sábado, 28 de junho de 2014

MAÇONARIA: AS COLUNAS "B" E "J" NO TEMPLO DE SALOMÃO E O SIMBOLISMO NO TEMPLO MAÇÔNICO


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Escrito por José Ronaldo Viegas Alves   
Seg, 16 de Junho de 2014 17:00
“Diz a tradição que durante a fuga do cativeiro os filhos de Israel tiveram seu caminho iluminado por uma coluna de fogo e para que a gratidão e as tradições fossem perpetuadas pelas gerações vindouras, Salomão determinou que junto ao Pórtico do Templo, fossem erigidas duas colunas que lembrariam ao povo este sentimento. Alguns Irmãos defendem um princípio de que as Colunas J.’. e B.’. são uma espécie de espectro energético dentro do Templo.” ( Retirado do ‘Vade-Mécum Maçônico’, pág. 103, de autoria do Irmão João Ivo Girardi)

I - NTRODUÇÃO
Por que será que esse assunto, AS COLUNAS J e B, sempre geraram intermináveis discussões?
Para começarmos a falar sobre elas, temos que considerar sempre duas linhas de pensamento: uma que segue a Bíblia ao pé da letra e a outra que defende a idéia de que o Templo Maçônico não é a réplica do Templo de Salomão, portanto, essa segunda estabelece certa liberdade em relação ao que foi ou está definido no Livro da Lei.
Em meio a isso tudo, há outra questão ainda se interpondo: os rituais, pois, ora seguem uma delas, ora seguem outras, dependendo da linha de pensamento com a qual o seu inventor esteja enquadrado. O que soa um pouco estranho, não?
Mas, é por esses caminhos que vamos tentar mostrar aqui o que podem ser consideradas as teorias menos fantasiosas, digamos assim, até por que tudo vai estar fundamentado nas opiniões dos nossos melhores pesquisadores e escritores maçônicos. O simbolismo relacionado às colunas, a importância que as colunas adquiriam na história, na religião e nos costumes dos povos antigos legou uma série de vertentes para o estudioso, sendo que, a Bíblia, por exemplo, talvez seja a maior delas, e aqui, cabe dizer que para uma Maçonaria com raízes cristãs e em países de maioria cristã, isso por si só já tem um peso maior. Por isso, nada mais coerente que ficarmos sabendo um pouco sobre os significados que adquiriu o verbete “coluna” em sua relação com diferentes contextos, e já adentrando em território bíblico, mostrar algumas passagens relacionadas ao seu uso figurado, o que já é interessante, para poder dimensionar os rumos que as interpretações podem tomar.
O que diz o dicionário?
COLUNA 1. Elemento arquitetônico de sustentação, em princípio vertical. 2. Pilar, pilastra. Fig. Apoio, sustento.
O que diz o dicionário do Irmão Nicola Aslan?
COLUNA – Pilar cilíndrico que sustenta abóbadas, entablamentos, etc.. Serve de ornato também em edifícios e consta de três partes: base ou pedestal, fuste e capitel. É um símbolo muito utilizado em Maçonaria.
Uma coluna pode-se dizer então, que é um poste na posição vertical, que tem a finalidade de suportar partes superiores em um edifício, a exemplo de abóbadas, mas que também poderá estar isolada ou acompanhada de outras iguais, sem cumprir essa função de apoio. No âmbito do simbólico e do religioso, pode servir de marco, de monumento ou como sinal de voto, sendo também substituída por uma pilha de pedras. O sentido figurado de uso na Bíblia serve a muitas situações, onde são exemplos, Jeremias postando-se como uma coluna de ferro, contra a ímpia nação de Judá, em (Jer. 1, 18), ou quando a verdade é comparada a uma coluna e a um alicerce, sobre as quais podemos edificar, em (I Tim. 3,15), ou ainda, quando as pernas de certo anjo, visto em visão, são comparadas à colunas de fogo, em (Apo. 10,1), e muito mais.
AS COLUNAS “B” E “J” E AS SUAS DESCRIÇÕES NA BÍBLIA
É certo que não só a Bíblia poderá dar-nos todas as respostas, mas, em nenhum momento podemos ignorá-la, pois, o grosso do que retivemos ao ouvir sobre as colunas são provenientes, com certeza, da tradição bíblica, e especialmente, dos seus livros que se referem ao Templo de Salomão. São diversas, portanto, as passagens constantes na Bíblia que aludem às colunas, desde a construção, localizações, até a destruição delas. Com relação à construção e localização das mesmas:
2 CRÔNICAS, Cap. 3, vers. 15-17
“As duas colunas 15- O rei mandou fazer duas colunas, cada uma medindo quinze metros e meio de altura, e as colocou em frente do Templo. Cada coluna tinha no alto um remate de dois metros e vinte de altura. 16- O alto das colunas era enfeitado com um desenho de correntes entrelaçadas e de romãs de bronze, que eram em número de cem. 17- As colunas foram postas na frente da entrada do Templo. A que ficava no lado sul se chamava Jaquim, e a que ficava no lado norte se chamava Boaz.”
Com referência à destruição das mesmas:
2 REIS, Cap. 25, vers. 8-14
“A destruição do Templo 8- No dia sete do quinto mês do ano dezenove do reinado de Nabucodonosor, da Babilônia, Nebuzaradã, conselheiro do rei e comandante-geral do seu exército, entrou em Jerusalém. 9- Ele incendiou o Templo, o palácio do rei e as casas de todas as pessoas importantes de Jerusalém, 10- e os seus soldados derrubaram as muralhas da cidade. 11- Então Nebuzaradã levou para a Babilônia as pessoas que haviam sido deixadas na cidade, o resto dos operários especializados e aqueles que haviam passado para o lado dos babilônios. 12- Mas deixou em Judá algumas das pessoas mais pobres e as pôs para trabalhar nas plantações de uvas e nos campos. 13- Os babilônios quebraram as colunas de bronze e as carretas que estavam no Templo e também o grande tanque de bronze. Então levaram todo o bronze para a Babilônia.”
OS NOMES “BOAZ” E “JACHIM”
Com relação aos nomes que serviram para denominar as colunas, vejamos o que mais podemos acrescentar no que tange as suas origens e aos seus significados:
BOAZ – É nome de uma pessoa e de um detalhe arquitetônico pertencente ao Templo de Salomão, ou seja, é o nome de uma das colunas de bronze que estavam postas diante do Templo de Jerusalém, mais precisamente, aquela que ficava do lado norte. Nicola Aslan diz que a palavra Boaz escreve-se em hebraico com as letras Beth (B), Ain (letra traduzida foneticamente por uma aspiração sonora como o hi grego), e Zain (Z). Pronuncia-se Bo‟haz e significa “na força” ou “nele a força”.
JAQUIM – No hebraico, ”ele (Deus) estabelecerá”. É o nome de vários personagens do Velho Testamento, e da outra coluna que estava diante do Templo, sendo que ficava do lado sul. Ainda, conforme Nicola Aslan “A palavra Jachin escreve-se em hebraico com as letras Iod (I), Caph (Ch, duro), Iod (I), Nun (N). Pronuncia-se, em português, Jaquim, mas em hebraico a pronúncia é Yahhin. Esta palavra significa „estabelecerá‟, segundo uns; „tornará estável‟, segundo outros.”
Com relação aos nomes dos personagens bíblicos, com os mesmos nomes das colunas, alguns autores sustentam que são figuras relativamente inexpressivas, portanto, eliminando de imediato, a hipótese de que o significado dos nomes das colunas, Jaquim e Boaz estejam relacionados com os desses personagens bíblicos.
Assim sendo, os significados que lhes tem sido atribuídos considerando a etimologia das palavras seria a junção das duas ou: “Deus se estabelecerá com força”, ou também “Deus consolidou (o templo) com força (de maneira sólida)”.
O Cônego Crampon, que é citado por Boucher, em seu clássico, refere-se à junção das duas palavras com a seguinte tradução: “Deus estabelece na força, solidamente, o templo e a religião dos quais Ele é o centro”.
A CONSTRUÇÃO DAS COLUNAS
Vejamos na sequência, esta versão sobre a construção das colunas, e que está em Reis:
I REIS, Cap. 7, Vers. 13-22
(Na versão aqui utilizada da Bíblia, o nome Hiram aparece como Hurã, o que fez com que eu optasse por substituí-lo neste texto transposto por Hiram, como é mais conhecido por nós, maçons. Ainda: pode também aparecer em outras versões como Hirão.)
“A tarefa de Hiram 13- O rei Salomão mandou buscar um homem chamado Hiram, um art ífice que morava na cidade de Tiro e que era especialista em trabalhos de bronze. 14- O seu pais, que já havia morrido, era de Tiro e também havia sido artífice especializado em bronze; e sua mãe era da tribo de Naftali. Hiram era um artífice inteligente e capaz. Ele aceitou o convite de Salomão e se encarregou de todo o trabalho em bronze.
As duas colunas de bronze 15- Hiram fundiu duas colunas de bronze, cada uma com oito metros de altura e um metro e setenta de diâmetro, e as colocou na entrada do Templo. 16- Ele fez também dois remates de coluna, cada um com dois metros e vinte de altura, para serem colocados no alto das colunas. 17- O alto de cada coluna era enfeitado com um desenho de correntes entrelaçadas 18- e duas carreiras de romãs feitas de bronze.19- Os remates das colunas tinham o formato de lírios, mediam um metro e oitenta de altura 20- e foram colocados numa parte redonda que ficava por cima do desenho de correntes. Em cada remate de coluna havia duzentas romãs de bronze colocadas em duas carreiras. 21- Hiram colocou essas duas colunas de bronze na frente da entrada do Templo. A que ficava no lado sul se chamava Jaquim, e que ficava dono lado norte se chamava Boaz. 22- Os remates das colunas em formas de lírios, feitos de bronze, estavam no alto das colunas. E assim foi terminado o trabalho das colunas.”
OS DETALHES DAS COLUNAS NA SUA RELAÇÃO COM O SIMBOLISMO MAÇÔNICO
Jules Boucher faz comentários sobre os detalhes todos que compunham o alto das colunas, e que no parágrafo anterior são mencionadas conforme uma das versões da Bíblia. Cita Ragon e Leadbeater, mas, logo tem de descartá-los, pois, os mesmos admitiam usar até mesmo de uma certa clarividência que supostamente teriam para reconstituir as colunas, com os seus adereços e funções, o que é inaceitável, mas, por outro lado, mostra o quanto a Maçonaria se viu impregnada e influenciada por autores que não possuíam a seriedade que se requer nestas questões. O pior é que granjearam muitos seguidores.
