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Escrito por Rubens Valente |
Qui, 12 de Março de 2015 09:10 |
A presidente Dilma Rousseff foi citada
nominalmente onze vezes nos 190 termos de depoimentos prestados pelos
dois principais delatores da Operação Lava Jato, o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto
Youssef.
O primeiro disse que recebeu do doleiro
um pedido de R$ 2 milhões em nome do ex-ministro da Fazenda Antonio
Palocci. Já o doleiro disse que a solicitação não ocorreu, e que a
afirmação de Costa “não é verdadeira”. Mais adiante, Youssef acrescenta
que Costa “pode ter se confundido sobre esse ponto”.
Após analisar o conjunto de referências
sobre a presidente à disposição da PGR (Procuradoria Geral da
República), o procurador-geral da República Rodrigo Janot decidiu não
abrir nenhuma investigação sobre Dilma.
“VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL”
Janot alegou estar impossibilitado, pela
Constituição, de investigar Dilma acerca do escândalo na Petrobras. Em
defesa de Dilma saiu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que,
em entrevista coletiva concedida no fim de semana, afirmou que além da
vedação constitucional não havia elementos mínimos para investigá-la.
As delações são, até aqui, as principais
provas anexadas aos inquéritos que tramitam no STF (Supremo Tribunal
Federal) a respeito de parlamentares federais com foro privilegiado.
DEPOIMENTOS COM CITAÇÃO A DILMA
1) Paulo Roberto Costa
16.ago.14 (termo nº 6) – Citou notícias
de imprensa de que a presidente havia tentado destituir o então
presidente da Transpetro, Sérgio Machado, mas não conseguiu, tendo em
vista a força política de Machado no PMDB
2.set.14 (termo nº 16) – Mencionou ter
conhecido Antonio Palocci Filho na época em que o petista era membro do
Conselho de Administração, então presidido por Dilma Rousseff. Afirmou
ter recebido solicitação de Palocci, “por meio de Alberto Youssef”,
para que fossem “liberados R$ 2 milhões do caixa do PP para a campanha
presidencial de Dilma Rousseff”. Disse ter autorizado a entrega, “sendo
que Youssef operacionalizou o pagamento e confirmou ao declarante
[Costa] posteriormente”. Disse que o doleiro não esclareceu se o pedido
do valor foi feito pessoalmente por Palocci ou se por meio de algum
assessor
2.set.14 (termo nº 18) – Disse que
Nestor Cerveró deixou o cargo de diretor financeiro da Petrobras
Distribuidora depois que, em declarações à CPI da Petrobras, “entrou em
contradição em relação às declarações da presidente Dilma Rousseff” no
tema da refinaria de Pasadena (EUA)
3.set.14 (termo nº 32) – Afirmou que a
decisão de comprar a Petroquímica Suzano por um preço que ele
considerou alto demais foi um ato unilateral do então presidente da
Petrobras, Sérgio Gabrielli, mas a aquisição “foi chancelada pelo
Conselho de Administração” da Petrobras, formado na época, dentre
outros, pela “atual presidente Dilma”
11.set.14 (termo nº 73) – Analisando a
composição do Conselho de Administração da Petrobras na época em que
era diretor, afirmou que as participações de Dilma Rousseff de 2003 a
2009, como ministra de Minas e Energia e chefe da Casa Civil, e do
ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, “não foram positivas, pois os
mesmos se comportavam como se estivessem em suas funções originais, ou
seja, defendiam os interesses do governo e não da Petrobras”
15.set.14 (termo nº 75) – Informou ter
ouvido do lobista Jorge Luz e de empresários argentinos que a
presidente Cristina Kirchner “iria conversar com a presidente Dilma”
sobre a venda, pela Petrobras, de ativos brasileiros na Argentina
11.fev.15 (declarações complementares nº
1) – Disse que o ex-diretor de Óleo e Gás da Petrobras, Ildo Sauer,
havia sido o responsável pelo programa de Energia do PT, na campanha de
2002, e iria assumir o Ministério de Minas e Energia no primeiro
governo Lula, mas “acabou preterido por Dilma Rousseff”. Informa que
Dilma foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras no
período 2003-2010
11.fev.15 (declarações complementares nº
4) – Reafirmou que o doleiro Youssef o avisou de que Antonio Palocci
“estava pedindo R$ 2 milhões para a campanha de Dilma” à Presidência em
2010. Acrescentou que “nunca tratou com Dilma Rousseff, o
ex-presidente Lula ou Palocci sobre esse tema”
2) Alberto Youssef
3.out.14 (termo nº 2) – Reiterou
acreditar que o “Palácio do Planalto” sabia da existência do esquema na
Petrobras. Indagado sobre quem seria o “Palácio”, citou o nome da
presidente Dilma Rousseff, dentre outros petistas como Lula e José
Dirceu e o peemedebista Edison Lobão
14.out.14 (declarações complementares nº
14) – Disse que a saída de Paulo Roberto da diretoria de Abastecimento
deveu-se a disputa de poder no PP, “sendo que possivelmente quando a
presidente Dilma Rousseff tomou conhecimento do assunto, destituiu
Paulo Roberto Costa do cargo”. Indagado se Dilma “já sabia sobre o
comissionamento” ao PP antes do racha, ou seja, o pagamento de propinas
aos parlamentares do PP, afirmou que “possivelmente diante da
repercussão das discussões no PP, tornando-o vulnerável, ela [Dilma]
aproveitou o momento” para destituir Costa. Perguntado sobre como
chegou à conclusão de que Dilma “tomou conhecimento”, Youssef afirmou
que ela decorre “do tempo em que Paulo Roberto Costa ficou na diretoria
de Abastecimento, e do conhecimento de vários integrantes do partido,
tanto do PP quanto do PT e do PMDB sobre o assunto”
11.fev.15 (declarações complementares nº
20) – Declara que “não é verdadeira” a afirmação de Paulo Roberto
Costa de que o teria procurado para que fossem liberados R$ 2 milhões
do PP para a campanha presidencial de Dilma. Reiterou que não
“operacionalizou nada”. Acrescentou que Costa “pode ter se confundido
em relação a este ponto, pois pode ter repassado esta questão para
outro operador”.
http://formadoresdeopiniao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=30896:dilma-rousseff-foi-citada-11-vezes-nos-depoimentos-da-lava-jato&catid=80:denuncia&Itemid=131
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