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Escrito por Pedro do Coutto |
Seg, 09 de Março de 2015 09:08 |
A decisão do ministro Teori Zavascki, ao
acolher os pedidos de inquérito feitos por Rodrigo Janot contra
políticos de foro privilegiado, fortalece ainda mais as decisões
tomadas, na primeira instância, pelo juiz Sérgio Moro, da Justiça
Federal no Paraná, onde se encontram presos altos executivos de
empresas empreiteiras e fornecedoras da Petrobrás, participantes do
assombroso assalto realizado durante anos seguidos contra a empresa
estatal. Fortalece, porque se as investigações dos que possuem foro
especial abrangem cerca de cinquenta parlamentares, ex-parlamentares e
governadores, é porque isso só foi possível pela parceria sustentada
por ex-diretores da Petrobrás empresários, doleiros, lobistas e
operadores de câmbio.
Como muitos destes personagens tiveram
as prisões decretadas por Sérgio Moro, conclui-se facilmente que o juiz
está repleto de razões e informações concretas para seus atos. Desses
atos resultaram as delações premiadas que encurralaram os integrantes
da lista de Janot, agora transferida para a esfera do Supremo Tribunal
Federal. O mar de corrupção, inédito nas dimensões que tomou na
história do Brasil, começou a ser desvendado pela Justiça Federal no
Paraná e, daí em diante, evoluiu velozmente nas direções certas. Como
comprovaram os atos de Janot e Zavascki.
CONTESTAÇÃO
Os testemunhos dos delatores premiados
dificilmente poderão ser contestados, uma vez que não faz sentido que
uma pessoa assumindo a culpa da prática de roubo não fale a verdade
quando revela que o produto do crime foi entregue, direta ou
indiretamente a outra figura, envolvida no crime e na ponta final do
sistema de assalto aos cofres da Petrobrás através de vários anos.
É claro que as administrações da estatal
que se sucederam tinham conhecimento do processo de roubo, pois é
impossível que informações não tenham circulado pelos andares do
edifício da Avenida Chile. São assim, no mínimo, culpados de omissão.
Não adianta negar os fatos substituindo-os por versões inspiradas na
fantasia. Como assinalava Tancredo Neves, só há boatos quando não há
fatos; existindo estes eles explodem inevitavelmente.
Explodiram na imprensa e repercutiram
intensamente na opinião pública, não só brasileira como internacional,
como foi comprovado pelo jornal da GloboNews na noite de sexta-feira,
destacando os espaços abertos nos sites dos grandes jornais americanos e
europeus sobre a relação das investigações e dos investigados
brasileiros que praticaram saques de até bilhões de dólares na economia
da principal estatal do país, com reflexos na posição internacional
das finanças brasileiras.
DESDOBRAMENTOS
O episódio vai apresentar diversos
desdobramentos no plano político, sensibilizando as relações entre o
Poder Executivo e o Congresso Nacional. Isso porque, observando-se com
nitidez os acontecimentos, verifica-se que as sombras dos roubos
envolvem os dois poderes. Não adianta negaR esta face da questão, pois
apareceram na lista tantos nomes dos presidentes do Senado e da Câmara
Federal, quanto das ex-ministra chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann e
do ex-ministro das cidades, Mario Negromonte.
Além do mais, encontra-se na lista
também o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão, responsável pela
área em que se encontra a Petrobrás em matéria de vinculação
ministerial. E sobretudo, porque não se pode omitir que a Petrobrás é
um órgão do governo e assim sua importância no país é enorme. Como
enormes foram os roubos praticados contra ela e, portanto, contra o
Brasil.
DECISÕES IRREFUTÁVEIS
A dimensão que o caso toma agora a
partir da abertura dos inquéritos no Supremo Tribunal Federal torna
irreversíveis as prisões decretadas pelo juiz Sérgio Moro, decisões
apoiadas pela opinião pública com base em provas, tanto de réus
confessos quanto circunstanciais, estas decorrentes da evolução
patrimonial registrada nos bens dos acusados.
Além do mais, se os investigados estão
no topo da política, os demais atores do assalto encontram-se na base
da qual partiram as denúncias que os atingiram no alto. A apuração das
responsabilidades, de forma ampla e irrestrita, se faz presente,
projetando um futuro pelo menos nebuloso e incerto para os acusados. O
juiz Sérgio Moro, portanto, saiu ainda mais fortalecido em sua atuação.
Tanto é verdadeira que atingiu andares nunca antes afetados na escala
de poder do país. Tanto poder econômico quanto o poder político.
http://formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=30848:zavascki-e-janot-fortalecem-ainda-mais-as-decisoes-de-sergio-moro&catid=77:politica-economia-e-direito&Itemid=132
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