sábado, 28 de junho de 2014

MAÇONARIA: AS COLUNAS "B" E "J" NO TEMPLO DE SALOMÃO E O SIMBOLISMO NO TEMPLO MAÇÔNICO


Imprimir E-mail
Escrito por José Ronaldo Viegas Alves   
Seg, 16 de Junho de 2014 17:00
“Diz a tradição que durante a fuga do cativeiro os filhos de Israel tiveram seu caminho iluminado por uma coluna de fogo e para que a gratidão e as tradições fossem perpetuadas pelas gerações vindouras, Salomão determinou que junto ao Pórtico do Templo, fossem erigidas duas colunas que lembrariam ao povo este sentimento. Alguns Irmãos defendem um princípio de que as Colunas J.’. e B.’. são uma espécie de espectro energético dentro do Templo.” ( Retirado do ‘Vade-Mécum Maçônico’, pág. 103, de autoria do Irmão João Ivo Girardi)

I - NTRODUÇÃO
Por que será que esse assunto, AS COLUNAS J e B, sempre geraram intermináveis discussões?
Para começarmos a falar sobre elas, temos que considerar sempre duas linhas de pensamento: uma que segue a Bíblia ao pé da letra e a outra que defende a idéia de que o Templo Maçônico não é a réplica do Templo de Salomão, portanto, essa segunda estabelece certa liberdade em relação ao que foi ou está definido no Livro da Lei.
Em meio a isso tudo, há outra questão ainda se interpondo: os rituais, pois, ora seguem uma delas, ora seguem outras, dependendo da linha de pensamento com a qual o seu inventor esteja enquadrado. O que soa um pouco estranho, não?
Mas, é por esses caminhos que vamos tentar mostrar aqui o que podem ser consideradas as teorias menos fantasiosas, digamos assim, até por que tudo vai estar fundamentado nas opiniões dos nossos melhores pesquisadores e escritores maçônicos. O simbolismo relacionado às colunas, a importância que as colunas adquiriam na história, na religião e nos costumes dos povos antigos legou uma série de vertentes para o estudioso, sendo que, a Bíblia, por exemplo, talvez seja a maior delas, e aqui, cabe dizer que para uma Maçonaria com raízes cristãs e em países de maioria cristã, isso por si só já tem um peso maior. Por isso, nada mais coerente que ficarmos sabendo um pouco sobre os significados que adquiriu o verbete “coluna” em sua relação com diferentes contextos, e já adentrando em território bíblico, mostrar algumas passagens relacionadas ao seu uso figurado, o que já é interessante, para poder dimensionar os rumos que as interpretações podem tomar.
O que diz o dicionário?
COLUNA 1. Elemento arquitetônico de sustentação, em princípio vertical. 2. Pilar, pilastra. Fig. Apoio, sustento.
O que diz o dicionário do Irmão Nicola Aslan?
COLUNA – Pilar cilíndrico que sustenta abóbadas, entablamentos, etc.. Serve de ornato também em edifícios e consta de três partes: base ou pedestal, fuste e capitel. É um símbolo muito utilizado em Maçonaria.
Uma coluna pode-se dizer então, que é um poste na posição vertical, que tem a finalidade de suportar partes superiores em um edifício, a exemplo de abóbadas, mas que também poderá estar isolada ou acompanhada de outras iguais, sem cumprir essa função de apoio. No âmbito do simbólico e do religioso, pode servir de marco, de monumento ou como sinal de voto, sendo também substituída por uma pilha de pedras. O sentido figurado de uso na Bíblia serve a muitas situações, onde são exemplos, Jeremias postando-se como uma coluna de ferro, contra a ímpia nação de Judá, em (Jer. 1, 18), ou quando a verdade é comparada a uma coluna e a um alicerce, sobre as quais podemos edificar, em (I Tim. 3,15), ou ainda, quando as pernas de certo anjo, visto em visão, são comparadas à colunas de fogo, em (Apo. 10,1), e muito mais.
