sábado, 3 de maio de 2014

COPACABANA EM CHAMAS


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Escrito por Reinaldo Azevedo   
Qui, 24 de Abril de 2014 14:00
Quando as coisas ficam muito atrapalhadas, também as palavras perdem o sentido. Vocês viram o caos em Copacabana, no Rio, que se seguiu à morte de Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG. Em todas as reportagens que se produziram a respeito, o rapaz ganhou um aposto, uma expressão explicativa: “dançarino do programa ‘Esquenta’, de Regina Casé”. Como consequência dos confrontos, produziu-se um segundo morto:

Parece uma foto da Síria, mas é Copacabana, no Rio (Foto: Christophe Simon – AFP)
No Globo Online, leio o seguinte (em vermelho, com destaques meus):
A morte de um dançarino, numa favela pacificada, provocou, nesta terça-feira, um violento protesto em Copacabana. A Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais do bairro, teve o trecho entre as ruas Almirante Gonçalves e Sá Ferreira completamente interditado após virar praça de guerra, com barricadas montadas com fogo. A confusão, que também provocou o fechamento do Túnel Sá Freire Alvim, da Rua Raul Pompeia, de lojas e de um dos acessos à estação do metrô da General Osório, começou após a descoberta do corpo de Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, em uma creche no Pavão-Pavãozinho. Inconformados com a morte do rapaz de 26 anos, que fazia parte do elenco do programa “Esquenta”, da TV Globo, moradores desceram para o asfalto e, acusando policiais da UPP de terem espancado Douglas, começaram o tumulto, por volta das 17h30m, provocando pânico na região e atrapalhando a volta para casa dos trabalhadores que não emendaram o feriadão. Parte da comunidade ficou sem luz. O Batalhão de Choque da PM e o Corpo de Bombeiros foram para o local, assim como policiais do 23º BPM (Leblon). Com o reforço no policiamento, começou um intenso tiroteio dentro da comunidade, por volta das 18h30.”
Há coisas que não entendo, por mais que tentem me explicar. Há coisas com as quais não me conformo, por mais que tentem vender como corriqueiras. Há coisas que ofendem a minha inteligência, por mais que tentem demonstrar que são normais.
Se a favela está “pacificada”, como diz o Globo Online, como é que se explica a guerra? Nesse caso, o vocábulo “pacificada” quer dizer o quê, já que, obviamente, paz não é? Eu sei: quer dizer apenas que a UPP, a tal Unidade de Polícia Pacificadora, lá se instalou. Então por que não somos todos, na imprensa, mais precisos? Em vez de “pacificada”, podemos dizer que a área está dotada de uma UPP. E pronto! Não se ofendem nem os fatos nem o dicionário.
Há mais: leio no texto, também, que, às 18h30, começou um “intenso tiroteio”. Mas esperem aí: a tal revolta não era de moradores, da comunidade? Desde quando trabalhadores, pessoas normais, comuns, enfrentam a polícia a tiros? Não resta evidente que a reação foi, então, organizada pelo tráfico de drogas, não pela população? Você que me lê aí no Rio, em São Paulo, onde quer que seja: se a gente fizer de conta que o que aconteceu não aconteceu, a realidade muda? Mais: é possível haver um grupo organizado que enfrenta a polícia a bala numa “comunidade pacificada”?
Acusações contra a polícia
Ninguém sabe o que aconteceu direito. O laudo feito pelo IML indica que Douglas Rafael da Silva Pereira morreu em razão de “hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax. Ação pérfuro-contundente”. Segundo o comando da UPP, haveria ainda fraturas no corpo, compatíveis com uma queda.
Ocorre que se espalhou rapidamente o boato de que ele teria sido assassinado pela Polícia. Na madrugada de terça, nesta dita “comunidade pacificada”, para falar em carioquês — em português, quer dizer “favela com UPP — houve um tiroteio entre policiais e traficantes. Quando a Polícia Civil chegou para fazer a perícia, encontrou o corpo de Douglas. O fato de ele trabalhar no programa de Regina Casé, obviamente, amplificou o boato e a reação. Carlos Henrique Júnior, que a imprensa chama de líder comunitário — seja lá o que isso signifique —, postou numa rede social que o rapaz tinha sido morto pela polícia. O resto vocês já conhecem. Durante o confronto na noite desta terça, um outro homem levou um tiro na cabeça e morreu.
A polícia pode ter sido a responsável? Pode, sim, é claro! O histórico não é dos melhores. Mas há elementos suficientes para que se chegue a essa conclusão agora? É claro que não! A polícia tem de apurar obsessivamente esse caso e punir exemplarmente o culpado, seja quem for, de farda ou não. Mas estará cometendo um erro terrível se não for atrás daqueles que organizaram a baderna.
Desculpem: tenho apreço pelas palavras. Acho que a precisão deve ser uma obsessão do jornalismo, o que descarta a demagogia politicamente conveniente. Notem que não uso a expressão “politicamente correta”. Aliás, eu vou bani-la do meu vocabulário. Doravante será mesmo “politicamente conveniente”, que corresponde à escolha da imprecisão para não ficar mal com grupos influentes.
“Comunidade” não enfrenta a polícia a tiros. Também não sai botando fogo em bens públicos nem fazendo barricadas. Isso é coisa de bandido, própria de áreas que ainda estão submetidas à ditadura do crime organizado e que, portanto, pacificadas não estão.
A imprensa precisa parar de glamorizar ações criminosas, chamando-as de reação popular. Povo gosta de ordem. Quem gosta de desordem é bandido e subintelectual do asfalto, metido a intérprete do pobres. Em São Paulo, eles existem também às pencas. No Rio, no entanto, essa gente do miolo mole se considera fundadora de uma nova antropologia.
Quanto mais as teses desses iluminados triunfam, mais a violência se alastra. A bandidagem sorri.
Cadeia para os assassinos de Douglas! E cadeia para os que promoveram a baderna. O que lhes parece?
Fonte: Veja.com


