Escrito por Carlos Newton |
Qui, 19 de Fevereiro de 2015 08:12 |
A situação é constrangedora. Já tivemos
todo tipo de ministro da Justiça, incluindo um coronel do Exército,
Jarbas Passarinho, que foi alçado ao cargo no governo Collor e assinou a
portaria que deu a um tribo de apenas 4 mil índios um território quase
do tamanho da Itália, que passou a ser internacionalmente conhecido
como a Nação Ianomâmi. Até Renan Calheiros já foi ministro da Justiça,
no governo FHC, e não seria preciso dizer mais nada. Mas as coisas
sempre podem piorar, e nunca antes, na História deste país, houve um
ministro como José Eduardo Cardozo.
Está no governo desde o início do
primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, não existe nada de
positivo em sua gestão, pois assumiu prometendo combater o tráfico de
drogas e de armamentos, e o problema se agravou. Na realidade, José
Eduardo Cardozo tem se notabilizado por prestar bons serviços apenas ao
governo, não ao país. Sua postura é de um serviçal do PT, sempre
disposto a encobrir os crimes cometidos por seu partido e pela base
aliada.
No afã de prestar esse tipo de
colaboração, Cardozo não tem medido esforços e chega a ponto de sujar a
imagem do país no exterior, como ocorreu no inacreditável, abominável e
inaceitável episódio de um pedido que fez ao governo dos Estados
Unidos, na tentativa de limpar a ficha do deputado Paulo Maluf (PP-SP)
na Interpol (Polícia Internacional).
MALUF CONTOU TUDO
Em entrevista ao programa “Poder e
Política”, da TV UOL, apresentado pelo jornalista Fernando Rodrigues, o
próprio Paulo Maluf contou que ele e seu advogado procuraram o
ministro José Eduardo Cardozo algumas vezes para tratar do assunto. E
por coincidência, claro, isso ocorreu justamente depois que Maluf e o
PP aderiram à campanha do petista Fernando Haddad pela Prefeitura de
São Paulo.
No programa de TV, que está disponível
na internet, Maluf revelou que o ministro da Justiça então enviou um
ofício ao governo dos Estados Unidos solicitando que Maluf, foragido da
Justiça americana e procurado pela Interpol desde 2009, fosse ouvido
no Brasil sobre um processo a que responde nos Estados Unidos.
O fato foi confirmado pelo Ministério da
Justiça, que alegou ter encaminhado o pedido porque esta seria uma
praxe a ser seguida quando um cidadão brasileiro faz tal solicitação.
Mas isto não é verdade e jamais existiu tal prática. Pelo contrário, o
caso de Maluf é o único até agora, pois o governo brasileiro nunca
solicitou a nenhum outro país que um criminoso brasileiro, com mandado
de prisão expedido no exterior e procurado pela Interpol, fosse ouvido
no Brasil.
O governo americano, é claro, negou o
pedido do Brasil. E agora o Ministério da Justiça informa que, se outro
criminoso brasileiro solicitar idêntica providência ao governo, também
será atendido, vejam a que ponto chegamos.
AJUDANDO AS EMPREITEIRAS
Agora, o criativo José Eduardo Cardozo
tenta convencer a opinião pública de que é obrigação legal do ministro
da Justiça se reunir com advogados de empresas investigadas pela
Polícia Federal e pelo Ministério Público. Disse que só esteve uma vez
com os advogados, mas reportagens da revista Veja e da Folha de S.
Paulo revelaram que o ministro teve este mês pelo menos três encontros
com defensores da UTC e da Camargo Correia, enquanto O Globo mostrou
mais uma reunião.
Sabe-se que os advogados pediram ajuda
de Cardozo para convencer ministros do Supremo Tribunal Federal a
soltarem os executivos envolvidos no escândalo da Petrobras. Segundo
relato da Folha de S. Paulo, um advogado que participou de um dos
encontros afirmou que o ministro garantiu que o governo usaria seu
poder para ajudar as empresas não só no Supremo, mas também no Superior
Tribunal de Justiça e na Procuradoria Geral da República, para soltar
os 11 executivos que estão presos há meses.
A revista Veja informou que um dos
encontros do ministro foi com o advogado da UTC Sergio Renault e
ocorreu no dia seguinte à decisão do STF de negar nova prisão de Renato
Duque, o ex-diretor de Serviços da Petrobras acusado de ser um dos
principais envolvidos na corrupção.
O ministério confirmou as reuniões, mas
negou que foram tratados assuntos referentes à Operação Lava Jato. Ora,
se não discutiam o Petrolão, o que faziam? Trocavam palpites sobre a
megasena ou o jogo-do-bicho?
A AGENDA SUMIU…
Nos últimos dias, após virar alvo de
críticas, Cardozo disse que não agiu errado, alegou que as autoridades
são obrigados por lei a receberem advogados e disse que seus
compromissos são divulgados na internet. Mas um levantamento da Folha
mostra que a agenda não informa quais foram suas atividades em 80 dos
217 dias de trabalho que ele teve desde a Operação Lava Jato, iniciada
em 17 de março de 2014. A assessoria de Cardozo diz que se trata de uma
falha de computador, ele disse que tirou férias, mas é tudo mentira.
Cardozo também mentiu descaradamente, ao
justificar que existe uma lei que o obriga a receber advogados.
Conforme divulgamos há vários dias aqui na Tribuna da Internet,
com absoluta exclusividade, esta suposta lei jamais existiu. Portanto,
trata-se de um ministro da Justiça que não conhece nem mesmo o
Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94).
Cardozo disse também que os advogados
fizeram petições ao Ministério, mas ele não pode revelar, por estarem
cobertas por sigilo. Mais uma mentira. Não há sigilo legal em
requerimentos ao ministério. Qualquer petição tem de ser protocolada,
ganha uma numeração e qualquer advogado pode ter acesso a ele.
Ou seja, Cardozo é pior do que Jarbas
Passarinho, que era coronel do Exército, assinava portarias absurdas,
mas pelo menos não inventava leis. E o mais triste é saber que um
ministro dessa categoria estava cotado para integrar o Supremo Tribunal
Federal. Agora, o sonho dele acabou. Se Dilma indicá-lo, o Senado
veta, conforme assinalou aqui o comentarista Roberto Nascimento.
http://formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=30655:carnaval-acabou-com-o-sonho-de-cardozo-ir-para-o-supremo&catid=77:politica-economia-e-direito&Itemid=132
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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
CARNAVAL ACABOU COM O SONHO DE CARDOZO IR PARA O SUPREMO
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