quarta-feira, 3 de junho de 2015

HADDAD SÓ CONSEGUIRÁ ESCAPAR DA VAIA SE APARECER NO TEATRO DISFARÇADO DE FHC


Testemunhei quatro vezes a cena reprisada a cada aparição de Fernando Henrique Cardoso num teatro. Alertada pelo zumzum que anuncia a chegada de gente incomum, a plateia se junta primeiro no movimento de rotação do pescoço e, depois de feito o reconhecimento, na salva de palmas endereçada ao ex-presidente. Não é pouca coisa.
HADDAD SÓ CONSEGUIRÁ ESCAPAR DA VAIA SE APARECER NO TEATRO DISFARÇADO DE FHCInsultado há mais de 12 anos pela seita que o responsabiliza por todos os males passados, presentes e futuros do Brasil, FHC circula por lugares públicos com a tranquilidade de quem não tem motivos para temer o povo ─ e a segurança de quem vive atravessando a pé o Viaduto do Chá, sozinho, sem saber o que é uma chicotada sonora.
O prefeito Fernando Haddad se mantém longe das ruas desde o começo do mandato. Descobriu neste domingo que deve guardar distância de toda plateia não amestrada. Ele apareceu no Theatro Net para assistir a Chaplin, o Musical em companhia do seu secretário de Educação, Gabriel Chalita. Entrou sem ser notado, e já estava de saída quando um dos atores teve a má idéia de agradecer a presença da dupla. A tempestade de apupos confirmou que Haddad é páreo para Dilma Rousseff em qualquer torneio de impopularidade.
Vaia faz mal à cabeça, reiterou a reação do vaiado. Grogue com o som da fúria, o ex-ministro da Educação trocou o português pelo dilmês castiço e derrapou no besteirol. “Acho que quando você mistura público com o privado em relação a pessoas eleitas e democráticas, que têm uma trajetória democrática, é uma confusão que me lembra o pior da tradição política”, delirou na entrevista à revista Vice.
O palavrório sugere que duas entidades convivem num mesmo Fernando Haddad. A primeira ocupa o cargo de prefeito e, nos dias úteis, piora a metrópole com o que faz ou pensa entre o começo da manhã e o fim da tarde. Esse Haddad está a salvo de vaias porque só deixa o bunker protegido por agentes de segurança, passa o tempo cercado de áulicos e só discursa para domesticados. A segunda entidade se materializa nos fins de semana, dias santos e feriados.
Esse Haddad não admite ser vaiado porque nada tem a ver com o outro. É apenas um cidadão que faz questão de frequentar teatros sem sobressaltos. Os indignados que aguardem calados a eleição de 1016. Ou solicitem uma audiência aos responsáveis pela agenda e esperem sentados a hora de dizer o que pensam do pior prefeito da história de São Paulo.
O problema é que a paciência do país que presta acabou. Se quiser ver alguma peça teatral, Haddad precisará disfarçar-se de FHC.


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