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Escrito por Catia Seabra |
Qui, 19 de Fevereiro de 2015 08:12 |
O ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, classificou como autoritários os que criticaram seus encontros
com advogados de empreiteiras que viraram alvo da Operação Lava Jato
da Polícia Federal, que investiga um vasto esquema de corrupção na
Petrobras. Evitando responder diretamente ao ex-ministro do Supremo
Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que criticou os encontros e chegou a
defender sua demissão, Cardozo afirmou que “só na ditadura não se
admite” que um ministro receba advogados. Ele atribuiu a problemas
técnicos as omissões identificadas pela Folha em sua agenda oficial no
site do Ministério da Justiça, que não registra atividades em 80 dias
úteis desde março de 2014.
Folha- Por que sua agenda omite compromissos?
José Eduardo Cardozo – Não
omite. Todos os compromissos oficiais são marcados regularmente. Muitas
vezes, por força da dinâmica do ministério, atividades são alteradas.
Percebemos agora que, por falha do sistema de registro, o agendamento
alterado não foi recolocado no sistema. Há vários dias em branco.
Alguns se referem a férias. Outros a essa falha.
Mas o sr. lembra das vezes em que conversou com advogados das empreiteiras?
Só tive uma audiência para tratar de
questões relativas à Operação Lava Jato. Foi solicitada por advogados
da empresa Odebrecht. Foi realizada dentro do estrito rigor formal. A
empresa me narrou que dentro de seu ver haveria duas irregularidades em
fatos relacionados à operação. Pedi que formalizassem através de
representações. A empresa protocolou formalmente.
Qual o teor dessas petições?
Não posso responder. Tenho que zelar
pelo sigilo legal. Sei que o fato de estar impedido de divulgar todas
as representações faz com que pessoas maldosas especulem sobre o
conteúdo dessa reunião. Não teria sentido que o conteúdo não fosse
estritamente o que estou dizendo, até pelas cautelas formais que foram
tomadas.
Por que maldosas?
Me espanta que, tantos anos depois do
fim da ditadura militar [1964-1985], tantas pessoas achem equivocado
que uma autoridade receba advogados. Como advogado e ministro da
Justiça, eu afirmo: é direito de um advogado ser recebido e eu os
receberei. Só na ditadura isso não se admite. Há pessoas que ainda têm
pensamento ditatorial, que não perceberam que vivemos numa democracia,
sob o império da lei.
O sr. se refere ao ex-ministro Joaquim Barbosa?
A todos que acham que receber advogados é
um erro. Estou me referindo a todos que têm espanto no fato de o
ministro da Justiça receber advogados. Aliás, outro espanto que tenho é
desses advogados que ainda ficam quietos. Advogados que aceitam que a
advocacia seja criminalizada. Como se fossem vilões. Que país seria
esse em que o ministro da Justiça se recusasse a receber advogados? Há
juízes que não recebem. Desrespeitam a lei.
O sr. acha que Joaquim Barbosa cometeu um erro?
O ministro Joaquim Barbosa tem direito
de falar o que bem entende. Não vou polemizar. O que vou dizer é que as
pessoas que têm mentalidade autoritária de criminalizar o exercício da
advocacia não percebem que vivem num Estado de direito. Ao ministro da
Justiça, pouco importa que opinião os cidadãos possam ter disso. Ele
tem que cumprir seu papel. Pouco importa se acham revoltante que
advogados tenham direito de postular. Talvez para alguns nem devessem
existir contraditório, ampla defesa e advogados no mundo. Talvez
preferissem o linchamento.
O sr. tem apoio da presidente?
A presidenta Dilma sempre me deu total liberdade.
E a confiança de seu partido?
Eu nunca vi orientação do PT para que
ilícitos não devessem ser apurados. Há críticas de petistas? Há. Como
há de tucanos por ter mandado investigar o cartel do Metrô em São
Paulo. Não cabe a mim dizer quem deve ser investigado, amigo ou
adversário. Há quem não goste. Vivo uma situação curiosa. Alguns
petistas me chamam de “pelicano”. Vejo outros dizendo que sou
“petralha”, manipulo para acobertar os desmandos do meu partido. É
curioso que dois extremos se toquem numa leitura errada do que deve ser
a postura de um ministro da Justiça.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Cardozo está completamente desnorteado. Seus argumentos são patéticos e improcedentes. Não há obrigação (nem nunca houve) de ministro da Justiça receber advogados. Ele diz que só deu uma audiência, mas foram várias, em diversas oportunidades, relatadas pelos próprios advogados. As falhas em sua agenda não são técnicas e ele não tirou férias. Não há sigilo legal em petições feitas ao ministério, toda petição tem de ser protocolada e ganha uma numeração. Ou seja, não houve petições. É tudo mentira. Uma vergonha nacional. Joaquim Barbosa tem razão, Cardozo deveria pedir para sair. Não tem a menor condição de continuar no ministério. (C.N.)
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