|
|
|
Escrito por Roberto Nascimento |
Qua, 18 de Fevereiro de 2015 08:47 |
A política não é o palco ideal para
amadores. E foram amadores que conduziram a fracassada candidatura do
deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) para concorrer à presidência da
Câmara contra o evangélico Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que estava em
campanha há pelo menos um ano, se preparando para o embate com o PT
pelo comando da casa legislativa. Pois bem, o PT lançou Chinaglia de
última hora, no afogadilho. O experiente deputado paulista
(ex-presidente da Câmara Federal e vice na gestão de Henrique Eduardo
Alves, o último presidente) então foi para o sacrifício e perdeu.
![]()
O eleito estava com gosto de sangue na
boca. Em menos de 15 dias conseguiu impor seguidas derrotas ao governo,
como a votação do Orçamento Impositivo, a eliminação do PT dos cargos
da Mesa Diretora, a criação de dificuldades para fusão de partidos
(prejudicando o Planalto e o PSD de Kassab) e a formação de CPIs
incômodas para o governo – tudo, enfim, nitroglicerina pura, ainda no
início da legislatura.
GOVERNO ACUADO
Entretanto, a corda já esticou demais e o
PMDB não é o partido do confronto. Pelo contrário, o PMDB sempre deu
sustentação aos diferentes governos, desde a Nova República, atuando
nos bastidores do Poder para dividir responsabilidades e cargos na
máquina pública.
Acuado, o governo acuado logo pediu o
armistício, a bandeira branca, erguida pelo próprio Lula, que
determinou à presidente Dilma que se entenda com o PMDB. Ou seja, o
Planalto entregará os anéis ao grupo de Eduardo Cunha, para preservar
os dedos.
O conselho de Lula para que Dilma chame o
presidente da Câmara para conversar está correto, porém trata-se de
medida de curto prazo, destinada a amenizar as relações atuais e dar o
fôlego necessário para o governo emplacar as medidas de ajuste fiscal e
enfrentar a crise econômica crescente, fruto dos erros cometidos em
2014.
INSTINTO DE SOBREVIVÊNCIA
No entanto, novas escaramuças podem
ocorrer, pois o instinto de sobrevivência dos políticos é muito aguçado
e baseia-se no humor do eleitorado. Pode não parecer ao menos avisado,
mas a opinião pública é o norte da classe política e eles não lutam
contra os ventos.
Em meio a tudo isso, o vice Michel Temer
pode ser a próxima pedra no tabuleiro a ser engolida pelo rei. A
acumulação de responsabilidades como vice-presidente da República e
presidente do PMDB é um impeditivo do crescimento do Partido, segundo
os parlamentares em torno de Cunha. O PMDB deseja alçar voos maiores e
mira uma cabeça de chapa em 2018 lançando candidatura própria.
A sorte está lançada e muita coisa vai
mudar. Preocupa-me, na atual quadra democrática, um viés conservador de
alta potência, destinado a virar a página ao contrário, ou seja, rumo a
um forte governo de direita, para contrapor o que acham ser um governo
de esquerda, o atual. Pura ilusão, de esquerda o PT está muito longe
de ser de esquerda, nem dá para entender aquilo que o partido
efetivamente é.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário