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Escrito por Carlos Chagas |
Qui, 15 de Janeiro de 2015 07:58 |
Getúlio Vargas e Costa e Silva foram
ditadores, entre alguns outros. Chegaram ao poder pela força.
Governaram, em certos períodos, discricionariamente. Anularam os
poderes Legislativo e Judiciário, um por meio de decretos-leis e da
outorga de uma Constituição fascista, outro baixando o AI-5 e
seguintes. Não interromperam, e não há como supor que ignorassem, a
tortura praticada contra seus adversários. Ambos utilizaram o comunismo
como fantasma para justificar o arbítrio do poder público.
De Costa e Silva será bom não esquecer a
Transamazônica, a ponte Rio-Niterói, o financiamento dos metrôs do Rio
e de São Paulo. Prestigiou a indústria nacional e interrompeu a
política de desnacionalização imposta pelo antecessor. Dedicou-se à
recuperação da malha rodoviária, à estabilidade econômica e à
interrupção da política ditada pelos Estados Unidos, com a recusa do
envio de tropas brasileiras para o Vietnã. Transformou o sistema de
ensino público e incentivou a pesquisa científica.
No final de sua vida, também trágico,
insurgiu-se contra os radicais que o haviam levado a assinar o AI-5,
decidindo acabar com a exceção e o arbítrio. Morreu nessa tentativa,
resistindo aos generais que em seguida implantaram a mais cruel das
ditaduras daquele ciclo. Semanas após o derrame cerebral que o
acometeu, já lúcido, mas sem voz e com poucos movimentos, ouviu de um
auxiliar a pergunta sobre o que pretendia quando, antes de a crise se
consumar, pediu papel e caneta, tentando assinar o nome, sem conseguir.
Por gestos, negou fosse para pagar mais uma prestação do apartamento
que estava comprando. Também negou que era para apostar nas corridas de
cavalo, que apreciava. A pergunta veio certeira: “queria assinar o fim
do AI-5 e a reabertura do Congresso, prevista para dali a uma semana?”
Confirmou a intenção e entrou em pranto convulsivo. Morreu pouco
depois.
MOCINHOS E BANDIDOS
Já se escreveu não estar o mundo
dividido entre mocinhos e bandidos. Todos temos características de uns e
de outros, com exceção do papa Francisco. O tempo passa e a poeira vai
assentando.
Todo esse longo preâmbulo se faz a
propósito de duas aberrações, separadas por mais de cinquenta anos. Nas
horas que antecederam a morte de Getúlio Vargas, seus adversários
davam-no como desmoralizado e já deposto. Assim, no Rio, grupos de
alienados pintaram cartazes de papelão onde se lia “Avenida Castro
Alves”, que colaram sobre as placas da Avenida Presidente Vargas.
Pois agora um energúmeno prefeito de
Taquari, terra natal de Costa e Silva, mandou retirar a estátua em sua
homenagem, numa das praças locais. Tomara que a reponham logo, assim
como foram arrancados os cartazes que pretendiam mudar o nome da
Avenida Presidente Vargas. Até porque, se a moda pegar, não podemos
imaginar o que farão com as estátuas do Lula e de Dilma, daqui a
cinquenta anos…
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