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sexta-feira, 2 de maio de 2014

O TERROR ESTÁ NAS RUAS, MAS NÃO ESTÁ PREVISTO EM LEI. À BEIRA DA COPA DO MUNDO


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Escrito por Reinaldo Azevedo   
Qui, 24 de Abril de 2014 14:00
Na madrugada desta terça, bandidos incendiaram 34 ônibus que estavam na garagem da empresa Urubupungá, em Osasco, em São Paulo. Desde o começo do ano, já são 117 os veículos incendiados na Grande São Paulo. Essa modalidade de crime, se vocês prestarem atenção, se espalhou Brasil afora. Deu enchente? Queimam-se ônibus. Faltou água? Queimam-se ônibus. A polícia prende ou mata um traficante? Queimam-se ônibus. Há uma reintegração de posse? Queimam-se ônibus. A imprensa, especialmente a TV, mostra aquela linda fogueira e ainda costuma, vamos dizer assim, entender as razões de bandidos, que são chamados de “manifestantes”. Não há polícia que dê conta. Ainda que fosse possível pôr um PM em cada veículo, ele nada poderia fazer. A ação costuma mobilizar bandos.


Ônibus incendiados em Osasco. Parece coisa de país em guerra? Mas estamos em guerra (Foto: Marcelo Sayão/Efe)
No caso de Osasco, um traficante foi morto numa praça com 24 tiros. A polícia suspeita de ajuste de contas entre quadrilhas. Que se apure a autoria. O ponto é outro. Um grupo, em sinal de protesto, ora vejam!, resolveu invadir a garagem da Urubupungá e pôr fogo em 34 veículos de uma vez só. Vinte e um foram completamente destruídos. A polícia prendeu Edison Silva, de 19 anos, irmão gêmeo de Edmilson Silva, o rapaz assassinado. Ele foi reconhecido como integrante do bando incendiário e também aparece em câmeras de segurança.
Muito bem! Qual é o ponto? O Brasil chegará à Copa do Mundo sem ter uma lei que puna duramente ações dessa natureza. O mais impressionante, e já disse isso aqui, é que existe legislação para pôr esses bandidos na cadeia por muitos anos: chama-se Lei de Segurança Nacional, a 7.170, de 1983.
Art. 15 – Praticar sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragem, depósitos e outras instalações congêneres.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
§ 1º – Se do fato resulta:
a) lesão corporal grave, a pena aumenta-se até a metade;
b) dano, destruição ou neutralização de meios de defesa ou de segurança; paralisação, total ou parcial, de atividade ou serviços públicos reputados essenciais para a defesa, a segurança ou a economia do País, a pena aumenta-se até o dobro;
c) morte, a pena aumenta-se até o triplo.
Por essa lei, os vagabundos que põem fogo em ônibus podem ficar presos até 20 anos. Se alguém morrer, como já aconteceu, até 30. Por que essa lei não é acionada? Por covardia das autoridades e por causa da patrulha politicamente conveniente da imprensa, que diz ser essa uma lei da ditadura. Todo o Código Penal brasileiro foi aprovado durante a ditadura do Estado Novo. Vamos declarar a sua nulidade?
No Congresso, está parado o Projeto de Lei nº 499 que define o crime de terrorismo — entre eles, o ataque a meios de transporte, o que poderia render de 8 a 20 anos de cadeia. O governo Dilma chegou a flertar com o apoio, mas recuou. A gritaria contra o texto começou no próprio PT. Por quê? Porque não seria difícil caracterizar certas ações do MST como… terroristas. Setores da imprensa também chiaram. Em recente entrevista a blogueiros puxa-sacos, Lula criticou a proposta.
Resultado: os bandidos estão por aí, livres, leves e soltos, prontos a incendiar mais ônibus. O Brasil é a única democracia do mundo que não tem uma lei que puna ações terroristas. Não tem porque o PT não quer. Mas que se note: existe, sim, legislação para pôr esses bandidos atrás das grades por muitos anos. Mas ela também não é aplicada. País que se nega a fazer as leis de que precisa e que não aplica aquelas que já tem, infelizmente, acaba refém de bandidos.