Diz Boucher que é tão difícil conceber, de acordo com a Bíblia, como eram feitas as duas Colunas que estavam posicionadas à frente do Templo, quanto o Templo em si. Boucher se utiliza de uma versão da Bíblia, onde podemos constatar a versão um tanto diferente com referência à descrição apresentada no parágrafo anterior, menos detalhista, e aqui eu aproveito para destacar o fato de que também as diferentes versões ou traduções da Bíblia devem ser consideradas, quando das discussões envolvendo o assunto, pois, podem surgir algumas diferenças ou até interpretações que também destoem do usual. Vou citar uma parte somente da versão da (*) Bíblia utilizada por Boucher para que façamos as comparações possíveis. “Hirão fabricou as duas colunas de bronze; a altura de uma coluna era de dezoito côvados e uma linha de dezoito côvados media a circunferência da segunda coluna. Ele fez dois capitéis de ouro fundido, para colocá-los no alto das colunas; a altura do primeiro capitel era de cinco côvados e a altura do segundo capitel de cinco côvados.
Havia aí treliças em forma de redes, festões em forma de pequenas correntes, nos capitéis que encimavam as colunas, sete num capitel, sete no segundo capitel. Ele fez duas ordens de romãs em torno de uma das treliças, para cobrir o capitel que encimava uma das colunas; e o mesmo fez para o segundo capitel. Os capitéis que estavam no alto das colunas, no pórtico, representavam lírios com quatro côvados de altura. Os capitéis colocados em cima das duas colunas eram rodeados de duzentas romãs, no alto; junto da êntase que ficava além da treliça, havia também duzentas romãs colocadas em torno do segundo capitel. Ele levantou as colunas no pórtico do Templo; levantou a coluna da direita e chamou-a de Jachin; depois levantou a coluna da esquerda e chamou-a de Booz. E por cima das colunas havia um trabalho representando lírios. Assim foi terminada a obra das colunas.”
Fundamental também, para tirarmos nossas conclusões, é o seguinte comentário de Boucher, feito na sequência: “Lendo atentamente a descrição das Colunas, poderíamos deduzir logicamente que havia dois capitéis superpostos: um de 5 côvados de altura, o outro de 4, o que levaria a altura total das colunas a 27 côvados, ficando o módulo igual a sete. Aliás, o texto bíblico fala de sete fileiras de pequenas correntes, de um lírio com quatro côvados de altura e de capitéis com cinco côvados de altura. Se o capitel tinha uma altura de 5 côvados e os lírios 4, restaria apenas uma altura de um côvado no qual teriam de ser localizadas as sete fileiras de pequenas correntes; estas seriam então de dimensões muito pequenas e muito pouco visíveis a uma altura de 10 metros. A Bíblia não menciona nenhum pedestal e é provável que estes não existissem; as colunas deveriam ser colocadas diretamente na terra, sobre uma base de pedra. Essa duas Colunas eram semelhantes, idênticas. Somente suas posições, à direita e à esquerda, e os nomes que lhes foram dados as diferenciavam.”
Ainda usando do pensamento de Boucher, ele diz que a Bíblia é formal, ou seja, ela coloca Jakin à direita e Boaz à esquerda, o que está em conformidade com o simbolismo tradicional e universal. Já no que tange à Maçonaria ele comenta que o Rito Escocês coloca as colunas respeitando essas posições, mas, o Rito Francês inverteu as respectivas posições, e que, nada justificaria essa mudança, nem mesmo o fato de que elas foram um dia transpostas do lado de fora para o lado de dentro do Templo. E alerta que apesar dos diversos autores envolvidos com essa outra questão, ela ainda continua confusa, sendo que ele credita à mesma, como tendo começado a partir do momento em que as colunas foram introduzidas no Templo, e entende que deveriam ficar na parte externa.
E com relação a algumas das confusões que soem acontecer, é interessante registrarmos aqui o que foi publicado pelo Irmão Roberto Ribeiro em seu trabalho intitulado “As Colunas B e J no Templo”: “Contudo a confusão se estabelece com a elaboração dos nossos rituais que, descrevendo o Templo, ou, até mesmo, demonstrando-o por meio de uma planta, que ora mostra as colunas do lado de dentro do Templo; ora as mostra do lado de fora. Superficialmente, analisando diversos rituais, verificamos que, embora os nossos templos sejam a representação simbólica daquele construído por Salomão, as colunas, que deveriam ser fixas, dadas as suas históricas proporções, características e material nelas empregado (bronze; quatro dedos de espessura; cerca de 23 côvados de altura – mais ou menos 15 metros, etc.), são constantemente mudadas de lugar, atendendo muito mais às pretensões de quem seja o inventor do novo ritual; em indesculpável preterição daquelas informações contidas nas fontes históricas e, destacadamente na Bíblia. E tal questão ainda não está pacificada.”
Até aí, tudo é passível de ser contornado, se aceitarmos o fato de que o Templo de Salomão era exatamente como o descrito na Bíblia, e que o templo maçônico não é uma réplica do Templo de Salomão. E não é, mas, não sendo, porque as discussões? Bem, a Bíblia não muda..., ou muda? O Irmão Theobaldo Varoli Filho aponta para o fato de que diferem as dimensões do par de colunas nas narrações bíblicas e nas diversas vulgatas. E os rituais mudam? Sim, a resposta foi dada no parágrafo anterior, e para explicarmos o porquê, recairíamos no tema que foi objeto do artigo anterior, e que já era motivo de reflexões lá nos tempos bíblicos: “vaidade das vaidades, tudo é vaidade.”
O Irmão Kennyo Ismail, por seu turno, dá a resposta que julgo melhor fundamentada para a pergunta do título do seu artigo “As Colunas São Dentro ou Fora do Templo?”, e que vem a calhar para o nosso propósito aqui. Vejamos:
“A resposta é: DENTRO. Sem sombra de dúvidas. Alguns ritualistas de plantão não gostarão, mas vamos lá. Deve-se ter em mente que o templo maçônico não é uma réplica nem uma miniatura do Templo de Salomão. O templo maçônico na verdade é simbolicamente inspirado no Templo de Salomão. Vejamos: por um acaso, nossos templos possuem o altar do holocausto com fogo? Os dez castiçais? As 400 romãs? A mesa de ouro para pães? Vasos, bacias, colheres, varais e véus? Decoração com querubins, palmeiras e flores? Já o Templo de Salomão, tinha tronos para Primeiro e Segundo vigilantes? Esquadro e Compasso? Sol e Lua? Colunetas de ordens de arquitetura gregas? Colunas zodiacais (REAA)? Maço e cinzel, nível e prumo? Fica evidente que o templo maçônico não é uma cópia do Templo de Salomão, recebendo apenas inspiração deste. Essa inspiração está presente, por exemplo, na orientação do Templo em Oriente, Ocidente, Norte e Sul; nas Colunas J e B, no Mar de Bronze (presente em alguns ritos). Sendo o templo maçônico um templo simbólico, seus símbolos devem estar, antes de tudo, visíveis para que sirvam de ensinamento àqueles que no templo se encontram. Ora, as colunas J e B são os símbolos fundamentais de um templo maçônico, referência para os Aprendizes e Companheiros, presentes inclusive em seus ensinamentos. Os ritualistas deveriam defender os rituais, e não modificá-los. Infelizmente, não é isso o que acontece. Tanto os antigos rituais do Rito Escocês como os do Rito de York, e aqueles que derivam desses, têm claramente as colunas no lado interno do templo. Aqueles que defendem as colunas no lado externo, ou seja, no átrio, não se baseiam nos rituais maçônicos, e sim na descrição bíblica. São como radicais religiosos, interpretando as Escrituras Sagradas ao pé da letra e exigindo o cumprimento daquela interpretação como uma verdade absoluta. Simplesmente não entenderam que o templo maçônico definitivamente NÃO é o Templo de Salomão, possuindo inclusive símbolos de outros povos e épocas posteriores, como as Ordens Arquitetônicas comentadas anteriormente. Se quiserem colocar as colunas do lado de fora do templo, deveriam colocar também o Mar de Bronze. Já que defendem que no Altar de Juramentos representa o Altar do holocausto, deveriam tacar fogo nele e jogá-lo no átrio. A festa estaria completa, com a Bíblia seguida à risca e o Templo sem altar e sem colunas. Isso poderia ser qualquer coisa, menos um templo maçônico.“
Como pudemos observar, nada melhor que consultar vários estudiosos... Aliás, na questão dos ornamentos das colunas, o Irmão Theobaldo Varoli Filho, grande estudioso, pronunciou-se assim: “Quanto às interpretações maçônicas dos ornamentos das duas colunas, a verdade é que se baseiam simplesmente em tradições da Ordem e não na realidade bíblica. E faço questão de usar esse pensamento do Irmão Varoli, para que atentemos, por exemplo, para algumas limitações que acabam surgindo em nossas pesquisas, ou quem sabe, algumas encruzilhadas... Uma delas, eu diria que, é esse item 6, referente ao verbete COLUNAS SALOMÔNICAS, do “Vade-Mécum Maçônico” do Irmão Girardi, e que diz assim: “São estéreis as discussões sobre os Globos, um, celeste, e outro terrestre, encimando os capitéis. É lícito estudar esses globos em seu simbolismo, mas com a condição de não pretender fazer história, pelo menos porque os personagens da Bíblia ignoravam a esfericidade da Terra e o seu mapa do céu não era certamente o da astronomia atual.” É algo para se pensar.
A TRANSFORMAÇÃO DAS COLUNAS EM SÍMBOLO MAÇÔNICO
As colunas começaram a fazer parte do simbolismo maçônico a partir do século XV III. De lá para cá, muitas dúvidas tem surgido, assim como, controvérsias.
Diz Aslan: “As Espadas, as Velas, a Câmara de reflexão, o Painel da Loja, são vestígios cabalísticos, como também as Colunas B e J. Os cabalistas estabeleciam uma ligação entre as duas colunas e o nome de Deus. As duas colunas eram a base de um triângulo, cujo vértice era no Altar colocado no centro do Templo Sagrado, „como o coração‟ é o centro do homem. Consideravam o Nome Divino como o „coração‟ do templo.”
