Diz à história que no Templo da Ilha de Creta era lida a seguinte
frase “Limpa-te os pés, lava-te as mãos e, depois entra”. Era, pois, o
ato de lavar as mãos, tido como símbolo de pureza, uma ritualística
característica dos mais antigos. Quando ninguém ousava orar aos deuses,
sem antes ter as mãos lavadas. Igualmente, também ninguém entrava no
Templo, sem antes lavar as mãos. E, essa prática prevaleceu entre os
judeus. Avançando no tempo, já na Idade Média, os bispos e sacerdotes
colocavam luvas para a celebração dos atos considerados litúrgicos.
Nessa época as luvas eram confeccionadas em tecido de linho na cor
branca, significando castidade e pureza, porque conservavam as mãos
limpas e livres de qualquer tipo de sujidade. Portanto, o uso das luvas
na Maçonaria é assim, uma ideia simbólica tomada da antiga linguagem
universal do simbolismo. Expressando a todo o momento a grande
necessidade de levarmos uma vida ilibada. Assim sendo, procedem, pois,
as Luvas e o Avental da mesma fonte simbólica. Deixando-nos o
questionamento se possuem a mesma origem histórica. A adoção do Avental
na Maçonaria se liga ao fato de que os Alvanéis (Maçons) e
Franco-Alvanéis (Franco-Maçons) da Idade Média tinham a necessidade de
seu uso. Essa é uma das provas de maior evidência de que a nossa ciência
especulativa é derivada da arte considerada operativa. Os construtores,
reunidos em ligas ou associações, que viajavam através da Europa
edificando palácios e catedrais, nos legaram o nome, a linguagem técnica
e a peça do vestuário com que se protegiam das manchas produzidas pelos
materiais empregues em seu trabalho. Deixaram-nos também as Luvas? Em
relatos mais antigos, existem informações de que todos os Obreiros
usavam Luvas. É até mencionado com determinada frequência, as Luvas com
que eram presenteados os Alvanéis e os talhadores de pedra. Existem
referências de que, no ano de 1331, o castelão de Villaines, em Duemois
(França), adquiriu uma grande quantidade de pares de Luvas para os seus
Obreiros, a fim de protegerem suas mãos contra a pedra que cortavam e os
ciscos liberados pela mesma. De idêntica maneira em 1383, quando teve
início a construção do Convento da Cartuxa de Dijon (França), foram
adquiridas dezenas de pares de Luvas para uso dos cortadores de pedras.
Ainda em 1486, foram entregues aos Alvanéis e talhadores de pedra em
Amiens (França) pares de Luvas para sua devida proteção. Achamos por
bem, que bastam esses exemplos para a certificação de que os
construtores da Idade Média usavam Luvas para proteção das mãos contra
os efeitos produzidos pelo seu árduo trabalho. Não nos resta, pois,
nenhum tipo de dúvida de que nós, Maçons Especulativos, recebemos de
nossos Irmãos Operativos ou de Ofício, as Luvas e o Avental como peças
da indumentária maçônica, essenciais ao nosso trabalho, só que a elas
emprestamos uma finalidade mais nobre e gloriosa. Significam sim, de que
os atos atribuídos a um Maçom devem ser puros e imaculados como as
Luvas que recebeu em seu procedimento iniciático. Chega a representar a
lembrança do seu compromisso. Mostrando que suas mãos devem estar
limpas, e que não participaram do crime praticado contra Hiram Abiff.
São empregues nos trabalhos desenvolvidos pelas Lojas ou em procissões.
Nas Oficinas bem organizadas, chegando a independer do Rito praticado,
os Obreiros se paramentam, não só com os Aventais do Grau, mas também
com suas Luvas brancas. Finalizando, lembremos Jules Boucher, em sua “A
Simbólica Maçônica”: “De uma assembleia de Maçons, onde todos usam Luvas
brancas, desprende-se uma ambiência muito particular, que, aliás, pode
ser sentida muito nitidamente pela pessoa menos atenta. Uma impressão de
apaziguamento, de serenidade, de quietude, constitui a sua consequência
natural. A modificação proporcionada por esse ‘signo exterior’ é mais
profunda do que poderíamos ser tentados a acreditar. Aliás, o mesmo
acontece com muitos Símbolos que se tornam eficientes quando, do plano
‘mítico’, passam para o plano ‘ritualístico’.”
Fonte: JB News
Nenhum comentário:
Postar um comentário