quinta-feira, 14 de maio de 2015

DIA 13 DE MAIO – DATA MAÇÔNICA A SER COMEMORADA


DIA 13 DE MAIO – DATA MAÇÔNICA A SER COMEMORADAmeus irmãos! Perdão para o ousado, que sendo o menor dentre vós, todavia sente-se orgulhoso em cultivar o opulento jardim de nossa História Pátria, e que, de quando em vez, não trepida em formar ramalhetes, imperfeitos embora, de fatos que se relacionem com nossa Sublime Ordem e que, nesse jardim maravilhoso, proliferam exuberantemente, convidando-nos ao estudo e à meditação.
Perdão para o ousado, meus irmãos! Perdão porque, certo entre nós, artistas haverá que, com talento, precisão e maestria pintariam, com justas cores e em toda sua pujante beleza trágica, este quadro da história de nossa Pátria e sobre o qual eu apenas poderei palidamente bocejar…
Refiro-me, meus irmãos, à data magna de nossa história:
Maior do que o sete de setembro; maior do que o 15 de novembro; maior que todas, porque representa a ressurreição de uma raça:
13 de maio de 1888!
Na adolescência , quando sentimos abrir na alma o livro da criação , e que o pensamento descerra as asas e, num primeiro surto, adeja, sobe e percorre o espaço azul do firmamento: é num supremo êxtase (cuja saudade nos punge por todo o sempre) que nos deslumbramos ante as maravilhas da criação toda embebida em luz __ toda resplandecente em excelsa bondade de Deus, nesse banho de luz e da mais ampla liberdade tomado na amplidão do infinito, é ele o elixir que nos fortifica a alma para lutas da existência; elixir cujos doces eflúvios só se extinguem quando um último raio de esperança nos foge como um derradeiro sopro de vida…
Irmãos! Dentre todas as maravilhosas conquistas do engenho humano __ e particularmente pela maçonaria__ empreendidas pela senda luminosa do progresso __ nenhuma, seguramente, é tão grandiosa e bela, tão belamente majestática e tão auspiciosa como a que se realizou em prol da Liberdade: e tal grandeza, e tal bem aventurança aviltam quando, transpondo as raias das coisas materiais, se constituem num bem altamente moral de efeitos duradouros, isto é , quando a liberdade conquistada é a liberdade do próprio Eu , ou a liberdade de crer, de pensar e de querer, ou a liberdade de consciência; essa liberdade peregrina, que um mavioso poeta do século passado chamou de “esposa do porvir” __ noiva do sol” __ Essa Liberdade sem par, da qual o gênio relutante de Ruy Barbosa, numa das mais belas sensibilizações__ prefaciando” O Papa e o Concílio”, disse:
“de todas as liberdades sociais, nenhuma é tão justificativa e tão civilizadora e tão filha do Evangelho, como a Liberdade religiosa”.
É a liberdade, meus irmãos, o ar e sol da bem aventurança do Criador; é a maior de todas as graças que ele legou a todas as criaturas e que estas, no entanto, para gozá-la conquistam-na através de dificuldades sem conta e de mil perigos…
E como é sempre grato e nobre e edificante lembrar uma dessas conquistas e honrar os heróis que a levaram ao triunfo, qual seja essa página brilhante da Abolição da escravatura no Brasil, escrita com amor, desvelo e abnegação pelos nossos maiores, por essa plêiade de maçons que brilharem em todo o século passado.
Justo é que a Aug. Resp. Subl e Ben. Loja Capitular Regeneração Barbacenense, pela boca de um de seus menores obreiros, embora tardiamente, aproveitando-se dessa reunião, com seus fulgores de uma reunião comemorativa, renda justo e merecido preito de homenagem aos heróis magnânimos que, não medindo sacrifícios, lutaram sem descanso em prol da fraternização brasileira, consubstanciada na aurora majestosa e sem igual de 13 de maio de 1888!
Foi a l3 de maio de 1888, meus irmãos, que o abolicionismo triunfou depois de uma titânica luta de mais de meio século na qual os escravos, envelhecidos pelo castigo, sentiram o pulso livre, a vontade, o trabalho e até o pensamento livre.