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'AS VÍTIMAS NO PODER', DE CARLOS BRIKMANN


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Escrito por Carlos Brickmann   
Qui, 24 de Abril de 2014 14:00
Parece destino – um cruel destino de que nós, brasileiros, não conseguimos livrar-nos. Na ditadura, os especialistas em interrogatório (também conhecidos como “torturadores”) da Escola das Américas, instituição americana com sede no Panamá, vieram ao Brasil ensinar o que sabiam aos militares brasileiros. Os torturados, os mortos, os mutilados fazem parte de seu legado. E que é que fizeram os atuais governantes petistas, também vítimas dos instrutores internacionais?
Fizeram denúncias fortes, duras, muitas delas comprovadas. E, no poder, trouxeram ao Brasil os mercenários da Blackwater, sucessores privados da Escola das Américas. A Blackwater – que hoje, para tentar desvencilhar-se da fama das barbaridades cometidas no Afeganistão e Iraque, mudou de nome para Academi – foi contratada pelo Governo Federal petista para treinar os grupos especiais de Polícia que devem garantir a segurança da Copa. O pessoal da Blackwater, ou Academi – ou United Secret Services International, outro nome que usa – deve ser competente. A dúvida é: em que área reside sua maior competência? A turma da Escola das Américas era também macabramente competentíssima.
A Blackwater, seu antigo nome, mereceu um interessante livro, A ascensão do exército mercenário mais poderoso do mundo, do repórter Jeremy Scahill. No livro aparecem as ligações da Blackwater com a CIA e com a Halliburton, empresa do ramo petrolífero pertencente à família de Dick Cheney, secretário da Defesa e, mais tarde, vice-presidente da República. A Halliburton opera no Brasil.
O nome das coisas
Blackwater, água negra. Halliburton, ouro negro. Petrobras, águas turvas.
Descendo a ladeira1
Em frente à catedral do Rio, uma receita quase infalível de crise: grupos de invasores de imóveis, despejados de um prédio que haviam ocupado, acamparam cercando as entradas da igreja e obrigando o cardeal-arcebispo do Rio, d. Orani Tempesta, a suspender as comemorações de Páscoa que ali se realizariam. O objetivo dos manifestantes foi atingido: chamar atenção. Mas talvez tenham chamado mais atenção do que gostariam. Boa parte da população do Rio é católica, e prejudicar os festejos de uma das principais datas cristãs soa como provocação que, no mínimo, irá envenenar os ânimos. Talvez não haja revide imediato, mas a irritação se acumula: mexer com coisas terrenas é uma coisa, mexer com o culto a Jesus Cristo, ainda mais no Domingo da Ressurreição, é outra – e perigosa.
Descendo a ladeira 2
Numa só garagem, 34 ônibus incendiados em São Paulo. Por que? Por nada. Os bandidos que vêm destruindo um dos principais meios de transporte da população não dizem por que agem. Talvez não seja errado ligar essa onda de incêndios a ônibus com as notícias de que o Governo pretende colocar dois líderes presos do PCC, Marcola e Barbará, no duro Regime Disciplinar Diferenciado, em que ficariam isolados e seriam obrigados a permanecer na cela pelo menos 22 horas por dia.
O jornalista João Alckmin, que acompanha de perto a crônica policial (e por isso já sofreu dois atentados, sem que ninguém tenha sido preso por eles), faz uma pergunta que embute a própria resposta: por que os bandidos sempre incendeiam ônibus, e nunca vans? Terá isso algo a ver com as informações de que parte substancial das vans de transporte clandestino pertence ao PCC, o Primeiro Comando da Capital, braço mais forte do crime organizado?
Socializando o prejuízo
O caro leitor alguma vez viu pingar em sua conta alguma parcela dos lucros da indústria automobilística, nos tempos em que carros e caminhões, com substanciosos estímulos fiscais, tinham números exuberantes de vendas? Pois é: agora que as vendas caíram, a indústria automobilística está procurando um jeitinho de compartilhar os prejuízos. A proposta é que, durante a crise de vendas, os operários sejam temporariamente licenciados; e o Governo – nome pomposo dado a seu bolso, caro leitor – pague boa parte de seus salários, com verba do seguro-desemprego e do FAT, Fundo de Amparo ao Trabalhador.
E as empresas que investiram pesadamente, acreditando que o mercado cresceria o tempo todo, sem nenhum recuo? Seu rico dinheirinho, caro leitor, ajudará a mantê-las no azul.
Vargas vai…
O PT reclama, diz que o deputado paranaense André Vargas prometeu renunciar, para não desgastar o partido, e não renunciou. E ameaça convocar a Comissão de Ética do partido (existe, claro que existe) para julgá-lo, condená-lo e expulsá-lo. Se a Comissão for convocada, não haverá outro resultado possível, já que Vargas cometeu a maior infração possível à ética partidária: foi apanhado.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, do PMDB, diz que, renuncie ou não, Vargas será julgado no Conselho de Ética da Casa, onde, com voto aberto, não tem qualquer chance de escapar da cassação de mandato e da perda de direitos políticos por oito anos. Serão duas eleições que não poderá disputar.
…Vargas vem
Como nada tem a perder, André Vargas até agora se recusou a renunciar. Talvez até conte quem lhe prometeu apoio e o deixou sozinho. E se contar tudo?
Fonte: Veja.com


