terça-feira, 28 de abril de 2015

“PEDALADAS” NA CAIXA ECONÔMICA DISPARARAM NO GOVERNO DILMA


Dimmi Amora
Folha
O governo federal usa recursos da Caixa Econômica Federal para o pagamento de benefícios sociais desde as gestões de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), mas foi no governo Dilma Rousseff que a prática aumentou de maneira mais acentuada.
Dados fornecidos à Folha pela Caixa ajudam a entender como a manobra, conhecida como “pedalada” – um adiamento de despesas do Tesouro Nacional, com ajuda do banco público – se tornou uma ameaça jurídica para a administração petista.
“PEDALADAS” NA CAIXA ECONÔMICA DISPARARAM NO GOVERNO DILMASegundo entendimento do TCU (Tribunal de Contas da União), o artifício configura empréstimo da Caixa a seu controlador, vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
O órgão encaminhou a decisão ao Ministério Público Federal para que avalie se há crime nessa manobra. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) aventou até a possibilidade de pedir impeachment de Dilma por causa das “pedaladas”. Em sua defesa, o governo afirma que a prática é antiga.
PROPORÇÕES INÉDITAS
Os números da Caixa, relativos ao pagamento do seguro-desemprego e do abono salarial, mostram que, de fato, houve casos nos governos anteriores em que os montantes repassados pelo Tesouro foram insuficientes para o pagamento dos programas.
No entanto, as proporções dos últimos anos são inéditas. Na virada de 2013 para 2014, por exemplo, o banco federal apresentava um deficit de R$ 4,3 bilhões com o pagamento desses benefícios de amparo ao trabalhador.
A pedido da Folha, a Caixa enviou o número de meses em que houve deficits de 1999 a 2014, e o maior valor negativo em algum desses meses.
Entre 1999 e 2002, no governo FHC, o maior deficit, em valores corrigidos, foi o de R$ 918 milhões em maio de 2000, com o seguro-desemprego. Na maior parte dos casos os deficits mensais não chegavam a R$ 100 milhões.
Nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2010, os deficits caíram. O rombo mais expressivo, de R$ 750 milhões, ocorreu em novembro de 2007, com o abono salarial.
DIMENSÕES
É natural que haja descasamentos ocasionais entre os repasses do Tesouro à CEF e as despesas efetivas – afinal, o dinheiro é transferido com base em uma estimativa da necessidade de desembolsos, que pode ser maior ou menor.
O que chamou a atenção do TCU foi a frequência e as dimensões dos deficits dos últimos anos, permitindo ao Tesouro mostrar despesas menores e, portanto, contas aparentemente mais favoráveis.
De novembro de 2012 a dezembro de 2014, houve deficit todos os meses no pagamento do seguro-desemprego, e os valores passaram à casa dos bilhões. Em 2013, houve mês com deficit de R$ 3,6 bilhões no seguro-desemprego.
No ano passado, o Banco Central começou a investigar essas transações e determinou que elas passassem a ser contabilizadas como dívida pública. O TCU pediu explicações a 17 autoridades. Caso seja confirmada, a irregularidade pode levar à recomendação de rejeição das contas do ano passado da presidente Dilma Rousseff.
O governo nega que essas operações sejam empréstimos, alegando que se trata de contratos de serviço – em que os valores representam fluxos financeiros entre o banco e os ministérios, ora positivos, ora negativos.
Além do seguro-desemprego e do abono salarial, a Caixa Econômica paga benefícios como aposentadorias, pensões e Bolsa Família.

VACCARI E DUQUE SÃO DENUNCIADOS POR LAVAGEM DE DINHEIRO


Flávio Ferreira
Folha
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato de Duque foram denunciados à Justiça sob a acusação da prática de lavagem de dinheiro. A denúncia do Ministério Público Federal, apresentada nesta segunda-feira (27) no âmbito da Operação Lava Jato, aponta que o crime foi praticado 24 vezes, entre abril de 2010 e dezembro de 2013, e totalizou R$ 2,4 milhões.
VACCARI E DUQUE SÃO DENUNCIADOS POR LAVAGEM DE DINHEIRODe acordo com acusação, uma parte da propina paga que Duque recebia de empreiteiras com contratos com a Petrobras foi direcionada por empresas do grupo Setal Óleo e Gás, controlado por Augusto Mendonça, para a Editora Gráfica Atitude, a pedido de Vaccari Neto.
O Ministério Público apontou que as propinas resultaram principalmente de contratos da Petrobras relativos às refinarias Repar, no Paraná, e Replan (SP), e pede que os acusados sejam condenados a pagar uma indenização de R$ 4,8 milhões à estatal. Pede ainda o confisco de R$ 2,4 milhões do patrimônio de Vaccari e Duque.
O pedido de confisco corresponde às vantagens indevidas que teriam sido pagas por Mendonça por intermédio de contratos com a gráfica. A indenização equivale ao dobro desse montante.
“ALÉM DA AFINIDADE”
Na denúncia, a Procuradoria afirma que a ligação entre a Atitude e o PT “vai além da afinidade” entre os sindicatos ligados à CUT que administram a gráfica e o partido, e citou a empresa já foi condenada pelo Tribunal Superior Eleitoral a pagar multa de R$ 15 mil por fazer propaganda ilegal para Dilma na na edição da “Revista do Brasil” de outubro de 2010.
O MPF também afirma que, em pesquisas na internet para localizar a sede da gráfica, encontrou menções ao endereço da Rua Abolição, 297, no centro de São Paulo, que coincide com a sede do diretório paulista do PT.
PARCELAS
De acordo com a acusação, o executivo do grupo Setal, “interessado em atender aos interesses” de Duque e Vaccari, autorizou o pagamento à Editora Gráfica Atitude, mas pediu que os repasses fossem parcelados “para que não restasse comprometido o caixa de suas empresas”.
Segundo a força-tarefa, para conferir uma justificativa econômica aparentemente lícita para os repasses da propina, empresas do grupo Setal – a Setec e a SOG – assinaram dois contratos, em 1º de abril de 2010 e em 1º de julho de 2013, respectivamente, com a Gráfica Atitude. A empresa, porém, jamais prestou serviços reais às empresas, emitindo notas frias para justificar os repasses, de acordo com os procuradores.
ESQUEMA PLURIPARTIDÁRIO
Em nota, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Força-Tarefa Lava Jato, afirmou que embora a denúncia envolva um partido – o PT–, o esquema era pluripartidário e que já foram denunciados anteriormente operadores vinculados às diretorias controladas pelo PP e pelo PMDB.
“A partidarização do olhar sobre as investigações prejudica os trabalhos, porque tira o foco do que é mais importante, que é a mudança do sistema, o qual favorece a corrupção seja qual for o partido. Por isso o MPF apresentou as dez medidas contra a corrupção e a impunidade.”
De acordo com a Procuradoria, a responsabilidade criminal de pessoas vinculadas à Atitude será apurada em investigações próprias.
NINGUÉM FALA NADA…
A reportagem ainda não conseguiu falar com Vaccari, Duque e representantes da gráfica.
Vaccari nega qualquer irregularidade à frente da tesouraria do PT. A defesa de Duque sempre negou que ele tenha praticado crimes na diretoria de Serviços da estatal.
Procurado pela Folha no dia 15 de abril, quando foi divulgado que o motivo para a prisão de Vaccari haviam sido pagamentos suspeitos efetuados à Gráfica Atitude, o coordenador editorial e financeiro da empresa, Paulo Salvador, disse que vai esperar ser notificado pela Justiça para se pronunciar.