AS COLUNAS “B” E “J” E AS SUAS DESCRIÇÕES NA BÍBLIA
É certo que não só a Bíblia poderá dar-nos todas as respostas, mas, em nenhum momento podemos ignorá-la, pois, o grosso do que retivemos ao ouvir sobre as colunas são provenientes, com certeza, da tradição bíblica, e especialmente, dos seus livros que se referem ao Templo de Salomão. São diversas, portanto, as passagens constantes na Bíblia que aludem às colunas, desde a construção, localizações, até a destruição delas. Com relação à construção e localização das mesmas:
2 CRÔNICAS, Cap. 3, vers. 15-17
“As duas colunas 15- O rei mandou fazer duas colunas, cada uma medindo quinze metros e meio de altura, e as colocou em frente do Templo. Cada coluna tinha no alto um remate de dois metros e vinte de altura. 16- O alto das colunas era enfeitado com um desenho de correntes entrelaçadas e de romãs de bronze, que eram em número de cem. 17- As colunas foram postas na frente da entrada do Templo. A que ficava no lado sul se chamava Jaquim, e a que ficava no lado norte se chamava Boaz.”
Com referência à destruição das mesmas:
2 REIS, Cap. 25, vers. 8-14
“A destruição do Templo 8- No dia sete do quinto mês do ano dezenove do reinado de Nabucodonosor, da Babilônia, Nebuzaradã, conselheiro do rei e comandante-geral do seu exército, entrou em Jerusalém. 9- Ele incendiou o Templo, o palácio do rei e as casas de todas as pessoas importantes de Jerusalém, 10- e os seus soldados derrubaram as muralhas da cidade. 11- Então Nebuzaradã levou para a Babilônia as pessoas que haviam sido deixadas na cidade, o resto dos operários especializados e aqueles que haviam passado para o lado dos babilônios. 12- Mas deixou em Judá algumas das pessoas mais pobres e as pôs para trabalhar nas plantações de uvas e nos campos. 13- Os babilônios quebraram as colunas de bronze e as carretas que estavam no Templo e também o grande tanque de bronze. Então levaram todo o bronze para a Babilônia.”
OS NOMES “BOAZ” E “JACHIM”
Com relação aos nomes que serviram para denominar as colunas, vejamos o que mais podemos acrescentar no que tange as suas origens e aos seus significados:
BOAZ – É nome de uma pessoa e de um detalhe arquitetônico pertencente ao Templo de Salomão, ou seja, é o nome de uma das colunas de bronze que estavam postas diante do Templo de Jerusalém, mais precisamente, aquela que ficava do lado norte. Nicola Aslan diz que a palavra Boaz escreve-se em hebraico com as letras Beth (B), Ain (letra traduzida foneticamente por uma aspiração sonora como o hi grego), e Zain (Z). Pronuncia-se Bo‟haz e significa “na força” ou “nele a força”.
JAQUIM – No hebraico, ”ele (Deus) estabelecerá”. É o nome de vários personagens do Velho Testamento, e da outra coluna que estava diante do Templo, sendo que ficava do lado sul. Ainda, conforme Nicola Aslan “A palavra Jachin escreve-se em hebraico com as letras Iod (I), Caph (Ch, duro), Iod (I), Nun (N). Pronuncia-se, em português, Jaquim, mas em hebraico a pronúncia é Yahhin. Esta palavra significa „estabelecerá‟, segundo uns; „tornará estável‟, segundo outros.”
Com relação aos nomes dos personagens bíblicos, com os mesmos nomes das colunas, alguns autores sustentam que são figuras relativamente inexpressivas, portanto, eliminando de imediato, a hipótese de que o significado dos nomes das colunas, Jaquim e Boaz estejam relacionados com os desses personagens bíblicos.
Assim sendo, os significados que lhes tem sido atribuídos considerando a etimologia das palavras seria a junção das duas ou: “Deus se estabelecerá com força”, ou também “Deus consolidou (o templo) com força (de maneira sólida)”.