E depois de citar os alquimistas e os hermetistas, Aslan diz ainda:”As Colunas B e J representavam para os ocultistas, que impregnaram a Maçonaria com as suas doutrinas, os princípios masculino e feminino, considerados base da criação.”
O Irmão Paulo Roberto que escreve no JB, referindo-se a essa transformação das colunas em símbolo maçônico escreveu: “Sendo o simbolismo da Maçonaria baseado no Templo de Salomão, era natural que estes importantes ornamentos do Templo fossem incluídos no sistema, e, assim, antes mesmo da metade do século XVIII, deles se falava nos catecismos (rituais) maçônicos. (...) O catecismo de 1731 descreve o seu nome, as suas dimensões, o material com que foram construídas, mas nada diz do seu significado simbólico. Dudley foi o primeiro (...) a dizer que as Colunas representavam o poder de sustentação do Grande Deus... Hutchinson foi o primeiro a introduziu na Maçonaria a idéia do simbolismo das Colunas. (...) Preston, posteriormente, introduziu o simbolismo, consideravelmente ampliado, dentro do sistema de instruções. Adotou o referência dos Pilares do Fogo e da Nuvem, que é ainda conservada.“
A VELHA QUESTÃO: O TEMPLO MAÇÔNICO É UMA RÉPLICA DO TEMPLO DE SALOMÃO?
As colunas começaram a fazer parte do simbolismo maçônico a partir do século XV III. De lá para cá, muitas dúvidas tem surgido, assim como, controvérsias.
O assunto em pauta, quer deixar em evidência, o quanto a idéia do Templo Maçônico como réplica do Templo de Salomão, acabou por gerar discussões e confusões ao longo do tempo, e deveria ser obrigatório de parte dos nossos instrutores ou do Irmão 1° Vigilante sempre que possível, no período de instruções, ou leitura de trabalhos, procurar mostrar melhor essa questão, esclarecendo, separando um e outro, dando ênfase para o simbolismo contido aí e a idéia do templo interior, que é o que deve prevalecer. Ouve-se muito, ainda, a “teoria” da réplica...
Vejamos algumas opiniões para desfazer a teimosia e servir de subsídios para os Irmãos.
O Irmão Joaquim Roberto Pinto Cortez disse o seguinte: “Um aspecto bastante difícil de ser explicado é o fato de que nossos Templos sejam colocados como réplicas do „Templo de Salomão‟. Sabemos que a existência de um templo, como nós conhecemos hoje é coisa bastante recente.”
Os Irmãos Eleutério Nicolau da Conceição e Walter Celso de Lima, assim dispuseram em seu livro: “O templo maçônico não é a réplica do antigo Santuário hebreu, apenas faz referências simbólicas àquele edifício. Se assim fosse, seria necessário retirar do interior do templo maçônico todos os outros elementos que não tivessem correlatos no Templo de Salomão. Assim, seriam retirados o mar de bronze (presente em alguns ritos), pois este ficava fora, à direita da entrada do templo; o altar dos juramentos, equivalente ao altar dos sacrifícios, que também ficava fora do Templo;os tronos do Venerável e dos Vigilantes, que não existiam (Salomão nunca teve um trono no interior do Templo), todos os outros assentos, como também decoração de colunas zodiacais (existente no REAA), inexistentes naquele Templo e, por último, todos os maçons que não fossem judeus, pois só filhos desse povo podiam entrar no Templo de Jerusalém. A simbologia maçônica foi buscar referências, além do Templo de Salomão, na cultura Greco-romana (ordens de arquitetura), mesopotâmica e judaica (pavimento mosaico), parlamento britânico, (posição dos obreiros em duas colunas norte e sul) e igrejas medievais. É da composição de todas essas influências que surgiu o edifício maçônico, não apenas do Templo de Jerusalém. Assim , todos os símbolos maçônicos estão bem colocados no interior do templo, seguindo a prescrição tradicional de cada rito, independentemente de seu posicionamento original no Templo de Salomão.”
A COLUNA DE NUVEM E A COLUNA DE FOGO
Os estudiosos estão convictos que há pontos enigmáticos ainda em relação aos significados religiosos das colunas. A verdade é que eram consideradas sagradas, e se estavam no Templo de Salomão, deveriam estar relacionadas à divindade.
No Templo de Salomão, no seu palácio, em Jerusalém, as colunas foram bastante utilizadas. Consta que em seu palácio havia o Salão das Colunas, que era como uma espécie de pórtico com colunas (I Reis 7,6). As colunas gêmeas Jaquim e Boaz, como estavam do lado de fora do Templo de Jerusalém, talvez servisse para a sustentação da arquitrave do vestíbulo da entrada, assim como, podem ter sido colunas memoriais, e sendo assim nada sustentavam, mas, fazendo o povo de Israel manter as lembranças das colunas de nuvem e fogo que guiaram o povo de Israel quando em sua peregrinação pelo deserto.
Foi citada logo após o título do presente trabalho e oriunda da tradição bíblica também a relação das colunas B e J com as colunas que acompanharam, digamos assim, os israelitas pelo deserto.
O Irmão Arony Natividade da Costa refere-se a essa possibilidade em trabalho de sua lavra quando diz: “O Senhor ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem e de noite numa coluna de fogo para guiá-los pelo caminho, de dia e de noite. A coluna de nuvem, e a coluna de fogo, de dia e de noite, nunca se afastaram do povo; numa demonstração clara e evidente de que Deus amparava o seu povo, os israelitas. (...) Então a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pôs atrás. Assim a coluna de nuvem era escuridão para os egípcios e para os israelitas clareava a noite, de sorte que, durante toda a noite, estes e aqueles não pudessem aproximar-se.”
A opinião de Aslan sobre esse aspecto vale ser registrada aqui: “Existe ainda, para os simbolistas, uma grande relação entre as colunas B e J e as duas colunas que precederam os israelitas quando atravessaram o deserto. De noite, uma coluna de fogo iluminava a sua marcha; de dia, uma nuvem os protegia do ardor solar. Pensaram os simbolistas que as duas colunas existentes no pórtico do templo de Salomão fossem uma alusão a este fato bíblico. Calcott escreveu que “a Coluna da direita representava o pilar da nuvem e a da esquerda o fogo”.
CONCLUSÃO
No início do presente trabalho anunciei que estaria fundamentado na opinião de respeitáveis estudiosos Maçons. E será que esgotamos o assunto, agindo assim? Nem pensar.
Durante as leituras que precederam o trabalho em pauta, o capítulo “As Colunas “B” e “J” no Simbolismo Maçônico” constante no livro “Estudos Maçônicos Sobre Simbolismo” de Nicola Aslan, creio que foi o mais completo e esclarecedor que pude ler, e isso, na minha modesta opinião de leitor inveterado. Fica a recomendação para todos os que leram este trabalho, a sua leitura obrigatória. O que eu diria ainda, é que essa leitura abre outros horizontes, contempla outros ângulos, e um alerta logo no começo do artigo me chamou muito a atenção:
“Lembremo-nos que a Maçonaria não é estática, ela é, ao contrário, eminentemente dinâmica. É necessário, pois, percorrermos caminhos não usados, e abrirmos novas veredas para o conhecimento, não esquecendo que a história dos povos e a história das religiões são as bases da história e do simbolismo maçônicos. É lá que foram encontradas as origens verdadeiras das colunas B e J, que os séculos relegaram ao esquecimento, origens que os simbolistas e exegetas maçons nem mesmo suspeitaram.”
Acho que vou finalizar, de uma maneira condizente com aquele que é consciente de quando deve parar, e não guardo certeza de já não ter citado o que vem a seguir numa outra ocasião, porém, não custa nada repetir o que sempre tem importância, e vindo do Irmão Varoli: “Quanto à interpretação maçônica das duas colunas, os autores apresentam várias conjeturas, muitas delas baseadas em biblistas protestantes e católicos. Se esses escritores tivessem respeitado a regra pela qual o maçom deve parar onde não pode mais explicar, não chegariam a emaranhar-se nos despropósitos que aventaram e inventaram, causando a impressão de que a Maçonaria não passa de uma confusão.”
(*) Com referência à Bíblia utilizada por Boucher, consta ao final do capítulo, pág. 198, que a tradução em questão é a “La Sainte Bible”, de acordo com os textos originais do Cônego Crampon, 1° Livro de Reis, cap. VI, sendo que no parecer de Boucher, era a tradução mais confiável (Sic) à época da feitura do seu livro “A Simbólica Maçônica‟.
Referências Bibliográficas:
Internet:
Revistas:
A TROLHA, n°221 – “As Colunas B J” – Trabalho do Irmão Cristiano Roberto Scali
O PRUMO, n°100 – “As Duas Colunas “J” e “B”: Seu Valor e o que Representam” – Trabalho do Irmão Arony Natividade da Costa
Livros:
Antologia da Academia Niteroiense Maçônica de Letras, História, Ciências e Artes – Marques Saraiva Gráficos e Editores – 2006 - “As Colunas B e J no Templo” – Trabalho do Irmão Roberto Ribeiro
Bíblia Sagrada com Enciclopédia Bíblica Ilustrada – Sociedade Bíblica do Brasil - 2011
Dicionário Enciclopédico Ilustrado VEJA-LAROUSE – Volume 6 – Editora Abril S/A2006
ASLAN, Nicola. “Estudos Maçônicos Sobre Simbolismo” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 1997
BOUCHER, Jules. “A Simbólica Maçônica” – Editora Pensamento
CONCEIÇÃO, Eleutério Nicolau da & LIMA, Walter Celso de. “ARTE REAL – Reflexões Históricas e Filosóficas” – Editora Tribo da Ilha 2014
CORTEZ, Joaquim Roberto Pinto. “A Maçonaria e as Tradições Bíblicas” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – 2011
JB News – Informativo nr. 1.377 Florianópolis (SC) – domingo, 15 de junho de 2014. Pág. 17/26
CHAMPLIN, R.N. “Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia” Volumes 1 e 3 – Editora Hagnos – 2008
GIRARDI, João Ivo. “Do Meio-Dia à Meia-Noite – Vade-Mécum Maçônico” – Nova Letra Gráfica e Editora
Ltda. - 2008
ISMAIL, Kennyo. “Desmistificando a Maçonaria” – Universo dos Livros – 2012
VAROLI FILHO, Theobaldo. “Curso de Maçonaria Simbólica” 1° Tomo Aprendiz) – Editora A Gazeta
Maçônica S.A.