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MAÇONARIA: CERIMÔNIA SIMBÓLICA DA INICIAÇÃO À INICIAÇÃO REAL


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Escrito por José Ronaldo Viegas Alves   
Ter, 22 de Abril de 2014 17:00
“Não há outro caminho, senão este. O maçom terá que ser um ente renascido, desde a iniciação e que renasce a cada instante. Pois há uma “escada de Jacó” altíssima que vai do infinito negativo (a terra) até o infinito positivo (o céu), todo esse espaço a percorrer. E quem não estiver sempre a renascer, não chega lá...” (Irmão Antonio do Carmo Ferreira, em artigo da sua autoria intitulado, “A Pedagogia Maçônica”)

INTRODUÇÃO
Volta e meia, lembro da minha Iniciação, o que deve ser bem comum, portanto, nem precisaria registrar isso aqui. Além de que, uma cerimônia que foi tão marcante, não se apagará jamais.
Sempre que temos a oportunidade de presenciar um momento assim em nossa Loja, ou quando estamos visitando outras por ocasião de um evento desses, embarcamos obrigatoriamente numa quinta viagem (diversa daquelas simbólicas pelas quais o iniciando naqueles exatos instantes está passando), que é a da viagem no tempo, movidos que somos pelas nossas memórias.
Mas quando paro, seja para estudar, pesquisar, ou ler simplesmente sobre a cerimônia da Iniciação, tenho a impressão de que o simbolismo contido na cerimônia aquela que vivi, ainda não tinha aberto todas as suas portas. Encaro isso da melhor maneira, feliz por estar cumprindo um eterno reiniciar, um eterno renascer, pois, passado um tempo considerável, entendo-a melhor, e acho que é assim mesmo como funciona, respeitando a maneira própria que cada um tem de interiorizar.
Uma cerimônia como a Iniciação que a princípio pareceria tão completa, poderia sugerir outros desdobramentos? Sim, vários. Um desses tantos, vem à baila em um artigo do Irmão Osvaldo Herrera, quando faz a seguinte afirmativa: “Se um homem ritualisticamente iniciado se considera realmente iniciado é um pobre iludido.” A frase acima só desponta no contexto para complementar o que ele já havia ensaiado anteriormente quando disse: “É possível iniciar alguém ritualmente, mas, não espiritualmente.”
Outra questão é: quando exatamente a Iniciação alcança aquele que está sendo iniciado, ou a pergunta deve ser feita ao contrário?
Diríamos que a Iniciação somente se completará quando o Maçom recém iniciado atingir o Grau de Mestre, já que em um primeiro instante, após romper a “casca mental” ele simplesmente inaugura o acesso, ou descobre o caminho, mas, o caminho é longo e tortuoso.
Li um tempo atrás, num livro do Irmão Paulo Sérgio Rodrigues Carvalho, uma passagem, que resolvi assinalar, e que é atribuída sua autoria a Annie Besant. Embora, não sendo eu, um adepto no sentido exato da palavra, dos teósofos ou da Teosofia, não reconheci nenhuma diferença de pensar da autora que afete a nossa, além de que, detém um poder de síntese extraordinário, e vem ao encontro de tudo o que eu gostaria de expressar durante o desenvolvimento deste trabalho. Reproduzo então, a passagem:
“Toda iniciação real é um processo interno e não externo. A cerimônia exterior é morta e de utilidade apenas como símbolo e ilustração, esclarecendo assim a mudança interna. Transformar significa regenerar (dominar a si próprio), e isso se dá por provas, esforços, pela desilusão, pelo fracasso; é uma renovação diária de luta. É assim que o homem deve realizar a sua própria salvação”.
SOBRE AS INICIAÇÕES: ASPECTOS GERAIS
O que diz aquele nosso dicionário do dia a dia, sempre ao alcance das nossas mãos, no que se refere ao verbete Iniciação?
“INICIAÇÃO s.f. (Lat. Initiatio, onis)
1. Ação de começar qualquer coisa.
2. Cerimônia que introduz um indivíduo em um grupo que compartilha um saber comum.
3. Ação de dar a alguém as primeiras noções de certas coisas que ignorava.
4. Ação ou efeito de dar ou receber noção de coisas misteriosas ou desconhecidas.
5. Cerimônia pela qual se inicia alguém nos mistérios de alguma religião ou doutrina.”
Agora, vejamos o conceito que inaugura o mesmo verbete INICIAÇÃO, também com um enfoque mais geral, porém, retirado do “Vade – Mécum Maçônico” do Irmão João Ivo Girardi:
“Início de uma nova vida religiosa, filosófica, social ou ética. Raramente numa religião, é procedida a Iniciação; essa é constituída de atos litúrgicos como o batismo, a comunhão, a profissão de fé, a admissão, etc. Percorrendo o caminho filosófico desde os primórdios da civilização, todos os aspectos religiosos eram cercados por um mistério e somente os que adentravam nos emaranhados trajetos filosóficos recebiam a iniciação, o que significava a „aceitação‟ para fazer parte do grupo.”
Na realidade, desde a Antiguidade existem ritos iniciáticos, e entre as sociedades humanas mais primitivas, o comum na formação dos guerreiros, por exemplo, era na época da puberdade ou da adolescência, submeter esses jovens a várias provas e privações, para que, somente assim, fossem definitivamente aceitos.
Ainda, no âmbito das religiões, em tempos remotos, havia em certas cerimônias algumas práticas com conotações de uma iniciação. Na Igreja Cristã primitiva, o batismo era praticamente uma iniciação. No Judaísmo, o “bar-mitzvá”, que significa em hebraico “filho do mandamento” é uma cerimônia realizada aos treze anos mais um dia para o menino, que a partir daí passa a ter sua maioridade autenticada para fins religiosos. Para poder adquirir essa responsabilidade, o menino terá que dedicar muitas horas de preparação, especialmente no que tange à récita da “Haftará” (leitura do Livro dos Profetas, que se segue à do Sêfer Torá, no Shabat, festas e dias de jejum).
A INICIAÇÃO MAÇÔNICA
Eu não teria como prosseguir sem repassar na íntegra o que está contido no item 2, portanto subseqüente, do “Vade-Mécum Maçônico” e que se refere ao verbete INICIAÇÃO, pois, serve com um preâmbulo perfeito para que tenhamos uma bela noção de como ela se processa no âmbito maçônico:
