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Escrito por Pedro do Coutto |
Ter, 24 de Fevereiro de 2015 08:36 |
A revista Veja, que se encontra nas
bancas, publica extensa reportagem de Daniel Pereira e Robson Bonin
sobre declarações feitas pelo engenheiro Ricardo Pessoa, presidente da
empresa UTC, desejando ser incluído no rol das delações premiadas à
Justiça Federal. Ele, segundo a matéria, tem muito a afirmar sobre o
esquema de corrupção na Petrobrás incluindo pessoas que receberam
recursos financeiros, ou para suas campanhas eleitorais ou para pagar
despesas pessoais, neste caso citando nominalmente o ex-ministro José
Dirceu.
Ricardo Pessoa afirmou textualmente que a
ajuda a José Dirceu foi feita a partir da simulação de contratos de
consultoria. Mas, a meu ver, a parte mais importante da matéria
refere-se ao encontro que o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo
manteve com advogados de empresas empreiteiras envolvidas na Operação
Lava Jato. Ricardo Pessoa sustenta que recebeu de seus advogados no
processo a informação de que partiu do próprio José Eduardo Cardozo a
iniciativa de procurá-los para uma conversa destinada a tentativa de
fazê-lo desistir do pedido de delação premiada.
Esta afirmação é tão grave, como se
constata, que conduz o ministro da Justiça a ter que rebatê-la, negando
a versão ou então confirmá-la pelo silêncio. Nesta segunda hipótese, o
reflexo político terá que culminar na sua saída do governo. Elio
Gaspari em sua coluna ontem, no O Globo, considerou um fato normal
advogados agirem nos processos, lembrando a extraordinária figura de
Heráclito Sobral Pinto. Sobral Pinto defendeu inúmeros réus acusados
falsamente pela ditadura de Vargas que se estendeu de 1937 a 1945. Mas o
caso é diferente. Sobral Pinto procurou autoridades judiciais, não
ministros de Estado para influir nas defesas que fazia sem cobrar
absolutamente nada dos clientes presos absurdamente.
EXTRAPOLAÇÃO
No caso de Eduardo Cardozo os advogados
extrapolaram o limite das ações judiciais e se deslocaram na busca de
influência política, o que foi contestado pelo ministro aposentado
Joaquim Barbosa e pelo próprio juiz Sérgio Moro. Enquanto não
desmentida a versão de Ricardo Pessoa, o caso reflete também
negativamente para o governo Dilma Rousseff, passando a impressão de
que o Executivo e o PT temem o relato pormenorizado do presidente da
UTC sobre os aspectos principais do vendaval de corrupção que atingiu a
Petrobrás.
Este seria, inclusive, um problema a
mais para Dilma Rousseff, entre tantos que a envolvem, além de outros
que terá ela frente nos próximos dias. Entre estes a apreciação de seu
veto à correção de 6,5% no Imposto de Renda pago na fonte ao longo de
2014. Além deste obstáculo terá que se deparar com a provável reação
contrária do Congresso à Medida Provisória que entre outros itens reduz
em 50% as pensões deixadas por morte pelos segurados.
CRISE COM TEMER
De acordo com reportagem de Natuza Neri e
Andréia Sadi na Folha, ela se depara com dificuldades junto ao PMDB,
que evoluíram para seu afastamento declarado do vice presidente Michel
Temer. Natuza Neri e Andréia Sadi revelam que Temer não é recebido no
Palácio do Planalto desde o momento em que decidiu apoiar a candidatura
de Eduardo Cunha para presidente da Câmara Federal. Essa questão, que
se reflete na não participação de Temer nas reuniões presidenciais já é
suficiente para complicar ainda mais as dificuldades políticas do
governo. Como se observa, os impasses e obstáculos se multiplicam. Como
superá-los, eis a questão essencial e urgente.
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