Fonte: JB News

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sexta-feira, 27 de junho de 2014

O BRASIL E AS MUTAS DE "ARAQUE"


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Escrito por Mauro Santayana   
Seg, 16 de Junho de 2014 08:54
Dizer que os serviços de telecomunicações no Brasil são péssimos, já virou lugar comum. Milhares de queixas são feitas contra as operadoras de telefonia, banda larga, celular e tv a cabo, todos os meses, nos PROCONS e na ANATEL.

Reconhecer que eles estão entre os mais caros do mundo, também é redundância.  Segundo um estudo da União Geral de Telecomunicações, divulgado em 2013, as tarifas de celular cobradas no Brasil em termos absolutos, são as mais caras do mundo.  O preço por minuto, em 2012,  entre celulares, era de 0,71 por dólar, o mais alto entre 161 países analisados. No México e na Argentina, o custo por minuto é de 0,32 por dólar, no Peru, de 0,18, no Chile, de 0,14. Na Rússia, país em que o salário mínimo está por volta de 2.000 reais, a ligação entre diferentes operadoras é de 0,09 centavos de dólar, e na Índia, outro país dos BRICS, de 0,02.
O brasileiro comum também já sabe que não adianta ligar para as agências reguladoras. A Lei Geral de Telecomunicações, criada logo depois do desmonte e esquartejamento da Telebras –  antes da implementação do sistema de telefonia celular no Brasil, para que se entregasse esse “filé mignon” aos gringos, sem a concorrência da estatal – prevê que as operadoras não podem ser multadas a cada infrração, mas só depois que se acumula um enorme número de queixas de cada tipo.
MULTAS INÚTEIS
O que não se sabia, ainda, e se está sabendo agora, é que as multas não servem para nada, porque elas não são pagas pelas empresas – principalmente as estrangeiras – que dominam esse mercado no Brasil.
Outro dia, denunciamos, aqui, que a Telefónica (Vivo) está devendo, só de impostos atrasados, contestados, na justiça, como o ICMS, mais de 6 bilhões de reais para a Receita Federal.
E a ANATEL acaba de reconhecer que, entre 2000 e 2013, recebeu apenas 550  milhões de reais dos 4.33 bilhões de reais em multas que expediu. Centenas delas deixaram de ser recebidas, por terem sido, também, contestadas e suspensas na justiça, da mesma forma que a Telefónica faz com parte dos impostos que deve ao erário brasileiro.
Mesmo que tivessem sido integralmente pagas, essas multas não teriam quase nenhum valor punitivo, se considerarmos que o mercado brasileiro de telecomunicações fatura, por ano, mais de 200 bilhões de reais, ou quase de 500 milhões por dia.
Se você, caro leitor, deixar de pagar o imposto de renda ou atrasar o pagamento de sua conta de telefone fixo, internet, tv a cabo ou celular, vai ter os serviços cortados, suas propriedades serão penhoradas e o seu nome vai para o SPC.
Se uma dessas companhias, espanhola, portuguesa, mexicana ou italiana, que veio para o Brasil nos anos 1990, for multada, ou deixar de pagar impostos, ela recorrerá na justiça, e continuará “trabalhando” livremente, metendo a mão no dinheiro do usuário, e mandando bilhões de dólares em lucro para o exterior.

Fonte: Tribuna da Internet

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A UNIÃO DO PSDB É FUNDAMENTAL PARA PRESERVAR A DEMOCRACIA NO BRAIL

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Escrito por Reinaldo Azevedo   
Seg, 16 de Junho de 2014 14:00
A última vez em que o PSDB esteve tão unido numa campanha eleitoral foi 1998. Não vou aqui me dedicar à arqueologia de por que, antes, foi assim ou assado. O fato é que o candidato à Presidência, Aécio Neves, conta com o pressuposto primeiro de uma campanha que pretende, claro!, ser vitoriosa: a união. Sem ela, não existe milagre. Para alcançá-la, é preciso que todos os atores estejam dispostos não exatamente a fazer concessões, mas a ouvir o “outro” e “os outros”. Mais do que tudo, entendo, desta vez, o PSDB não tinha o direito — sob o risco da autodissolução — de não ouvir fatias consideráveis do país que querem mudança. E a cobram com uma clareza que não se via desde 2002, justamente quando o PT venceu.
Notem que não faço juízo de valor sobre os desejos de antes e os de agora. Falo de demandas que estão na sociedade e às quais os partidos têm de responder. O PSDB não tinha, e não tem, o direito de se apequenar em divisões internas. O que se viu neste sábado é auspicioso. Lá estavam, e com muito mais solidez do que em jornadas anteriores, Aécio e José Serra de mãos dadas, sob o olhar de FHC, o tucano que venceu o PT nas urnas duas vezes, no primeiro turno.
Isso é uma declaração de voto? Não é, mas poderia ser — e não vejo por que os leitores devam ter desconfianças sobre em quem vou votar. Acho que minha escolha está clara. Mas isso é o de menos neste post. O meu ponto é outro. Não existe democracia sem oposição. Repito o que já escrevi dezenas de vezes: as tiranias também têm governo (e como!!!). Só as democracias contam com forças que se opõem ao poder de turno, buscando substituí-lo, dentro das regras do jogo. Sem oposição organizada, não existe governo legítimo.
Ocorre que esse não é um valor no petismo. Nunca foi. Ao contrário. Para o partido, os que se opõem à sua visão de mundo — mesmo àquela parcela eventualmente não criminosa — são sabotadores, são inimigos. E devem ser destruídos.
Desde que os petistas chegaram ao poder, resolveram dar início a uma falsa guerra entre o “nós”, que eram “eles”, e o “eles”, que eram os outros. De um lado, os donos da virtude, do bem, do belo, do justo; do outro, o contrário. Talvez seja o caso, então, de a oposição comprar essa briga e fazer o confronto entre o “nós oposicionista” e o “eles governista”.
Os tucanos têm uma história respeitável. Tiraram o Brasil da hiperinflação. Deram ao país uma moeda. Devolveram a nação ao cenário internacional. E o fizeram sem jogar o povo contra o povo. E o fizeram sem incitar a guerra de todos contra todos. E o fizeram sem estimular ódios e rancores. Ao contrário: sempre souberam, e sabem, que, como diz o velho bordão, a união faz a força. Os petistas, infelizmente, tentam se fortalecer jogando brasileiros contra brasileiros, como estamos cansados de ver. É assim que eles enfraquecem a sociedade para fortalecer um ente de razão chamado “partido”.
Mais do que nunca, acho que cabe aos tucanos deixar realmente claro que “eles”, tucanos, não são “os outros”, os petistas e seus aliados. Ou, nos termos propostos pelo PT, chegou a hora de deixar claro que, de verdade, “nós não somos eles”. E não é preciso ir muito longe para percebê-lo: há, por exemplo, tucanos e membros de gestões tucanas sob investigação. Não vi, até agora — e não creio que vá acontecer — o partido a demonizar a Justiça. Sim, há uma grande diferença entre se solidarizar com um aliado e atacar a instituição. Em defesa de mensaleiros, de criminosos condenados, o petismo não hesitou um só instante em achincalhar o Supremo, cuja composição é, de resto, de sua inteira responsabilidade.
Autoritários
A propaganda política terrorista que o PT levou ao ar, destaquei aqui, deixou claro que o partido não tem mais futuro a oferecer aos brasileiros. Agora só lhes resta o expediente, que também não é novo em sua trajetória, de destruir a reputação e o passado alheios e de recontar a história. Mais um pouco, os “historiadores” do partido ainda transformarão Lula no pai do “Plano Real”, e FHC no chefe do grupo que tentou sabotá-lo — e sabotar o país.
Dilma já não sabe por que governa e sabe menos ainda por que quer mais quatro anos. Essa gente é tão autoritária que inventa teorias conspiratórias até quando parte de um estádio de futebol expressa seu repúdio ao governo, segundo a linguagem, feia ou bonita, que se costuma usar em disputas assim desde as arenas romanas ao menos. Seus áulicos na subimprensa — um bando de vagabundos pançudos, pendurados nas tetas da propaganda oficial e de estatais — têm o topete de acusar, ora vejam!, a oposição e alguns jornalistas por manifestações espontâneas, que surgem sem paternidade.
Os petistas, no poder, sempre tentaram calar a oposição. Agora, acham que já é chegada a hora de calar o povo — ao menos a parcela do povo que ousa discordar. E sua concepção autoritária de poder está em curso, com lances novos, embora esperados, dado o seu projeto de poder. O Decreto 8.243, inspirado por Gilberto Carvalho, saído das catacumbas do PT, é a evidência de que o partido ainda não desistiu da ditadura do partido único.
A união do PSDB, demonstrada neste sábado, é fundamental para preservar a democracia no Brasil.

