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Escrito por Rolf Kuntz |
Seg, 17 de Novembro de 2014 14:00 |
Flores, muitas flores bonitas e
perfumadas por toda parte, para disfarçar e tornar o ambiente mais
tolerável? Nesta altura, seria inútil. A sexta-feira começou com novas
prisões da Operação Lava Jato, a investigação policial sobre as
bandalheiras na Petrobrás. Bem cedo a imprensa havia noticiado: a maior
estatal e maior empresa brasileira, com ações no País e no exterior,
precisou adiar a publicação do balanço. Falta o aval da firma de
auditoria, a PricewaterhouseCoopers (PwC). Os auditores poderão
encrencar-se nos Estados Unidos se assinarem as demonstrações de um
cliente envolvido em histórias de corrupção.
Para eles, o mais seguro é esperar. Mas o caso da Petrobrás é só um dos
problemas de um governo em péssimo estado de conservação. Enquanto
prosseguia a Operação Lava Jato, o Executivo tentava conseguir do
Congresso uma alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), para
acomodar qualquer mau resultado das contas públicas. Essas contas, hoje,
estão em condições piores que as de muitos países fortemente afetados
pela crise iniciada em 2008.
Quando os diretores da Petrobrás
decidiram adiar a divulgação das contas do terceiro trimestre, a
presidente Dilma Rousseff já estava chegando a Brisbane, na Austrália,
para uma reunião de cúpula do Grupo dos 20 (G-20).
Haviam ficado em Brasília, para falar em
nome do governo e negociar a mudança da LDO, o vice-presidente, Michel
Temer, e o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. No começo da semana a
ministra do Planejamento, Miriam Belchior, já havia ido ao Congresso
para defender a alteração da regra orçamentária - essencialmente, a
extinção do limite para descontos da meta de superávit primário. Com
isso, qualquer número vexatório será considerado aceitável.
A ministra realizou com zelo sua tarefa e
chegou a descrever a situação fiscal brasileira como "bastante
confortável". Pão ou pães, é questão de opiniães, segundo a filosofia do
Grande Sertão. Ainda assim, parece estranho falar de situação
confortável quando se trata do rombo fiscal brasileiro, maior que o de
muitos países desenvolvidos.
O déficit do governo central, incluído o
gasto com juros, alcançou de janeiro a setembro 4,97% do produto
interno bruto (PIB). Em 12 meses chegou a 3,75%. Se continuar por aí no
fim do ano, será muito pior que a média estimada para a zona do euro,
2,9%, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O déficit nominal de todo o setor
público atingiu 5,94% do produto em nove meses e 4,92% em 12. A média
projetada para os países avançados do G-20 é de 4,5%. Ninguém deve ter
falado sobre esses números à presidente Dilma Rousseff nem à ministra
Miriam Belchior ou a outros auxiliares da Presidência.
O desastre das contas públicas é um dos
efeitos mais vistosos da política em vigor desde o segundo mandato do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa política foi ampliada nos
primeiros quatro anos de sua sucessora, com o prolongamento da relação
promíscua entre o Tesouro e os bancos federais, a multiplicação dos
benefícios seletivos, o avanço do protecionismo, a tolerância à
inflação, o intervencionismo crescente e a maquiagem ostensiva do
balanço fiscal. A crise industrial e a destruição de postos de trabalho
formal em outubro são algumas das consequências mais importantes.
No mês passado os empregadores fecharam
30.283 postos de trabalho com carteira assinada, segundo o Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Foi o primeiro resultado
negativo em um mês de outubro desde o começo da série, em 1999. Mas os
dados mais feios são os acumulados no ano.
De janeiro a outubro foram criados
912.287 empregos formais em todo o País, segundo o cadastro, mas
582.425, ou 63,84% do total, foram abertos em serviços, em segmentos de
baixa produtividade e salários correspondentes a esse padrão. A criação
de empregos é um dos feitos alardeados pela presidente Dilma Rousseff e
sua trupe, mas as vagas oferecidas são compatíveis com a estagnação da
indústria, com o baixo investimento e com a perda de vigor produtivo da
economia. Que outro tipo de ocupação poderia aumentar quando a política é
incapaz de estimular o investimento, a produtividade e a produção?
O governo conduziu a política econômica
nos últimos seis anos como se houvesse no Brasil muita mão de obra
desocupada e muita capacidade ociosa na indústria. Uma estratégia desse
tipo foi justificável no começo da crise internacional, mas logo deixou
de ter sentido. O passo seguinte deveria ter sido a busca de uma nova
etapa de desenvolvimento. Mas o "modelo" adotado pela presidente Dilma
Rousseff e, portanto, pelo ministro da Fazenda simplesmente deixou em
plano inferior metas de produtividade e modernização.
Foi o aspecto mais inovador do tal
modelo: adotou-se pela primeira vez na História uma teoria do
desenvolvimento sem referência à produtividade. Os efeitos dessa
inovação teórica são visíveis na estagnação da indústria, na queda do
investimento e na sucessão de pibinhos, com média anual de crescimento
provavelmente inferior a 2% entre 2011 e 2014.
Com as contas públicas em pandarecos, o
investimento muito abaixo do necessário, a inflação na vizinhança de 6% e
contas externas em deterioração (déficit de US$ 2,62 bilhões de janeiro
até a primeira semana de novembro), a primeira grande tarefa da
presidente Dilma Rousseff, antes de começar o segundo mandato, será
reconhecer a realidade. Se for, finalmente, capaz desse esforço, ficará
assustada.
A maioria dos eleitores concedeu mais
quatro anos a um governo em péssimo estado de conservação. Cada novo
detalhe do escândalo da Petrobrás torna mais difícil disfarçar esse
fato. Escrever sobre a política econômica brasileira assemelha-se cada
vez mais a um trabalho de médico legista.
Fonte: Veja.com
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