O Cônego Crampon, que é citado por Boucher, em seu clássico, refere-se à junção das duas palavras com a seguinte tradução: “Deus estabelece na força, solidamente, o templo e a religião dos quais Ele é o centro”.
A CONSTRUÇÃO DAS COLUNAS
Vejamos na sequência, esta versão sobre a construção das colunas, e que está em Reis:
I REIS, Cap. 7, Vers. 13-22
(Na versão aqui utilizada da Bíblia, o nome Hiram aparece como Hurã, o que fez com que eu optasse por substituí-lo neste texto transposto por Hiram, como é mais conhecido por nós, maçons. Ainda: pode também aparecer em outras versões como Hirão.)
“A tarefa de Hiram 13- O rei Salomão mandou buscar um homem chamado Hiram, um art ífice que morava na cidade de Tiro e que era especialista em trabalhos de bronze. 14- O seu pais, que já havia morrido, era de Tiro e também havia sido artífice especializado em bronze; e sua mãe era da tribo de Naftali. Hiram era um artífice inteligente e capaz. Ele aceitou o convite de Salomão e se encarregou de todo o trabalho em bronze.
As duas colunas de bronze 15- Hiram fundiu duas colunas de bronze, cada uma com oito metros de altura e um metro e setenta de diâmetro, e as colocou na entrada do Templo. 16- Ele fez também dois remates de coluna, cada um com dois metros e vinte de altura, para serem colocados no alto das colunas. 17- O alto de cada coluna era enfeitado com um desenho de correntes entrelaçadas 18- e duas carreiras de romãs feitas de bronze.19- Os remates das colunas tinham o formato de lírios, mediam um metro e oitenta de altura 20- e foram colocados numa parte redonda que ficava por cima do desenho de correntes. Em cada remate de coluna havia duzentas romãs de bronze colocadas em duas carreiras. 21- Hiram colocou essas duas colunas de bronze na frente da entrada do Templo. A que ficava no lado sul se chamava Jaquim, e que ficava dono lado norte se chamava Boaz. 22- Os remates das colunas em formas de lírios, feitos de bronze, estavam no alto das colunas. E assim foi terminado o trabalho das colunas.”
OS DETALHES DAS COLUNAS NA SUA RELAÇÃO COM O SIMBOLISMO MAÇÔNICO
Jules Boucher faz comentários sobre os detalhes todos que compunham o alto das colunas, e que no parágrafo anterior são mencionadas conforme uma das versões da Bíblia. Cita Ragon e Leadbeater, mas, logo tem de descartá-los, pois, os mesmos admitiam usar até mesmo de uma certa clarividência que supostamente teriam para reconstituir as colunas, com os seus adereços e funções, o que é inaceitável, mas, por outro lado, mostra o quanto a Maçonaria se viu impregnada e influenciada por autores que não possuíam a seriedade que se requer nestas questões. O pior é que granjearam muitos seguidores.
Diz Boucher que é tão difícil conceber, de acordo com a Bíblia, como eram feitas as duas Colunas que estavam posicionadas à frente do Templo, quanto o Templo em si. Boucher se utiliza de uma versão da Bíblia, onde podemos constatar a versão um tanto diferente com referência à descrição apresentada no parágrafo anterior, menos detalhista, e aqui eu aproveito para destacar o fato de que também as diferentes versões ou traduções da Bíblia devem ser consideradas, quando das discussões envolvendo o assunto, pois, podem surgir algumas diferenças ou até interpretações que também destoem do usual. Vou citar uma parte somente da versão da (*) Bíblia utilizada por Boucher para que façamos as comparações possíveis. “Hirão fabricou as duas colunas de bronze; a altura de uma coluna era de dezoito côvados e uma linha de dezoito côvados media a circunferência da segunda coluna. Ele fez dois capitéis de ouro fundido, para colocá-los no alto das colunas; a altura do primeiro capitel era de cinco côvados e a altura do segundo capitel de cinco côvados.