Fonte: Veja.com

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quinta-feira, 26 de junho de 2014

FILHO PRÓDIGO INCORRIGÍVEL


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Escrito por Percival Puggina   
Seg, 16 de Junho de 2014 08:54
No Evangelho de São Lucas, Jesus narra uma história que se tornou, provavelmente, a mais conhecida dentre todas as suas parábolas. Ela descreve a experiência de um filho que pede ao pai rico a antecipação de sua herança. Com a grana na mão, ele viaja para um país distante, cai na vida, afunda nos vícios, gasta tudo que tem e experimenta o sabor da mais irrecorrível miséria (vem daí o adjetivo pródigo, ou seja, esbanjador, gastador, associado a esse personagem). Gradualmente, porém, ele se arrepende, decide retificar sua conduta e retorna à casa do pai, a quem pede e de quem recebe efusivo perdão.

Tem muita razão o jornalista Eugênio Bucci, em artigo publicado no Estadão no dia 12 deste mês. Segundo ele, embora a presidente Dilma e os governistas acusem a oposição de explorar politicamente o evento da FIFA, foram os governos petistas que confundiram futebol com política e eleição desde que se dispuseram a oferecer o país para a realização da Copa de 2014.
É bom recordar. Logo no início, Lula faturou os abraços e as lacrimosas efusões de alegria perante a – assim proclamada – conquista. Depois, explorou as escolhas das sedes da Copa, aumentando em cinquenta por cento, sem necessidade alguma, os teatros em que ela se desenrolaria. Bastavam oito sedes, mas Lula quis 12 para faturar em mais quatro Estados os dividendos eleitorais que disso adviriam. Depois, junto com Dilma, aproveitou politicamente, anúncio por anúncio, as “obras da Copa” voltadas para mobilidade urbana, aeroportos e infraestrutura.
COM OS COFRES CHEIOS
Custou a cair a ficha. Passaram-se seis anos inteiros, ao longo dos quais o governo petista reinou com a convicção de que poderia fazer o que bem entendesse no país. O PT se tornou o novo Príncipe de Machiavel, com a vantagem de estar com os cofres cheios de dinheiro para usos e abusos. O partido do governo se fundiu e confundiu com o Estado, com o governo, com a administração pública federal e com as empresas estatais. Como é fácil, na política, a vida dos endinheirados inescrupulosos!
Foi em junho do ano passado, quando entramos na contagem regressiva para os jogos da Copa, que a ficha começou a cair e a nação passou a compreender o quanto haviam sido absurdos e abusivos os custos, os gastos, as exigências e as concessões feitas pelo governo petista. O escandaloso contraste entre o “padrão FIFA” e a realidade social do país, a tenebrosa situação do sistema de saúde e a péssima qualidade do ensino público, levou o povo às ruas nos protestos de junho de 2013. E produziu a impressionante reação popular ante a presença da presidente Dilma no jogo inaugural da Copa.
No entanto, vale o alerta: no poder, o governo petista conta com o dinheiro de todos nós e nada – absolutamente nada! – sugere que vá arrepender-se, ou mudar de conduta. Para o PT, cair em si significa fazer mais do mesmo. E vem aí a outra “conquista” desse filho pródigo da ingenuidade nacional – os Jogos Olímpicos de 2016. O PT é um filho pródigo incorrigível, que precisa ser mantido a quilômetros de distância dos recursos públicos.

Fonte: Tribuna da Internet

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'O ANTÍDOTO LUCINHA', UM ARTIGO DE ROBERTO POMPEU DE TOLEDO


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Escrito por Roberto Pompeu de Toledo   
Seg, 16 de Junho de 2014 14:00
Pensemos na doutora Lúcia Willadino Braga. Ela é um antídoto contra a onda de pessimismo que assola o país. Já, já a doutora Lúcia entrará nesta história. Fiquemos por enquanto com a onda de pessimismo. Em pesquisa divulgada na semana passada, o instituto americano Pew encontrou 72% dos brasileiros insatisfeitos “com as coisas no Brasil hoje”. A situação econômica é ruim para 67%, e 61% acham que sediar a Copa do Mundo foi uma má decisão, “porque tira dinheiro dos serviços públicos”. A presidente Dilma Rousseff ainda é vista favoravelmente por 51% dos entrevistados, mais do que Aécio Neves (27%) e Eduardo Campos (24%), mas ao mesmo tempo seu governo é reprovado nos itens combate à corrupção (86%), combate ao crime (85%), saúde (85%), transporte público (76%), política externa (71%), educação (71%), preparação para a Copa (67%), combate à pobreza (65%) e condução da economia (63%). Dilma é considerada “boa influência” no país por 48% dos entrevistados contra os 84% que assim pensavam de Lula em 2010. (Os resultados estão em http://www.pewglobal.org/2014/06/03/brazilian-discontent-ahead-of-world-cup/.)
Copa do Mundo é uma grande festa. A esta altura a euforia deveria estar reinando no país. E o que ocorre? A presidente Dilma já mais de uma vez teve de argumentar que o legado do torneio está garantido, porque os estrangeiros não levarão os estádios e os aeroportos na mala. Com todo o respeito, presidente, é uma pena que não o façam. Teremos de ficar nós mesmos com os estádios de Manaus, de Natal e de Cuiabá. Se os visitantes os levassem com eles, ao preço que custaram, proporcionariam algum alívio a nossas combalidas contas externas. Os aeroportos já seriam mais difíceis de vender. Só um entre os doze da Copa, o de Brasília, estava pronto na semana passada. Os outros apresentavam um festival de tapumes e variados improvisos, quando não um monte de terra e outro de entulho, logo à saída, como o de Cuiabá. E com o de Brasília, a joia da coroa, o que ocorria? Não resistiu à primeira chuva. Na terça-feira, partes alagadas no solo, resultado do entupimento dos bueiros, dialogavam com goteiras no teto. Funcionários de companhias aéreas trabalhavam protegidos por lonas penduradas no teto, para aparar as águas. Não é à toa que o pessimismo seja o sentimento dominante, nesta véspera de Copa.
Para compensar, temos a doutora Lúcia Willadino Braga, a “Lucinha” para quem, como este colunista, tem a sorte de conhecê-la. Lucinha é neurocientista com múltiplas distinções no exterior e diretora da rede Sarah de hospitais do aparelho locomotor. A rede Sarah já é em si um milagre. Fundada pelo médico Aloysio Campos da Paz, hoje seu cirurgião-chefe, consiste num conjunto de hospitais públicos com padrão muitos furos acima do apregoado padrão Fifa. É despudorada demagogia dizer que em vez de estádios deveríamos investir em mais hospitais padrão Sarah, mas, vá lá, sejamos despudorados: deveríamos. Lucinha é outro milagre, para muitos dos pacientes que estiveram aos seus cuidados. Há duas semanas ela foi tema de capa da revista VEJA BRASÍLIA. As repórteres Clara Becker e Lilian Tahan contaram então uma história que começa em maio de 2010, quando a unidade carioca do Sarah foi visitada pela senhora Mozah bint Nasser Al Missned, uma das atuais duas mulheres do sheik do Catar.
A doutora Lúcia está acostumada com tais visitas. Já recebeu a princesa Diana e Michelle Obama, entre outras. Mas essa foi especial. As duas ficaram amigas, passaram a corresponder-se, e um dia veio um convite para a brasileira visitar o Catar. Lucinha aceitou. Partiu em outubro de 2011, claro que em primeira classe da Qatar Airways, e naquele país empenhou-se num ciclo de visitas a instituições médicas e palestras a profissionais de saúde. No fim – surpresa – recebeu uma proposta da amiga sheika: trocar o Brasil pelo Catar. O salário estava mais para Neymar, ou pelo menos para David Luiz, do que para um reles neurocientista. Lucinha não precisou pensar. Disse não. “Tenho um compromisso com a saúde do meu país”, justificou. Logo, se tudo der certo, e especialmente se a seleção brasileira for bem, o pessimismo que assola o país será contrabalançado, ou talvez mesmo substituído, pelo Hino Nacional cantado aos urros, como na Copa das Confederações. Já Lucinha tem compromisso com o país. Não é engraçado?