“PT ROUBOU DEMAIS E SE ESGOTOU”, DIZ LUPI, EM REUNIÃO DO PDT


Isadora Peron
Estadão
Ex-ministro dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e um dos “faxinados” do mandato passado, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse que “o PT exauriu-se, esgotou-se. Olha o caso da Petrobrás. A gente não acha que o PT inventou a corrupção, mas roubaram demais. Exageraram. O projeto deles virou projeto de poder pelo poder”.
“PT ROUBOU DEMAIS E SE ESGOTOU”, DIZ LUPI, EM REUNIÃO DO PDTA declaração foi feita durante um encontro com correligionários na quinta-feira, em São Paulo. O Estado teve acesso à fala de Lupi, que foi confirmada pelo próprio dirigente pedetista.
Na conversa, o presidente do partido fez ressalvas a programas simbólicos dos governos petistas, como o Bolsa Família. “Tirou milhões da miséria, isso é bom para caramba. O Nordeste é outro (avanço), é verdade. Quem não vê isso é mentiroso, nojento. Eu tenho raiva deles. Mas (o governo) criou também uma dependência. Eu vejo gente que não quer trabalhar para viver do Bolsa Família, isso está errado. O programa tem que ser instrumento para tirar da miséria, não para manter na miséria.”
NACO DE PODER
Aos correligionários, Lupi também reclamou do tratamento dado pelo PT ao PDT desde que as duas legendas formalizaram a aliança em 2006, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputava a reeleição. “A conversa com o PT, com o meu amigo Lula e com a presidente Dilma, é qual o naco de poder que fica com cada um. Para mim, isso não basta. Eu não quero um pedaço de chocolate para brincar como criança que adoça a boca. Eu quero ser sócio da fábrica, eu quero ajudar a fazer o chocolate.”
Em um momento de autocrítica, o presidente do PDT disse que o partido se “acomodou” por estar no poder, mas que, diante da insatisfação demonstrada pela população nas ruas, o partido precisa começar a buscar novos caminhos ou sofrerá as consequências no futuro.
“Se a gente não acordar para isso, daqui a pouco a população vai fazer como juiz de futebol: vai dar cartão vermelho para gente. Para muitos, já está dando”, disse Lupi. De acordo com aliados do dirigente pedetista, esse tem sido o tom usado por ele durante as reuniões com as Executivas estaduais do PDT desde o início do ano.
NEOPOLÍTICOS
Segundo Lupi, o fato de nas últimas eleições candidatos como o palhaço Tiririca (PR-SP) e o ex-jogador Romário (PSB-RJ) terem sido eleitos para cargos no Legislativo demonstra o descontentamento das pessoas com a figura do político tradicional. “O povo está fazendo isso para sacanear a gente. Está dizendo: Seus babacas, me respeitem, porque senão olha o que eu vou fazer com vocês. Em vez de votar em vocês, eu vou votar no Tiririca, vou votar no Romário.”
Procurado pelo Estado, Lupi confirmou o teor do discurso feito na quinta-feira. Mas nega que o PDT pense em deixar a base aliada neste momento. Acomodado no Ministério do Trabalho – cujo atual titular é Manoel Dias –, o partido conta hoje com 19 dos 513 deputados da Câmara e 6 dos 81 senadores.

A ELITE E AS MASSAS


Carlos Chagas
Acompanhado de cinco policiais federais, Henrique Pizzolato desembarca no aeroporto do Galeão, sexta-feira, ainda em duvida sobre se o crime compensa ou não, a curto prazo, mas confiante em que depois de algumas agruras, tudo voltará a ser como antes. Deverá seguir imediatamente para Brasília e ser instalado no presídio da Papuda para cumprir pena de prisão, mas disposto a apelar para a delação premiada e valer-se da legislação para logo conquistar o modo de vida anterior.
A ELITE E AS MASSASEx-diretor do Banco do Brasil, o personagem terá direito a cela especial, um regime carcerário dito sem benefícios mas cheio de alternativas. Ficou provado que fugir para o estrangeiro não dá resultado, claro que se o país escolhido para livrar-se da condenação for a Itália. Mas será aqui mesmo que o ladravaz buscará e encontrará sua redenção. A solução inicial  para os ladrões de alta estirpe é a de confessar seus crimes e arrastar com eles outros implicados nas altas lambanças, como fizeram Alberto Youssef  e outros. São condenados, mas pouco depois vem as facilidades, com a singular contradição de cumprirem as penas em casa, cercados pela família e vivendo em conforto indiscutível, financiado por parte do que roubaram.
A lição a tirar desse episódio rocambolesco ainda inconcluso de Pizzolato e apesar da diligência de juízes, do Ministério Publico e da Polícia, Federal é que no Brasil permanece a dicotomia entre as elites e as massas, mesmo ou por conta da vigência da lei. Porque o condenado sem posses, a começar pelo ladrão de galinhas, come o pão que o diabo amassou num dos piores sistemas prisionais do mundo, enquanto os delatores premiados  fartam-se de caviar e das mais modernas compensações que o dinheiro pode comprar. E sempre procurando mais brechas na lei, que bons advogados conseguem encontrar, para em pouco tempo reintegrarem-se por completo na sociedade criada por eles.
LEGISLAÇÃO LENIENTE
A conclusão surge com rapidez: o erro imediato está na legislação leniente que permite tal absurdo.  Em nome dos direitos humanos, foi sendo erigido um sistema capaz de acentuar cada vez mais  separação entre os que podem tudo, ou quase tudo, e os que não podem nada. Aí está o exemplo do Lula, que chegou a São Paulo de “pau-de-arara” e acostumou os filhos à realidade de não haver recursos para realizar simples desejos de crianças, mas hoje tem jatinhos à sua disposição, sítios luxuosos para os fim de semana, triplex  à beira da praia, escritórios e fundações milionárias.
O companheiro mudou de lado, assim como muitos ladrões de colarinho branco nem precisaram mudar. Enquanto persistir esse divisor de águas entre as elites e as massas ficará evidente a injustiça do regime que nos assola, tornando inócuas as tentativas de recuperação econômica, por obra e graça de Joaquim Levy destinadas  a manter os privilégios de uns poucos e penalizar a maioria. Do que necessitamos é de igualdade para todos, dentro da lei. Ou melhor, de novas leis.