“Na Maçonaria atual não existem propriamente segredos a revelar ou a esconder, a não ser simbólicos. A Iniciação representa a peregrinação do ser humano da vida mortal para imortal e as experiências póstumas da Alma ou Espírito nos mundos subjetivos, como também as leis do aperfeiçoamento da consciência pelo desenvolvimento progressivo de seus poderes internos, espirituais. Em nossos dias, porém, o Candidato passa apenas por diversas cerimônias simbólicas, sem sentido para a maioria, e maçonicamente fica iniciado na alegoria solar de Hiram-Abiff, o “filho da viúva”. Todavia, a verdadeira Iniciação não se perdeu; ainda existe, mas tão só para os poucos devidamente preparados e dispostos a “trilhar o caminho estreito como o fio da navalha”. Ainda vigora em sua plenitude a lei de que ”muitos são os chamados e poucos são os escolhidos”. A Iniciação é um ato sagrado que não se compra com ouro, não se negocia nos gabinetes e não se toma pela força bruta. Apenas se consegue pelo merecimento, pois uma iniciação não se dá de fora para dentro, e sim, ao contrário; é uma alquimia mental que transforma o ser na sua íntegra e não na sua casca. Uma Iniciação abre os portais da consciência em direção à própria casa do Pai, a casa da sabedoria divina. Uma Iniciação é plena quando o Iniciado é levado a um grande e impressionante impacto psicológico, que dali para frente tornar-se-á, sem dúvida, um ser diferente, pois conheceu e vivificou o primeiro lampejo da LUZ, e só desta forma que o verdadeiro sentido da Unidade com o Absoluto começa a se manifestar. Não há caminhos que leve das trevas para a LUZ sem que haja compromissos, dedicação, tolerância e prévia purificação.”
A INICIAÇÃO MAÇÔNICA: A CERIMÔNIA
A Iniciação é a cerimônia obrigatória pela qual o profano será admitido na Sublime Ordem.
Como definiu o Irmão Arthur Portella Soares: “Após a aprovação do candidato em escrutínio secreto, desencadeia-se o processo de sua preparação psicológica que, desculpem a rude comparação (e que eu não acho, o grifo é meu...), meus Irmãos, culminará com o psicodrama do ritual de Iniciação. Tal psicodrama é uma espécie de peça teatral que se desenrolará com vários atores, mas cujo protagonista, amador, que é o próprio recipiendário, desconhece durante todo o tempo, qual é o seu „script‟.”
No dia da sua Iniciação, e depois de ter sido entregue ao Irmão Experto, o candidato será conduzido por este à Câmara de Reflexão. A partir daí, o candidato passará por várias provas, sendo que a primeira é exatamente essa que se processa no interior da Câmara de Reflexão e que na primeira das definições constantes no “Vade – Mécum Maçônico” reza assim: ”A Câmara de Reflexão é para o Candidato, o limiar entre a vida anterior e a vida do maçom, a morte de um profano e o nascimento de um iluminado.”
Que bela definição, pois, consegue resumir a grande importância desse momento, deixando implícito nas entrelinhas, tudo o que a partir dali pode ter sido deixado ou relegado ao passado e toda a expectativa que uma “nova vida” virá provocar certamente.
No interior da câmara, o candidato deparar-se-á com uma quantidade substancial de símbolos, emblemas, a maioria deles alusivos à morte, ou à brevidade da vida humana em relação ao que deva significar a eternidade.
Aliás, a cerimônia é povoada de símbolos do começo ao fim.
Ainda, nesta que é também chamada de prova da terra, ou primeira viagem simbólica, o candidato estará sendo admitido simbolicamente num processo que envolverá morte e ressurreição. E uma expressão, ou melhor, uma sigla funcionará como a chave principal, digamos assim, dessa primeira etapa, ainda que seja a primeira vez que ele toma contato com a mesma, e não esteja muito clara a sua mensagem ainda. A expressão latina V.I.T.R.I.O.L., que significa nada mais, nada menos que: “Visita o interior da terra, e retificando, acharás a lápide oculta”. Ela contém em seu âmago todo o comprometimento e a dedicação que deverá advir de parte do candidato no que tange à construção do seu eu interior.
Após a sua estada ali, após a entrega do seu testamento, o candidato dará entrada no templo despojado de tudo aquilo que guarda relação com o mundo material e as vaidades mundanas.
Dando prosseguimento à Iniciação do candidato, o mesmo ainda deverá cumprir três provas mais, que são definidas como viagens:
A segunda viagem, que é a do Ar: o candidato faz uma viagem em volta do templo e ouve ruídos que lembram uma tempestade. São as dificuldades, os obstáculos e as ameaças que vão surgindo para aquele que quer avançar em busca da perfeição social. Metaforicamente, a vida humana com suas tempestades e calmarias.
A terceira viagem, que é a da Água: é passada ao candidato a idéia da pureza da vida maçônica. O oceano é para os maçons, um símbolo do povo, ao qual o maçom deverá estar dedicado. A prova finaliza com uma ablução, que faz relembrar o batismo praticado por algumas religiões. A água na qual o candidato mergulhou as suas mãos, serve de representação, de imagem do vasto oceano.
A quarta viagem, que é a do Fogo: o simbolismo dessa prova é muito forte. O candidato que já havia sido purificado pela água, agora é purificado pelo fogo. O que significa em linguagem simbólica, dizer que ele está limpo da nódoa do vício. Outra finalidade da prova, e que se reveste de grande importância é fazer com que se manifeste a voz da Consciência do candidato, aquela que vem do nosso íntimo e emite uma censura quando faltamos ao dever, ou que sob a forma de remorso nos tortura, mas, que sob o arrependimento nos purifica e consegue incutir-nos forças para o tão necessário reerguimento.
O processo de purificação utilizado na Maçonaria é bem uma recapitulação da Obra Alquímica.
Com essas provas cumpridas o candidato estará apto a prestar o seu juramento.
O INICIADO E O SIGNIFICADO DA INICIAÇÃO
Dizem que em termos ideais, não bastaria como prova de suficiência ter participado da iniciação, pois, é necessário entender tudo o que se passou ali, e isso somente vai acontecer de verdade quando houver a oportunidade de presenciar a outra Iniciação.
Sob este viés, acho interessante a construção hipotética de Rizzardo Da Camino, pois, quando para falar sobre o assunto, antes manifesta suas desconfianças sobre o fato de assistir às iniciações dos outros, não no que tange às recordações que afluirão, sem dúvida, ou as emoções, mas, com respeito ao que não se fez nunca mais, ou seja, retornar à Câmara de Reflexões, pois, ali justamente ali, no entender de Da Camino (e ele enfatiza isso), é o lugar onde se deixou de ser profano, portanto, ali naquele lugar aconteceu uma profunda meditação por parte do profano, ali está a chave do futuro, e eu acrescentaria que, dependendo da profundidade dessas reflexões foi ali que ele pegou ou não, o seu passaporte para o futuro. As reflexões, seriam então, as precursoras das transformações que ele decidiu ou não fazer. Se ele decidiu fazê-las, se optou por uma nova vida, isso irá envolver mudanças de cunho social, ético e espiritual.