Havia aí treliças em forma de redes, festões em forma de pequenas correntes, nos capitéis que encimavam as colunas, sete num capitel, sete no segundo capitel. Ele fez duas ordens de romãs em torno de uma das treliças, para cobrir o capitel que encimava uma das colunas; e o mesmo fez para o segundo capitel. Os capitéis que estavam no alto das colunas, no pórtico, representavam lírios com quatro côvados de altura. Os capitéis colocados em cima das duas colunas eram rodeados de duzentas romãs, no alto; junto da êntase que ficava além da treliça, havia também duzentas romãs colocadas em torno do segundo capitel. Ele levantou as colunas no pórtico do Templo; levantou a coluna da direita e chamou-a de Jachin; depois levantou a coluna da esquerda e chamou-a de Booz. E por cima das colunas havia um trabalho representando lírios. Assim foi terminada a obra das colunas.”
Fundamental também, para tirarmos nossas conclusões, é o seguinte comentário de Boucher, feito na sequência: “Lendo atentamente a descrição das Colunas, poderíamos deduzir logicamente que havia dois capitéis superpostos: um de 5 côvados de altura, o outro de 4, o que levaria a altura total das colunas a 27 côvados, ficando o módulo igual a sete. Aliás, o texto bíblico fala de sete fileiras de pequenas correntes, de um lírio com quatro côvados de altura e de capitéis com cinco côvados de altura. Se o capitel tinha uma altura de 5 côvados e os lírios 4, restaria apenas uma altura de um côvado no qual teriam de ser localizadas as sete fileiras de pequenas correntes; estas seriam então de dimensões muito pequenas e muito pouco visíveis a uma altura de 10 metros. A Bíblia não menciona nenhum pedestal e é provável que estes não existissem; as colunas deveriam ser colocadas diretamente na terra, sobre uma base de pedra. Essa duas Colunas eram semelhantes, idênticas. Somente suas posições, à direita e à esquerda, e os nomes que lhes foram dados as diferenciavam.”
Ainda usando do pensamento de Boucher, ele diz que a Bíblia é formal, ou seja, ela coloca Jakin à direita e Boaz à esquerda, o que está em conformidade com o simbolismo tradicional e universal. Já no que tange à Maçonaria ele comenta que o Rito Escocês coloca as colunas respeitando essas posições, mas, o Rito Francês inverteu as respectivas posições, e que, nada justificaria essa mudança, nem mesmo o fato de que elas foram um dia transpostas do lado de fora para o lado de dentro do Templo. E alerta que apesar dos diversos autores envolvidos com essa outra questão, ela ainda continua confusa, sendo que ele credita à mesma, como tendo começado a partir do momento em que as colunas foram introduzidas no Templo, e entende que deveriam ficar na parte externa.
E com relação a algumas das confusões que soem acontecer, é interessante registrarmos aqui o que foi publicado pelo Irmão Roberto Ribeiro em seu trabalho intitulado “As Colunas B e J no Templo”: “Contudo a confusão se estabelece com a elaboração dos nossos rituais que, descrevendo o Templo, ou, até mesmo, demonstrando-o por meio de uma planta, que ora mostra as colunas do lado de dentro do Templo; ora as mostra do lado de fora. Superficialmente, analisando diversos rituais, verificamos que, embora os nossos templos sejam a representação simbólica daquele construído por Salomão, as colunas, que deveriam ser fixas, dadas as suas históricas proporções, características e material nelas empregado (bronze; quatro dedos de espessura; cerca de 23 côvados de altura – mais ou menos 15 metros, etc.), são constantemente mudadas de lugar, atendendo muito mais às pretensões de quem seja o inventor do novo ritual; em indesculpável preterição daquelas informações contidas nas fontes históricas e, destacadamente na Bíblia. E tal questão ainda não está pacificada.”
Até aí, tudo é passível de ser contornado, se aceitarmos o fato de que o Templo de Salomão era exatamente como o descrito na Bíblia, e que o templo maçônico não é uma réplica do Templo de Salomão. E não é, mas, não sendo, porque as discussões? Bem, a Bíblia não muda..., ou muda? O Irmão Theobaldo Varoli Filho aponta para o fato de que diferem as dimensões do par de colunas nas narrações bíblicas e nas diversas vulgatas. E os rituais mudam? Sim, a resposta foi dada no parágrafo anterior, e para explicarmos o porquê, recairíamos no tema que foi objeto do artigo anterior, e que já era motivo de reflexões lá nos tempos bíblicos: “vaidade das vaidades, tudo é vaidade.”
