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Escrito por Vicentini Barroso |
Ter, 10 de Março de 2015 09:00 |
Não é só o Supremo Tribunal Federal
(STF) que se ressente da falta dum Joaquim Barbosa. É o Brasil! Seu
forte temperamento não foi capaz de apagar da memória do povo
brasileiro a figura do juiz atuante, em busca duma justiça imparcial,
quão incondicional.
O tempo corre, as pessoas passam, os
escândalos se renovam, mas o exemplo fica! Pedra de tropeço de ontem,
Barbosa deixou pegadas, objetivas e subjetivas. Objetivamente,
permanece a integridade de caráter – noutras pessoas (aqui, o cunho
subjetivo daquele legado).
É o caso de Sergio Moro, juiz federal à
frente da Operação Lava Jato, no escândalo da Petrobras. Firme na
condução desse intrincado processo, como o Barbosa de outrora, fere
interesses poderosos – de agentes privados, públicos e de seus
advogados. Por isso, também tem um preço a pagar.
Assim o é com quem se fie,
exclusivamente, nas pressões da própria consciência, ciente daquilo que
lhe cabe fazer. O “erro” de Barbosa, se assim pudermos referir, foi
ter abandonado o barco em meio à tempestade, quando, como timoneiro,
haveria de nele ficar – até o fim (a bem do Brasil)!
Porém, isso não lhe tira o mérito do
caminho percorrido, a servir de bússola a outros vanguardeiros do
Judiciário, dos quais Moro é apenas um exemplo. Mesmo numa sociedade
como a nossa, permeada pelo que há de moralmente pior, aqui, ali,
acolá, espocam personalidades que se ornem da virtude e se ufanem da
honra.
Assim, nem tudo está perdido – apesar do
ambiente institucionalmente hostil, a pressagiar dias inda piores. De
fato, enquanto vívidos os bons exemplos, há luz no fim do túnel. Embora
momentaneamente imersos no lamaçal da corrupção, estejamos certos de
que há quem, intocado, se encarregue do duro serviço de limpeza.
Quem comprometido com o erro não se
ajusta ao acerto. Naturais, pois, as críticas à atividade
jurisdicional, de cunho legal, de Sergio Moro, sucessor do legado de
Joaquim Barbosa e na ordem do dia das coisas do Judiciário Nacional.
Há quem o diga torturador, a lhe
ultrajar a dignidade e honra funcional, quando não passa de fiel
cumpridor do Direito a serviço da Justiça – pois que a prisão
preventiva e a chamada delação premiada, a par de sua função
moralizadora, têm base na lei.
De se observar, contudo, donde provêm as
críticas – daqueles comprometidos com interesses que não são os da
Justiça e do povo brasileiro, sob o guante dos saqueadores dos cofres
públicos e à distância de direitos elementares como saúde, segurança,
educação, previdência, transporte, etc., situação diretamente
decorrente da desbragada corrupção do país.
O estado é de caos e acinte! Todos os
limites foram superados. A falta de vergonha é pedra de toque nesta
sociedade de valores invertidos, quase sem mais valor. Mesmo nesse
cenário, quem se desvie do bom caminho há de responder, seja de que
raça e cor forem, da condição social que sustente ou do partido
político que integre.
Acima de tudo, o Estado Democrático de
Direito, o primado das leis, a se contraporem à bagunça estabelecida à
custa do sofrimento de parte considerável da população brasileira.
Àquele que cumpre seu dever de ofício, a
zelar pelo interesse público, descabe crítica fundada. Afinal, temos
leis. Se, a critério de quem de direito, não são as melhores, que se as
mudem. O que não se pode admitir é a tentativa de desmoralização da
imagem do magistrado, apenas porque não se está a conduzir segundo a
conveniência dos poderosos.
Em última análise, busca-se enfraquecer o
Poder Judiciário, reduto maior da cidadania e da hoje fragilíssima
democracia brasileira. Acima de qualquer coisa, de se preservar a já
desorientada população do Brasil, a não dispensar respeito e proteção.
Reprovável, pois, qualquer influência
política/econômica nas coisas da Justiça. E, para isto, hão de existir
os Barbosas e os Moros da vida (ou quem se lhes assemelhe), de forma a
brecar as investidas prejudiciais aos destinos da nação brasileira.
Esperemos, assim, confiantes, continue
Sergio Moro a se ombrear a Joaquim Barbosa, levando a bom termo a
melhor aplicação do Direito, na consagração definitiva da verdadeira
justiça.
http://formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=30864:o-juiz-sergio-moro-e-o-legado-de-joaquim-barbosa&catid=77:politica-economia-e-direito&Itemid=132
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