Por outro lado, é dito também, que o iniciado é o herdeiro direto de todas as tradições desde os tempos mais remotos e desde a origem da civilização.
Algumas escolas iniciáticas adotam uma sucessão de graus para designar a perfeição de um homem. Houve um tempo em que era muito comum buscar uma ordem para tudo, ou sequências evolutivas. Essas sequências que atendiam a ordem do mais simples até o mais complexo deixou seus reflexos em Ordens de índole iniciáticas. Num rito maçônico como o R.E.A.A. existem 33 graus, e em alguns ritos egípcios mais de 90 graus.
Mas, a Maçonaria tem a sua pedagogia própria, e o Maçom sincero sabe, que mesmo cumprindo etapas, sendo um Companheiro, sendo um mestre, ele continua, no fundo, sendo um Aprendiz.
O verdadeiro segredo maçônico da Iniciação está nos aspectos esotéricos, os que estão sendo vivenciados na consciência do iniciado.
Durante o processo da Iniciação, são vários os momentos da solenidade ricos em significados, mas, o instante aquele em que a Luz é dada ao aspirante é de uma beleza e de uma profundidade simbólica impressionante:
“_Faça-se a Luz!
_E a Luz foi feita!
_A Luz seja dada ao Neófito!”
Tudo numa Iniciação é parte de um longo processo, e é preciso que a mesma comece a fazer parte da consciência do iniciado para que o entendimento comece a acontecer.
A Iniciação ou os efeitos a que ela se propõe não nos abandonam, pois, ela é permanente e pode ser interpretada também como algo que deve ser digerido aos poucos. Uma nova forma de olhar para o mundo que nos rodeia, um renascimento, a revelação de nossa consciência dupla, o descobrimento de um novo Eu, ou um morrer para renascer.
CONCLUSÃO
Como manifestou o Irmão Arthur Portella Soares em trabalho da sua autoria, referindo-se ao momento esse e ao que poderá vir depois que o candidato recebe a Luz:
“Aí se processa o “choque iniciático”, no qual são possíveis duas hipóteses ao „Iniciando‟: _ Ou apenas fez parte de mera encenação ritualística, ou então viveu profundamente. Há desta forma uma porta fechada para o interior do profano. Ela deverá estar aberta. É só abri-la e fazer-se pequeno para atravessá-la.”
Visto está que caberá ao iniciado uma grande transformação em seu íntimo, um novo estado de consciência. A sua nova realidade deve estar comprometida com o desejo do conhecimento, da transformação e da evolução interior, já que, a luz do conhecimento vai chegar gradualmente. Tudo vai depender desse trabalho que doravante será ininterrupto até o fim dos seus dias.
Alguns aspectos que merecem ser ressaltados, fazem eco às considerações de Jules Boucher em sua obra clássica “A Simbólica Maçônica”. As Iniciações maçônicas que presenciamos hoje em dia, são derivadas das iniciações operativas realizadas pelas associações de obreiros.
Conforme Jules Boucher, a arte de construir o templo ideal é o grande objetivo proposto pela Maçonaria. A construção do templo ideal, subentenda-se, vai se desenvolver como se em duas etapas: na primeira, a do templo interior do homem, e depois a da sociedade.
Desbastar a pedra bruta, competência do Aprendiz Maçom significa durante o transcorrer do trabalho por ele realizado, um livrar-se dos defeitos e paixões. Livre das imperfeições e tendo se tornado uma pedra cúbica, estará se integrando no lugar que lhe pertence no edifício, e assim, estará contribuindo para a construção moral da humanidade.
No fechamento deste trabalho e, com o intuito de deixar bem explícito o seu propósito, deixo registrado um alerta, digamos assim, verdadeiro e sempre atual, exposto pelo autor anteriormente citado:
“... algumas pessoas jamais conseguirão “desbastar a Pedra Bruta”, não por falta de capacidade, mas justamente porque não sentem necessidade disso. Estes, embora iniciados ritualmente, não chegaram a receber verdadeiramente a luz. É sobre esses „Maçons‟, que não são maçons, que o público forma seu julgamento e, por isso, a Franco-Maçonaria, cuja verdadeira grandeza é desconhecida, é caluniada.”
Em contrapartida, o ser humano é uma verdadeira caixa de surpresas, e quem sabe sempre é tempo de mudar, ou de tentar entender para mudar.
Imaginem o que um pequeno texto como esse que vem a seguir, pode desencadear quando entendido, quando feita uma viagem para dentro de nós mesmos e quando utilizado para pensarmos ou traçarmos paralelos nas transformações (A Iniciação é uma transformação da consciência principalmente, se bem assimilada, sem que saibamos realmente tudo o que daí poderá advir) que podemos sofrer:
“O homem nasce com uma potencialidade, desconhecida, misteriosa. Sua face original não está disponível quando ele vem ao mundo. Ele tem de encontrá-la. Ela vai ser uma descoberta, e aí está a sua beleza. E essa é a diferença entre um ser e uma coisa. Uma coisa não tem potencial, ela é o que é. Uma mesa é uma mesa, uma cadeira é uma cadeira. A cadeira não vai se tornar qualquer outra coisa, ela não tem potencialidade; só tem atualidade. [...] O homem não é uma coisa.” (Osho – do livro “A Jornada de Ser Humano)
Referências Bibliográficas:
Internet:
Revistas:
O PRUMO, nº 84 – Maio/Junho de 1992
Livros:
O PRUMO 1970 – 2010 Coletânea de Artigos – Artigo do Irmão Arthur Portella Soares intitulado: “A Iniciação e seu Significado”
Dicionário Enciclopédico Ilustrado VEJA LAROUSSE – Volume 12 – Editora Abril S/A 2006
BOUCHER, Jules. “A Simbólica Maçônica” – Editora Pensamento
CARVALHO, Paulo Sérgio Rodrigues. “Mistérios e Misticismos das Iniciações” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 2000
GIRARDI, João Ivo. “Do Meio-Dia Á Meia-Noite Vade-Mécum Maçônico” – Nova Letra Gráfica e Editora Ltda. 2008
OSHO. “A Jornada de Ser Humano” – Editora Planeta do Brasil Ltda. 2014
UNTERMAN, Alan. “Dicionário Judaico de Lendas e Tradições” Jorge Zahar Editor - 1992
Fonte: JB News
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quinta-feira, 1 de maio de 2014

