o que de certa forma os tornava submissos à Igreja. Numa das fontes consultadas, está dito que a origem da Maçonaria Operativa perde-se na Idade Média. O que é bem melhor de ouvir, que a surrada expressão sobre ela se perder nas brumas do passado.

AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO
As Corporações de Ofício surgiram na Idade Média, a partir do século XII, e tinham o objetivo de agrupar os operários qualificados de uma determinada função, para que tivessem condições de defender seus interesses, negociarem de uma forma mais eficiente, controlar a técnica de produção das mercadorias pelo produtor, cuidarem da distribuição, dos preços, da qualidade dos produtos, da margem de lucro, da hierarquia de trabalho, proporcionar amparo aos seus trabalhadores na velhice, evitar a concorrência, controlar a quantidade de matérias primas, estipular o salário dos trabalhadores, protegerem os seus associados, além de outras razões. Três classes compunham essas corporações basicamente: a) os Mestres, que eram praticamente os donos da oficina. b) os oficiais ou companheiros. c) os aprendizes. As corporações de maior destaque eram a dos construtores e a dos artesãos. Cada uma das corporações agrupava um ramo de trabalho, por isso, era corporação de ofício, e tinham regras estabelecidas para aquele que nela quisesse ingressar.

UM POUCO DA HISTÓRIA INDIVIDUAL DAS CORPORAÇÕES MAIS IMPORTANTES, ACOMPANHADAS DE ALGUNS COMENTÁRIOS E CITAÇÕES
O “Vade-Mécum Maçônico” de autoria do Irmão João Ivo Girardi, lista várias organizações como sendo as principais: Os “Collegia Fabrorum”, os “Comacinis”, os “Compagnonnage”, os Canteiros, as Guildas e os Grêmios Mercantis, que são espelhadas no “Dicionário de Maçonaria” do Urmão Joaquim Gervásio Gigueiredo. Já Castellani, prefere os nomes:
Os “collegia” romanos, as Associações monásticas, as Confrarias, as Guildas, os Ofícios Francos ou Francomaçonaria. Vejamos a síntese histórica de algumas dessas organizações, com informações provenientes das consultas às obras de vários dos nossos estudiosos, lembrando que a Maçonaria adotou princípios e conteúdos filosóficos das muitas corporações que deles faziam uso. Algumas delas são bem anteriores ao período esse que passou à história com o nome de Maçonaria Operativa.

A título de informação, os “collegia” romanos, de Castellani, é o mesmo que os “Collegia Fabrorum”, descritos pelo Irmão João Ivo Girardi, em seu “Vade-Mécum Maçônico” e que diz assim: “COLLEGIA FABRORUM: Diz-nos Plutarco que os Colégios romanos foram originariamente fundados por Numa Pompílio, segundo rei de Roma, que viveu durante o séc.VII a.C. Cada um destes Colégios de Arquitetos estava incorporado a uma Legião Romana, para lhe construir fortificações em tempo de guerra, e templos e casas em tempo de paz. Foi dessa maneira que os Mistérios romanos foram levados para o norte da Europa. (O grifo é meu) Acabaram sendo abolidos pelo Senado Romano em 80 a. C. para serem restaurados vinte anos depois. Finalmente foram abolidos definitivamente no ano 378 d.C. quando o Cristianismo passou a dominar Roma.”

É interessante que se façam os seguintes comentários ainda no tocante aos “Collegia”: em 43 d.C. depois de duas incursões anteriores, as legiões romanas sob o comando do Imperador Cláudio, finalmente, conseguiram fincar pé na Inglaterra. “Os “collegia”, que eram corpos auxiliares, construíram as primeiras vilas e cidades da Inglaterra, a partir de acampamentos das legiões de Roma, e ensinaram as artes aos bretões.

