FIDELIDADE OU LEALDADE ? |
|
|
|
Escrito por Ivan martins |
Qui, 17 de Julho de 2014 14:00 |
Nos últimos dias, ando apaixonado pela
palavra “lealdade”. Deve ser por causa de um livro que estou
terminando, um romance sobre antigos amigos e amantes que voltam a se
encontrar e precisavam acertar suas diferenças. Eles já não se gostam,
mas confiam um no outro. Eles deixaram de se amar, mas ainda se
protegem mutuamente. Isso é lealdade, em uma de suas formas mais
bonitas. Lealdade ao que fomos e sentimos.
Ao ler o romance, me ocorreu que amar é
fácil. Tão fácil que pode ser inevitável. A gente ama quem não merece,
ama quem não quer nosso amor, ama a despeito de nós mesmos. Tem a ver
com hormônios, aparência e sensações que não somos capazes de
controlar. A lealdade não. Ela não é espontânea e nem barata. Resulta
de uma decisão consciente e pode custar caro. Ela é uma forma de
nobreza e tem a ver com sacrifício. Não é uma obrigação, é uma escolha
que mistura, necessariamente, ideias e sentimentos. Na lealdade talvez
se manifeste o melhor de nós.
Antes que se crie a confusão,
diferenciemos: lealdade não é o mesmo que fidelidade, embora às vezes
elas se confundam. Ser fiel significa, basicamente não enganar sexual
ou emocionalmente o seu parceiro. É um preceito, uma regra que se
cumpre ou não se cumpre, uma espécie de obrigação. O custo da
fidelidade é relativamente baixo: você perde oportunidades românticas e
sexuais. Não tem a ver, necessariamente, com sentimentos. Você pode
desprezar uma pessoa e ser fiel a ela por medo, coerência, falta de
jeito ou de oportunidade. Assim como pode amar alguém perdidamente e
ser infiel. Acontece todos os dias.
Lealdade é outra coisa. Ela vai mais
fundo que a mera fidelidade. Supõe compromisso, conexão, cuidado.
Implica entender o outro e respeitá-lo no que é essencial para ele - e
pode não ser o sexo. Às vezes o outro precisa de cumplicidade
intelectual, apoio prático, simples carinho. Outras vezes, a lealdade
requer sacrifícios maiores.
A primeira vez que deparei com a lealdade no cinema foi num filme popular de 1974, Terremoto.
No final do drama-catástrofe, o personagem principal – um cinquentão
rico, heroico e boa pinta – tem de escolher entre tentar salvar a mulher
com quem vivia desde a juventude, com risco da sua própria vida, ou
safar-se do desastre com a jovem amante. Ele escolhe salvar a velha
companheira e morre com ela. Parece apenas um dramalhão exagerado, mas
desde Shakespeare o drama ocidental está repleto de escolhas desse tipo.
É assim que nos metem conceitos elevados na cabeça. Vi esse filme com
16 e 17 anos e nunca mais deixei de pensar na lealdade em termos
drásticos.
A lealdade está amparada em valores, não apenas em sentimentos. É fácil cuidar de alguém quando se está apaixonado. Mais fácil que respirar, na verdade. Mas o que se faz quando os sentimentos desaparecem – somem com eles todas as responsabilidades em relação ao outro? Sim, ao menos que as pessoas sejam movidas por algo mais que a mera atração. Se não partilham nada além do desejo, nada resta depois do romance. Mas, se houver cumplicidades maiores, então se manifesta a lealdade. Ela dura mais do que os sentimentos eróticos porque se estende além deles.
O romantismo, embora a gente não o veja
sempre assim, é uma forma exacerbada de egoísmo. Meu amor, minha
paixão, minha vida. Minha família, inclusive. Tem a ver com desejo,
posse e exclusividade, que tornam a infidelidade insuportável, a perda
intolerável. As pessoas matam por isso todos os dias. Porque amam. É um
sentimento que não exige elevação moral e pode colocar à mostra o pior
de nós mesmos, embora pareça apenas lindo.
Minha impressão é que o mundo anda
precisado de lealdade. Estamos obcecados pela ideia da fidelidade
porque a infidelidade nos machuca. Sofremos exacerbadamente porque o
mundo, o nosso mundo, não contém nada além de nós mesmos, com nossos
sentimentos e necessidades. Quando algo falha em nossa intimidade,
desabamos.
Talvez devêssemos pensar de forma mais
generosa. Talvez precisemos nos apaixonar por ideias, nos ligar por
compromissos, cultivar sonhos e aspirações que estejam além dos nossos
interesses pessoais. Correr riscos maiores que o de ser traído ou
demitido. O idealismo, que tem sido uma força de mudança na conduta
humana, precisa ser resgatado. Não apenas para salvar o planeta e a
sociedade, mas para nos dar, pessoalmente, alguma forma de esperança. A
fidelidade nos leva até a esquina. A lealdade talvez nos conduza mais
longe, bem mais longe.
Fonte: Época
|
Entrevistas
Política, Economia e Direito
Setembro.net
Denúncia
Civismo/Cidadania/Patriotismo
Categorias
Gastronomia
Meio Ambiente
Contato
Sites
Formadores de Opinião
O Livro Banquete Maçônico
Esperanto
Home
Tecnologia
Banquete Maçônico
Últimas Publicações
Saúde
TEMPLO DE ESTUDOS MAÇÔNICOS
Templo de Estudos Maçônicos
Charges
Poesia & Prosa
Educação, Família e Filosofia
.......................................................................................................................................................
Acesse o site www.banquetemaconico.com.br e veja o sumário do livro. Tenho a certeza de que você vai gostar.
.......................................................................................................................................................
GOB
Obediência Maçônica
CMSB
Sites e Lojas Virtuais
antigas tradições maçonicas
Confederação Maçônica do Brasil
Potências Maçônicas
Grandes Lojas Estaduais
Manual de Banquete Ritualístico
COMAB
Loja de Mesa
Grande Oriente do Brasil
Loja de Banquete
Mestre de banquete
banquete maçônico maçons Sites Dinâmicos
Banquete Ritualístico
Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil
Loja de Mesa ou de Banquete
maçom
Nenhum comentário:
Postar um comentário