REYNALDO-BH: 'RESISTA, DEPUTADO!'


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Escrito por Reynaldo Rocha   
Qui, 24 de Abril de 2014 14:00
O ainda deputado André Vargas parece ter renunciado à renúncia. Nem a pressão dos próceres do PT o demove da tentativa de usufruir, até o último momento, das benesses que o cargo lhe dá.
Nada de novo, como sempre acontece com o PT. Ou alguém se esqueceu da renúncia irrevogável que durou um dia de Aloizio Mercadante?
Vargas prefere sangrar em praça pública, num repugnante espetáculo de apego ao cargo, falta de decência e desprezo por valores morais. O PT que o embale. Que saiba o que fazer com o provocador de punhos erguidos, líder de mensaleiros e ladrões condenados. Vargas é um cadáver à espera da sepultura ─ e, como todo corpo apodrecido, é tóxico. Que seu julgamento se arraste até as eleições. Será mais um exemplo do jeito petista de governar.
Resista, deputado! Deixe claro que o PT não pode – e nem irá – fazer nada contra quem sabe muito. Nas quadrilhas, é essa a regra de ouro. Não se sinta abandonado. Erga os punhos na presença de ministros e juízes (mas cuidado com as algemas!)
Sua pretensão de fazer o sucessor na vice-presidência da Câmara é abjeta. Mas tudo é possível na Casa dos Horrores. Até a escolha do idiotizado ex-ministro Luis Sérgio.
No mais, que André Vargas seja exposto em praça pública. O DEM expulsou Demóstenes Torres e outros corruptos. O PSDB forçou Eduardo Azeredo a renunciar à presidência do partido. O PT trouxe de volta para a pocilga Delúbio Soares et caterva. Continua a ser comandado por José Dirceu, arrecadou milhões para livrar José Genoíno e companhia, criou tropas de choque para combater em defesa de João Paulo e dos aloprados de São Paulo. Por que com André Vargas seria diferente?
Somente a imagem do cadáver insepulto, apodrecendo e empesteando o ambiente, pode ser uma resposta aceitável. O cadáver cheira mal, incomoda – e o odor atinge Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha.
Resista, deputado! Sua resistência tem sido didática: mostra COMO o PT lida com um bandido pego em flagrante.
fonte: Veja.com