COMENTÁRIOS A RESPEITO DOS CALENDÁRIOS NA MAÇONARIA BRASILEIRA


COMENTÁRIOS A RESPEITO DOS CALENDÁRIOS NA MAÇONARIA BRASILEIRACalendário entre os vários sinônimos, consta dos dicionários como sendo um sistema elaborado para adequar de forma mais racional possível os dias, as semanas, os meses e os anos de acordo com os principais fenômenos astronômicos, e em especial os envolvidos com a posição do sol e eventualmente com a posição da lua.
O nosso calendário atual é solar e chama-se calendário gregoriano. Ele pretende fazer com que o ano civil, seja o mais aproximado possível com o ano trópico calculado em 365,2422 dias solares médios. Neste período deverão estar inseridas as quatro estações. A concordância entre anos trópico e civil é conseguida através de artifícios de anos ordinários e bissextos, ou seja, cada quatro anos aparecerá um dia a mais, no caso no mês de fevereiro com vinte e nove dias.
Quanto aos calendários lunares, estes são baseados nos ciclos da lua. O ano tem doze lunações, entretanto, com relação ao término das estações há desvios, que trazem como conseqüência, distorções. Estes desvios são corrigidos através dos calendários luni-solares pelo acréscimo de um décimo terceiro mês em alguns determinados anos. O calendário hebraico se baseia neste tipo de calendário luni-solar.
Existem alguns calendários conhecidos:
Juliano
Estatuído por Júlio César no ano 46 a.C. aconselhado pelo astrônomo Sosígenes para substituir o calendário romano, que era muito confuso. Mas também não resolveu. Havia uma discrepância muito grande dentre o ano civil e o ano trópico.
Litúrgico ou eclesiástico
Usado na idade média, tendo uma forma de calculá-lo muito complexa. O objetivo principal era a determinação da Páscoa. Este calendário foi inventado no Concilio de Nicéia no ano 325. d.C. e ainda está em uso na Igreja Católica.
Gregoriano
Criado pelo Papa Gregório XIII em 1562. É o mesmo calendário Juliano com as seguintes alterações: anos bissextos têm o milésimo sempre divisível por quatro. Os anos seculares nunca serão bissextos a não ser que o número seja divisível por quatro. Assim, com as devidas correções a diferença entre o ano trópico e civil é quase desprezível, ou seja, de 0,0003. Para acertar as estações do ano foi estabelecido que na ocasião, o dia 04/10/1562 passasse a ser 15/10/1562.
Muçulmano
É um calendário lunar. O ano tem 354 ou 355 dias começando de 10 a 12 antecipadamente.. Ele é considerado a partir da hégira que é era maometana que tem como ponto de partida a fuga de Maomé de Meca para Medina no ano de 622 d.C. da nossa era atual. Esta se celebra no primeiro dia do terceiro mês. O nono mês é o mês do Ramadã.
Republicano Francês
Criado pela Revolução Francesa em 24/10/1793 O ano começava no dia 22 de setembro e era dividido em doze meses de trinta dias, mais cinco suplementares consagrados às festas republicanas. Os meses tinham os nomes um estranhos a saber: Vindimário, Brumário, Frimario, Nivoso, Pluvioso, Ventoso, Germinal. Floral, Prarial, Messidor, Termidor e Frutidor. O mês era dividido em décadas e os nomes dos dias tirados da ordem natural da própria numeração. Foi substituído pelo calendário gregoriano em 01/01/1806. Era um calendário anticlerical.
Hebraico
O calendário hebraico é lunar e solar ao mesmo tempo e o ano poderá se constituir em doze ou treze meses, isto porque os doze meses são lunares e não englobam o período de um ano solar, havendo uma sobra de onze dias, visto que o ano lunar tem 354 dias e o ano solar 365. Isto fará com que surjam anos de treze meses após um ciclo variável de anos de doze meses.
O período de cada lunação é de vinte e nove dias, doze horas e quarenta e quatro minutos. Como cada dia e cada mês começam e terminam à meia-noite, alguns meses terão trinta dias e outros apenas vinte e nove dias.
O ano hebraico poderá ser iniciado em dois meses diferentes: Em Nissan 1º mês (março-abril) considerando o ano agrícola, eclesiástico ou religioso e Tsherei 1º mês (setembro-outubro) se considerar o ano econômico ou civil, também usado para assuntos históricos.
O ano de doze meses denomina-se ano comum e pode ser de três formas: ano ordinário de com 354 dias, deficiente ou defectivo com 353 dias e abundante com 355 dias.
O ano de treze meses chama-se embolísmico ou intercalar e pode ser também de três formas: ordinário quando tem 384 dias, deficiente quando tem 383 e abundante quando tem 385 dias.
O cálculo é feito na base de ciclos de dezenove anos, dos quais sete terão treze meses. São eles: 3º, 6º, 8º. 11º,14º e 19º sendo que os demais deste ciclo terão doze meses.
Quanto ao ano em si, é mais fácil calculá-lo. Basta só acrescentar ao ano da era vulgar, o número 3760.
O primeiro dia do mês de Tishrei poderá variar de cinco de setembro a cinco de outubro, com relação ao calendário gregoriano durante um ciclo de dezenove anos. É preciso que decorram dezenove anos para que as fases da lua tornem a repetir nos mesmos dias do ano civil. Este espaço de tempo chama-se ciclo lunar.
Resumo do calendário hebraico
Nissan corresponde a Abib – Março-Abril 1º mês 21 março/ 20 de abril
Ivyan corresponde á Ziv Abril-Maio 2º mês 21 abril/20 de maio
Sivan Maio-Junho 3º mês 21 maio/20 e junho
Tamuz Junho-Julho 4º mês 21 junho/ 20 julho
Av (ou Ab) Julho-Agosto 5º mês 21 julho/20 agosto
Elul Agosto-Setembro 6º mês 21 agosto/20 setembro
Tishriri ou Tishrei corresponde
a Etanim Setembro-Outubro 7º mês 21 setembro/20 outubro
Marsheswan equivale a Bull Outubro-Novembro 8º mês 21 outubro/20 novembro
Kislev Novembro-Dezembro 9º mês 21 novembro/20 dezembro
Tebeth Dezembro-Janeiro 10º mês 21 dezembro/20 Janeiro
Shebeth Janeiro-Fevereiro 11º mês 21 janeiro/20 fevereiro
Adar Fevereiro-Março 12º mês 21 fevereiro/20 março
We Adar 13º mês
Como se percebe, trata-se de um calendário muito complexo, difícil de ser entendido.
O seu uso é feito através de tabelas. É usado no Rito Escocês Antigo e Aceito nos graus superiores e a explicação prende-se ao fato deste rito ter sido fundado em Charleston, EUA. em 1801 por vários irmãos,sendo a sua maioria de origem judaica. Outros autores referem que este calendário já era usado na Maçonaria anteriormente e que uso datava desde o tempo das Cruzadas.
Para se ter uma idéia de como os maçons sempre usaram mal seus calendários, ou seja, quer inventando calendários próprios superpondo suas invenções em cima dos calendários já existentes através dos tempos, quer pelo mau uso dos calendários existentes, não sabendo fazer a correta conversão para o calendário gregoriano, causando problemas graves de datas históricas, será transcrito um trecho do livro “Maçonnerie Pittoresque”.
“No Rito Escocês Antigo e Aceito o mês não tem começo fixo. Segue-se quanto a isso o calendário hebraico. Mas aqui é preciso assinalar uma variante. Os maçons deste rito que (na França) reconhecem a autoridade do Grande Oriente da França colocam, por exemplo, o primeiro dia de Nissan de 5842 a 12 de março de 1842 enquanto que os irmãos que dependem do Supremo Conselho do grau 33 colocam a 13 de março. A diferença será pouco sensível neste ano, mas em 5843 será de uma lunação. Os escoceses do Grande Oriente da França farão o Nissan a partir de 31 de março e os escoceses do Supremo Conselho irão fixá-lo no primeiro dia do mês. Isto ocorre, sobretudo por estes últimos retardarem sem razão, em um ano a intercalação do mês lunar embolísmico de We-Adar”.
Este problema de confusão de calendários já ocorria na França no século XIX.
No Brasil usou-se e ainda se usa um calendário primitivo baseado no hebraico. Só que ao invés de iniciar em Tishrei que é o mês civil inventaram de iniciar em Nissan a 21 de Março acrescentando no final o número 4000 ao invés de 3760 como é o correto no calendário hebraico verdadeiro. Ex. 21 de março de 2011 seria o 1º dia do 1º mês do ano 6011, isto na versão brasileira.
Nos documentos mais antigos usavam os nomes dos meses em hebraico. Posteriormente algumas potências usam ainda em hebraico e outras usaram o numero do mês, iniciando pelo mês de março (mês 1)
Este pseudo-calendário hebraico foi usado pelo Rito Adonhiramita desde 1815 e o Grande Oriente Brasiliano, Brasílico ou Brasiliensi fundado em 1822 também o adotou.
Todavia, o Grande Oriente Brasiliano deveria ter adotado o calendário do Rito Francês ou Moderno, pois foi fundado no Rito dos Sete Graus ou Francês, que se inicia em 01 de março.
O calendário do Rito Moderno ou Francês inicialmente também se iniciava em 21 de março, mas em circular datada de 12/10/1774 pelo Grande Oriente da França, passando a 1º de março argumentando que o calendário iniciado a 21 de março causava muita confusão.
Este calendário institui aos meses os mesmos números de dias que o calendário gregoriano preconiza, dando à série dos dias e meses a ordem numérica, acrescentando no final para determinar o ano, o ano do calendário gregoriano somado a 4000.
Ex. dia 06/05/2011. Será o 6º dia do 3º mês de 6011. V:.L:.(Verdadeira Luz)
O Trabalho de Emulação – sistema inglês usa um calendário mais simples. Acrescenta simplesmente o número 4000 ao ano vigente no calendário gregoriano. Ex: 03 de Novembro de 6011. A:. L:.(Ano Luz)
Os três calendários enfocados usam o número 4000 porque segundo a Bíblia em Gênesis, o mundo teria sido criado 4000 anos antes da era cristã.