Castellani faz uma restrição quanto à figura de Numa Pompílio e ao estabelecimento dos “Collegia” por esse imperador: “Roma devia ter menos de 40 anos quando Numa Pompílio a governou. Isto é, não era nada; não tinha nada. Alguma coisa está errada neste contexto.” O Irmão Pedro Juk em seu livro “Exegese Simbólica para o Aprendiz Maçom”, assim se referiu aos “Collegia Fabrorum”: “Pelo crescimento do poder de Roma, que se tornou num vasto e abrangente Império, é que cresceu também a necessidade e o desejo do homem de associar -se,  constituindo grêmios organizados denominados “Collegia”. Essas associações possuíam um caráter religioso marcante e acompanhavam as legiões romanas durante as suas conquistas para reconstruir o que fosse sendo destruído pela atividade da guerra na campanha das conquistas. É possível que nessa associação ou colégio, estivesse a semente das futuras corporações de ofício da Idade Média.”

No “Dicionário de Maçonaria”, do Irmão Joaquim Gervásio Figueiredo, encontramos a afirmação de que as tradições secretas dos “Collegia” foram transmitidas ao continente europeu
pelas corporações que vem na sequência. “OS COMACINI: Descendentes dos Colégios, que se instalaram na Ilha Comacini, no Lago de Como ao norte da Itália. Ao seu gênio criador se devem a arquitetura romanesca e muito do renascimento posterior das Lojas da Europa. Apresentam marcante analogia com o moderno sistema maçônico, pois, estavam organizados em Mestre, Guardiões e Discípulos sob o governo de um Grão-Mestre. Tinham sinais, toques, palavras de passe e juramentos de sigilo e fidelidade; usavam aventais, luvas brancas, e entre seus símbolos incluíam o compasso, o nível, o fio de prumo.“

A título de curiosidade, o estudioso Nicola Aslan, referiu-se ao fato de que entre 590 e 604, quando na Inglaterra e na Gália, os pedreiros já haviam desaparecido, na Itália ainda subsistiam algumas corporações do tipo romano, o que prova que a Itália foi um dos redutos na conservação da arte dos romanos.

Ainda, o Irmão Pedro Juk, falando sobre os “Comacini” tece considerações importantes: “A perseguição ao Cristianismo influenciou decisivamente para a dissolução dos Colégios Romanos. Sem dúvida esse é um período tenebroso e de difícil acompanhamento de sua história, fato que causa uma lacuna entre a ligação da arte clássica romana e a aparição da arte gótica desenvolvida pelos canteiros da Idade Média, todavia alguns historiadores estabelecem um elo entre os Collegiati e os construtores de catedrais através dos “Magistri Comacini” ou Mestres Comacinos, guilda de arquitetos que com a queda do Império Romano refugiou-se em Comacina (...) Os Mestres Comacinos eram arquitetos, escultores, entalhadores e decoradores que assumiam um caráter de liberdade, muito antes que se lhes desse o nome de Franco-Maçons, pois, viajavam livremente de um para outro lugar e eram livres para fixar o preço dos seus trabalhos, enquanto os demais trabalhadores eram submetidos ao poder dos senhores feudais. (...) O progresso dos Mestres de Como começou em suas migrações durante o reinado de Carlos Magno, quando seguiram missionários da Igreja a remotos lugares, indo desde a Itália até a Grã-Bretanha, edificando durante o seu trajeto, principalmente igrejas, disseminando a arte „românica‟ que, anteriormente à „gótica‟, sobressaiu absoluta na arquitetura medieval, contribuindo assim para enaltecer a arte da edificação sobre os demais ofícios. Disseminaram a Arte Lombarda e Beneditina quando ensinaram a muitos arquitetos e pedreiros monásticos da Ordem de São Bento. Em  linhas gerais é importante observar que essas associações não assumiam ainda o rótulo de maçonaria. Desde a Antiguidade até a Idade Média elas se apresentavam como agremiações dedicadas à „arte de construir‟, dotada de um forte cunho religioso. Com o advento e a afirmação do Cristianismo, reportado principalmente ao crescimento da Igreja, não só como instituição religiosa, mas principalmente como instrumento de poder, esta influenciou o desenvolvimento das futuras corporações que iriam florescer na Idade Média. É sob o grande poder dessa Igreja que essas corporações seriam conhecidas mais tarde como Maçonaria Operativa, ou Maçonaria de Ofício, para a preservação da „arte‟ entre os mestres construtores da Europa.” “O COMPAGNONNAGE, (corporações obreiras) na França – uma espécie de renascimento das guildas simbólicas medievais, porém mais conhecido como uma associação de operários, que possuía ritos especiais de iniciação, acompanhados de preocupação quanto ao comportamento dos seus membros, e que se multiplicou em todas as nações européias por todo o período medieval, sobrevivendo em alguns deles até a Idade Moderna. A mais antiga divisão era a dos Filhos de Salomão, originariamente consistente apenas de pedreiros, e mais tarde também de soldadores e ourives; a segunda era a dos Filhos do Mestre Jacques, que igualmente admitia membros das três citadas profissões, e posteriormente seleiros, sapateiros, alfaiates, cuteleiros, chapeleiros; a terceira divisão seguia o Mestre Subises e era formada por carpinteiros, escultores e telhadores. As três divisões adotavam a lenda concernente a Salomão e seu Templo.” Além do mais, citado por Michael Johnstone, há a menção de um código, datado de 1260, se referindo a Carlos Martel, avô de Carlos Magno, como um dos homens para o qual teriam sido transmitidos os segredos dos construtores do Templo do Rei Salomão. Com relação à lenda do Templo de Salomão, adotada pelas três divisões das “Compagnonnage”, transcrevo o seguinte comentário do livro de Alex Horne, intitulado “O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica”: “No período medieval, dois fatores contribuíram para sustentar-lhe o interesse: primeiro, a força da tradição oral; e segundo, a Arte, sobretudo a Arte associada, direta ou indiretamente, ao impulso religioso, na pintura, na escultura e na arquitetura.

