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Escrito por Marcio Garcia Vilela |
Ter, 10 de Março de 2015 09:00 |
Se fosse o caso de cobrar
responsabilidades pelo imbróglio em que meteram o país, que não se
aponte o dedo para parte do eleitorado, destituído de noções básicas
sobre o regime democrático e o processo eleitoral, pois o
pronunciamento das urnas nas eleições de outubro dificilmente seria
outro. Contudo, escolha houve, por mais que se possa criticá-la, no
âmbito de uma série de fatos e circunstâncias que se juntaram para
induzir uma consequência que se aproxima do desastre, repetida e movida
por uma das maiores operações de engodo no segundo turno.
Lula, de um lado, e o marquetismo
político desvairado, de outro, cumpriram bem a operação sinistra a que
se propuseram realizar. Lula pelo autoritarismo político, primário e
ignorante. Falo da velha história do candidato do bolso do colete,
invariavelmente danoso e, no campo político, antidemocrático e
deseducador. O que me aprofunda a convicção do despreparo do
ex-presidente é a incapacidade que deixa escapar de avaliador canhestro
das pessoas e do comportamento humano.
DOUTORA DILMA
De fato, chefe de governo por oito anos,
teve a acompanhá-lo por esse longo período a doutora Dilma, como
ministra de Estado. Na segunda vez, deslocou-a para uma pasta difícil,
que exige do titular segura sensibilidade política e um mínimo de
intimidade com o presidente da República que permita conhecer, com
relativa profundidade, aspectos fundamentais da sua personalidade, da
sua maneira de reagir diante de situações de preocupante gravidade, o
que é quase o dia a dia do exercício das funções.
Exerci o cargo no governo Aureliano
Chaves, claro que no âmbito de atribuições muito mais limitadas, e sei o
que implica manter o equilíbrio, a ponderação, tendo em vista as
especificidades do fato político vis-à-vis ao fato administrativo.
APENAS GERENTONA
Reações destemperadas, temperamento
irascível, impaciência, falta de educação, incontinência jamais são
compensadas com eficiência ou com os atributos da “gerentona”, que, ao
contrário do anunciado e proclamado pelo dono do colete, nunca chegaram
sequer a ser percebidos pelos governados. A razão é simples: o ser
enérgico, o saber exercer, sem perder a lhaneza, o princípio da
autoridade, é inestimável característica dos estadistas. Churchill foi o
maior deles no século XX. Não chegaria a essas alturas se não
conseguisse diferenciar o tom e o comportamento para uma conversa
reservada de uma declaração pública.
A presidente Dilma está numa
encruzilhada da sua vida e do país que dirige. Tem de saber sempre
fitar os Andes, mesmo pequena, em sua condição humana.
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