Fonte: Veja.com

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quarta-feira, 25 de junho de 2014

QUATRO MOMENTOS DE LULA PROVAM QUE É UM GROSSEIRÃO SEM CURA AGORA SE FANTASIA DE DOUTOR HONORIS CAUSA EM BOAS MANEIRAS

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Escrito por Augusto Nunes   
Seg, 16 de Junho de 2014 14:00

Aconselhado pelo medo de vaia a manter distância do estádio bilionário que concebeu em parceria com a Odebrecht, Lula acompanhou pela TV a goleada sonora imposta a Dilma Rousseff, durante o jogo contra a Croácia, por milhares de brasileiros que cantaram o Hino Nacional a capela e festejaram a vitória da Seleção. O padrinho só entrou em combate quando a afilhada já batera em retirada.
“Eu vi uma parte da manifestação contra a presidenta Dilma e eu fiquei pensando que não é nem dinheiro nem escola nem títulos de doutor que dão educação para as pessoas”, começou a aula de farisaísmo eleitoreiro. “Educação se recebe dentro de casa. Eu nunca tive coragem de faltar com respeito a um presidente da República”.
Conversa de 171. Em 1987, por exemplo, num comício em Aracaju, Lula qualificou o então presidente José Sarney de “o maior  ladrão da Nova República”. Não esperou que Fernando Collor deixasse o Planalto para acusá-lo de “assaltante”. E seu vocabulário não passaria de 300 palavras se fossem suprimidos os termos que usa de meio em meio minuto quando está longe do microfone.
No ótimo Viagens com o Presidente, os jornalistas Eduardo Scolese e Leonencio Nossa relatam episódios que testemunharam e histórias que colheram durante os quatro anos em que, a serviço da Folha e do Estadão, seguiram os passos do chefe de governo. Confira quatro momentos pescados no oceano de patifarias verbais. Diferentemente do livro, que expõe com crueza o estilo do grosseirão sem cura, asteriscos fazem o papel de vogais e consoantes nos palavrões cuja publicação é vetada pelas normas do site de VEJA:
INSULTANDO VIZINHOS
O fato se dá em Tóquio, no Japão, no final de maio de 2005. Uma dose caprichada de uísque com gelo e, antes mesmo do inicio do jantar, Lula manda servir o segundo, o terceiro e o quarto copos. Visivelmente alterado:
— Tem horas, meus caros, que eu tenho vontade de mandar o Kirchner para a p*** que o pariu. É verdade. Eu tenho mesmo – afirma, aos gritos. — A verdade é que nós temos que ter saco para aturar a Argentina. E o Jorge Battle, do Uruguai? Aquele lá não é uruguaio po*** nenhuma. Foi criado nos Estados Unidos. É filhote dos americanos. O Chile é uma m****. O Chile é uma piada. Eles fazem os acordos lá deles com os americanos. Querem mais é que a gente se fo** por aqui. Eles estão cag***do para nós. (págs 270 e 271)
INSULTANDO COMPANHEIRAS
Numa audiência com a ministra do Meio Ambiente Marina Silva, na época em que o governo começa a discutir a transposição de parte das águas do São Francisco, o Presidente ouve opiniões contrárias dela e dos técnicos:
— Marina, essa coisa de Meio Ambiente é igual a um exame de prostata. Não dá para ficar virgem toda a vida. Uma hora eles vão ter que enfiar o dedo no ** da gente. Companheira, se é para enfiar, é melhor enfiar logo. (Pág 71).
INSULTANDO MINISTROS

Antes de uma cerimônia no palácio, Lula se próxima do assessor para assuntos internacionais, o professor Marco Aurelio Garcia, e diz:
— Marco Aurélio, eu já mandei você tomar no ** hoje?
O professor sorri. (Pág. 71).
INSULTANDO ASSESSORES
Na suíte do hotel, recebe das mãos de assessores discurso sobre combate mundial à fome. Diante do ministro Celso Amorim e dos auxiliares do Planalto e do Itamaraty, folheia rapidamente a papelada e arremessa a metros de distância:
— Enfiem no ** esse discurso, c****ho. Não é isso que eu quero, po***. Eu não vou ler essa m****. Vai todo mundo tomar no** Mudem isso, rápido. (Pág. 249).
Esses exemplos bastam para exibir a nudez do reizinho. Inquieto com as rachaduras no poste que instalou no Planalto, o presidente honorário do grande clube dos cafajestes tenta impedir o desabamento fantasiado de doutor honoris causa em boas maneiras. Haja cinismo.
Fonte: Veja.com

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AQUILINO: CEM ANOS DE CONSAGRAÇÃO


