Escrito por Carlos Chagas |
Qua, 18 de Fevereiro de 2015 08:47 |
No Judiciário, mais do que no Executivo e
no Legislativo, age-se por metáforas. Não raro por mensagens cifradas.
Sinais costumam ser enviados nas entrelinhas, que só os iluminados
percebem.
Acaba
de se verificar uma dessas situações. Sem maiores explicações, o
ex-ministro Joaquim Barbosa veio a público pregando a demissão do
ministro da Justiça. Quis atingir que objetivo, além da pessoa do
próprio?
Nos corredores do Supremo Tribunal
Federal, decifra-se o enigma. O polêmico ex-presidente da casa
dirigia-se a seus pares, alertando-os para as conseqüências de
gravíssima decisão capaz de ser tomada nos próximos dias: a libertação
de todos os empreiteiros presos desde novembro em Curitiba!
É o que se trama na mais alta corte
nacional, com a participação do ministro da Justiça. A maioria dos
doutos juristas estaria inclinada a conceder habeas-corpus para os
presos, sob o argumento de que não representam perigo para a ordem
pública e dificilmente fugiriam para o estrangeiro, dado o confisco de
seus passaportes. Pesa na singular determinação o fato de estarem
submetidos a regime carcerário bastante precário, com muitos dormindo
no chão, em colchonetes, por falta de instalações mais convenientes na
Polícia Federal da capital paranaense. Além, é claro, de disporem de
recursos ilimitados para pagamento dos melhores advogados do país.
Some-se, também, o estado psicológico de muitos deles.
Caso se concretize a hipótese engendrada
em surdina, ficará demonstrado que a Justiça, no Brasil, não é a mesma
para pobres e ricos. Os empreiteiros voltariam ao luxo de suas
residências para enfrentar longos processos na primeira instância
federal e depois nos tribunais correspondentes. Apesar da
inflexibilidade do juiz Sérgio Moro, estariam vitoriosos, mais ou menos
como estão, hoje, muitos condenados no processo do mensalão.
BARBOSA VIGILANTE
Joaquim Barbosa, apesar de retirado,
percebeu a trama e dispôs-se a denunciá-la, mas por via transversa.
Mirou no ministro da Justiça certo de atingir seus antigos
companheiros. Presta mais um serviço, ainda que sem certeza de obter
sucesso. No caso, a permanência dos bandidos na cadeia pelo menos até
seu julgamento.
Resta aguardar os próximos capítulos
dessa novela de horror, capaz de desmoralizar a confiança que se vinha
tendo na Justiça, porque os ladrões de galinha continuam submetidos a
maus tratos e sem esperança de receber as benesses da lei. O escândalo
na Petrobras poderá reverter em benefício de seus mentores.
http://formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=30641:os-empreiteiros-poderao-ser-libertados-em-massa&catid=77:politica-economia-e-direito&Itemid=132
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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
OS EMPREITEIROS PODERÃO SER LIBERTADOS EM MASSA
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