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Escrito por Carlos Newton |
Ter, 03 de Fevereiro de 2015 07:14 |
Na semana, passada mostramos aqui na Tribuna da Internet
a ponta do iceberg do chamado caso Friboi (do grupo JBS), que há mais
de um ano vem mantendo uma bilionária campanha publicitária, com
divulgação diária na mídia impressa e televisionada, inserindo anúncios
em espaços e horários nobres e pagando cachês altíssimos a artistas
consagrados como Tony Ramos, Fátima Bernardes e Roberto Carlos, que
depois suspendeu as aparições porque há décadas é vegetariano.
Causa enorme estranheza a divulgação
massiva de uma marca que jamais fez publicidade e cresceu nos
bastidores do poder, movida pelo apoio direto do BNDES. A empresa foi
criada pelo fazendeiro goiano José Batista, que em 1953 abriu em
Anápolis um pequeno açougue, a Casa de Carnes Mineira, especializada em
vender carne de sol.
Com a morte do fazendeiro, seus três
filhos assumiram os negócios, que tiveram crescimento espantoso a
partir do governo Lula e já conseguiu se tornar o maior exportador de
proteína animal do mundo, com abate de carne bovina, ovina, suína,
caprina e avícola, passando a atuar também em outras áreas do setor
alimentício, ostentando hoje as marcas Swift, Doriana, MassaLeve,
Lebon, Pilgrim’s, Seara, Vigor, Rigamonti, Fiesta, Flora, Rezende,
Excelsior, Texas Burger, Pena Branca, Wilson, Frangosul e Agrovêneto.
Evidentemente, o objetivo dessa
megapublicidade não tem cunho comercial. Se o grupo familiar Friboi,
sem fazer propaganda de espécie alguma, em poucos anos conseguiu operar
na casa das dezenas de bilhões de reais e já ultrapassou o patamar dos
100 bilhões de faturamento/ano, o que justificaria esse esbanjamento
de recursos numa massiva campanha publicitária diária e verdadeiramente
espantosa?
COMPRANDO A MÍDIA
No artigo anterior, já explicamos aqui
na Tribuna da Internet que desde o início de 2012 o grupo dos irmãos
Batista (José Júnior, Joesley e Wesley) vem sendo comandado por
Henrique Meirelles, ex-presidente do BankBoston e do Banco Central e
que já se tornou acionista do Itaú. Esse “investimento” em propaganda
foi autorizado diretamente por Meirelles e o objetivo é amansar a
grande mídia, para desestimular reportagens investigativas que possam
revelar a verdadeira estória desse surpreendente sucesso empresarial.
Coincidentemente, a espalhafatosa
campanha publicitária foi iniciada quando começaram a surgir as
primeiras notas e reportagens denunciando a generosidade do BNDES, que
não somente financiou o grupo Friboi, mas também fez questão de se
acionar diretamente a ele, por meio de compra de ações em massa. Na
gestão petista, o BNDES já emprestou à JBS R$ 2,5 bilhões (diretamente
ou com intermediação de outros bancos) e comprou R$ 6,17 bilhões em
ações do grupo, que equivalem a 28,69% do capital.
COMPRANDO POLÍTICOS
Outra coincidência: Além de atuar no
controle da mídia, Meirelles também transformou a holding J&F na
maior patrocinadora da política nacional, doando R$ 366,8 milhões aos
candidatos em 2014, seguida da empreiteira Odebrecht , que doou R$ 111
milhões, e do Bradesco, com cerca de R$ 100 milhões.
Segundo reportagem de Leandro Prazeres,
no site UOL, o generoso grupo já doou a candidatos e partidos cerca de
18,5% de tudo o que recebeu do BNDES em financiamentos e venda de ações
entre 2005 e 2014, com PT, PMDB e PSDB aparecendo como os mais
beneficiados.
O repórter Leandro Prazeres mostrou que o
comprometimento com doações a políticos é tão grande que, somente para
a eleição de 2014, a empresa doou 39,56% de todo o seu lucro líquido
registrado em 2013, que foi de R$ 926,9 milhões. É como se, a cada R$
100 de lucro, a JBS doasse R$ 39,56 para os caixas de campanhas de
partidos e candidatos.
Já mostramos aqui na Tribuna da Internet
que é generosidade demais, motivando justificadas suspeitas de
sonegações e graves irregularidades contábeis, porque o Bradesco,
terceiro colocado, doou apenas 0,83% de seu lucro líquido em 2013, que
foi de R$ 12 bilhões. Como se sabe, o lucro líquido é a diferença
entre o que a empresa faturou e os seus custos operacionais (salários,
tributos, impostos, juros, amortizações etc.).
SONEGANDO À VONTADE
Referentes a 2013, são surpreendentes os
números do último balanço do grupo Friboi, que se orgulha de ter
subsidiárias na Argentina, nos Estados Unidos e na Austrália. A receita
líquida consolidada atingiu R$ 92,902 bilhões, já suprimidos
devoluções de vendas, descontos comerciais e impostos incidentes sobre
vendas, conforme as regras da Receita Federal. Mas o lucro líquido
declarado foi de apenas R$ 926,9 milhões, ou seja, lucrou menos 1% da
receita líquida, índice bastante inferior ao faturamento bruto (que o
site do Friboi estrategicamente não revela, ao exibir os números do
último balanço anual).
Esse lucro bem inferior a 1% significa
que ou o grupo Friboi está em má situação financeira ou sonega impostos
à vontade. Não é admissível e aceitável que o maior exportador mundial
de proteína animal, que já ultrapassou faturamento de R$ 100 bilhões
nos últimos 12 meses, esteja obtendo apenas essa ridícula margem de
lucro, mas se dê ao desplante de subtrair dividendos dos acionistas (em
especial, o BNDES), para generosamente doar à classe política cerca de
40% desse lucro ínfimo. E, ainda não satisfeito, o grupo gasta outra
expressiva parcela do lucro numa campanha publicitária inútil, pois
destinada ao consumidor final, que nem sabe onde comprar carne do
Friboi.
Detalhe: em Goiás, o JBS responde a 49
autos de infração aplicados pela Secretaria da Fazenda nos últimos 9
anos, no total de R$ 1,3 bilhão, a maioria por sonegação de ICMS
(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na exportação de
carne bovina.
Ao comandar esta grotesca fraude, o
cidadão Henrique Meirelles demonstra que jamais poderia ter exercido
cargo público no Brasil. Decididamente, não tem o menor interesse pelo
país e por seu povo, pois é movido exclusivamente pela ganância. Mas é
certo que logo, logo ele estará desmascarado e a mídia então vai
descobrir o verdadeiro motivo do engavetamento (ou arquivamento) dos
processos contra ele movidos pelo Tribunal de Contas da União, antes de
ser presidente do Banco Central.
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