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Escrito por Fernando Henrique Cardoso |
Seg, 04 de Agosto de 2014 14:00 |
Ainda é cedo, mas há fortes indícios de
que o PT perderá as próximas eleições. Em que Estado com muitos
eleitores seus candidatos a governador se mostram competitivos? Talvez
em um. No total os petistas aparecem bem situados apenas em quatro
Estados, se tanto, três deles com não muitos eleitores. Quanto aos
aliados, especialmente o principal, o PMDB, parece que andam em franca
debandada em vários Estados. Também, pudera, como pedir fidelidade no
apoio à reeleição quando, além do pouco embalo da chapa presidencial,
os candidatos da oposição e do próprio PMDB aos governos estaduais
aparecem bem à frente dos candidatos do PT?
As taxas de rejeição da presidenta estão
nas nuvens, não só em São Paulo, onde nem o céu é o limite. Também
crescem nos pequenos municípios do Norte e do Nordeste para onde, nas
asas das bolsas-família, migraram os apoios do partido que nasceu com
os trabalhadores urbanos. As raízes deste quadro se abeberam em vários
mananciais: o das dificuldades econômicas, da tragédia das políticas
energéticas (vale prêmio Nobel derrubar ao mesmo tempo o valor de bolsa
da Petrobras e as chances do etanol e ainda encalacrar as empresas de
energia elétrica), da confusão administrativa, do pântano das
corrupções e assim por diante. Culpa da presidenta? Não
necessariamente.
Há tempo, escrevi um artigo nesta coluna
com o título de Herança Maldita. Fazia ironia, obviamente, com o
estigma que petistas ilustres quiserem impingir a meu Governo. No
artigo indicava que a origem das dificuldades não estava no atual
Governo, vinha de seu predecessor. A cada oportunidade que tenho
procuro separar a figura da presidenta, seu comportamento passado e
atual, digno de consideração, dos erros que, eventualmente atribuo ora a
ela, ora ao estilo petista de governar.
Mas, francamente, é demais não
reconhecer que há motivos reais, objetivos, para o mal-estar que
envolve a atual política brasileira sob hegemonia petista. Abro ao
acaso os jornais desta semana: os europeus advertem que a produtividade
do país está estagnada; o humor do varejo em São Paulo é o pior em
três anos; a produção industrial e a confiança dos industriais não
param de cair; o FMI publica documento oficial assinalando que nossa
economia é das mais vulneráveis a uma mudança no cenário internacional e
ajusta mais uma vez para baixo a projeção de crescimento do PIB
brasileiro em 2014, para 1,3% (seriam otimistas?); o boletim Focus, do
BC, prevê um crescimento ainda menor, de 0,9% (seriam os pessimistas?);
o juro para a pessoa física atinge seu maior patamar em três anos; a
geração de empregos é a menor para o mês de junho em dezesseis anos;
para não falar na decisão do TCU de bloquear os bens dos dirigentes da
Petrobras ao responsabilizá-los por prejuízos causados aos cofres
públicos na compra da refinaria de Pasadena.
Espanta, portanto, que a remessa de
análise conjuntural feita por analistas de um banco a seus clientes
haja provocado reações tão inusitadas. O mercado não deve se intrometer
na política, protestaram Governo e petistas. Talvez. Mas se intromete
rotineiramente e quando o vento está a favor os governos se deixam
embalar por seu sopro. Então, por que agora e por que de forma tão
desproporcional ao fato, presidenta?
Não creio que seja por desconhecimento
da situação nem muito menos por ingenuidade. Trata-se de estratégia: o
ataque é a melhor defesa. E nisto Lula é mestre. Lá vêm aí de novo com
as “zelites” (da qual faz parte) contra o povo pobre. Até aí, táticas
eleitorais. Mas me preocupa a insistência em tapar o sol com a peneira.
Talvez queiram esconder o acúmulo de dificuldades que estão se
avolumando para o próximo mandato: inflação subindo, com tarifas
públicas e preço da gasolina represados; contas públicas que nem
malabarismos fiscais conseguem ajustar; o BNDES com um duto ligado ao
Tesouro, numa espécie de orçamento paralelo, como no passado remoto; as
tarifas elétricas rebaixadas fora de hora e agora o Tesouro bancando
os custos da manobra populista, e assim por diante. Em algum momento o
próximo Governo, mesmo se for o do PT, terá de pôr cobro a tanto
desatino. Mas, creem os governistas, enquanto der, vamos empurrando com
a barriga.
Que fez o Governo do PSDB quando as
pesquisas eleitorais de 2002 apontavam possível vitória do PT da época?
Elevou os juros, antes mesmo das eleições, reduzindo as próprias
chances eleitorais. Sustentou mundo afora, antes e depois das eleições,
que não haveria perigo de irresponsabilidades, pois as leis e a
cultura do país haviam mudado. Pediu um empréstimo ao FMI, com a prévia
anuência pública de todos os candidatos a Presidente, inclusive e
especificamente do candidato do PT. O dinheiro seria desembolsado e
utilizado pelo Governo a ser eleito para acalmar os mercados, que
temiam um descontrole cambial e inflacionário e mesmo uma moratória com
a vitória de Lula. Aprovamos ainda uma lei para dar tempo e condições
ao novo Governo de se inteirar da situação e se organizar antes mesmo
de tomar posse.
Agora, na eventualidade de vitória
oposicionista (e, repito, é cedo para assegurá-la) que fazem os
detentores do poder? Previnem-se ameaçando: faremos o controle social
da mídia; criaremos um Governo paralelo, com comissões populares sob a
batuta da Casa Civil que dará os rumos à sociedade; amedrontam bancos
que apenas dizem o que todos sabem etc. Sei que são mais palavras
equívocas do que realidades impositivas. Mas denotam um estado de
espírito. Em lugar de se prepararem para “aceitar o outro”, como em
qualquer transição democrática decente, estigmatizam os adversários e
ameaçam com um futuro do qual os outros estarão excluídos.
Vejo fantasmas? Pode ser, mas é melhor
cuidar do que não lhes dar atenção. A democracia entre nós, já disseram
melhor outros personagens, é como uma planta tenra que tem que ser
cuidada e regada com exemplos, pensamentos, palavras e ações todos os
dias. Cuidemos dela, pois.
Fonte: Veja.com
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