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Escrito por Mario Jorge (Lisboa)   
Seg, 16 de Junho de 2014 17:00
O ano de 2013, no espaço plural da língua e da literatura portuguesas, convoca-nos para a visão retrospetiva da obra e da vida de Aquilino Ribeiro entre os grandes acontecimentos culturais que devem ser assinalados. A Sociedade Portuguesa de Autores, num diversificado programa que tem início hoje, neste espaço emblemático, recorda Aquilino, nos 50 anos da morte e no centenário da publicação do primeiro livro, O Jardim das Tormentas, que logo o integrou nos escritores portugueses de sempre. Cumpriu-se o vaticínio expresso no prefácio de Malheiro Dias, um monárquico que foi para o Brasil, a seguir ao 5 de Outubro e que não hesitou em reconhecer o talento de um jovem anarquista iniciado na Carbonária para acelerar a proclamação da República.
«As letras portuguesas» – escreveu Malheiro Dias – «possuem hoje mais um admirável artista, que se incorpora na dinastia dos grandes escritores. Eu me considero feliz, senhor Aquilino Ribeiro, de admirá-lo e de estimá-lo, pois são inefáveis prazeres – e tão raros vão sendo – o poder admirar e o saber estimar» (…) «a sua obra – observou ainda - não é das que necessitam de um cicerone.»
Sendo visceralmente um homem da Beira, Aquilino também ficou um homem de Lisboa. Viveu, intensamente, um percurso da serra para a cidade, mantendo um forte vínculo com as raízes. Residiu em Lisboa. Morou em Santo Amaro de Oeiras e na Cruz Quebrada. Todos os dias recorria aos transportes públicos, aos elétricos, aos autocarros, aos comboios suburbanos. O Tejo acentuou-lhe a consciência da paisagem e as metamorfoses da luz.
As casas onde morou constituiram a oficina para a construção da escrita. Recolheu tesouros dos mestres vernáculos para cruzar com a fala espontânea, e quantas vezes bravia, da boca do povo da serra ou da cidade, conciliando a tradição erudita com a linguagem popular. Legou-nos uma obra feita de heranças e descobertas, terra lavrada de palavras e de reflexões que remetem para o passado, o presente e o futuro individual e coletivo.
O Chiado foi um dos locais diários para o convívio e conspiração, nas tertúlias dos cafés, dos consultórios e escritórios de amigos e correligionários; na Bertrand, a sua editora e, tal como já acontecera com Herculano, desde a porta da rua à sala da livraria, era o ponto de encontro com escritores, jornalistas e políticos, para se informar das últimas novidades literárias portuguesas e estrangeiras. Em todo este roteiro de itinerários quotidianos passou a incluir-se o Panteão Nacional — que nos reúne, hoje, nesta homenagem — para celebrar a memória de Aquilino.
Aquilino chegou, pela primeira vez, a Lisboa, em Novembro de 1903, no exato dia da inauguração do monumento a Eça de Queiroz, no Largo Barão de Quintela. É melhor dar a palavra a Aquilino que, em alguns fragmentos do livro de memórias Um escritor Confessa-se, recorda esse período que faz parte da historia do escritor e da história de Lisboa. Foi numa «manhã tépida, de céu ambarizado por um sol que (…) há cinquenta anos a esta parte (…) era raro faltar á cidade, que deixou de ser de mármore e granito para ser, no seu maior dimensional, de tijolo mal cozido e cimento roubado».
A estátua de Teixeira Lopes tem na base a epígrafe extraída da Relíquia «sob a nudez forte da Verdade o manto diáfano da Fantasia», que vai acompanhar Aquilino, apesar de ter adotado no processo da criação outros mestres literários: Camilo, Cervantes, Fialho e Anatole France. Naquele momento ficou-lhe apenas uma imagem e um nome: «a mulher nua abria braços roliços no meio do largo debaixo das palmeiras. O romancista olhava para ela, por cima do ombro, com ar meio farto, meio divertido». (…) O nome de Eça eu só conhecia de ouvido». (… ) Prometi ir lê– lo e foi esse o primeiro numero do meu programa em branco.»
Aquilino vinha de um seminário, perdera a fé, encontrava-se em plena cidade com a angústia de quem procura um modo de vida: (…) Sentia-se (e volto a citar) «no não cairei como o náufrago que acaba de varar numa riba a pique. Não conhecia ninguém». (…) «Entrava para a Biblioteca Nacional com o abrir do portão e era o último a largar. Nunca me aconteceu adormecer sobre os livros como convidava aquela sala de abóboda, firmada em aduelas de tijolo, verdadeira adega do espirito fradesco. (…) «Mas havia muitos que dormiam e ressonavam, sem escândalo para ninguém.»
Decorrido mais de meio século, ao selecionar reminiscências da sua primeira Lisboa não esqueceu, na inauguração do monumento de Eça, «os vários e balofos discursos na roda de uma centena de basbaques». E recorde-se que falaram, o Conde de Arnoso, o Marques de Ávila, Ramalho Ortigão, Luís de Magalhães, António Cândido, o conde de Resende, em nome da família, e Aníbal Soares, em representação da Academia de Coimbra.
Contudo, Aquilino, salienta que, não tendo aparecido referência nos jornais, viu e ouviu usar da palavra «um rapaz, vermelho de tez, sanguinário, ao que ouvi dizer estudante de Medicina. Apareceu com certo rompante, na voz, e no gesto a rebeldia de Yokanan, e representou ali os anti: anti-acácio, anti-burguês, anti-romântico, ant-nariz de cera, e foi o que recolheu mais aplausos da turba interessada.» «Explosivo no que disse – concluiu. O seu nome, como tal, evaporou-se e nem sequer foi citado pelas gazetas».
Como também nunca mais esqueceu que ele próprio, Aquilino, pela sua «extrema sociabilidade», fora «recebido de braços abertos numa grande roda republicana, repórteres, jornalistas, funcionários públicos, farmacêuticos, onde passei a ter parte cantante». (…) «A tormenta revolucionária condensava-se sobre a capital e não havia ninguém que se furtasse ao seu fluido magnético».
Os estigmas do seminário eram fortes, mas eram muito mais fortes os caudais de energia da serra que o moldaram à sua imagem e semelhança: «nas digressões pelos montes me fiz rijo, filósofo embora de filosofia barata, amigo da solidão, e armazenei o pouco de firmeza que pela vida fora me tem couraçado perante os descalabros da sorte e ralé para responder com uma ou outra das sete pedras de David à agressividade dos jagunços, de bacamartes municiados nas alfurjas do Poder.» (…)« quando me vim embora, trazia a aldeia nos poros, no sangue e no cérebro (…) na aldeia de alma bárbara, escola da negra e rude vida, aprendi a conhecer o homem no jogo dos instintos capitais».
Passou a frequentar o Gelo, no Rossio: «o café era a universidade e a antecâmara permanente da revolução». (…) «Pouco a pouco eu fui tendo voz onde antes só tinha ouvidos». (…) «Era um revoltado contra o regime e comungava no descontentamento e republicanismo de Lisboa inteira». (…) «Era ponto de fé que a regeneração do País só poderia fazer – se derrubando a monarquia. Espíritos modernos e homens de boa vontade entregavam – se a essa tarefa de corpo e alma».( …) Portugal era um « país pobre, maltrapilho, semibárbaro, devorado pela política e estúpido por força da educação ministrada pela Igreja e por Coimbra».
Aceitou o convite de Luz de Almeida e ingressou na Carbonária. Viveu de traduções de francês e de italiano e da escrita em jornais e revistas. As ligações revolucionárias levaram-no à prisão e à fuga da prisão. A polícia procurava-o por toda a parte. Conseguiu avançar para o exílio. Paris abriu-lhe os braços. A França vai despertar Aquilino para um admirável mundo novo. Identificou-se – escreveu 40 anos depois – com A França que acabou em 1914, noutros termos o símbolo do povo que ocupou na história da Civilização, do Renascimento para cá, lugar equivalente da Grécia na Antiguidade». Era a «França ecuménica, sol e sal da terra, segunda pátria para os rebeldes que tiveram de perder a sua, Jerusalém de todos os sonhadores e aflitos. (Por obra e Graça)
Um dos seus ídolos literários, Anatole France, exortou no Monte Latino: meus caros camaradas, não tenham medo de passar por utopistas, de construir nas nuvens, de arquitetar repúblicas imaginárias como Thomas Morus, Campanela, Fénelon. Utopista é a injúria ordinária que os espíritos estreitos jogam aos grandes espíritos e na qual os políticos se escudam para condenar os pensamentos elevados. A utopia é o princípio de todo e qualquer progresso; sem os utopistas de outrora, viveríamos ainda miseráveis nas cavernas. (Por obra e Graça)
Esta filosofia politica e intelectual tornou-se, desde então, uma das linhas de rumo na vida e na literatura. Para sempre ficará rebelde, insubmisso, refratário às tiranias. Mais duas vezes voltará ao exílio. A política era uma das suas paixões irreprimíveis, mas a escrita constituía o seu ofício, a banca de trabalho para o pão de cada dia. Dela fez o seu modo de vida.
Homem da serra dos pés à cabeça, por dentro e por fora, Aquilino condensou o universo rural numa série de livros que costumo chamar o «Quinteto da Beira”: Os Avós dos Nossos Avós (1943); Aldeia (1946); Geografia Sentimental (1951); Arcas Encoiradas (1953), e O Homem da Nave (1954). Aqui se deparam os usos e tradições dos habitantes desde épocas remotas até às primeiras décadas do século XX, quando se rasgam estradas, se introduzem meios de transporte que vão do caminho-de-ferro até à camionete da carreira e ao automóvel. Quando apareceu a rádio houve a primeira aproximação com o mundo. Rompeu-se o isolamento antes do impacto da televisão e dos prodígios da internet. Testemunho
deste quotidiano longínquo era o Malhadinhas, o almocreve que se incumbia das comunicações entre o interior e o litoral, o campo e a cidade, levando e trazendo produtos essenciais do comércio regional.
«O Quinteto da Beira» pode considerar-se uma narrativa literária marcada pelo conspecto histórico, antropológico e arqueológico, pela análise dos comportamentos das populações pela relação com o ambiente e por uma visão comunitária com lentas incursões no presente sem cortes imediatos com o passado. A garra do escritor está em sintonia com Leite de Vasconcelos (a cuja memória dedica Os Avós dos Nossos Avós) ao investigar as estruturas, das sociedades primitivas até à evolução da atual organização administrativa; avança com pistas que desbravam o caminho para Orlando Ribeiro assentar as bases e identificar as matrizes da geografia humana, as características do Portugal Atlântico e do Portugal Mediterrânico; e antecipou, em algumas décadas, a sistematização de Gonçalo Ribeiro Teles, ao proceder à definição da paisagem cultural.
A tudo isto acrescentou a visceralidade telúrica da meseta ibérica que o conduziu à descoberta da serra e das suas pulsões arteriais. Aquilino completou a erudição de Leite de Vasconcelos, o magistério universitário e ensaístico de Orlando Ribeiro e Gonçalo Ribeiro Teles ao captar e transmitir a essência dos pequenos lugares, onde todos se integram mas cada um mantém as características que enriquecem perante os outros.
A marca da autenticidade do homem e o plasma latente da terra perduram noutros livros em que reconstituiu a infância e adolescência Cinco Reis de Gente, Uma Luz ao Longe e Via Sinuosa. Assim como algumas das lutas políticas em que se envolveu ficaram no livro de memórias incompletas Um Escritor Confessa-se e nas autobiografias romanceadas Lápides Partidas e Arcanjo Negro.
