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Escrito por Claudio Dantas Sequeira |
Qua, 04 de Março de 2015 08:43 |
Dono de estilo reservado e hábitos
simples, o juiz da vara federal de Curitiba entrou para a história do
País ao levar executivos de empreiteiras para a cadeia e se mostrar
implacável no combate à corrupção na política. Sempre que alguém o
compara com Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal,
Sérgio Moro desconversa. Ou melhor, silencia.
O juiz da 13ª vara federal criminal de
Curitiba, que ganhou notoriedade à frente das investigações da Operação
Lava-Jato, não gosta desse tipo de comparação nem de especulações
sobre o seu futuro. Há alguns anos, rejeitou sondagens para se tornar
desembargador, o que para muitos é degrau natural para galgar a última
instância do Judiciário. Moro afastou-se da oferta por desconfiar de
tentativa de cooptação por parte de um figurão da política nacional que
temia virar réu num inquérito que chegou à sua mesa.
Não fosse isso, ele daria outro jeito de recusar a oferta por acreditar que ainda há muito o
que fazer na primeira instância. Eleito por IstoÉ o “Brasileiro do Ano”, Moro não mostra sedução pelo poder da toga. De hábitos simples, ele faz parte de uma rara safra de juízes que encararam a magistratura como profissão de fé.
NUM VELHO FIAT IDEA…
Não dá entrevista, nem posa para fotos.
Dispensa privilégios. Vai para o trabalho todos os dias a bordo de um
velho Fiat Idea 2005, prata, bastante sujo e repleto de livros
jurídicos empilhados no banco de trás. Antes, chegou a ir de
bicicleta.“Quando eu chego aos lugares, ninguém imagina que é o Sérgio
Moro”, conta, sorrindo.
Apesar de ter se tornado o inimigo
número 1 de poderosos, prefere andar sem guarda-costas. Quem sempre
reclama é a esposa, a advogada Rosângela Wolff de Quadros Moro,
procuradora jurídica da Federação Nacional das Apaes, instituição
dedicada à inclusão social de pessoas com deficiência. A “sra. Moro”
teme pela segurança do marido, e dela mesma, afinal o magistrado se
mostrou implacável com a corrupção ao encurralar integrantes do governo
do PT e levar, numa ação inédita, executivos das maiores empreiteiras
do País à cadeia.
MESTRE E DOUTOR
Nascido em Ponta Grossa há 42 anos, Moro
é filho de Odete Starke Moro com Dalton Áureo Moro, professor de
geografia da Universidade de Estadual de Maringá – morto em 2005. Antes
de ingressar na magistratura, seguiu os passos do pai. Integrou o
mesmo Departamento de Geografia da UEM e também deu aula nos colégios
Papa João XIII e Dr. Gastão Vidigal. Obteve os títulos de mestre e
doutor em direito do Estado pela Universidade Federal do Paraná. Seu
orientador foi Marçal Justen Filho, um dos mais conceituados
especialistas em licitações e contratos.
Cursou o Program of Instruction for
Lawyers na prestigiada Harvard Law School e participou de programas de
estudos sobre lavagem de dinheiro no International Visitors Program,
promovido pelo Departamento de Estado americano. Moro criou varas especializadas em crimes financeiros na Justiça Federal e traz no currículo outras operações de peso. Presidiu o inquérito da operação Farol da Colina, que desmontou uma rede de 60 doleiros, entre eles Alberto Youssef. A investigação fora um desdobramento do caso Banestado, que apurou a evasão de US$ 30 bilhões de políticos por meio das chamadas contas CC5.
MÃOS LIMPAS
Ciente de que os mecanismos de lavagem
de dinheiro evoluem e se tornam cada vez mais complexos, Moro não para
de estudar. É um aficionado pela histórica “Operação Mãos Limpas”.
Quando a compara com a Lava Jato, não tem dúvidas: “É apenas o começo”.
O caso que marcou para sempre a política italiana foi deflagrado por
um acordo de delação, mecanismo inaugurado anos antes nos processos
contra a máfia. Após dois anos de investigações, a Justiça italiana
havia expedido 2.993 mandados de prisão contra empresários e centenas
de parlamentares, dentre os quais quatro ex-premiês.
Num artigo sobre o caso italiano em 2004, Moro exalta os chamados “pretori d’assalto”,
ou “juízes de ataque”, geração de magistrados dos anos 1970 na Itália que ganharam espécie e legitimidade ao usar a lei para “reduzir a injustiça social”, tomar “posturas antigovernamentais” e muitas vezes agir “em substituição a um poder político impotente”. O juiz se identifica com essa geração e vê no Brasil de hoje um cenário semelhante e propício ao combate à corrupção.
http://formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=30798:afinal-quem-e-o-juiz-federal-sergio-moro&catid=77:politica-economia-e-direito&Itemid=132
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