Entretanto esta explicação é um verdadeiro absurdo. Sabe-se da Paleontologia, com sua tecnologia moderna que é possível determinar a idade de fósseis até com seiscentos milhões de anos de anos. Pela Geocronologia através de métodos radioativos tais como o carbono -14, urânio-chumbo, chumbo-chumbo, potássio-argônico e samário-neobíneo puderam ter certeza de que a Terra se tornou sólida há quatro bilhões de anos e também foi possível determinar que o sistema solar tenha no mínimo cinco bilhões de anos.
Desta forma o número 4000 é mantido na Maçonaria apenas por uma questão de usos e costumes e pela tradição, porque pela Ciência não há razão de ser.
Cada rito tem uma denominação especial para as letras que coloca no final do seu calendário, Para os maçons do Trabalho de Emulação é A:.L:. Anno Lucis – ano luz, no Rito Moderno e REAA é V:.L:. Vera Lucis – verdadeira luz e para o calendário hebraico é Anno mundi –
Atualmente, principalmente no simbolismo quase todas as potências têm seus documentos são grafados de acordo com o calendário gregoriano e colocado no final E:.V:.- era vulgar –
Particularidades de outros ritos e potências
O Grande Oriente da Itália e da Hungria no final do século XIX datavam seus documentos sem determinar os milhares, por ex. ano 2011 seria 0,0011.
O Rito de Memphis segue ritos orientais e usa o calendário egípcio cujo início ocorre quando o Sol entra no signo zodiacal, e a estrela Sírius entra em conjunção com o Sol coincidindo com a canícula a 20 a 22 de julho às 11 horas e o primeiro mês é Thot.
O Rito de Misraim acrescenta ao ano da era vulgar o número 4004.
Os maçons do Rito do Real Arco usam um calendário que acrescenta ao ano da era vulgar o numero 530, pois consideram como primeiro ano, a fundação do segundo templo de Jerusalém por Zarobabel e acrescenta a expressão A:. Inv:. (anno invencion)
O Rito da Estrita Observância que existe na Europa e atualmente também no Brasil considera em seu calendário, o ano hum o ano em que a Ordem do Templo foi destruída, ou seja, em 1314. Aqui no caso é diminuída esta data do ano da era vulgar Ex. 2011-1314 = 697.
Como a Maçonaria Brasileira usou e usa os calendários maçônicos
Já foi citado que o calendário usado pelo Grande Oriente Brasiliano era o calendário pseudo-hebraico ou adonhiramita. (Não acrescentava à era vulgar o numero 3760 e sim 4000)
Entretanto, o Supremo Conselho de Montezuma fundado em 12/02/1832, por muitos anos usou o calendário do Rito Moderno ou Francês. Este Supremo Conselho através do Marquês de Caxias que era nesta época seu Soberano Comendador uniu-se ao Grande Oriente do Brasil em 1855, é possível que por influência deste, o Grande Oriente do Brasil em 01/01/1856 adotou como oficial o calendário do Rito Moderno.
Entretanto, segundo pesquisas do Irmão Kurt Prober, analisando documentos da época, o calendário do Rito Francês ou Moderno nem sempre foi devidamente seguido, havendo alternância de uso com outros calendários conforme os grão-mestres da época.
O calendário do Rito Moderno foi usado desde a sua adoção oficial até 1863.Deste ano até 1870 quando foram grão-mestres os Irmãos Bento da Silva Lisboa (Barão de Cayru) e seu sucessor Joaquim Marcelino Brito, usaram simplesmente o calendário da era vulgar, ou seja, o gregoriano.
De 1871 a 1876 o Grande Oriente do Brasil usou o calendário pseudo-hebraico ou adonhiramita através de seu grão-mestre José da Silva Paranhos (Visconde do Rio Branco)
Em 1876 o grão-mestre em exercício Francisco José Cardoso Júnior, bem como seu sucessor Luiz Antonio Vieira da Silva usaram o calendário gregoriano.
A partir de 1889 o grão-mestre em exercício, por poucos meses (03/11/1889 a 24/02/1890) o Visconde de Jary então grão-mestre usou o calendário do Rito Moderno ou Francês. Seu sucessor o Marechal Deodoro da Fonseca voltou a usar o calendário da era vulgar.
Somente a partir de 09/02/1892 quando assumiu o grão-mestre Joaquim de Macedo Soares o Grande Oriente do Brasil voltou definitivamente a utilizar o calendário do Rito Moderno ou Francês.
Mais ou menos a partir de 1898 o Supremo Conselho do Brasil passou a usar o verdadeiro calendário hebraico, mas somente nas patentes dos graus 31, 32 e 33 em substituição ao calendário do Rito Moderno.
Após o cisma de 1927 o Supremo Conselho de Montezuma levado pelo Irmão Mario Behring, este passou a usar o calendário hebraico para todos os graus filosóficos.
O Supremo Conselho do Brasil conveniado com o Grande Oriente continuou a usar o calendário hebraico, mas após o chamado Compromisso de Pacificação em 11/11/1952 além dos diplomas de altos graus, passou a usar este calendário em todos os diplomas dos demais graus filosóficos.
A razão de tanta polêmica da Maçonaria Brasileira á respeito das datas históricas, foi ocasionada pela má interpretação por parte de alguns historiadores das atas das primeiras sessões do então Grande Oriente Brasiliano. Estas atas são em numero de dezenove e constituem o chamado Livro de Ouro da Maçonaria do Brasil. As dezenove atas vão desde o dia 17/06/1822 até o dia 25/10/1822.
Graças ao Grande Secretário do Grande Oriente Brasiliano, o Irmão Capitão Manoel José de Oliveira (Irmão Bolívar), o qual escondeu as atas quando D.Pedro I mandou fechar o Grande Oriente, entregando-a depois na reinstalação do Grande Oriente, em 1831, agora com o nome de Grande Oriente do Brasil ao Vale do Lavadrio. Não fora a atitude do Irmão Bolívar, não se saberia hoje em detalhes, partes importantes da história da Maçonaria brasileira.
Sabe-se que em 25/10/1822 D. Pedro mandou realizar uma devassa no Grande Oriente Brasiliano, apreendendo moveis alfaias e documentos, não só do Grande Oriente, mas também das lojas que o compunham, ou seja “Comércio e Artes à Idade do Ouro”, “União e Tranqüilidade” e Esperança de Niterói”.
A partir da leitura posterior destas atas é que se iniciou a confusão. Alguns historiadores incautos, ao converterem as datas para a era vulgar, o fizeram convertendo através do calendário do Rito Moderno e não do pseudo-hebraico ou adonhiramita que foi o calendário usado na fundação do Grande Oriente Brasiliano. Isto é até um paradoxo, pois se fundaram o Grande Oriente no Rito Moderno, deveriam usar o calendário do Rito Moderno. Mas como a Loja “Comercio e Artes” a loja mãe do Grande Oriente pertencia ao Rito Adonhiramita, usaram este calendário pseudo-hebraico.
O primeiro historiador a cometer este engano foi o Irmão Manoel Joaquim Menezes (Irmão Penn) que esteve presente quando da fundação do Grande Oriente Brasiliano, mas que escreveu sobre o assunto somente em 1857, trinta e cinco anos após, através do livro “Exposição histórica do Brasil”. Este Irmão já estava com idade avançada, esquecendo-se que o calendário na época pelo Grande Oriente Brasiliano era o adonhiramita.
Assim é que mencionou a fundação do Grande Oriente Brasiliano em 25/05/1822, quando na realidade foi em 17/06/1822 aos 28 dias do 3º mês do ano 5822 da V:.L:.
A iniciação de D.Pedro I foi no dia 02/08/1822 e não no dia 13/07/1822 (aos 13 dias do 3º mês do ano 5.822 da V:).L:.
A posse de D.Pedro I como Grão-Mestre ocorreu no dia 04/10/1822 e não em 14/09/1822 (aos 14 dias do 7º mês do ano 5822 da V:.L:.
A famosa sessão que ocorreu no 20º dia do 6º mês do ano 5822 da V:.L:. não foi realizada no dia 20 de Agosto de 1822 e sim no dia 09/09/1822. No dia 09/09/1822 realmente aconteceu uma sessão do Grande Oriente Brasiliano e Ledo se pronunciou a respeito conclamando que:
“as atuais políticas circunstanciais de nossa pátria.o rico, o fértil e poderoso Brasil demandavam e exigiam imperiosamente que sua categoria fosse inabalavelmente formada com a proclamação de nossa independência e da Realeza Constitucional na pessoa do Augusto Príncipe Perpétuo, Defensor Constitucional do Reino do Brasil”.
Todavia como eram parcos os meios de comunicação na época, Gonçalves Ledo não sabia que há dois dias ou seja, no 07/09/1822, D. Pedro I já tomado esta providência á margens do Ipiranga.
Ledo só tomou conhecimento no dia 15/09/1822, pois D. Pedro havia viajado noventa e seis léguas em “lombo de burro” desde São Paulo, chegou sozinho à noite do dia 14/09, muito cansado, foi dormir cedo. A boa nova só se espalhou no Rio de Janeiro no dia 15/09/1822.
Alguns historiadores entre maçônicos e profanos embarcaram na forma errada de converter o calendário e deixaram este legado para muitos maçons ate os dias de hoje, que ainda persistem em afirmar que o Brasil foi proclamado em 20/08/1822. É comum ainda hoje ouvir palestrantes maçônicos mal informados dizerem a plenos pulmões que Ledo proclamou a independência do Brasil dentro de um templo maçônico no dia 20/08/1822.
Hoje, felizmente a grande maioria dos maçons brasileiros sabe o que aconteceu realmente, graças a escritores como o Irmão Mello Moraes, ao escritor profano Pereira da Silva e mais recentemente ao Irmão José Castellani que converteram corretamente o calendário pseudo-hebraico.
REFERÊNCIAS
Aslan, Nicola – Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia
Mellor, A. – Dicionário da Franco Maçonaria e dos Franco-Maçons
Prober, Kurt – Coletânea Bigorna nº. 01 e 02
Ritual de Aprendiz Maçom – Cayru – 1957 – GOB
Grande Enciclopédia Delta Larousse
Castellani, José – Trabalho: Dia 20 de Agosto de 1822: Não houve sessão na Maçonaria
Gomes, Manoel – Trabalho: “20 de Agosto ou 09 de Setembro”
Carvalho João Alberto – Trabalho: Dia 20 de Agosto; Equivoco histórico

