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Escrito por Pedro do Coutto |
Sex, 30 de Janeiro de 2015 07:48 |
No discurso que marcou a primeira
reunião ministerial de seu segundo governo – reportagem de Fernanda
Kracovics, Luiza Damé e Marta Beck, O Globo edição de 28 – a presidente
Dilma Rousseff afirmou que as restrições a benefícios (na verdade
direitos) sociais são mudanças de caráter corretivo e, acrescentou, não
seria o nosso governo, um governo dos trabalhadores, que iria
revogá-los. Ficou na forma, não se preocupou com o conteúdo. Esta
constatação reflete a enorme dificuldade de, como está no título,
compatibilizar a política econômica proposta por Joaquim Levy com os
direitos dos assalariados.
As controvérsias que surgem são a prova
de que o Executivo encontra obstáculos essenciais pela frente, os quais
não consegue superar, não por sua vontade, mas porque são de
impossível ultrapassagem. Das três uma: ou se tributa o capital; ou o
trabalho; ou se tributa de forma desigual tanto um quanto outro. Digo
de forma desigual porque, na verdade, naturalmente a rentabilidade do
capital é muito maior do que o rendimento do trabalho.
CAPITAL E TRABALHO
Na área do capital, no plano externo,
por exemplo, como acentuou Sofia Fernandes, FSP de 24 de janeiro,
existem gastos externos que merecem investigação e podem ser objetos da
reduções específicas: o caso do pagamento, em 2014, de 22,7 bilhões de
dólares com o aluguel de equipamentos; o desembolso de 14,1 bilhões de
dólares com o pagamento de juros externos; além da saída de 26,7
bilhões de dólares através da remessa de lucros e dividendos aos
acionistas de empresas estrangeiras que atuam no país.
Que equipamentos alugados são esses?
Importante esclarecer, pois é possível que tal valor possa ser
renegociado. Não custa tentar. Da mesma forma as dívidas brasileiras em
dólares, cujos juros – quem sabe? – possam se tornar menores como
reflexo do nível do comércio internacional. É provável que nada disso
aconteça. Mas não quer dizer que tais setores deixem de merecer uma
atenção crítica por parte de Joaquim Levy.
SÓ INTERNAMENTE…
Afinal, quais os motivos de que os
cortes colocados para assinatura de Dilma Rousseff refiram-se
singularmente ao plano interno da economia e não abranjam também a face
externa? Uma lacuna a ser preenchida na forma com que age a equipe
econômica, por isso mesmo sublinhada por avanços e recuos sucessivos.
Ao quais, aliás, não foram só dos ministros Nelson Barbosa e Joaquim
Levy, mas principalmente da própria presidente da República. Cortar à
metade as pensões deixadas por morte de trabalhadores e servidores
públicos constitui exemplo marcante de uma desarticulação constante.
Um outro fato concreto. O déficit na
conta turismo. Atingiu 18 bilhões de dólares no exercício passado.
Saíram 25 bilhões, entraram apenas 7. Francamente, acho que o Rio é a
cidade mais atingida: balas perdidas fatais estão virando macabra
rotina. O fenômeno, por sua força, repercute no exterior. Os turistas
estrangeiros, como é lógico, diminuem cada vez mais. A segurança na
cidade é um desastre.
http://formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=30445:dilma-nao-consegue-conciliar-cortes-nas-contas-e-direitos-sociais&catid=77:politica-economia-e-direito&Itemid=132
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