Escrito por Owen Bennett-Jones |
Qua, 09 de Julho de 2014 08:39 |
Esperanças de mudança democrática foram
substituídas por medos de ditaduras e califatos. O principal
desapontamento é a região do Egito, onde os ideais da Praça Tahrir
terminaram em governo de ditador militar, ainda mais autoritário que
Mubarak. A Fraternidade Muçulmana – que venceu todas as eleições às
quais concorreu depois da Primavera Árabe – foi declarada organização
terrorista, com centenas dos seus principais líderes já condenados à
morte.
E
tudo isso aconteceu com apoio do ocidente: o secretário de Estado dos
EUA, John Kerry, entregou recentemente mais de meio bilhão de dólares
ao regime golpista do general Sisi. E a situação na Síria tem levado
alguns a pensar se, comparado aos jihadistas, o regime do
presidente Assad não será, afinal, a melhor opção. O ocidente dá sinais
de estar mais do que apenas tentado a apoiar qualquer ditador que
apareça no Iraque, se der sinais de que conseguirá manter sob controle o
Estado Islâmico. Em outras palavras, o Ocidente já está revertendo à
sua tradicional política para o Oriente Médio, de apoiar regimes
autoritários que mantenham sob rédea curta sejam os islamistas radicais
sejam os democratas liberais.
Quando George Bush e Tony Blair
invadiram o Iraque, promoveram a ideia de que o ocidente estaria
enfrentando ameaça jihadista global comandada pela al-Qaeda. Toda a
Guerra Global ao Terror foi feita contra um único inimigo: o Islã
radical. De início, cada manifestação dessa ameaça foi atacada com
força massiva, a começar no Afeganistão. Mais recentemente, as
ofensivas do ocidente têm sido menos consistentes.
FRAQUEZA OCIDENTAL?
Os jihadistas no Mali foram atacados,
mas al-Shabaab não foi incomodada na Somália. Para alguns, o não agir
em alguns casos sinalizaria fraqueza ocidental. “O ponto de partida é
identificar a natureza da batalha: é batalha contra o extremismo
islamista. A batalha é essa” – escreveu Tony Blair em ensaio publicado
em sua página internet, redigido como resposta aos avanços do ISIL no Iraque. Na sequência, recomendou outra – possivelmente ilegal – intervenção militar.
Outros, menos comprometidos com o
passado, fazem análise diferente: ao mesmo tempo em que os jihadistas
estão envolvidos em várias lutas contemporâneas, os vários conflitos
envolvem teia complicada de muitos outros fatores. Já não há um único
inimigo – se é que algum dia houve inimigo único – dedicado a atacar o
ocidente. Há várias forças separadas, cada uma com agenda própria e
seus próprios motivos, que têm a ver, principalmente, com inimigos
locais. Cada conflito tem sua própria história e sua própria dinâmica.
No Iraque, a atual rebelião é movida,
não por antiamericanismo ou hostilidade contra o ocidente em geral,
mas, mais, pelo sectarismo, a corrupção e a incompetência do governo
Maliki. Os xiitas iraquianos e seus apoiadores iranianos, ao lado dos
sunitas moderados e até de curdos, todos têm agora um interesse comum
em se opor a al-Baghdadi – o que eles mesmos podem fazer com muito
maior eficácia que o exército dos EUA. De fato, tropas dos EUA
deslocadas para lá serão como fantoches nas mãos de al-Baghdadi e
Zawahiri.
DECLARAÇÃO BELICOSA
Em fins de junho, David Cameron disse à Casa dos Comuns do Parlamento que o ISIL
poderia tomar o controle do norte do Iraque e instalar lá um governo:
“O pessoal que chefia aquele governo, além de aspirar a tomar
território, também planeja nos atacar aqui em nossa casa, no Reino
Unido.” É declaração temerária, altamente belicosa, que ultrapassa em
muito o que o governo de Obama tem dito.
Nos últimos meses, os Republicanos
desenvolveram com sucesso uma narrativa segundo a qual a relutância de
Obama em usar a força na região teria dado lugar a uma percepção de
fraqueza dos EUA. A pressão doméstica sobre Obama, para que seja mais
agressivo no uso da força militar tem sido considerável. Apesar disso, o
presidente dos EUA parece tem conseguido conter as demandas – que
agora estão partindo de uma improvável aliança entre Maliki e a direita
norte-americana – de que envie tropas dos EUA para o Iraque.
Os sunitas que tomaram cidades
iraquianas, disse Obama, representam “ameaça de médio e longo prazo”
para os EUA. Mas, acrescentou ele, “não podemos pensar que estamos
brincando de pega-pega e mandar soldados dos EUA para ocupar vários
países, cada vez que essas organizações aparecem no mundo.” E seja como
for, disse ele, as populações locais rejeitam o ISIL por causa
da violência deles. É evento muito raro: Downing Street, Londres,
ainda mais falcão-linha-dura que Casa Branca, Washington; mas talvez
seja evento sem consequências. Em frase na qual articula de modo
excepcionalmente claro a subserviência de Londres a Washington, William
Hague disse, em resposta aos avanços do ISIL: “Apoiaremos os EUA em qualquer coisa que resolvam fazer”.
MAIS DINHEIRO?
A relutância de Obama, que não interveio
na Síria pode parecer fracassada. Mas estaria por acaso garantido que
mais dinheiro do ocidente entregue ao Exército Sírio Livre teria
resultado na emergência de alguma espécie de estado liberal
democrático? O fracasso da Primavera Árabe em outros pontos não sugere
que essa possibilidade se concretizaria.
Políticos ocidentais estão tendo de
reajustar-se à novidade de sua própria crescente incapacidade para
dominar o mundo. Se se consideram as alternativas, a inação de Obama
parece boa ideia, e ele é criticado pela direita e pela esquerda, pelos
seus muitos erros e fracassos. Mas o mais provável é que dentro de
alguns anos, quando ele já não estiver na Casa Branca, tenhamos muitas
saudades de Obama.
Fonte: Tribuna da Internet
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