O Irmão Kennyo Ismail, por seu turno, dá a resposta que julgo melhor fundamentada para a pergunta do título do seu artigo “As Colunas São Dentro ou Fora do Templo?”, e que vem a calhar para o nosso propósito aqui. Vejamos:
“A resposta é: DENTRO. Sem sombra de dúvidas. Alguns ritualistas de plantão não gostarão, mas vamos lá. Deve-se ter em mente que o templo maçônico não é uma réplica nem uma miniatura do Templo de Salomão. O templo maçônico na verdade é simbolicamente inspirado no Templo de Salomão. Vejamos: por um acaso, nossos templos possuem o altar do holocausto com fogo? Os dez castiçais? As 400 romãs? A mesa de ouro para pães? Vasos, bacias, colheres, varais e véus? Decoração com querubins, palmeiras e flores? Já o Templo de Salomão, tinha tronos para Primeiro e Segundo vigilantes? Esquadro e Compasso? Sol e Lua? Colunetas de ordens de arquitetura gregas? Colunas zodiacais (REAA)? Maço e cinzel, nível e prumo? Fica evidente que o templo maçônico não é uma cópia do Templo de Salomão, recebendo apenas inspiração deste. Essa inspiração está presente, por exemplo, na orientação do Templo em Oriente, Ocidente, Norte e Sul; nas Colunas J e B, no Mar de Bronze (presente em alguns ritos). Sendo o templo maçônico um templo simbólico, seus símbolos devem estar, antes de tudo, visíveis para que sirvam de ensinamento àqueles que no templo se encontram. Ora, as colunas J e B são os símbolos fundamentais de um templo maçônico, referência para os Aprendizes e Companheiros, presentes inclusive em seus ensinamentos. Os ritualistas deveriam defender os rituais, e não modificá-los. Infelizmente, não é isso o que acontece. Tanto os antigos rituais do Rito Escocês como os do Rito de York, e aqueles que derivam desses, têm claramente as colunas no lado interno do templo. Aqueles que defendem as colunas no lado externo, ou seja, no átrio, não se baseiam nos rituais maçônicos, e sim na descrição bíblica. São como radicais religiosos, interpretando as Escrituras Sagradas ao pé da letra e exigindo o cumprimento daquela interpretação como uma verdade absoluta. Simplesmente não entenderam que o templo maçônico definitivamente NÃO é o Templo de Salomão, possuindo inclusive símbolos de outros povos e épocas posteriores, como as Ordens Arquitetônicas comentadas anteriormente. Se quiserem colocar as colunas do lado de fora do templo, deveriam colocar também o Mar de Bronze. Já que defendem que no Altar de Juramentos representa o Altar do holocausto, deveriam tacar fogo nele e jogá-lo no átrio. A festa estaria completa, com a Bíblia seguida à risca e o Templo sem altar e sem colunas. Isso poderia ser qualquer coisa, menos um templo maçônico.“
Como pudemos observar, nada melhor que consultar vários estudiosos... Aliás, na questão dos ornamentos das colunas, o Irmão Theobaldo Varoli Filho, grande estudioso, pronunciou-se assim: “Quanto às interpretações maçônicas dos ornamentos das duas colunas, a verdade é que se baseiam simplesmente em tradições da Ordem e não na realidade bíblica. E faço questão de usar esse pensamento do Irmão Varoli, para que atentemos, por exemplo, para algumas limitações que acabam surgindo em nossas pesquisas, ou quem sabe, algumas encruzilhadas... Uma delas, eu diria que, é esse item 6, referente ao verbete COLUNAS SALOMÔNICAS, do “Vade-Mécum Maçônico” do Irmão Girardi, e que diz assim: “São estéreis as discussões sobre os Globos, um, celeste, e outro terrestre, encimando os capitéis. É lícito estudar esses globos em seu simbolismo, mas com a condição de não pretender fazer história, pelo menos porque os personagens da Bíblia ignoravam a esfericidade da Terra e o seu mapa do céu não era certamente o da astronomia atual.” É algo para se pensar.