Quanto à tradição oral, Gerard Brett nos recorda que, antes do fim do Século XV, o número dos que tinham acesso a um AntigoTestamento real deve ter sido muito pequeno. Consequentemente, no seu entender, até mais ou menos o ano de 1500, precisamos considerar a palavra falada como o elemento mais importante na transmissão da tradição salomônica. Mas havia também a influência da Arte, e Brett cita e ilustra inúmeros exemplos de Arte européia em que figura a personalidade do Rei Salomão em conjunção como o seu Templo, em tapeçarias, vitrais e objetos entalhados de madeira e de pedra.”

Michael Johnstone, em sua obra “Os Franco-Maçons” diz: “Na França, a Compagnonnage permaneceu separada da Maçonaria ali estabelecida. Juntando tais fatos, é pouco provável que a Compagnonnage tenha sido a progenitora direta da Maçonaria. “OS CANTEIROS, pedreiros alemães, derivados provavelmente do século XII dos pedreiros dos mosteiros amalgamados com os construtores profissionais das cidades, e denominados Steinmetzen na Alemanha, usavam um cumprimento e um sinal que não podiam ser escritos.”

Nicola Aslan cita uma parte dos escritos de Lionel Vibert para falar dos Steinmetzen e que vem elucidar alguns pontos: “Em princípios do século passado, uma tentativa foi feita para demonstrar que os Steinmetzen (talhadores de pedra) estavam na origem de todas as Maçonarias. Mas as pesquisas modernas fizeram abandonar esta doutrina, a ponto de deixar planar sobre seus autores uma certa suspeita de falsificação dos textos; a Maçonaria alemã, isto foi demonstrado, deriva da Maçonaria especulativa inglesa, e os Steinmetzen tem com esta última um ponto comum: derivam, eles também, das Corporações ou fraternidades da Idade Média em seus respectivos países. No entanto, podemos descuidar dos Steinmetzen em nossa investigação sobre as origens da Maçonaria inglesa.” E ao final, Aslan arremata da seguinte maneira: “Mas hoje podemos afirmar e peremptoriamente que, não existem, contudo, traços de qualquer conexão entre esta organização e a Maçonaria.”

“AS GUILDAS inglesas que derivam dos construtores, oriundos do continente europeu e iniciados na época de S. Agostinho. Congregavam operários artesãos e comerciantes em organizações que tinham como objetivos principais a proteção mútua, a regulamentação da formação profissional e prestação de assistência social a seus membros.” As guildas são consideradas as precursoras da moderna Maçonaria. Floresceram no período que vai do século XI ao XV. O uso da palavra Loja é proveniente desse meio e era o local destinado aos trabalhos dos Maçons. Consta que a primeira vez que a palavra foi registrada em documento, foi em 1292.