MAÇONARIA: O DIA NACIONAL DO RITO BRASILEIRO


MAÇONARIA: O DIA NACIONAL DO RITO BRASILEIROAo tempo que se comemora o “DIA NACIONAL DO RITO BRASILEIRO”, há de fazer uma reflexão analógica ante aos compromissos maçônicos por nós assumidos nos diversos graus filosóficos do Sistema Brasilista.
O Brasil maçônico possuía até 1914, cinco Ritos, todos egressos da Europa, oriundos do século passado, fundados em Nações detentoras de Impérios Coloniais, tais como Grã-bretanha, França, Alemanha e Portugal. Cumpriram galhardamente o grande papel em trazer para o Brasil a Maçonaria Universal e aqui muito realizaram.
Entretanto com a fundação do Rito Brasileiro em 1914 por Lauro Sodré, pode-se dizer que foi consagrada à maioridade maçônica do Brasil, pela autodeterminação a que se propõe o Rito Brasileiro quando afirma conciliar a Tradição com a Evolução, impondo a consciência do povo maçônico do Brasil.
Sabemos que o Rito Brasileiro propõe ser o Rito da Renovação, servindo a legenda do GOB “Novae Sed Antiquae”, isto é, “antiga porém nova”, exigindo assim, o convívio da Tradição com a Evolução, porque o Espírito Maçônico evolui com o tempo, o que nos leva a relembrar a afirmativa do Ilustre Filósofo e Teólogo Dinamarquês Sorem Kiergaard: “A vida só pode ser entendida olhando-se para frente”.
Nós maçons do Rito Brasileiro, vemos dentro e fora da jurisdição nacional, porque nosso Rito é, sem favor, o Rito da Renovação Maçônica, ele que é a maçonaria ambígena, como foi dito pelo Professor Álvaro Palmeira, sendo simultaneamente Contemplativa e Militante. Por esta razão em face do mundo exterior, temos que demonstrar AÇÃO, sair da inércia e não ficar olhando os fatos acontecerem. Abramos os nossos Rituais e recordemos os compromissos assumidos de cada grau.
A história contemporânea do Rito Brasileiro é a própria história de maçons ilustres que obstinadamente, desfraldaram a Bandeira Nacional e a transportaram para dentro do Templo Maçônico, não isoladamente como símbolo Augusto da Nação, mas como a própria Nação dentro da Maçonaria.
A Maçonaria espera do Rito Brasileiro que seja um guardião do sentimento cívico e patriótico que são fundamentais para a construção de um Brasil melhor e para preservação de nossos valores morais, pois, numa sociedade de consumo em que vivemos, um irmão as vezes não conhece mais outro irmão com seus valores morais, éticos e culturais. A evolução social caminha a passos largos para a neurose coletiva, ante graves problemas tais como: a fome, o tóxico, o menor abandonado, a poluição ambiental e ecológica, a criminalidade, a violência, a injusta distribuição de renda, a corrupção desenfreada, o assalto continuo às riquezas nacionais, etc., etc.
Cabe, portanto, aos Irmãos Brasilistas uma grande parcela de responsabilidade na condução do “rebanho universal”. Os compromissos assumidos em todos os graus são simbólicos, Poderosos Missionários, devem estar sempre presentes em nossas mentes para que os nossos atos não falhem.
O Rito Brasileiro não veio somente para trabalhar para hoje, para isto, torna-se necessário extirpar a falsa alquimia do meio maçônico, a vaidade e ostentação de graus, assim como os dogmas pessoais e a tola magia, substituindo-os pela verdadeira filosofia, e com sabedoria o espírito maçônico despertará para a sustentação do futuro alicerçado nas antigas tradições. É premente a revitalização do ideal maçônico. Já abordamos nesse assunto noutras oportunidades e temos a certeza e convicção de que o atingimento desse ideal será facilmente alcançado se conjugarmos esforços por uma Maçonaria Militante assentada sobre a verdadeira razão dissociada do falso misticismo e da superstição.
O Rito Brasileiro também não veio para formar uma determinada classe de maçons, porque, se assim fosse, seria superficial. Seu objetivo é o de unir os homens pelo aperfeiçoamento e prepará-los para o terceiro milênio, agrupando-se homens de todas as tendências em torno de um único ideal, cada um dando o que pode e recebendo o que não usurpa.
O Rito Brasileiro que eu entendi, não comporta o preconceito, a inveja e o sectarismo, ensinamento básico da Maçonaria Universal.
Somente refletindo profundamente seremos capazes de contemplar a obra acabada. O Rito é sem duvida a Maçonaria do amanhã que começou quando nasceu, assim, como a vida já existia quando o homem não conhecia a morte.
Em todo Sistema Brasilista, ou seja, nos seus trinta graus afetos à Potência Filosófica oferece ao maçom uma formação completa. Efetivamente, forma o homem como VALOR MORAL, e HOMEM SOCIAL, e o HOMEM CÍVICO, fechando a cúpula com o SERVIDOR DA ORDEM E DA PÁTRIA, quando então estará preparado para esta grande missão, a de servir, ai sim, então poderá dizer que de fato “Viu a Maçonaria”.
Todos que se alinham honrando e engrandecendo o Rito Brasileiro, merecem a homenagem de nosso bem querer e de nosso respeito. Não importa o que sejam, que vale é o bem e que de bom os irmãos fazem, e que, tenhamos em cada canto do Brasil, do continente, do mundo, uma loja do Rito Brasileiro elevando mais a Maçonaria Universal.
Façamos, pois, a nossa participação vigorosa no momento que se passa. Sejamos o “Sal da Terra” de que falou o Grande Iniciado.
Meus Irmãos após estas colocações, retornamos aos fatos históricos que levaram identificar a data de 25 de abril como sendo o dia do Rito Brasileiro.
Curioso é, a “priori”, não ser o dia de sua fundação (23/12) ou mesmo o dia de sua reimplantação (19/03), mas como sabemos tudo tem razão de ser, e esta não seria diferente.
O estabelecimento desta data decorreu do resultado de estudos e pesquisas realizadas por abnegados irmãos da Magna Reitoria, tendo levantado todas as datas dos diversos eventos ao longo de toda história do rito e, fazendo-se uma avaliação dos fatos, verificou-se que de nada adiantaria ter sido o rito fundado e reimplantado sem que de fato fosse colocado em prática, como fora outrora no período de 1914 a 1968.
É interessante notar que o Decreto 124 de 25 de agosto de 1970, instituiu o “DIA NACIONAL” do Rito Brasileiro como sendo o dia 7 de setembro, no sentido de reverenciar a emancipação política do Brasil.
Por outro lado, o Regulamento Especial do Supremo Conclave do Brasil (Art. 41) instituiu o dia 24 de maio como o “DIA DO RITO BRASILEIRO”, concluindo dia duas datas, ou sejam, uma como DIA NACIONAL (7/09) e outra DIA DO RITO (24/05).
Diante dessa situação, a Oficina-Chefe do Rito resolveu definir efetivamente a data e, por ocasião da realização da I Convenção Nacional do Rito – 18/20 outubro 1974, Rio – foi feita a regulamentação de que consta do artigo 42 do Regulamento Especial reconhecida no dia 21 de setembro de 1976, data esta da aprovação do Regulamento Especial do Rito, hoje em vigor, como sendo O DIA NACIONAL DO RITO, o dia 25 DE ABRIL, que também comemora-se a fundação do Supremo Conclave do Brasil.
Mas, o principal marco de sua efetiva existência no meio maçônico, como elo de ligação da Potência Filosófica – Oficina-Chefe do Rito, o Supremo Conclave e a Potência Simbólica, o Grande Oriente do Brasil, que o adotou, foi sem dúvida o advento da fundação da Primeira Loja Simbólica sob a jurisdição do Grande Oriente do Brasil, e, esta ocorrera exatamente no dia 25 de abril de 1968, numa quinta-feira de lua crescente sob o signo de touro regido por Vênus tendo como seu elemento da natureza a TERRA, quando vários irmãos assinaram a ata de fundação da Aug.’. Resp.’. Loj.’. “Fraternidade e Civismo” nº 1796 ao oriente do Rio de Janeiro Palácio do Lavradio cuja regularização se deu no dia 24 de maio do mesmo ano.
A importância desta data é de fundamental relevância, pois, com esta homenagem dada à Loja Primaz do Rito, consolidou o fato como sendo o cordão umbilical que une as duas Potências Maçônicas – Filosófica e Simbólica.
Portanto, devemos render nossas mais sinceras homenagens de congratulações à feliz idéia e sábia decisão tomada pelos nossos dirigentes e que a renovação proposta pelo Rito seja sólida e crescente na forma preconizada nos ensinamentos doutrinários.
Assim, saudemos numa só voz,
Com um viva a maçonaria do Brasil,
Salve a Fraternidade entre nós,
Viva o Vinte e Cinco de Abril.
Sursum