A TRANSFORMAÇÃO DAS COLUNAS EM SÍMBOLO MAÇÔNICO
As colunas começaram a fazer parte do simbolismo maçônico a partir do século XV III. De lá para cá, muitas dúvidas tem surgido, assim como, controvérsias.
Diz Aslan: “As Espadas, as Velas, a Câmara de reflexão, o Painel da Loja, são vestígios cabalísticos, como também as Colunas B e J. Os cabalistas estabeleciam uma ligação entre as duas colunas e o nome de Deus. As duas colunas eram a base de um triângulo, cujo vértice era no Altar colocado no centro do Templo Sagrado, „como o coração‟ é o centro do homem. Consideravam o Nome Divino como o „coração‟ do templo.”
E depois de citar os alquimistas e os hermetistas, Aslan diz ainda:”As Colunas B e J representavam para os ocultistas, que impregnaram a Maçonaria com as suas doutrinas, os princípios masculino e feminino, considerados base da criação.”
O Irmão Paulo Roberto que escreve no JB, referindo-se a essa transformação das colunas em símbolo maçônico escreveu: “Sendo o simbolismo da Maçonaria baseado no Templo de Salomão, era natural que estes importantes ornamentos do Templo fossem incluídos no sistema, e, assim, antes mesmo da metade do século XVIII, deles se falava nos catecismos (rituais) maçônicos. (...) O catecismo de 1731 descreve o seu nome, as suas dimensões, o material com que foram construídas, mas nada diz do seu significado simbólico. Dudley foi o primeiro (...) a dizer que as Colunas representavam o poder de sustentação do Grande Deus... Hutchinson foi o primeiro a introduziu na Maçonaria a idéia do simbolismo das Colunas. (...) Preston, posteriormente, introduziu o simbolismo, consideravelmente ampliado, dentro do sistema de instruções. Adotou o referência dos Pilares do Fogo e da Nuvem, que é ainda conservada.“
A VELHA QUESTÃO: O TEMPLO MAÇÔNICO É UMA RÉPLICA DO TEMPLO DE SALOMÃO?
As colunas começaram a fazer parte do simbolismo maçônico a partir do século XV III. De lá para cá, muitas dúvidas tem surgido, assim como, controvérsias.
O assunto em pauta, quer deixar em evidência, o quanto a idéia do Templo Maçônico como réplica do Templo de Salomão, acabou por gerar discussões e confusões ao longo do tempo, e deveria ser obrigatório de parte dos nossos instrutores ou do Irmão 1° Vigilante sempre que possível, no período de instruções, ou leitura de trabalhos, procurar mostrar melhor essa questão, esclarecendo, separando um e outro, dando ênfase para o simbolismo contido aí e a idéia do templo interior, que é o que deve prevalecer. Ouve-se muito, ainda, a “teoria” da réplica...
Vejamos algumas opiniões para desfazer a teimosia e servir de subsídios para os Irmãos.
O Irmão Joaquim Roberto Pinto Cortez disse o seguinte: “Um aspecto bastante difícil de ser explicado é o fato de que nossos Templos sejam colocados como réplicas do „Templo de Salomão‟. Sabemos que a existência de um templo, como nós conhecemos hoje é coisa bastante recente.”
