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Escrito por Marco Antonio Villa |
Qua, 04 de Junho de 2014 14:00 |
O governo Dilma definha a olhos vistos.
Caminha para um fim melancólico. Os agentes econômicos têm plena
consciência de que não podem esperar nada de novo. Cada declaração do
ministro da Fazenda é recebida com desdém. As previsões são desmentidas
semanas depois. Os planos não passam de ideias ao vento. O governo
caiu no descrédito. Os ministérios estão paralisados. O que se mantém é
a rotina administrativa. O governo se arrasta como um jogador de
futebol, em fim de carreira, aos 40 minutos do segundo tempo, em uma
tarde ensolarada.
Apesar do fracasso — e as pífias taxas
de crescimento do PIB estão aí para que não haja nenhum desmentido —,
Dilma é candidata à reeleição. São aquelas coisas que só acontecem no
Brasil. Em qualquer lugar do mundo, após uma pálida gestão, o
presidente abdicaria de concorrer. Não aqui. E, principalmente, tendo
no governo a máquina petista que, hoje, só sobrevive como parasita do
Estado.
A permanência no poder é a essência do
projeto petista. Todo o resto é absolutamente secundário. O partido
necessita da estrutura estatal para financeiramente se manter e o mesmo
se aplica às suas lideranças — além dos milhares de assessores.
É nesta conjuntura que o partido tenta a
todo custo manter o mesmo bloco que elegeu Dilma em 2010. E tem
fracassado. Muitos dos companheiros de viagem já sentiram que os ventos
estão soprando em sentido contrário. Estão procurando a oposição para
manter o naco de poder que tiveram nos últimos 12 anos. O desafio para a
oposição é como aproveitar esta divisão sem reproduzir a mesma forma
de aliança que sempre condenou.
Como o cenário político foi ficando
desfavorável à permanência do petismo, era mais que esperada a
constante presença de Lula como elemento motivador e agregador para as
alianças. Sabe, como criador, que o fracasso eleitoral da criatura será
também o seu. Mas o sentimento popular de enfado, de cansaço, também o
atingiu. O encanto está sendo quebrado, tanto no Brasil como no
exterior. Hoje suas viagens internacionais não têm mais o apelo do
período presidencial. Viaja como lobista utilizando descaradamente a
estrutura governamental e intermediando negócios nebulosos à custa do
Erário.
Se na campanha de 2010 era um presidente
que pretendia eleger o sucessor, quatro anos depois a sua participação
soa estranha, postiça. A tentativa de transferência do carisma
fracassou. Isto explica por que Lula tem de trabalhar ativamente na
campanha. Dilma deve ficar em um plano secundário quando o processo
eleitoral efetivamente começar. Ela não tem o que apresentar. O
figurino de faxineira, combatente da corrupção, foi esquecido. Na
história da República, não houve um quadriênio com tantas acusações de
“malfeitos” e desvios bilionários, como o dela. O figurino de gerentona
foi abandonado com a sucessão de “pibinhos”. O que restou? Nada.
Lula está como gosta. É o centro das
atenções. Acredita que pode novamente encarnar o personagem de Dom
Sebastião. Em um país com uma pobre cultura democrática, não deve ser
desprezada a sua participação nas eleições.
A paralisia política tem reflexos
diretos na gestão governamental. As principais obras públicas estão
atrasadas. Boa parte delas, além do atraso, teve majorados seus custos.
Em três anos e meio, Dilma não conseguiu entregar nenhuma obra
importante de infraestrutura. Isto em um país com os conhecidos
problemas nesta área e que trazem sérios prejuízos à economia. Mas
quando a ideologia se sobrepõe aos interesses nacionais não causa
estranheza o investimento de US$ 1 bilhão na modernização e ampliação
do porto de Mariel. Ou seja, a ironia da história é que a maior ação
administrativa do governo Dilma não foi no Brasil, mas em Cuba.
Os investimentos de longo prazo foram
caindo, os gastos para o desenvolvimento de educação, ciência e
tecnologia são inferiores às necessidades de um país com as nossas
carências. Não há uma área no governo que tenha cumprido suas metas, se
destacado pela eficiência e que o ministro — alguém lembra o nome de
ao menos cinco deles? — tenha se transformado em referência, positiva,
claro, pois negativa não faltam candidatos.
O irresponsável namoro com o populismo
econômico levou ao abandono das contas públicas, das metas de inflação e
ao desequilíbrio das tarifas públicas. Basta ver o rombo produzido no
setor elétrico. A ação governamental ficou pautada exclusivamente pela
manutenção do PT no poder. As intervenções estatais impuseram uma
lógica voluntarista e um estatismo fora de época. Basta citar as
fabulosas injeções de capital — via Tesouro — para o BNDES e os
generosos empréstimos (alguns, quase doações) ao grande capital. E a
dívida pública, que está próxima dos R$ 2,5 trilhões?
No campo externo as opções escolhidas
pelo governo foram as piores possíveis. Mais uma vez foi a ideologia
que deu o tom. Basta citar um exemplo: a opção preferencial pelo
Mercosul. Enquanto isso, o eixo dinâmico da economia mundial está se
transferindo para a região Ásia-Pacífico.
Ainda não sabemos plenamente o
significado para o país desta gestão. Mas quando comparamos os nossos
índices de crescimento do PIB com os dos países emergentes ou nossos
vizinhos da América Latina, o resultado é assustador. É possível
estimar que no quadriênio Dilma a média sequer chegue a 2%. A média dos
emergentes é de 5,2%, e da América Latina, de 3,2%. E o governo Dilma
ainda tem mais sete meses pela frente. Meses de paralisia econômica.
Haja agonia.
Fonte: Veja.com
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