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Escrito por Carlos Newton |
Ter, 24 de Março de 2015 08:57 |
Ao responder duramente aos ataques que
sofreu na CPI da Petrobras, o procurador-geral Rodrigo Janot aprofundou
a crise e comprou uma briga feia com a Câmara Federal. O quadro se
agravou porque Janot, num inflamado discurso durante uma reunião do
Ministério Público Federal, procurou dar a entender que não é o
relatório dele que está sendo atacado por parlamentares, mas a atuação
da própria Procuradoria-Geral da República.
Esta afirmação de Janot significa uma
clamorosa distorção dos fatos. O problema que criou com seu relatório
sobre os pedidos de abertura de inquérito é exclusivamente dele. A
Procuradoria-Geral da República nada tem a ver com isso, até hoje não
houve a menor crítica ao Ministério Público Federal. Todos os ataques
dos parlamentares foram dirigidos exclusivamente a Rodrigo Janot, que
na chamada undécima hora, tenta conseguir o apoio dos demais
procuradores, alegando que é a instituição que está sendo atingida, e
não apenas ele.
RECORDAR É VIVER
Não foi a Procuradoria-Geral da
República, como instituição, que manteve dois encontros secretos com o
ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, fora da agenda dos dois, em
plena efervescência da operação Lava Jato.
Também não foi a Procuradoria-Geral da
República, como instituição, que vazou ao Planalto a informação de que
os presidentes da Câmara e do Senado constavam da lista dos
parlamentares que seriam submetidos a inquérito, um assunto que estava
submetido a segredo de Justiça.
Por fim, não foi a Procuradoria-Geral da
República, como instituição, que encaminhou ao Supremo um relatório
altamente contestável, porque tratou de forma desigual os diversos
parlamentares citados nos depoimentos da operação Lava Jato, fazendo
com que surgisse uma forte reação no Congresso, liderada por Eduardo
Cunha, que foi a CPI e apontou estas contradições, recebendo apoio de
grande número de deputados, entre os quais o próprio líder do PT, Sibá
Machado.
Estes três atos isolados foram cometidos
pessoalmente pelo procurador-geral Janot, o Ministério Público
Federal, como instituição, jamais poderá ser responsabilizado nem
criticado. Ao contrário, a atuação da Procuradoria tem sido exemplar. E
o problema somente surgiu porque Janot não respeitou o extraordinário
trabalho da força-tarefa formada pela regional paranaense da
Procuradoria e pela Polícia Federal, preferindo dar “interpretação
pessoal” aos autos.
RELATÓRIO POLÍTICO
Esperava-se do procurador Janot um
relatório técnico e independente, mas sem a menor dúvida seu parecer
teve fortes pinceladas políticas, em benefício de uns e em detrimento
de outros. Este fato é inegável.
Em seu discurso diante dos integrantes
da Procuradoria da República em Brasília, vejam bem o desafio que Janot
fez ao Congresso: “Não vou permitir que, neste momento da vida
funcional, interesses vis ou preocupações que estejam além do Direito
influenciem o meu agir. Garantirei o exercício independente do
Ministério Público”, disse ele, como se os parlamentares
estivessem defendendo interesses escusos ao criticar erros existentes
no parecer do procurador-geral.
Todos nós cometemos erros, mas pessoas como Janot não sabem admitir. Da tribuna do Senado, nesta segunda-feira, o senador
Fernando Collor (PTB-AL) bateu pesado no procurador-geral, dizendo que
ele não tem “estatura moral” para comandar o Ministério Público.
Incluído na lista de investigados na Lava Jato, Collor afirmou que
Janot faz “chantagem” e descumpre leis ao exercer sua função de chefe
da Procuradoria.
Collor foi o primeiro, muito outros o seguirão. É briga de cachorro grande, como se dizia antigamente.
http://formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=31001:procurador-janot-comprou-uma-briga-feia-com-os-parlamentares&catid=80:denuncia&Itemid=131
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