Seja no campo, seja na cidade, as posições que assumia incentivavam a abertura à pluralidade de ideias, o confronto de opiniões, a enfrentar os adversários olhos nos olhos, refractário aos preconceitos e aos dogmas, à teia de interesses instalados, ao exercício da coragem e ao direito à indignação. Orgulhava-se das suas origens e do tempo em que acordou para a vida e a literatura: «A geração a que pertenço nasceu revolucionária, as gerações que alvoreceram depois de mim revolucionárias perduraram. É com esta têmpera que nasce o Sol.
O escritor aos setenta anos não perdera a pujança da escrita e o compromisso ativo da intervenção cívica. Publicou a Casa Grande de Romarigães, em 1955, crónica romanceada inserida em Paredes de Coura e que se expande através do Alto Minho e nos territórios do Tâmega e da Galiza, tão diferentes da paisagem da Beira Alta. Pouco depois travou a última batalha como escritor e cidadão, no romance Quando os Lobos Uivam, editado em 1958 para exaltar a insurreição das populações ao reivindicarem nas fráguas da serra dos Milhafres a posse e a defesa dos baldios afetados por novas leis e, ao mesmo tempo, denunciar as instituições que alicerçavam a continuidade de Salazar.
O ano de 1958 coincidiu com o vendaval desencadeado pela campanha eleitoral de Humberto Delgado, candidato da oposição à Presidência da República. Aquilino pertenceu à comissão da candidatura e fez declarações públicas de apoio e com tal frontalidade que rompeu a possível impunidade que, desde o regresso do exílio em 1932, usufruía, a começar pelo próprio Salazar, admirador confesso da sua obra literária.
Logo na abertura de Quando os Lobos Uivam, Aquilino contestou a ausência da liberdade de expressão e de reunião, as purgas universitárias, a demissão compulsiva das universidades de alguns dos nomes mais prestigiados das ciências e das letras. Mas o ataque político mais cerrado no decurso da narrativa de Quando os Lobos Uivam teve por objetivo desmascarar a orgânica e funcionamento dos Tribunais Plenários que, até ao 25 de Abril, envolveram a promíscua cumplicidade de duas ou três gerações de magistrados com a PIDE.
O julgamento apenas servia para confirmação do processo elaborado pela PIDE recorrendo à tortura e à coação. Quando os Lobos Uivam não deixa cair no esquecimento às gerações presentes e futuras, as fatalidades, desventuras e infortúnios dos presos políticos, massacrados pelas atrocidades policiais, quantas vezes condenados à deportação e que deram tudo pelos seus ideais, em muitos casos a própria vida.
À apreensão de Quando os Lobos Uivam seguiu-se a instauração de um processo-crime por difamação injúria e calúnia, ideias subversivas contra a segurança do Estado e insulto à magistratura. A luta política intensificava-se. Uma carta do Bispo do Porto a Salazar foi um golpe profundo na unanimidade do episcopado; as encíclicas do Papa João XXIII e as propostas do Concilio Vaticano II instigaram os católicos para se manifestarem na oposição. O assalto comandado por Henrique Galvão ao "Santa Maria" alertou a opinião pública internacional para a política portuguesa. Para a ditadura e o colonialismo. As Nações Unidas colocaram em debate a autodeterminação e independência das colónias.
Eram presos, em 1961, muitos subscritores do Programa da Democratização da República que abrangeu largas dezenas de figuras, umas ainda ligadas ao 5 de Outubro de 1910, como Helder Ribeiro, Mário de Azevedo Gomes e Câmara Reys; outras, intervenientes no MUNAF, no MUD, nas campanhas das eleições presidenciais de Norton de Matos e Humberto Delgado e outras áreas de combate para a urgência de um Estado de Direito.
A transição da ditadura para a democracia era exigida desde Fevereiro de 1927 e, sobretudo, com a ida de Salazar para primeiro-ministro, com a Constituição de 1933 que suprimia todas as liberdades fundamentais. Aquilino vai participar com três gerações que, através da publicação de livros, da colaboração na Imprensa, na ação conspirativa e na luta armada, arrostando vexames, provações e ostracismos, se bateram pela abolição da censura, a restituição da liberdade de Imprensa; a eliminação dos entraves administrativos à liberdade de associação; a prisão preventiva sem culpa formada; a extinção dos tribunais plenários; o fim das medidas de segurança, que, aplicadas aos mesmos presos políticos, acabavam por se assemelhar à prisão perpétua. Também reclamavam na sequência das liberdades e garantias constitucionais, o direito ao trabalho, o direito à emigração, a restauração do sufrágio universal para a eleição do Presidente da República.
A independência da India que se vai consumar em 1961 acentuou a agitação e a dureza férrea do regime. A partir de 1962, vai iniciar-se a guerra colonial nas frentes de combate de Angola, Guiné e Moçambique; as greves académicas que reclamavam a autonomia universitária, a restituição das liberdades fundamentais, o debate sobre a autodeterminação e independência das colónias.
Devido a pressões internacionais, Salazar determinou, em 1954, o encerramento provisório (?). Mas com a eclosão da guerra colonial, o ministro do Ultramar Adriano Moreira, em 1961, restabeleceu o Tarrafal. Passou a denominar-se, em Cabo Verde, Campo de Trabalho de Chão Bom e, em Angola, Campo de Trabalho de Missombo. Destinavam-se à prisão de militantes dos movimentos nacionalistas africanos. Encarcerou mais de duas centenas de nacionalistas de Angola, Guiné e Cabo Verde.
Alguns ali faleceram. Cumpriram ali pesadíssimas penas quatro escritores: Luandino Vieira, Mendes de Carvalho, António Cardoso e António Jacinto. Quase toda a obra de Luandino Vieira, posterior a Luuanda – o livro que lhe deu renome nacional e internacional – foi escrita na prisão, tendo conseguido fazer sair, clandestinamente, os respetivos manuscritos.
Outros políticos, intelectuais e militares como, por exemplo, Malagatana Valente, Rui Nogar, Luis Bernardo Honwana e José Craveirinha, entre tantos e tantos mais, detidos em Machava e Madalane, em Moçambique; outros foram para a ilha das Galinhas, na Guiné. Até ao 25 de Abril vão manter-se com as prisões de Caxias, do Aljube, de Peniche. O Tarrafal será encerrado a 1 de Maio de 1974, na sequência da libertação promovida pelo Movimento das Forças Armadas a todo o território português.
Aquilino insurgiu-se contra estes espaços carcerários que submetiam à tortura, à sede, à fome, ao isolamento prolongado. Se vivesse teria assistido e contestado outro acontecimento negro da repressão fascista, o decreto do Ministro da Educação Inocêncio Galvão Teles que determinou o encerramento a 21 de Maio de 1965 da Sociedade Portuguesa de Escritores, (atual Associação Portuguesa de Escritores) por ter atribuído o Grande Prémio de Novelística ao livro Luuanda da autoria de Luandino Vieira, preso como terrorista, no Tarrafal. Quase todos os membros do júri foram interrogados e presos pela PIDE. Do júri fizeram parte Augusto Abelaira, João Gaspar Simões, Fernanda Botelho, Alexandre Pinheiro Torres e Manuel da Fonseca.
A sede em Lisboa da Sociedade Portuguesa de Escritores, na rua Escola Politécnica foi assaltada, na noite da extinção. Elementos da extrema-direita, ligados à Legião Portuguesa e à Brigada Naval, destruíram todo o recheio. Apenas escapou o retrato de Aquilino Ribeiro, feito pelo pintor Rui Filipe.
É nesta atmosfera opaca, repressiva e de medo generalizado que, em Maio de 1963 se assinalavam, em todo o País, as bodas de ouro da carreira literária de Aquilino, a publicação, em 1913, do primeiro livro de Aquilino, Jardim das Tormentas que o projetou numa dimensão nacional. Vigiadas pela PIDE e truncadas e omitidas pela censura, nos jornais, na rádio e na televisão as comemorações realizaram-se desde a Academia das Ciências, a Sociedade Portuguesa de Escritores, o Ateneu Comercial do Porto, até associações operárias, e coletividades recreativas como o Sport de Algés e Dafundo, a última homenagem que recebeu falecendo dois dias depois.
Esta cerimónia reveste-se de um alto significado: entre os 50 anos da morte do escritor e os cem anos do Jardim das Tormentas, considero mais relevante o aparecimento do primeiro livro que, ao contrário de muitos outros escritores, o autor nunca o renegou ou escondeu, situando-o orgulhosamente à cabeça da sua tábua bibliográfica. A morte é um episódio natural da vida, o último acidente de percurso. O que hoje e tantas quantas vezes aqui viermos é e será para celebrar a obra de Aquilino. A escrita que traz a luz que descobre, recria e perpetua a torrente das palavras que emergem dos reinos da natureza e encerram o ímpeto genesíaco dos seus elementos primordiais.
Prestamos, ainda, homenagem ao fundador da Associação Portuguesa de Escritores ao sócio número um, ao primeiro escritor do século XX que teve honras de panteão, não apenas pela obra literária mas, também, devido à participação contra regimes e contra sistemas totalitários, repudiando as cartilhas da obediência, a sociedade mumificada, a imposição do pensamento único.
Tenho a honra de ter sido convidado pela Associação Portuguesa de Escritores, por haver, nos anos 90, sugerido no Diário de Notícias e depois reforçado, em Viseu, em 2005, a ideia de se constituir à escala regional e nacional, um movimento para a trasladação de Aquilino para o Panteão. A Assembleia da República acolheu o projeto que teve votação por unanimidade de todos os grupos parlamentares. A 19 de Setembro de 2007, Aquilino ficou no Panteão Nacional.
Uma das razões que justificaram a tumulização no Panteão Nacional – assim o definiram o fundador Passos Manuel e Garrett que redigiu a memória justificativa e as regras de acesso – contempla o reconhecimento do mérito literário e artístico mas conjugado com a intervenção cívica. A obra de Aquilino, desde o primeiro ao último livro, desde o Jardim das Tormentas à Casa do Escorpião exerceu uma crítica sistemática aos responsáveis por condicionalismos políticos, sociais e religiosos que atrofiaram as mentalidades e determinaram o atraso de Portugal em relação à Europa e o mundo.
Aquilino permanece entre duas outras grandes personalidades aqui consagradas, Garrett e Teófilo Braga, que se empenharam em ações públicas e textos publicados, para conseguir estatuto para a criação intelectual como atividade profissional autónoma, para a defesa dos direitos de autor, para a dignificação e integração do escritor como protagonista da irradiação da cultura, fator decisivo para a transformação e progresso do País. Para Aquilino a literatura é inseparável da intervenção cívica. Por este motivo e em face da grave crise política, económica, cultural e moral que nos asfixia e degrada o País, também, viemos aqui prestar a Aquilino Ribeiro, a nossa homenagem de apreço e gratidão.
Antonio Valdemar
Intervenção proferida na cerimonia organizada pela Sociedade Portuguesa de Autores, e a convite da sua direção por ter promovido, entre 2005 a 2007, o movimento que conduziu à tumulização de Aquilino, no Panteão Nacional.

Aquilino: cem anos de consagração
“Discurso do Irmão António Valdemar no Panteão Nacional, em homenagem a um dos maiores escritores portugueses, Aquilino Ribeiro. Tratou-se de uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Autores.
Dado que a nossa língua comum é um património inestimável e que os escritores são um farol civilizacional, penso que seria de muito interesse para todos os leitores do JB News conhecerem esta peça literária e histórica que foi o discurso do nosso Ir.´. António Valdemar”
(Ir.´. Mário Jorge – Lisboa)

Fonte: JB News

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