Os Irmãos Eleutério Nicolau da Conceição e Walter Celso de Lima, assim dispuseram em seu livro: “O templo maçônico não é a réplica do antigo Santuário hebreu, apenas faz referências simbólicas àquele edifício. Se assim fosse, seria necessário retirar do interior do templo maçônico todos os outros elementos que não tivessem correlatos no Templo de Salomão. Assim, seriam retirados o mar de bronze (presente em alguns ritos), pois este ficava fora, à direita da entrada do templo; o altar dos juramentos, equivalente ao altar dos sacrifícios, que também ficava fora do Templo;os tronos do Venerável e dos Vigilantes, que não existiam (Salomão nunca teve um trono no interior do Templo), todos os outros assentos, como também decoração de colunas zodiacais (existente no REAA), inexistentes naquele Templo e, por último, todos os maçons que não fossem judeus, pois só filhos desse povo podiam entrar no Templo de Jerusalém. A simbologia maçônica foi buscar referências, além do Templo de Salomão, na cultura Greco-romana (ordens de arquitetura), mesopotâmica e judaica (pavimento mosaico), parlamento britânico, (posição dos obreiros em duas colunas norte e sul) e igrejas medievais. É da composição de todas essas influências que surgiu o edifício maçônico, não apenas do Templo de Jerusalém. Assim , todos os símbolos maçônicos estão bem colocados no interior do templo, seguindo a prescrição tradicional de cada rito, independentemente de seu posicionamento original no Templo de Salomão.”
A COLUNA DE NUVEM E A COLUNA DE FOGO
Os estudiosos estão convictos que há pontos enigmáticos ainda em relação aos significados religiosos das colunas. A verdade é que eram consideradas sagradas, e se estavam no Templo de Salomão, deveriam estar relacionadas à divindade.
No Templo de Salomão, no seu palácio, em Jerusalém, as colunas foram bastante utilizadas. Consta que em seu palácio havia o Salão das Colunas, que era como uma espécie de pórtico com colunas (I Reis 7,6). As colunas gêmeas Jaquim e Boaz, como estavam do lado de fora do Templo de Jerusalém, talvez servisse para a sustentação da arquitrave do vestíbulo da entrada, assim como, podem ter sido colunas memoriais, e sendo assim nada sustentavam, mas, fazendo o povo de Israel manter as lembranças das colunas de nuvem e fogo que guiaram o povo de Israel quando em sua peregrinação pelo deserto.
Foi citada logo após o título do presente trabalho e oriunda da tradição bíblica também a relação das colunas B e J com as colunas que acompanharam, digamos assim, os israelitas pelo deserto.
O Irmão Arony Natividade da Costa refere-se a essa possibilidade em trabalho de sua lavra quando diz: “O Senhor ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem e de noite numa coluna de fogo para guiá-los pelo caminho, de dia e de noite. A coluna de nuvem, e a coluna de fogo, de dia e de noite, nunca se afastaram do povo; numa demonstração clara e evidente de que Deus amparava o seu povo, os israelitas. (...) Então a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pôs atrás. Assim a coluna de nuvem era escuridão para os egípcios e para os israelitas clareava a noite, de sorte que, durante toda a noite, estes e aqueles não pudessem aproximar-se.”
A opinião de Aslan sobre esse aspecto vale ser registrada aqui: “Existe ainda, para os simbolistas, uma grande relação entre as colunas B e J e as duas colunas que precederam os israelitas quando atravessaram o deserto. De noite, uma coluna de fogo iluminava a sua marcha; de dia, uma nuvem os protegia do ardor solar. Pensaram os simbolistas que as duas colunas existentes no pórtico do templo de Salomão fossem uma alusão a este fato bíblico. Calcott escreveu que “a Coluna da direita representava o pilar da nuvem e a da esquerda o fogo”.
CONCLUSÃO
No início do presente trabalho anunciei que estaria fundamentado na opinião de respeitáveis estudiosos Maçons. E será que esgotamos o assunto, agindo assim? Nem pensar.
