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Escrito por Ricardo Brandt e Fausto macedo |
Ter, 16 de Dezembro de 2014 08:05 |
O ex-gerente executivo de Engenharia da
Petrobrás Pedro Barusco Filho disse em delação premiada à força-tarefa
da Operação Lava Jato que fez uma “troca de propinas” com o tesoureiro
nacional do PT, João Vaccari Neto.
O ex-gerente disse que procurou Vaccari
porque, conforme diz, o petista “tem uma boa relação com a Schahin”. A
diretoria de Serviços da Petrobrás, unidade estratégica da estatal, era
cota do PT. Por ela passam todos os procedimentos de licitações e
contratação da estatal.
Vaccari, segundo afirmou Barusco, também
era credor de uma propina de uma outra empresa, que atua no ramo de
óleo e gás , de módulos para o Pré- Sal. e que participou da montagem
de Angra I e Angra II. O delator não citou valores.
Barusco e o tesoureiro do partido teriam
feito, então, uma permuta. Segundo o ex-gerente, Vaccari também era
credor de uma outra empresa. No cruzamento de propinas, o “crédito” do
petista ficou para Barusco e Vaccari “herdou” a propina da Schahin.
VAI DEVOLVER US$ 100 MILHÕES
A delação de Barusco foi homologada pela
Justiça Federal no Paraná há uma semana. Em uma cláusula do contrato
que firmou com a força tarefa do Ministério Público Federal, o
ex-gerente comprometeu-se a devolver ao Tesouro US$ 97 milhões que
mantêm no exterior e mais R$ 6 milhões no Brasil. Ele confessou que
essa fortuna teve origem em atos “ilícitos”.
O grau de colaboração do ex-gerente
impressiona os investigadores. Ele demonstrou grande senso de
organização e disciplina ao fazer uma metódica contabilidade dos
repasses de propinas, apontando todos os negócios onde correu dinheiro
por fora. Tudo registrava em um arquivo pessoal.
Barusco passou números de contas
bancárias e nomes de beneficiários de comissões. Afirmou que ele e
Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal petrolífera, dividiram
propinas em “mais de 70 contratos” da Petrobrás entre 2005 e 201o.
Ele declarou que fornecedores e
empreiteiros não desembolsavam recursos por “exigência”, mas porque o
pagamento de propinas na Petrobrás era “algo endêmico,
institucionalizado”.
Antes de atuar na gerência, subordinado a
Duque, ele ocupou os cargos de gerente de tecnologia na Diretoria de
Exploração e Produção e de diretor de Operações da empresa Sete Brasil,
que tem na Petrobrás um de seus investidores.
DUQUE TINHA A MAIOR PARTE
Pedro Barusco afirmou que “na divisão de
propinas” Duque ficava “com a maior parte”, na margem de 60% para o
ex-diretor de Serviços e de 40% para ele.
Entregou uma planilha de contratos onde
teria corrido suborno e os valores que o esquema girou. Os contratos
são de praticamente todas as áreas estratégicas da Petrobrás. Ele citou
Gás e Energia, Exploração e Produção e Serviços. Revelou outros
operadores da trama de corrupção na Petrobrás. Além do doleiro Alberto
Youssef e do lobista do PMDB, Fernando Soares, o Fernando Baiano,
Barusco apontou outros nomes.
Falou sobre o suposto pagamento de
propinas envolvendo a Schahin no âmbito do Cenps/RJ e a troca que teria
realizado com o tesoureiro do PT.
A Schahin não está entre as empreiteiras
acusadas no primeiro lote de denúncias que o Ministério Público
Federal apresentou à Justiça Federal na semana passada.
Mas a Schahin já havia sido citada em
interceptações telefônicas da Polícia Federal. A máquina de grampos da
Operação Lava Jato interceptou telefonemas do doleiro Youssef em que
ele e um empresário que fornece materiais para a Petrobrás conversam
sobre quem “pagou em dia” e “quem estava atrasado” no repasse de
dinheiro.
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