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Escrito por João Gualberto Jr. |
Ter, 24 de Fevereiro de 2015 08:36 |
No ano passado, o Datafolha apontou que
cresce a quantidade de brasileiros contrários ao voto obrigatório.
Segundo pesquisa divulgada nesse fim de semana, 61% defendem a
participação voluntária. Esse é o índice mais alto na série histórica
do instituto, que, em 2006, apurou 50% dos eleitores defendendo o voto
facultativo, e 48% em 2010. Há argumentos bons dos dois lados, e também
são dúbias e um tanto paradoxais as informações do Datafolha que
sustentam essa tendência. Ao mesmo tempo em que parece denotar
desenvolvimento cívico do país, também soa como sintoma de descrença.
HÁ CONTROVÉRSIAS
Apesar dos 57% que abdicariam de seu
direito, não é possível dizer que a eleição facultativa por si sempre
leva a menores índices de adesão. No México, por exemplo, se dá o
contrário: o voto lá é obrigatório, e a participação não passa de 60%. O
dado é disponibilizado pelo “Institute for Democracy and Electoral
Assistance”. Ainda segundo as informações da entidade, entre as nações
com voto facultativo, a adesão nos Estados Unidos é das mais baixas
entre as chamadas democracias desenvolvidas: foi de 67% na reeleição de
Obama, em 2012, e está em queda. No entanto, na Alemanha e na França,
os eleitores que comparecem superam 70% e 80% do total,
respectivamente. Para se ter ideia, o nível de abstenção nesses dois
países é o mesmo do Brasil e da Argentina, onde votar é obrigação.
Grosso modo, há uma relação entre o grau
de maturidade de uma democracia e o fato de o Estado coagir o cidadão a
escolher seus representantes. O último país desenvolvido a abandonar
essa experiência foi a Itália, em 1992. Naquele ano, 87% dos eleitores
italianos foram às urnas, e em 2013, já desobrigados, participaram 75%,
o que descreve uma redução nem tão significativa assim.
Não parece ser a obrigatoriedade,
portanto, que determina a participação e legitima os resultados.
Explica mais, talvez, o grau de interesse do cidadão. Um dado do
Datafolha confirma isso: a maior parte dos eleitores que têm uma
identificação mais nítida com PT e PSDB (que vêm polarizando as
disputas presidenciais) disse que votaria mesmo não sendo obrigada.
Logo, pode ser bom que o sistema eleitoral mude, mas mais urgente deve
ser a transformação do sistema partidário brasileiro. (transcrito de O Tempo)
http://formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=30710:votar-deve-ser-facultativo&catid=77:politica-economia-e-direito&Itemid=132
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