Escrito por Carlos Newton |
Ter, 10 de Março de 2015 09:00 |
Foram comoventes as tentativas do
procurador-geral Rodrigo Janot e do ministro-relator Teori Zavascki
para blindar a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, mas a
sujeirada é tamanha que não dá mais para segurar, como dizia o
compositor Gonzaguinha. Agora, é só uma questão de tempo, porque a
Justiça brasileira transita por caminhos tortuosos e surpreendentes.
Ao contrário do que se pensa, os
processos mais importantes da Operação Lava Jato não serão os que
tramitam em foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal
(parlamentares federais) e no Superior Tribunal de Justiça
(governadores). As ações principais serão exatamente as que estão sendo
devolvidas pelo Supremo para a Justiça Federal de primeira instância
em Curitiba.
Alguns indiciados da maior importância,
como o tesoureiro petista João Vacarri Neto, o ex-ministro Antônio
Palocci, o lobista Fernando Soares, o doleiro Alberto Youssef, os
executivos e diretores de empreiteiras e muitos outros, não têm foro
privilegiado. Portanto, serão investigados e julgados pelo juiz
federal Sérgio Moro na mesma 13ª Vara Federal de Curitiba, onde tudo
começou, não existe blindagem política e a verdade dos autos poderá
prevalecer.
CESSAR-FOGO TEMPORÁRIO
O fato é que o procurador-geral da
República Rodrigo Janot conseguiu um cessar-fogo temporário para Dilma
Rousseff, sob o cínico argumento de que não se poderia investigá-la por
“atos estranhos ao exercício de sua função” de presidente da
República. O ministro Teori Zavascki, é claro, rapidamente concordou
com essa criativa interpretação jurídica e colocou Dilma Rousseff sob a
proteção de sua toga ministerial.
Mas tudo tem limite. Nem Janot nem
Zavascki conseguiram evitar que prosseguissem as investigações sobre a
arrecadação de recursos para a campanha presidencial do PT, tendo como
base a atuação do ex-ministro Antonio Palocci, que coordenou a campanha
de Dilma com apoio do tesoureiro João Vaccari Neto, que se encarregava
pessoalmente de arrecadar as propinas, digo, doações.
Zavascki teve o cuidado de não
determinar expressamente a abertura de um inquérito, para que a
investigação da campanha possa ocorrer inicialmente em um procedimento
preliminar. Este pedido para apurar a atuação de Palloci já foi
remetido para Curitiba e o juiz Moro vai dar prosseguimento aos
trabalhos, com apoio da força-tarefa do Ministério Público e da Polícia
Federal. Vai ser uma festa.
DILMA CITADA VÁRIAS VEZES
Como se sabe, o nome de Dilma Rousseff
foi citado em depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
Paulo Roberto Costa. Na delação premiada, ele contou que foi procurado
pelo doleiro Alberto Youssef em 2010. Na ocasião, Youssef disse-lhe ter
recebido um pedido de Palocci para que fossem doados à campanha de
Dilma R$ 2 milhões do caixa do PP, abastecido com recursos desviados da
Petrobras.
Costa admitiu ter autorizado a contribuição e relatou que, posteriormente, Youssef confirmou que repassou a quantia solicitada.
O doleiro, porém, desmentiu Costa num
detalhe, negando que Palocci tivesse pleiteado a doação. Youssef
declarou “categoricamente que esta afirmação (feita por Costa)
não é verdadeira”. Mas esta contradição pode ser facilmente desfeita,
porque Costa, ao depor, não esclareceu se o pedido foi feito
diretamente por Palocci, Vaccari ou outro dirigente petista.
O PLANALTO SABIA…
Houve outra citação de Dilma, que o
próprio procurador Janot registrou num ofício a Zavascki, em 16 de
dezembro, ao mencionar que o doleiro Alberto Youssef disse que o
“Palácio do Planalto” sabia de “determinados fatos” sob investigação na
Operação Lava Jato. O procurador acrescentou que, ao ser indagado
sobre quem seria o “Palácio do Planalto”, Youssef citou o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff e seis
ex-ministros do governo Lula (Gilberto Carvalho, Ideli Salvatti, Gleisi
Hoffmann, Antonio Palocci, José Dirceu e Edison Lobão).
Surpreendentemente, o procurador-geral
concluiu que a referência a essas pessoas não poderia gerar
“automaticamente providência de investigação direta”, pois quanto a
eles “não há nenhuma indicação sequer de um dado que permita essa
conclusão” de que eles sabiam realmente do esquema na Petrobras. E o
ministro Teori Zavascki logo embarcou nessa canoa, que o juiz Sérgio
Moro em breve nos dirá se está furada ou não.
http://formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=30863:juiz-moro-agora-vai-investigar-palocci-vaccari-dilma-lula-etc&catid=80:denuncia&Itemid=131
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sexta-feira, 20 de março de 2015
JUIZ MORO AGORA VAI INVESTIGAR PALOCCI, VACCARI, DILMA, LULA ETC.
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