Durante as leituras que precederam o trabalho em pauta, o capítulo “As Colunas “B” e “J” no Simbolismo Maçônico” constante no livro “Estudos Maçônicos Sobre Simbolismo” de Nicola Aslan, creio que foi o mais completo e esclarecedor que pude ler, e isso, na minha modesta opinião de leitor inveterado. Fica a recomendação para todos os que leram este trabalho, a sua leitura obrigatória. O que eu diria ainda, é que essa leitura abre outros horizontes, contempla outros ângulos, e um alerta logo no começo do artigo me chamou muito a atenção:
“Lembremo-nos que a Maçonaria não é estática, ela é, ao contrário, eminentemente dinâmica. É necessário, pois, percorrermos caminhos não usados, e abrirmos novas veredas para o conhecimento, não esquecendo que a história dos povos e a história das religiões são as bases da história e do simbolismo maçônicos. É lá que foram encontradas as origens verdadeiras das colunas B e J, que os séculos relegaram ao esquecimento, origens que os simbolistas e exegetas maçons nem mesmo suspeitaram.”
Acho que vou finalizar, de uma maneira condizente com aquele que é consciente de quando deve parar, e não guardo certeza de já não ter citado o que vem a seguir numa outra ocasião, porém, não custa nada repetir o que sempre tem importância, e vindo do Irmão Varoli: “Quanto à interpretação maçônica das duas colunas, os autores apresentam várias conjeturas, muitas delas baseadas em biblistas protestantes e católicos. Se esses escritores tivessem respeitado a regra pela qual o maçom deve parar onde não pode mais explicar, não chegariam a emaranhar-se nos despropósitos que aventaram e inventaram, causando a impressão de que a Maçonaria não passa de uma confusão.”
(*) Com referência à Bíblia utilizada por Boucher, consta ao final do capítulo, pág. 198, que a tradução em questão é a “La Sainte Bible”, de acordo com os textos originais do Cônego Crampon, 1° Livro de Reis, cap. VI, sendo que no parecer de Boucher, era a tradução mais confiável (Sic) à época da feitura do seu livro “A Simbólica Maçônica‟.
Referências Bibliográficas:
Internet:
Revistas:
A TROLHA, n°221 – “As Colunas B J” – Trabalho do Irmão Cristiano Roberto Scali
O PRUMO, n°100 – “As Duas Colunas “J” e “B”: Seu Valor e o que Representam” – Trabalho do Irmão Arony Natividade da Costa
Livros:
Antologia da Academia Niteroiense Maçônica de Letras, História, Ciências e Artes – Marques Saraiva Gráficos e Editores – 2006 - “As Colunas B e J no Templo” – Trabalho do Irmão Roberto Ribeiro
Bíblia Sagrada com Enciclopédia Bíblica Ilustrada – Sociedade Bíblica do Brasil - 2011
Dicionário Enciclopédico Ilustrado VEJA-LAROUSE – Volume 6 – Editora Abril S/A2006
ASLAN, Nicola. “Estudos Maçônicos Sobre Simbolismo” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 1997
BOUCHER, Jules. “A Simbólica Maçônica” – Editora Pensamento
CONCEIÇÃO, Eleutério Nicolau da & LIMA, Walter Celso de. “ARTE REAL – Reflexões Históricas e Filosóficas” – Editora Tribo da Ilha 2014
CORTEZ, Joaquim Roberto Pinto. “A Maçonaria e as Tradições Bíblicas” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. – 2011
JB News – Informativo nr. 1.377 Florianópolis (SC) – domingo, 15 de junho de 2014. Pág. 17/26
CHAMPLIN, R.N. “Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia” Volumes 1 e 3 – Editora Hagnos – 2008
GIRARDI, João Ivo. “Do Meio-Dia à Meia-Noite – Vade-Mécum Maçônico” – Nova Letra Gráfica e Editora
Ltda. - 2008
ISMAIL, Kennyo. “Desmistificando a Maçonaria” – Universo dos Livros – 2012
VAROLI FILHO, Theobaldo. “Curso de Maçonaria Simbólica” 1° Tomo Aprendiz) – Editora A Gazeta
Maçônica S.A.

Fonte: JB News

Acesse o site www.banquetemaconico.com.br e veja o sumário do livro. Tenho a certeza de que você vai gostar.

http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-517935123-banquete-macnico-origens-preparaco-ritualistica-_JM
 .......................................................................................................................................................

 

www.banquetemaconico.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário