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Escrito por Samantha Lima |
Qui, 15 de Janeiro de 2015 07:58 |
O advogado Edson Ribeiro, que representa
o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, afirmou que a justificativa
para o Ministério Público Federal ter pedido a prisão preventiva de seu
cliente “não tem cabimento” e que, se fosse válida, “Graça Foster
[presidente da Petrobras] também deveria ter tido a prisão decretada”.
Ribeiro diz, ainda, que, se a justificativa não vale para a executiva, “o Ministério Público Federal está prevaricando”.
A presidente da Petrobras, no entanto,
não é alvo da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção
na Petrobras. Cerveró é réu em uma ação penal pelas acusações de
corrupção e lavagem de dinheiro.
VINDO DE LONDRES
O ex-diretor da estatal foi preso na
madrugada desta quarta-feira (14) no Rio, enquanto desembarcava de
Londres, onde passou o fim de ano. Cerveró já está na sede da Polícia
Federal em Curitiba, onde ficará detido.
A Procuradoria justificou o pedido de
prisão pelo fato de Cerveró ter transferido imóveis no Rio de Janeiro
para os filhos, em 2014, e por ter tentado transferir R$ 500 mil para a
filha, em dezembro.
“Não estou imputando culpa a Graça
Foster, mas, se o critério para a prisão de Cerveró foi ter transferido
bens para filhos, o critério tem que valer para Graça, que também doou
imóveis para os filhos. Ela também era da diretoria da Petrobras na
época da compra dos 50% restantes da refinaria de Pasadena, assim como
Cerveró era diretor na compra dos 50% iniciais. As decisões são tomadas
pela diretoria. Se não vale para Graça, o Ministério Público está
prevaricando.”
Procurada por meio da Petrobras, Graça Foster ainda não comentou as declarações.
IMÓVEIS PARA OS FILHOS
No primeiro semestre de 2014, Cerveró
transferiu três imóveis em Ipanema, zona Sul do Rio de Janeiro, para os
filhos. Também nessa época, Graça Foster fez operação igual, ao doar
três imóveis para os filhos, dois deles nos bairros da Ilha do
Governador e do Rio Comprido e outro em Búzios, região dos Lagos.
Na época, a Petrobras justificou que a
presidente havia iniciado as operações de transferência um ano antes e
que não havia irregularidade nelas.
Ribeiro reafirmou que as operações são
normais. “Não há ocultação porque não há laranja. São transferências
para parentes, que poderiam ser revertidas caso fosse constatada
fraude”.
As transferências ocorreram antes de o
TCU (Tribunal de Contas da União) ter iniciado o julgamento do caso da
refinaria de Pasadena, que, segundo o tribunal, resultou em prejuízo de
US$ 792 milhões à Petrobras. Cerveró foi apontado como um dos
responsabilizados. Graça não o foi, mas o TCU já indicou que vai rever o
caso para aumentar a lista de responsáveis.
O advogado afirmou ainda que a tentativa
de Cerveró transferir os R$ 500 mil foi em dezembro, dias antes de o
ex-diretor viajar para Londres, mas acabou não sendo efetuada e
Ribeiro não sabe por qual motivo. “Ele estava com uma filha doente, ia
viajar, e queria tirar o dinheiro de uma aplicação financeira para que
ficasse disponível. É dinheiro proveniente de salários dele, declarado
em imposto de renda. Qual é o crime nisso?”
PRISÃO
Ribeiro afirmou ainda não ter tido
acesso ao teor do decreto da prisão, que, segundo ele, foi assinado
pelo juiz Ricardo Rachid de Oliveira, no plantão da Justiça Federal em
1º de janeiro.
“Cerveró entrou em contato com o
Ministério Público e a Polícia Federal desde o dia 1º de abril do ano
passado e se colocou à disposição, mas nunca foi chamado para prestar
esclarecimento. Se ele acabou de voltar de Londres, está claro que ele
não queria fugir.”
O advogado diz que havia sido acertado
com a Justiça para que Cerveró fosse citado na ação penal nesta
quinta-feira (15), em sua casa em Itaipava, na cidade de Petrópolis
(RJ), região Serrana do Rio.
Ribeiro viajou para Curitiba no início
da tarde e, quando ler o teor do decreto da prisão, entrará com pedido
de Habeas Corpus em Porto Alegre, sede do Tribunal Regional Federal que
atende a região.
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