Conforme o Irmão Pedro Juk, em sua coluna Perguntas e Respostas do JB NEWS, em uma ocasião, dando algumas informações à respeito de Loja de Mesa, ele diz assim: “Note que os
primeiros arremedos de uma Loja de Mesa estão condicionados às Guildas que, inclusive originaram o termo Loja. Nos antigos tempos das confrarias dos construtores essas reuniões eram realizadas em torno de uma grande mesa retangular estando o Mestre de Obra no centro e nas extremidades os seus auxiliares imediatos (Wardens), zeladores que posteriormente assumiriam o rótulo de Vigilantes na Maçonaria. (...) Posteriormente com o advento da Maçonaria Operativa essas reuniões tomavam um formato mais direcionado ao canteiro e surgiria a mesa em formato de “U” que dispunha os arremedos iniciais de orientação – O Mestre de Obra no Ocidente e os seus Vigilantes na extremidade final das figuradas pernas do “U”. Daí em diante respeitado os períodos solsticiais e às vezes equinociais, as diversas confrarias de construtores (canteiros medievais) se encarregariam de dar um formato mais conhecido por nós da Moderna Maçonaria.(...)”

Na Idade Média, sendo a corporação dos pedreiros, uma das mais importantes, era uma das mais cobiçadas também. Era a única guilda a cujos membros lhes era permitido o direito de ir e vir. De acordo com o exposto no “Vade-Mécum Maçônico”, “Mais recentemente os historiadores concluíram através de suas pesquisas que esse colégios, corporações, ou guildas, também tinham entre seus membros ligações mais íntimas de caráter religioso, e que em suas reuniões, de um modo geral, se realizavam acobertadas pelo segredo e obedeciam a determinados rituais e esquemas rígidos de trabalho. É inegável, porém, que todas tinham sempre o fato de um interesse comum ligado ao modo de vida dos associados,  principalmente sob o aspecto profissional.

(...) As guildas que proliferavam na Idade Média, atendendo condições mais modernas, adotaram tradições antigas e adicionaram a elas elementos mais modernos para se tornar uma Escola do progresso humano até os dias de hoje.” “OS GRÊMIOS MERCANTIS surgidos no século XIV com indústrias organizadas em consequência da efervescência do espírito da Renascença e do desenvolvimento da consciência nacional em todos os países, porém facilmente dispersivas.”

A MAÇONARIA NA INGLATERRA; UMA SÍNTESE
A partir das sucessivas invasões das tribos bárbaras até a conquista final, não restou pedra sobre pedra das construções erigidas pelos romanos na Ilha britânica. O trabalho da pedra acabou desaparecendo havendo espaço somente para as construções de madeira, conforme os costumes que os invasores trouxeram.

Somente após a cristianização dos anglo-saxões, que teve início em 596, por Santo Agostinho, e com as construções de pedra nos anos 627 e 635, das Igrejas de York e Winchester respectivamente, é que a arquitetura volta a florescer na Inglaterra. Sabe-se que ao final do século VII, bispos e abades iam continuamente a Roma, de onde traziam telas, estátuas, e também arquitetos e escultores. Mas, isso não é ainda, o suficiente para que se fale aqui diretamente sobre a Maçonaria Operativa.

Até o ano 871 e desde o ano 837, a Inglaterra se viu novamente sofrendo invasões e conquistas de parte dos dinamarqueses, normalmente piratas. Depois, foi a vez dos normandos, que até 912 se incumbiram de assaltar o país. Com tantas invasões, batalhas e pilhagens, a paisagem era de ruínas. Não havia mais arquitetura, nada mais restava da passagem dos romanos com os seus “collegia”.

A partir de 877, é chegado o feudalismo na Europa, com os seus castelos. E para construir castelos era preciso construtores, ou herdeiros das técnicas de construção. Á medida que os feudos vão sendo criados, é a oportunidade também da Igreja afirmar-se ainda mais, pois, detendo o poder no interior dos feudos tem o ambiente ideal, para crescer através da proliferação dos mosteiros que são os espelhos da sua estrutura. Para a construção de mosteiros eram necessários construtores, exatamente os que estavam organizados em guildas.