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SOFTWARE USADO PELA POLÍCIA FEDERAL SE TORNOU UMA GRANDE ARMAS CONTRA A CORRUPÇÃO


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Escrito por Tâmara Teixeira   
Qua, 23 de Abril de 2014 08:41
A todo momento chega ao mercado um novo aplicativo de conversas e trocas de mensagens e dados online via celular. Mesmo sem saber, a cada lançamento, os programadores começam a travar uma disputa de inteligência com o mais temido sistema de monitoramento em tempo real de comunicação do Brasil. Invisível, o poderoso Guardião é temido pelos criminosos e já foi responsável pela queda de muitos políticos.
As novas invenções acionam automaticamente um contra-ataque que envolve técnicos e estrategistas da Polícia Federal e da Dígitro – empresa criadora do software que, ao contrário do que muitos pensam, é terceirizado. Os aplicativos presentes em quase todos os smartphones, como WhatsApp e Skype, têm sido utilizados por políticos e criminosos numa tentativa de driblar o Guardião – utilizado pela PF, polícias civis e Ministério Público de quase todos os Estados.
A última grande operação da PF, a Lava Jato, que flagrou o deputado federal André Vargas (PT) em conversas comprometedoras com o doleiro Alberto Yousef, revelou que alguns suspeitos de integrar o esquema de lavagem e evasão de divisas evitavam fazer ligações e utilizavam mensagens de Whatsapp e Skype numa tentativa de não serem flagrados. Tanto que parte das escutas só foi registrada com a colaboração da BlackBerry (BBM), que deu o caminho das pedras para desvendar suas mensagens criptografadas. Os aparelhos BBM têm uma sistema de segurança mais refinado que os demais.
NOVO APLICATIVO
Nos bastidores da política, a informação é que alguns homens públicos, além de criminosos estão baixando o aplicativo Wickr para se comunicar. A ferramenta foi criada por ex-militares americanos e tem criptografia especial, o que impediria as mensagens de serem gravadas em qualquer servidor. Com isso, seria impossível recuperar a troca de informações.
Por questões de segurança, a PF e a Dígitro não comentam o alcance do sistema ou dão qualquer outra informação sobre ele. Mas o diretor de Desenvolvimento da empresa, Guilherme de Assis Brasil, garante que a busca por soluções segue a mesma velocidade que a criação de novos aplicativos. “A empresa mantém um corpo de engenheiros e tecnólogos qualificados, de forma a atualizar e adequar o Guardião para atuar com eficácia no registro de comunicações feitas por meio de novas tecnologias. Afinal, isto é a essência de empresas que lidam com esse mundo de assombrosa velocidade com a qual novas tecnologias se apresentam ao mercado”, afirma Brasil.
O empenho em passar desapercebido pelas escutas tem justificativa. O Guardião é o sistema mais moderno do país. Apesar de ser usado há mais de dez anos, é constantemente modernizado. Com uma autorização judicial, a polícia é capaz de ter acesso a ligações, mensagens de texto e e-mails.
Protógenes Queiroz, ex-delegado da PF, que comandou a maior operação do órgão, Satiagraha, explica a relevância do imediatismo do software. “Se o acompanhamento é online, sabemos dos planos de um encontro, da entrega de um dinheiro. Assim, conseguimos ir no local para fazer fotos e vídeos a partir dos áudios”, comenta o atual deputado federal.
OPERAÇÃO SATIAGRAHA
Foi com a ajuda do Guardião que o ex-chefe de Inteligência da PF e hoje deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB) comandou a maior e mais polêmica operação já realizada pela corporação: a Satiagraha. Em 2008, ele prendeu Daniel Dantas, do Opportunity, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o empresário Naji Nahas por desvio de verba pública. Pouco depois, foi investigado pela PF, sob suspeita de agir de forma política, mas foi inocentado.
Em 2011, o inquérito que resultou na condenação de 13 envolvidos foi anulado pelo Supremo Tribunal Federal por ter obtido provas com a ajuda de membros da Agência Brasileira de Inteligência, sem autorização legal. As condenações foram para o lixo. Na semana passada, ele lançou em Belo Horizonte o livro “Operação Satiagraha”, em que narra em primeira pessoa os bastidores da operação. “Foi graças ao Guardião que conseguimos localizar e apreender R$ 1 milhão na casa de um suspeito que financiaria propina.”
Fonte: Tribuna da Internet
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