segunda-feira, 27 de abril de 2015

PF APURA SUSPEITA DE TERRORISMO E APREENDE DOCUMENTOS DE ADVOGADO MUÇULMANO




PF APURA SUSPEITA DE TERRORISMO E APREENDE DOCUMENTOS DE ADVOGADO MUÇULMANOPor Fábio Fabrini e Andreza Matais, no Estadão. Volto no próximo post.
O Grupo Antibomba da Polícia Federal fez nesta sexta-feira, 24, operação num prédio da Asa Norte, área nobre de Brasília. Os agentes vasculharam o apartamento de um advogado que atua em defesa das comunidades muçulmanas no Brasil. Conforme agentes a par das investigações, a ação, que mobiliza setores de inteligência da PF, apura suspeitas de terrorismo. Homens encapuzados, do Comando de Ações Táticas (COT) da PF, fizeram buscas no imóvel com a ajuda de um cão farejador, a partir das 8h. No apartamento, moram o advogado Marcelo Salahuddin Bulhões dos Santos, a mulher dele, de origem iraniana, e um filho de colo. Por volta das 10h, um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi chamado ao local para acompanhar as buscas. Ele foi acionado porque ali funciona também o escritório do advogado. Por lei, ações nesses locais têm de ser acompanhadas pela entidade.
Ao sair do local no início da tarde, o procurador Mauro Lustosa, da Comissão de Prerrogativas da OAB, explicou que os policiais tinham em mãos um mandado para apreensão de documentos. A suspeita, explicou, é de que o advogado guardava no local papeis falsos. Por volta das 14h, a equipe do COT deixou o imóvel com três malotes de documentos. O advogado foi intimado e terá de comparecer à PF para prestar depoimento. Ao Estado, agentes da PF explicaram que a legislação brasileira não tipifica o crime de terrorismo. Por isso, nas investigações que envolvem suspeitas desse tipo de prática, são apontados delitos previstos no Código Penal Brasileiro. Marcelo e a mulher moram no apartamento há cerca de um ano, segundo vizinhos. Os dois são da religião muçulmana.
Em 2013, num documento enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem no Senado, o advogado denunciou supostos excessos de serviços secretos contra cidadãos de origem ou que professam a fé islâmica. “Há fortes indícios de que vários cidadãos brasileiros de origem árabe e/ou de confissão islâmica tenham sido objetos de investigação por parte de serviços de inteligência nacionais e estrangeiros, sendo que nem sempre haveria motivo plausível para tal”, escreveu, em setembro daquele ano, num ofício endereçado à senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
O advogado entregou um pacote de documentos à CPI, entre os quais relatórios de órgãos americanos sobre a atividade de cidadãos muçulmanos. No comunicado, ele se intitula ex-servidor da Polícia Federal e explica que em diversas ocasiões presenciou a “interferência” de serviços estrangeiros na atuação de órgãos do governo federal – no entanto, não deu exemplos. “Posso destacar o Departamento de Polícia Federal”, afirmou. O Estado não conseguiu contato com o advogado nesta sexta.
Alerta
Com a proximidade das Olimpíadas de 2016, o Brasil reforçou o alerta contra o terrorismo. Há um mês, o Estado revelou que dois órgãos de inteligência do governo elaboraram relatórios apontando tentativas de o Estado Islâmico cooptar brasileiros para sua causa.
Por Reinaldo Azevedo

ELIANE CANTANHÊDE: ‘TRIÂNGULO DA MORTE’