Uma referência muito antiga diz que consta em relatos datados de 1277, que na Inglaterra, já nessa época eles comiam e dormiam nas Lojas. Não se sabe com certeza quando o termo Loja começou a ser usado para descrever a comunidade em vez da construção. Nas minutas da Loja de Aitchinson na Escócia, que é de 1598 e dos estatutos da mesma, do ano seguinte, são feitas referências às Lojas de Edimburgo, de Kilwinning e de Stirling.

Nas Ilhas Britânicas, até o século XIV, são pouquíssimas as evidências de que os pedreiros daquela região estivessem bem organizados ou mantivessem qualquer comunicação entre os que habitavam uma parte e outra do país. Mas, após a conquista normanda, lá pelo ano de 1066 haviam sido construídas mais de 5000 novas igrejas. Mesmo havendo a distância considerável de 500 ou 600 quilômetros entre o norte e o sul, considerando a época, as construções eram bem semelhantes, fato devido aos construtores que viajavam de uma obra para outra levando as novas idéias.

De Winchester até Durham, gerações de artesãos trabalharam nas construções, um dos legados da Igreja para os futuros ingleses.

Rizzardo Da Camino em seu “Dicionário Maçônico”, diz o seguinte:”Em 1323, foi construído em Londres o Westminster Hall, tendo sido nele gravada a frase “Citiens et masons de Londres”, em francês arcaico, de onde se conclui que um certo número de “maçons” franceses participou da construção. Pode-se traduzir a frase como “Os cidadãos e pedreiros de Londres”.

Também na Inglaterra, em 1350, aparece pela primeira vez a denominação “francomaçom” ou “free-stone-mason”, o que servia para distinguir o pedreiro-livre que trabalha a pedra de adorno ou decorativa do “rough-mason”, trabalhador tosco, comumente dedicado aos canteiros ingleses. Isso pode ser encontrado em uma Ata do Parlamento, correspondente ao ano vinte e cinco do reinado de Eduardo III.

No século XIII é que surgem as associações e confrarias de Maçons. A denominação oficial de Maçonaria, no entanto, somente vai surgir em 1723, com as Grandes Constituições de Anderson. Em 1666, ocorreu um dos maiores incêndios da história da humanidade. Londres ardeu literalmente. Para a reconstrução da cidade, foram precisos muitos pedreiros, pedreiros que trabalhassem nos moldes medievais.

Em 1686 a Franco-Maçonaria estava bastante difundida, tanto que mereceu menção no livro “The Natural History of Shropshire” de Robert Plant. E na década seguinte havia sete Lojas operando em Londres e uma em York. Em 1717 ela havia se tornado popular. A partir do século XVII, as Lojas dos maçons de Ofício, ou Operativos, foram abrindo as portas para aqueles que não estavam ligados estritamente à arte de construir. Começava a fase que ficou conhecida como Maçonaria Especulativa. A data oficial, quando da reunião de quatro Lojas londrinas para criar a Grande Loja: 24 de junho de 1717.

DATAS RELEVANTES NA HISTÓRIA DA MAÇONARIA
Segundo o Irmão Luis Javier Miranda Mc Nally, em seu livro “Detalhes de Uma História”, está posto assim: “Seguindo o relato na Cronologia Maçônica existem datas que podemos chamar de relevância: Ano 924: Quase todas as antigas obrigações estabelecem a apraição da Maçonaria Moderna (?) no reinado de Athelstan...; Ano 926: A segunda assembléia da Fraternidade, conhecida pelas Tradições, foi convocada pelo príncipe Edwin, irmão ou meio irmão do rei Athelstan, na cidade de York. Nesta Asssembléia, coincidente com o Convento Maçônico de York , nasceram as Constituições Góticas com 15 artigos; estas Assembléias continuaram por muito séculos. Ainda mais adiante afirma: A Constituição Gótica foi utilizada como fonte por James Anderson na sua Constituição de 1723.

