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Escrito por Vinícius Torres Freire |
Ter, 16 de Dezembro de 2014 08:05 |
Do ponto de vista político e econômico,
tanto faz comprovar a extensão da negligência e talvez do acobertamento
de malfeitos na Petrobras, sobre os quais o jornal “Valor Econômico”
apresentou indícios deprimentes, em reportagem publicada na
sexta-feira.
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A direção da empresa não tem condições
de permanecer no cargo não apenas devido às suspeitas, bastantes para
basear processos urbi et orbi. Os diretores não têm condições de manter
seus postos porque a direção que o governo impôs à empresa se esboroou
em termos econômicos, judiciais e políticos. É preciso mudar tudo.
Ponto. Fim.
Primeiro, há as consequências para a
política menor. Por mais cínico que possa ser, o governo deve ter
percebido que não tem o menor controle sobre os monstros que podem
saltar do poço ora sem fundo de bandalhas da empresa.
ESPERTEZA DO GOVERNO
Na semana em que o ministro da Justiça
foi a público defender a diretoria da empresa, descobre-se que um
funcionário antigo da estatal colabora anonimanente para denunciar
roubanças e que outra revela, de modo comprometedor até para si
própria, negligências graves, para dizê-lo de modo muito benévolo. Há,
portanto, descontrole e ineficácia até na esperteza do governo em botar
panos quentes no caso.
Segundo, além de engrossar a crise
política, a denúncia de negligência ou de acobertamento deve engordar
os processos judiciais, se não aqui, certamente nos Estados Unidos,
onde a empresa é investigada por negociar suas ações também por lá.
Os Estados Unidos não são a terra da
pureza, mas a cadeia é um destino frequente para quem frauda a
confiança empresarial, ainda mais depois dos escândalos contábeis do
início do século (caso Enron etc.). Um processo assim não vai apenas
arrastar a imagem da Petrobras para o lixo. Vai arrebentar o crédito da
empresa.
No limite, a Petrobras pode ficar fora
do mercado americano. O mero risco dessa desgraça vai desacreditar não
apenas a estatal mas elevar ainda mais o custo de financiamento de
outras empresas brasileiras e minar a confiança no Brasil.
Terceiro, o desarranjo se espalha pelo
Brasil. Não se sabe quais empresas poderão fazer negócios com o
governo, dado o processo do Petrolão. Há crise e medo no imenso mercado
de fornecedores da Petrobras. O endividamento, a queda do preço do
barril e a alta do dólar já seriam problemas de monta. A paralisia que
sobrevirá com o tumulto policial e o risco no mercado de crédito vão
colocar em risco ainda maior uma empresa responsável direta por mais de
10% do investimento do país, com efeitos difusos pela economia
inteira.
E VAI PIORAR…
Tal estado de coisas tende apenas a
piorar caso não ocorra reviravolta nas diretrizes gerais para a
empresa, além de uma devassa, necessária tanto para estancar a sangria
de más notícias políticas, que chegam cada vez mais perto do Planalto,
quanto para indicar que passou o tempo da bandalha.
Não há alternativa a não ser destituir a
diretoria, dissolver o Conselho de Administração, profissionalizar a
empresa e limitar diretrizes políticas àquilo que não viola a
racionalidade econômica. Em suma, trata-se de cancelar a política que
foi ditada à Petrobras nos últimos quatro anos, pelo menos.
http://formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=30007:demitir-agora-toda-a-diretora-da-petrobras-ainda-e-pouco&catid=80:denuncia&Itemid=131
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