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Escrito por Edson Sardinha |
Ter, 03 de Fevereiro de 2015 07:14 |
Cinco dos mais poderosos setores da
economia brasileira financiaram a maior parte da campanha dos
candidatos à presidência da Câmara nas eleições de outubro. Empresas de
mineração, indústrias de bebidas e alimentos, instituições financeiras
e construtoras foram responsáveis por 65% das contribuições declaradas
pelos postulantes ao comando da Casa. Os beneficiários foram os
deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Júlio
Delgado (PSB-MG). Chico Alencar (Psol-RJ), o quarto concorrente, foi o
único a informar à Justiça eleitoral que não recebeu qualquer centavo
de empresas. Todas as suas doações vieram de pessoas físicas, inclusive
dele próprio e de assessores.
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Chinaglia recebeu R$ 150 mil da UTC e R$
262,5 mil da Andrade Gutierrez. Esta também doou R$ 80 mil para Júlio
Delgado. O deputado mineiro ainda recebeu R$ 100 mil da Queiroz Galvão
Alimentos, que faz parte do grupo liderado pela empreiteira de mesmo
nome. Não há nenhuma acusação de envolvimento desses parlamentares com
as irregularidades investigadas; as doações foram legais e estão
registradas na Justiça eleitoral.
MINERAÇÃO
Entre os candidatos, Eduardo Cunha foi o
preferido do setor da mineração, que fez contribuições mais modestas
para Chinaglia e Delgado. Dono da segunda campanha mais cara entre os
513 eleitos em outubro, segundo o TSE, o peemedebista foi agraciado com
R$ 1,7 milhão de mineradoras. Isso representa 25% dos R$ 6,8 milhões
declarados pelo deputado à Justiça eleitoral. Só Iracema Portella
(PP-PI), com R$ 7 milhões, informou ter arrecadado mais do que ele em
toda a Câmara.
Acusada na Operação SOS Cerrado, em
2009, de integrar a chamada máfia do carvão, em Minas Gerais, a Rima
Industrial Ltda., líder na produção e comercialização de ligas à base
de silício no Brasil, foi a principal financiadora de Eduardo Cunha,
empatada com a CRBS, da Ambev. Cada uma delas repassou R$ 1 milhão ao
peemedebista.
A Rima, que também doou R$ 100 mil para
Chinaglia, foi alvo de um procedimento administrativo tributário que
resultou na autuação do grupo em R$ 191 milhões. O caso levou o
deputado Bernardo Santana (PR-MG), aliado de Cunha, a virar réu no
Supremo Tribunal Federal (STF). Bernardo era diretor do grupo,
pertencente ao seu sogro, quando a empresa foi acusada de fornecer
carvão vegetal extraído de mata nativa para empresas siderúrgicas de
Minas Gerais. O processo, no entanto, acabou derrubado pelo próprio
Supremo, que acolheu recurso do deputado, que questionava a legalidade
da operação, iniciada pelo Ministério Público.
Além da Rima, a Mineração Corumbaense
Reunidas S/A, controlada pela Vale e sediada em Mato Grosso do Sul,
doou R$ 700 mil para Eduardo Cunha. A mineradora também repassou R$ 200
mil para Chinaglia.
(artigo enviado pelo comentarista Guilherme Almeida)
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