Foi na reunião de York que os Deveres vieram a ser estabelecidos e, sobre os Deveres diz Michael Johnstone: “A leitura pode parecer estrnha, mas o espírito da mensagem que ela carrega é o que está no âmago da Maçonaria Moderna.” Ainda em York, uns querem acreditar que esse seja o primerio documento maçônico, e que estaria revalizando com outro documento, esse da década de 1394 que é o Manuscrito Régio ou “Poema Regius”, para uns o mais importante documento da história da Maçonaria em sua fase operativa ou de ofício, e que contém, uma história lendária da Arquitetura (Maçonaria), artigos vários, lendas envolvendo a Torre de babel, Nabucodonosor, Euclides e seus ensinamentos, além de regras para um bom comportamento na Igreja, etc.

O Irmão Castellani conta que entre os anos de 1100 e 1300, milhares de igrejas, catedrais, mosteiros e conventos foram erguidos em território europeu. Tanto trabalho exigiu verdadeiros especialistas na arte de construir, assim como, uma melhor organização dos mesmos. Essa organização redundou num Estatuto. Esse Estatuto, o Estatuto do Trabalhador da Pedra, na verdade, um esboço, foi apresentado por 12 homens liderados por Henry Yevelem ao Prefeito Alderman e aos Edis, no dia 2 de fevereiro de 1356, tornando-se, então, conforme Castellani, ainda que somente o esboço, e que se encontra até hoje na Biblioteca da Prefeitura de Londres, o documento maçônico mais antigo. Nele estava previsto, obediência às autoridades locais, fidelidade ao Rei e à Religião, além de solicitar que as reuniões deles fossem fechadas, sem as presenças de pessoas que não mantivessem ligações. A informação tem o aval do pesquisador G.H.T. French, da Loja Quatuor Coronati. Essa Sociedade dos Maçons (The Fellowship of Masons), durou até 1376, quando foi fundada a Companhia dos Maçons de Londres.

Com o passar do tempo, outros documentos a exemplo dos citados, foram surgindo, para formaram as “Old Charges”, número que ultrapassou o de 130.

CONCLUSÃO
Como foi manifestado lá no começo, não iríamos viajar durante o transcurso do presente trabalho, pelas infindáveis teorias, lendas e invenções a respeito das origens da Maçonaria, e tenho certeza de que isso foi cumprido até o momento. No entanto, acho que para encerrar de vez algumas questões que se arrastam de tempos, colho da opinião que o grande estudioso Nicola Aslan inseriu em seu Grande Dicionário Enciclopédico, no verbete “MAÇONARIA (ORIGENS)‟, e que é de autoria do estudioso R.Le Forestier, que diz: “A história das origens da sociedade secreta conhecida sob o nome de Maçonaria saiu do período lendário durante o último terço do século XIX. Os estudos objetivos e documentos de verdadeiros historiadores como Hughan, Gould, Schiffmann, Begemann, para só citar os principais dispersaram em grande parte as névoas acumuladas ao mesmo tempo pela imaginação intemperante de apologistas desprovidos de senso crítico ou de impudentes falsários e pelas deduções cegados pela paixão.

É supérfluo, doravante, procurar o berço da associação no Oriente antigo, no Egito, na Grécia ou na Roma antiga, porque ele é encontrado prosaicamente na Inglaterra; a data do seu nascimento não se perde mais na noite dos tempos, já que ela foi fixada com insuficiente precisão no início do século XVII; enfim, as hipóteses, muitas vezes apresentadas como certezas, que faziam da Ordem dos maçons a herdeira e a sucessora dos pitagóricos, essênios, Iniciados dos Mistérios, maniqueus, albigenses e até mesmo Templários, não puderam resistir a um exame sério.

Vista em pleno dia e despida de seus ornamentos emprestados a Maçonaria deixou de ser a figura mítica, Anjo de Luz ou Gênio do Mal, que foi, durante quase dois séculos, veneradas ou maldita pelas almas ingênuas.”

Durante as pesquisas efetuadas, chamou-me a atenção um esclarecimento de Joseph Fort Newton, que consta em sua obra utilizada aqui, e que diz assim: “Não se devem confundir os Franco-Maçons, ou construtores de catedrais, com aqueles que pertenciam às Guildas de pedreiros, pois os primeiros pertenciam a uma ordem universal, enquanto que os segundos estavam presos a grupamentos locais e restritos. A ordem, dos construtores de catedrais era mais antiga, poderosa e artística do que a Guilda dos pedreiros, e, mais religiosa, Dessa ordem é que descende a Maçonaria moderna.”