Publicado no Estadão
ELIANE CANTANHÊDE
O encantado balanço da Petrobrás desencantou, confirmando, agora em números, qual o primeiro e maior problema da principal companhia brasileira: a ingerência política. Foi ela, a ingerência política, que fechou o triângulo mortal da corrupção, do péssimo gerenciamento e do represamento artificial das tarifas. Deu no que deu
ELIANE CANTANHÊDE: ‘TRIÂNGULO DA MORTE’Essa conjunção maldita acabou com a saúde e com a imagem da Petrobrás no País e no mundo, mas o pior é que não foi uma exclusividade da Petrobrás, mas sim a marca dos anos do PT, particularmente dos anos Lula, nos órgãos públicos e nas estatais. Aparentemente, nada escapa.
Foi por interesses políticos que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de sua posse, em janeiro de 2003, nomeou sindicalistas alinhados ao PT para a presidência da Petrobrás e para as diretoriais do Banco do Brasil, por exemplo, e fatiou os principais cargos da petroleira entre “companheiros” petistas e “operadores” dos partidos aliados. Só podia descambar para esse descalabro.
O resultado mais gritante no balanço anunciado na noite de quarta-feira é o das perdas de R$ 6,2 bilhões por causa da corrupção e, apesar de nada módico, esse total é visto com muita desconfiança por especialistas. Há quem imagine que a sangria foi ainda maior. Se você nomeia um diretor para abastecer as contas do PT e bolsos de petistas, outro para rechear as contas do PMDB e carteiras de pemedebistas, um terceiro para engordar as contas do PP e o patrimônio de pepistas, deveria saber o que estava fazendo. Tudo isso se embolou com o velho cartel de empreiteiras e com os doleiros de sempre e a consequência é: corrupção.
Mas há dois outros resultados irritantes no balanço apresentado pelo novo presidente da companhia, Aldemir Bendine. O segundo é o mau gerenciamento da empresa, o que não chega a ser surpreendente quando sindicalistas e apadrinhados se dão ao luxo de definir os investimentos da nossa Petrobrás para atender os interesses do Palácio do Planalto. É assim que surgem obras muito caras – e de potencial duvidoso – em Estados governados por amigos do rei. Sobressaem-se aí pomposas refinarias, agora abandonadas.
O terceiro resultado é o efeito corrosivo do represamento político dos preços da gasolina para postos e consumidor. Lula segurou para não arranhar a sua já imensa popularidade. Deu tão certo que ele continuou segurando para se reeleger, para eleger Dilma da primeira vez, para reeleger Dilma em 2014. O efeito foi ótimo para eles e péssimo para a Petrobrás.
Mais cedo ou mais tarde, essa conta chega para o consumidor/eleitor. E está chegando da forma mais perversa. Antes, o petróleo estava caro lá fora e a gasolina era barata aqui dentro. Agora, o petróleo está barato lá fora e a gasolina vai ficar mais cara aqui dentro. Senão, a conta não fecha, a credibilidade não volta, a “nova Petrobrás” anunciada em Nova York pelo ministro Joaquim Levy nunca vai aparecer.
Até lá, a “velha Petrobrás” é o grande “case” dos dois governos Lula. Quem descrever todas as nomeações políticas, o gerenciamento político e a administração política de preços da Petrobrás vai conseguir contar como foram os anos do PT nas estatais brasileiras. Sem esquecer de contar o final da história: nas campanhas, o PT atribuiu aos adversários a intenção de privatizar a Petrobrás, mas é o próprio governo do PT que vai sair vendendo tudo o que puder da petroleira para diminuir o prejuízo. Vão ter de vender muito, porque a Petrobrás é a empresa mais endividada do mundo.
Detalhe constrangedor: foi justamente a ministra de Minas e Energia, depois chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás do pior e mais obscuro período da Petrobrás que acabou sendo eleita para suceder Lula – e ainda foi reeleita. Só para completar, a sua grande marca era a de… gerentona.

MINEIROS REAGEM INDIGNADOS AO INSULTO DO GOVERNADOR PIMENTEL

O Estado de Minas está vivo! Que bom! No dia 21 de abril, o governador Fernando Pimentel (PT), afrontando o bom senso, a lógica e a história, entregou a Grande Medalha da Inconfidência a João Pedro Stédile, o chefão do MST, um movimento que já não se preocupa nem em esconder os crimes que pratica porque sabe que encontrará interlocução nos gabinetes da República — entre eles, o da Presidência. Integrantes da Assembleia Legislativa e representantes do agronegócio, da indústria e do comércio de Minas reagiram à afronta. Parlamentares de oposição protocolaram um projeto de resolução que susta os efeitos do ato que condecorou um homem que nutre notório desprezo pela democracia.
MINEIROS REAGEM INDIGNADOS AO INSULTO DO GOVERNADOR PIMENTEL“A rigor, até, se ele, o sr. João Pedro Stédile, possuir alguma notoriedade em seu saber, ela o é criminal”, afirma o líder do Bloco Verdade e Coerência, Gustavo Corrêa (DEM), segundo informa o Estadão.
Pimentel concedeu ainda o Grande Colar da Inconfidência ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, o que também foi alvo de críticas. Segundo Corrêa, isso “demonstrou, claramente, o alinhamento do governo do Estado com os interesses do Partido dos Trabalhadores”. O que eu acho? Ora, penso que o deputado está certo nos dois casos. Critiquei aqui as condecorações num post do dia 22.
A reação à absurda homenagem feita por Pimentel a Stédile não se limitou à Assembleia. Nesta quinta, os principais jornais do Estado publicaram uma nota de repúdio em nome de seis federações, a saber: da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), das Associações Comerciais e Empresariais do Estado (Federaminas), das Empresas de Transportes de Carga (Fetcemg), das Indústrias (Fiemg) e das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-MG). Assinam ainda o texto a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Belo Horizonte; a Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas); o Centro Industrial e Empresarial (Ciemg) e o Sindicato e Organização das Cooperativas (Ocemg).
Diz a nota:
As entidades empresariais de Minas Gerais manifestam sua mais enfática estranheza diante da decisão do governo do estado de outorgar Comenda a quem comanda ações reprováveis de movimentos à margem da lei, particularmente o MST, cujos objetivos, acintosamente, violam os mais elementares princípios democráticos.
Ao renovar o inarredável compromisso com a lei e a ordem, as entidades abaixo assinadas reiteram a disposição de repelir iniciativas dessa natureza e reafirmam a necessidade de respeito à cultura e ao caráter dos homens e mulheres de Minas Gerais.
Reiteram, igualmente, a confiança de que o ideário dos Inconfidentes ­ de justiça, paz e desenvolvimento – prevalecerá sobre o autoritarismo, a violência e a ilegalidade, inspirando as decisões das autoridades constituídas no sentido de construir um país justo e democrático.
Retomo
É evidente que a medalha concedida a Stédile tem de ser cassada. Minas não pode condecorar um homem que, abertamente, não reconhece os fundamentos do Estado de Direito, sobre os quais se sustenta o próprio ente que o condecorou.
Não se trata de ser contra a reforma agrária ou a favor dela — as posições podem se dividir, e todas elas são legítimas. Trata-se de ser contra a prática contumaz e organizada de crimes em nome de tal causa. Ninguém tem licença especial para tanto, até onde se sabe. E muito menos deve ser condecorado por isso.
Ao homenagear Stédile, o governador Fernando Pimentel dá um tapa na cara dos brasileiros — e dos mineiros em particular — que lutam para ganhar a vida honestamente, respeitando as leis do país, democraticamente pactuadas. Pior do que isso, ele também consagra um método de resolução de divergências: a violência.
A reação dos mineiros ao insulto de Pimentel é mais um sinal de que algo de novo está em curso no país. Os petistas, felizmente, ainda não perceberam.
Texto publicado originalmente às 4h28
Por Reinaldo Azevedo

