Pode ter sido uma indisposição gastrointestinal, vinda, assim, de
supetão. Pode ter sido uma crise de pressão arterial. Quem sabe uma dor
de cabeça… Salvo algum impedimento físico, Joaquim Levy, ministro da
Fazenda, não compareceu ao anúncio do corte no Orçamento em razão de uma
indisposição política. É sabido que ele queria passar R$ 80 bilhões no
facão. Como as MPs do ajuste já sofreram alterações, certamente
vislumbra a impossibilidade de fazer o superávit primário de 1,2% do
PIB.
O gesto pode embutir alguma coisa de cálculo. A esta altura, quem poderia estar aplaudindo e saltitando de felicidade é o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Afinal, não estava ele a pedir a cabeça de Levy na TV, anteontem? Muito bem! Tirem o ministro da equação e vejam o que sobra. Ou o que soçobra, se me permitem o gracejo.
Talvez o ministro esteja a dizer exatamente isto: não está apegado ao cargo; não pertence àquela estirpe que fica de joelhos, se preciso, para manter o posto; não depende da boa vontade deste ou daquele para ter uma existência profissional ou intelectual.
Nessas horas, cabe alguma reflexão. O que faz alguém como Levy servir a um governo e a um eixo de poder que representa tudo aquilo que ele intelectualmente despreza? Eu tenho uma resposta — e não é maldosa, não; trata-se apenas de uma constatação: o nome disso é vaidade intelectual.
Talvez o ministro sinta certo prazer secreto em demonstrar que suas teses estão corretas, e as de seus antípodas, neste e nos governos petistas passados, erradas. Há também o prazer, que sempre sentem as pessoas convictas, de ver triunfar o seu ponto de vista. E pode haver até a vontade genuína de ajudar. São três vertentes, todas benignas, da vaidade.
Mas é claro que também esta depende de circunstâncias objetivas. Se o resultado não aparece, a vaidade dá lugar à frustração decorrente do mau resultado, e o que poderia ser prova da competência de Levy vira evidência de insucesso. Aí, meus caros, qualquer pessoa na sua condição decide pular fora.
Foi o recado que Levy passou hoje a petistas e peemedebistas. Não está apegado ao cargo. Se acham que está ruim com ele, então é o caso de especular qual é a solução sem ele.
Por Reinaldo Azevedo
O gesto pode embutir alguma coisa de cálculo. A esta altura, quem poderia estar aplaudindo e saltitando de felicidade é o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Afinal, não estava ele a pedir a cabeça de Levy na TV, anteontem? Muito bem! Tirem o ministro da equação e vejam o que sobra. Ou o que soçobra, se me permitem o gracejo.
Talvez o ministro esteja a dizer exatamente isto: não está apegado ao cargo; não pertence àquela estirpe que fica de joelhos, se preciso, para manter o posto; não depende da boa vontade deste ou daquele para ter uma existência profissional ou intelectual.
Nessas horas, cabe alguma reflexão. O que faz alguém como Levy servir a um governo e a um eixo de poder que representa tudo aquilo que ele intelectualmente despreza? Eu tenho uma resposta — e não é maldosa, não; trata-se apenas de uma constatação: o nome disso é vaidade intelectual.
Talvez o ministro sinta certo prazer secreto em demonstrar que suas teses estão corretas, e as de seus antípodas, neste e nos governos petistas passados, erradas. Há também o prazer, que sempre sentem as pessoas convictas, de ver triunfar o seu ponto de vista. E pode haver até a vontade genuína de ajudar. São três vertentes, todas benignas, da vaidade.
Mas é claro que também esta depende de circunstâncias objetivas. Se o resultado não aparece, a vaidade dá lugar à frustração decorrente do mau resultado, e o que poderia ser prova da competência de Levy vira evidência de insucesso. Aí, meus caros, qualquer pessoa na sua condição decide pular fora.
Foi o recado que Levy passou hoje a petistas e peemedebistas. Não está apegado ao cargo. Se acham que está ruim com ele, então é o caso de especular qual é a solução sem ele.
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