Como se pode ver, quanto mais lemos, quanto mais pesquisamos, estaremos sempre nos defrontando com novas informações, o que serviria para remontar tudo outra vez? Não, claro, por isso a importância da leitura, da pesquisa, pois, ainda que sejam muitas as fontes ou a quantidade de informações, somente buscando a verdade, objetivo do Maçom, estaremos chegando mais perto dela, menos sujeito a confundir ou a misturar as informações, e compromissados com repassá-las para os demais. Envolvendo a história da Maçonaria, são muitas as lacunas ainda existentes.

Com o que reunimos até aqui, podemos dizer também que existem muitos dos eventos históricos concernentes à Maçonaria são extremamente polêmicos, possuem várias versões e que há momentos sim, que temos a sensação de estarmos frente de uma colcha de retalhos.

Podemos afirmar, no entanto, que ante todas as evidências que foram apresentadas, a origem mais crível é aquela que a situa na Inglaterra, bem no meio dos trabalhadores de pedra. Acho a declaração do crítico citado pelo Irmão João Ivo Girardi, no verbete “GUILDAS‟, de nome Stephen Knight, sobre a história da Maçonaria, muito inteligente, e ela reza assim: “é a história de como uma guilda católica romana de alguns milhares de trabalhadores de construção na Grã-Bretanha veio a ser assumida pela aristocracia, pela pequena nobreza e por membros de profissões essencialmente não produtivas, e como foi transformada em uma sociedade secreta não cristã”.

Quando me referi às lacunas que ainda existem, uma delas diz respeito ao período de transição que vai dos séculos XVI ao XVIII. Pouco se sabe, na realidade, das transformações que a Maçonaria sofreu neste período, mas, certamente muito profundas, e muito restando para ser estudado.

A Maçonaria Operativa viu o seu apogeu nos séculos XII e XIII. As suas sementes estão em vários lugares, essa é a conclusão: York, Kilwinning, Londres, as Ilhas Britânicas, França, Alemanha, Roma e muitos outros lugares.


O Irm.·. José Ronaldo Viega Alves (ronaldoviega@hotmail.com )
da Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna” de Santana do Livramento, escreve aos domingos neste espaço.

A MAÇONARIA OPERATIVA FINDOU EM 1717 OFICIALMENTE.
ONDE E QUANDO, A DATA PROVÁVEL DA SUA CERTIDÃO DE NASCIMENTO, E QUAIS AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIOS QUE SÃO TIDAS COMO SUAS ANCESTRAIS DIRETAS?
Irmão José Ronaldo Viega Alves


Fontes Bibliográficas:
Internet:
“Corporações de Ofício” e “Maçonaria”, ambos da Wikipédia. Disponível em:
pt.wikipedia.org/wiki/Maçonaria
JB NEWS nº 964, de 24/04/2013

Livros:
ASLAN, Nicola. “A Maçonaria Operativa” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 2008 e “Grande Dicionário
Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia” – Volume 3 – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 2012
CAMINO, Rizzardo Da. “Dicionário Maçônico” – Madras Editora Ltda. 2006
CASTELLANI, José. ”Caderno de Estudos Maçônicos – Curso Básico de Liturgia e Ritualística” – Editora Maçônica “A
Trolha” Ltda. – 1994 e “Cadernos de Estudos Maçônicos – O Aprendiz Maçom” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 1995
CASTELLET, Alberto Victor. “O Que É a Maçonaria? – Madras Editora Ltda.
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. “Dicionário de Maçonaria” – Editora Pensamento
GIRARDI, João Ivo. “Do Meio-Dia à Meia-Noite Vade - Mécum Maçônico” – Nova Letra Gráfica e Editora Ltda. 2008
HORNE, Alex. “O Templo de Salomão na Tradição Maçônica” – Editora Pensamento
JOHNSTONE, Michael. “Os Franco-Maçons” – Madras Editora Ltda. 2010
JUK, Pedro. “Exegese Simbólica Para o Aprendiz Maçom” - Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 2007
MC NALLY, Luis Javier Miranda. “Detalhes de Uma História” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 2007



Fonte: JB News