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Escrito por Fernando Gabeira |
Seg, 18 de Agosto de 2014 14:00 |
Internet é isto mesmo: um território
livre onde se trocam informações, críticas e insultos. É raro uma pessoa
pública nela encontrar apenas elogios. E raro um texto sobre ela que
não desperte comentários sacanas. Wikipédias, desciclopédias, com
informações truncadas, dizem o que querem e, se as pessoas acreditassem
firmemente no que leem na rede, ficariam paralisadas caso encontrassem
um personagem dos verbetes, o médico e monstro. Suas reações seriam como
as de Alec Guines no Dr. Strangelove, de Stanley Kubrick: os gestos
desmentiriam as palavras, o abraço se transfiguraria num soco, e
vice-versa.
Num prefácio para o livro do treinador
Rômulo Noronha sugeri a natação como uma das táticas para enfrentar
comentários negativos. Você os lê, mergulha e, nos primeiros cem metros,
começa a achar que não foram tão graves assim. Nos 400 metros, já
admite que talvez possam ajudar você de alguma forma, na autocompreensão
ou na aceitação do mundo.
Algo muito grave acontece quando os
ataques nascem num computador do Palácio do Planalto, sede do governo
federal. É o caso das inserções feitas na biografia dos jornalistas
Carlos Sardenberg e Miriam Leitão.
Como sempre, o governo reagiu, a
princípio, dizendo que era difícil rastrear a origem das notas, os dados
foram desmanchados - a mesma tática usada para as gravações das câmeras
naquele problema de Dilma Rousseff com uma diretora da Receita Federal.
A segunda explicação também é clássica: o Wi-Fi do Planalto é usado por
visitantes, pode ter sido alguém de fora - de preferência, da oposição.
Às vezes paro para pensar: por que o PT
faz tanto mal a si próprio? Deixo o campo estritamente moral para
raciocinar apenas de uma forma política. O caso do Santander é típico:
uma nota realista sobre o comportamento do mercado provocou uma grande
reação, sua autora foi demitida e o banco, forçado a se derreter em
desculpas.
O mercado deve ser livre para fazer suas
previsões. E arcar com as consequências. O mercado tinha uma visão
negativa no primeiro mandato de Lula. E errou, pois o País iniciou um
processo de crescimento.
A pressão contra o Santander, além de
sugerir censura, amplificou a análise do banco, que em outras
circunstâncias ficaria restrita aos clientes especiais. Assim mesmo, aos
que se orientam politicamente por cartas bancárias. O governo conseguiu
transformar uma simples análise num debate nacional, o que era um
consenso entre analistas de mercado se tornou uma consistente crítica à
política econômica de Dilma.
A julgar pelo digitador do Palácio do
Planalto, as coisas estão pegando aí, na política econômica: os dois
jornalistas atingidos são críticos das medidas do governo com base nas
evidências.
No universo político, a artilharia
sempre foi comandada pelos blogueiros mantidos por empresas do Estado.
Eles cuidam de nos combater com dinheiro público e racionalizam essa
anomalia com a tese de que uma verba muito maior é usada pelos meios de
comunicação que criticam o governo.
Os intelectuais dissidentes em Cuba dão
de barato que o governo os vigia, os boicota e promove campanhas para
assassinar sua reputação. Mas é uma ditadura.
Num país democrático, essas práticas,
além de condenáveis, não são eficazes. Todo este universo de rancor
acaba se voltando contra os agressores, que, como dizem os orientais,
sempre se desequilibram no ataque. Os nove jornalistas atacados,
nominalmente, por um dirigente do PT tiveram a solidariedade
internacional, uma nota de apoio da organização Repórteres sem
Fronteiras.
O PT sabe que existe um nível de
rejeição ao partido nas grandes cidades - em Vitória os petistas já não
usam estrelas e bandeiras vermelhas, talvez nem barba. O que parece não
perceber é como seus movimentos autoritários aumentam a rejeição. É como
se um partido abrisse mão de seduzir e se focasse apenas em intimidar.
Esse é um jogo muito perigoso. Em
primeiro lugar, porque há muitos homens e mulheres que não se intimidam.
Em segundo, porque envenena uma atmosfera que já é medíocre com atos de
campanha sem graça, muitos bebês no colo, Dilma comendo
cachorro-quente. Come cachorro-quente, pequena. Olha que não há mais
metafísica no mundo, senão cachorro-quente.
O PT conseguiu construir uma linguagem
própria. O verbete aloprado é um descoberta para se distanciar de seus
combatentes da guerra suja. Digo com conhecimento de causa. Depois das
eleições de 2006, interroguei todos os chamados aloprados. Era estranho
que aloprados tivessem coletado mais de R$ 1 milhão. Mais estranha, ao
longo dos interrogatórios, a recusa em responder, a frieza matemática em
usar os mecanismos legais em sua defesa. Aloprados?
Se um dia aparecer o aloprado do
computador do Planalto, observem como se esquiva, como é difícil achar
nele algum traço que o defina como aloprado, como resiste às
provocações. Ele é resultado de uma cultura que domina a política
brasileira desde 1992. A constante tentativa de liquidar o outro é uma
arma típica de ditaduras. Infelizmente, para uma grande parte da
esquerda, a democracia ainda não é um valor estratégico.
Não sei qual será o resultado das
eleições. Mas acho que o PT faz tudo para merecer uma derrota, algo que
lhe dê pelo menos a chance de refletir sobre o período sombrio que
acabou instalando no Brasil.
Uma força verdadeiramente democrática, à esquerda, seria boa para o futuro.
Será que é preciso que Cuba desmorone,
que a Venezuela fracasse mais claramente, para que os petistas se
convençam de que esse não é o caminho?
Sei que assim procedendo me exponho ao
Twitter de todos vocês. Mas é preciso combater essa cultura de
ressentimento e mediocridade que leva um digitador do Palácio do
Planalto a dedicar sua tarde ao ataque a jornalistas na Wikipédia.
Não é um aloprado, mas um caso extremo e talvez cristalino: revela, em toda a sua profundeza, o abismo em que nos lançaram.
Fonte: Veja.com
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