J. R. GUZZO: ‘NÓS’ SOMOS SÓ ISSO


Publicado na edição impressa de VEJA
J. R. GUZZO
Há vários anos o Brasil se acostumou a ouvir do governo, das suas principais lideranças e dos chefes do seu partido que o país se divide em dois — “nós” e “eles”. Esse “nós” quer dizer, em resumo, o ex-presidente Lula, seus admiradores e os que mandam hoje na máquina do governo; segundo a visão oficial, representam todas as virtudes possíveis de encontrar na vida pública, e por isso são os únicos que têm o direito de governar. “Eles” são todos os demais, e principalmente quem não concorda com as atitudes e os atos do ex-presidente, do PT e do governo nestes últimos doze anos.
J. R. GUZZO: ‘NÓS’ SOMOS SÓ ISSOÉ uma maneira doente, em qualquer tipo de situação, de fazer política — não é assim que funciona uma democracia. Na situação de hoje, então, falar em “nós” e “eles” é um perigo. “Nós” quem, por gentileza? Faz parte desse “nós”, sem nenhuma possibilidade de dúvida, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, que vinha ocupando seu cargo com o apoio total de Lula e do sacro colégio do partido — e o homem, santo Deus, acaba de ir para a cadeia. Nunca antes na história deste país foi tão melhor ser “eles”.
A prisão de Vaccari é um desastre a mais numa série que parece não ter fim. O tempo passa, o mundo gira e viemos todos, a folhas tantas, dar com a situação que se formou nas últimas semanas: quando Lula, o PT e o seu sistema de propaganda, forçados pela presença da população nas ruas, tiveram de olhar em  volta de si mesmos, acabaram vendo que “eles”, como dizem, são muito mais numerosos do que “nós”. É como se descobrissem, de repente, que sua conta está errada: “Mas será que ‘nós’ somos só isso?”. Sim, são só isso — mais Vaccari.
Na hora de colocarem gente na rua, constataram que as massas populares que imaginam comandar não existem no mundo dos fatos. Contam apenas com os subordinados a quem podem dar ordens, tirados como sempre do quadro de servidores da CUT, MST, UNE e outros grupos que só vão para a praça pública se os chefes mandarem. Vão em ônibus fretados e pagos com dinheiro público, não trabalham, precisam receber lanche e mesada em dinheiro, jogam pedra na polícia, metem o pé no vidro de carros, derrubam latas de lixo; não sabem fazer outra coisa.
Já o que chamam de “eles” fizeram em menos de um mês as maiores manifestações populares que o Brasil já viu desde a campanha pelas eleições diretas, trinta anos atrás. Vão para a rua por sua livre decisão e por sua própria conta; na segunda delas estiveram presentes em 500 cidades. Quem, então, é a maioria e quem é a minoria neste país? A conta para valer, na verdade, sempre foi esta. Francamente: dá para acreditar que invasores de imóveis, bandos de mascarados que destroem mudas de eucalipto e outros grupos marginais representam a maioria da população brasileira? É claro que não dá.
Já a maioria verdadeira, que agora aparece em peso em todos os cantos do país, mostrou mais uma vez que águas quietas podem ser muito fundas. Praticamente ninguém, há pouco mais de um mês, seria capaz de prever que um chamado feito por voluntários anônimos pudesse levar multidões à rua; imaginar que 200.000 pessoas, por exemplo, sairiam de casa para protestar contra o governo parecia um completo disparate.
Parecia, mas não foi — o que, entre tantas outras coisas, serve para recomendar um pouco mais de humildade a todos os que imaginam que a vida se resume às suas próprias certezas, a começar pelo governo. Suas Excelências se acostumaram a dizer que são os primeiros e únicos, em toda a história, a representar o povo brasileiro. Estão vendo agora que nem o governo Collor, descrito pelo PT como o pior de todos os tempos, conseguiu reunir tanta gente contra si.
Lula e o seu universo estão com um problema e tanto. O que a população está exigindo nas ruas é mais complicado que o “fora Dilma” — quer um país que funcione, e isso nem Lula, nem Dilma, nem Vaccari são capazes de entregar. Será que vão perceber que a sua corrente de transmissão continua a girar, mas não está transmitindo nada? A ver. Ao seu redor, por enquanto, fala-se em “vitória”, porque houve menos gente na segunda manifestação do que na primeira.
Imaginam, talvez, que quem foi no dia 15 março e não foi no 12 de abril se arrependeu e passou a apoiar o governo nesse meio-tempo. Dá o que pensar — com mais duas ou três vitórias dessas o PT não precisará se preocupar com nenhuma outra derrota. É a vida. Como diz José Saramago, a cegueira é um assunto particular entre as pessoas e os olhos com que nasceram. Não há nada que se possa fazer a esse respeito.

DILMA ENTRE A FUGA E A RESISTÊNCIA


Carlos Chagas
A informação é de que Dilma ainda não decidiu, mas o simples fato de estar hesitante configura um vexame. Pior do que o dela, outro, encenado pelos ministros palacianos, que sugeriram à presidente não se pronunciar em cadeia de rádio e televisão pela passagem do primeiro dia de maio. Motivo: evitar mais um panelaço.
DILMA ENTRE A FUGA E A RESISTÊNCIAA tradição vem de décadas: os presidentes congratulam-se com os trabalhadores, no dia a eles dedicado e, não raro, anunciam medidas destinadas a minorar-lhes as agruras. Um gesto de respeito e até de carinho, acima de tudo.
Pois não é que Madame está sendo aconselhada a esconder-se? Aceitar semelhante despropósito equivale a renunciar não apenas aos seus deveres, mas demonstrar medo. Continuando as coisas como vão, se consumar-se essa ausência, logo teremos uma presidente secreta, como nos tempos dos decretos-secretos do regime militar. Saberemos estar ela nos seus palácios, mas escondida. Temerosa de mostrar-se e, em especial, de enfrentar manifestações de rejeição. Estivesse a poucos dias do término de seu mandato e ainda se admitiria a omissão. Mas com quase quatro anos de governo, qual a conclusão a tirar?
Tomara que o bom senso venha a prevalecer, ainda mais porque não se pronunciará em praça pública, mas fechada num estúdio improvisado em seu gabinete de trabalho. Ela nem ouvirá o bater de panelas, já que sua cozinheira não ousaria tanto.
Trata-se de uma decisão a tomar, capaz de pautar por muito tempo o comportamento da presidente Dilma. Se disposta a enfrentar a impopularidade, estará dando sinais de pretender virar o jogo, recuperar-se e seguir na plenitude de suas prerrogativas. Omitindo-se, dará não apenas amplo sinal de fraqueza, mas estimulará os sentimentos daqueles que pretendem vê-la pelas costas.
COVARDIA
A gente fica pensando como existem auxiliares, ainda mais ministros, recomendando a covardia. Estariam eles preocupados com o próprio futuro? Ao ouvir essa triste sugestão daqueles que deveriam estimulá-la a reagir, bem que a presidente poderia seguir o exemplo de Tancredo Neves.
No início de seu lançamento como candidato presidencial, numa das reuniões com assessores, ele foi-se irritando com tantos comentários favoráveis ao seu adversário, Paulo Maluf. Diziam ser impossível vencê-lo no Colégio Eleitoral, supostamente comprado. Também alegavam a lei da fidelidade partidária, que a Justiça anularia os votos dos dissidentes do PDS dispostos a sufragá-lo. Mais ainda, que os militares apoiavam Maluf e não deixariam que tomasse posse, na hipótese quase impossível de sua vitoria. Por último, comparavam a vitalidade do candidato oposto, percorrendo o país e espalhando otimismo, diante de um oponente de 74 anos.
Tancredo chegou ao limite da indignação. Levantou-se, abriu a porta e determinou ao seu comando de campanha: “Podem ir embora! Vão logo aderir ao Maluf!”
Tivesse a presidente Dilma desabafado assim diante de seus ministros e talvez despertasse neles um pouco de pudor…

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