
A escolha de Temer é, dado o contexto recentíssimo, uma boa saída do ponto de vista da presidente. Afinal, o dia político raiou com uma humilhação e tanto para Dilma: Eliseu Padilha, ministro da Avião Civil, recusou o convite para assumir as Relações Institucionais. Os motivos? Percebeu que não contaria com o apoio efetivo dos principais líderes do PMDB. Dilma havia costurado o seu nome com o próprio Temer, mas Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara, e Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, não demonstraram nenhum entusiasmo. O primeiro afirmou que nada mudaria na relação do partido com o governo. Padilha sentiu cheiro de carne queimada de um lado e de outro: na pasta, sua autonomia seria relativa, em meio a tantos “coordenadores políticos”; no PMDB, sua voz não seria mais influente do que é hoje.
Vamos ver: que Dilma precise fazer alguma coisa, ah, isso precisa, não é? A patetice com a história de Padilha é um emblema disso. Como é que uma presidente da República permite que um ministro seu recuse publicamente uma mudança de pasta? Antes que a alternativa viesse a público, alguém deveria ter feito as devidas consultas prévias. Não aconteceu. Deu no que deu.
Procurem o noticiário de há uns 15 dias para trás. Ele informa, e com correção — porque assim era —, que Temer estava alijado das decisões. Dilma mantinha o seu vice a uma prudente distância por razões que a razão desconhece. E os trapalhões ficavam lá, tomando olé ora de Cunha (no mais das vezes), ora de Renan (às vezes). Temer tem esse poder todo no PMDB? A resposta, como todo mundo sabe, é “não”. Ele endossava o nome de Padilha, por exemplo; foi consultado. Também deu no que deu. Em passado não muito distante, chegou a ser acionado para tentar impedir a candidatura de Cunha à presidência da Câmara. O resultado também é conhecido. Não é, e todo mundo sabe, o nome com mais influência no PMDB.
Mas é claro que a relação de Dilma com o PMDB passará por uma acomodação. Mas não contem com a possibilidade de Cunha perder seu protagonismo. Não vai acontecer, a menos que colhido por fatores outros. Não contem com a possibilidade de Renan desistir de ter uma agenda com a sua marca, a menos que… Nem partam do princípio de que, assim, se realiza o sonho de Lula: entregar o Planalto ao PMDB, que garantiria a governabilidade, enquanto ele cuidaria da própria candidatura à Presidência em 2018.
Anotem aí: uma coisa hoje une todos os peemedebistas, de qualquer quadrante, de qualquer corrente, de qualquer vertente — e isso inclui Temer e até o veteraníssimo José Sarney: o partido já decidiu que não vai preparar a cama de Lula para a próxima disputa presidencial. Todas as prefigurações caminham para uma candidatura própria à Presidência. Ou, na expressão de Cunha, “time que não joga não tem torcida”.
Com Temer na coordenação política, o número de vexames do governo Dilma no Congresso tende a ser menor. Mas pensem num PMDB, reitero, que não quer ser mais um mero mordomo ou um eunuco da corte persa do petismo.
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