Toda uma legião de homens cujos direitos estavam delimitados pelo trabalho bruto e pela crueldade dos feitores carrascos, vivendo sob o regime feroz de um código draconiano que decretava a penalidade aviltante do açoite e a tortura degradante ao tronco, senão um martírio supremo da cruz negra, em cujos braços santos se cometia a hedionda profanação do assassinato, plantado no meio do lenho que haveria dentro de pouco, de incendiar-se. Todos esses pobres escravos humildes, com os olhos sempre cheios de lágrimas e com a boca sempre cheia de prece ou do canto da senzala para se apartarem da mágoa e do soluço que lhes oprimia o peito, tiveram, nesse dia, a suprema ventura de amar segundo as verdadeiras leis do direito natural.
Ah irmãos meus, o que vos poderei contar dessas emoções! Algumas velhas pretas morreram de alegria quando souberam que eram livres. Também os corações delas, sempre murchos de tristeza, não podiam ter forças para suportar tanta felicidade. Como haveriam de resistir se até a imaculada presença do afeto maternal os senhores impiedosos ultrajaram, arrancando-lhes da alma e do coração os ternos filhinhos para o tráfico e para a desonra?
Ah, meus amigos, quanta iniqüidade, quanta ignomia, quanto vilipêndio sofreram essas criaturas, filhos do mesmo Deus de bondade, nossos irmãos, e cujo crime era terem tido a triste sorte de nascerem com a pele negra!
O grande e inolvidável tribuno Torres Homem, defendendo na câmara vitalícia, o projeto Rio Branco, com a eloqüência que lhe era inata, arrebata e vence com sua palavra cheia de amor, numa invocação sublime, as almas daqueles que, consultando interesses partidários, mesquinhos e vis, esposaram a triste causa da escravatura:
“Ao longe arrancava o tráfico nos sertões africanos, o filho selvagem do gentio, vítima de garras bárbaras, de que não tínhamos notícias, para o mercado da cana e da lavoura”.
“Outro processo não é menos atroz: Esperam-se a porta da entrada da vida as criaturas novas que apraz à providência enviar a esse mundo e aí são seqüestradas para o cativeiro embora nascidas no mesmo solo junto ao lar da família em frente ao templo do mesmo Deus, e no meio dos espetáculos da liberdade, que tornam mais sensíveis a sua degradação e miséria.”
“Oh senhores, continua Torres Homem, a pirataria exercida à roda dos berços, nas águas da jurisdição divina e debaixo das vistas imediatas de um povo cristão”. “Oh céus”! Quanto horror! Onde vegetavas tu, oh Caridade Excelsa! Oh meigo filho do grande rabino da Galiléia que não amparavas esses míseros estigmatizados pela cor maldita! Ah! estavas banido dos empedernidos corações dos homens sem fé, obcecados pelo egoísmo, pela usura, pela grandeza e pelo orgulho… Felizmente deram-te guarida algumas almas educadas na escola salutar da maçonaria e nelas pudestes realizar a grande missão da confraternização dos homens, escrevendo pelas mãos dos pedreiros livres a grandiosa, estupenda e cegante página de nossa História Pátria: A abolição da escravatura no Brasil, em 13 de maio de 1888.
Ave Excelsa Ordem Maçônica! Teus ideais, os mais nobres, que são os ideais de teus filhos diletos, têm sido realizados! Estamos satisfeitos porque sempre vencemos: pelo direito e pela razão.
Ave heróis passados, mártires das grandiosas causas nobres!
Nossa mãe comum, a Maçonaria, reconhecida não se cansa de procurar nossos frutos sublimes e, em cada etapa que transcorre, ela faz colocar no meio de nossa fronte a coroa de louros imarcescíveis de nossa admiração e respeito. Estamos satisfeitos… Basta !
A maçonaria foi é e será força gigantesca que amplia os domínios da liberdade, que alia a fé à razão, que confraterniza classes, nivelando todos os homens.
É a mão caridosa que ampara a viúva, socorrendo-a no momento intraduzível em que o marido, rodeado de seus filhos, tomba varado por uma bala covarde, em meio de uma estrada silenciosa; é o gênio do bem quebrando os grilhões da escravidão do corpo e da alma espantando as trevas da ignorância com o facho da instrução.
Ela é o apelo veemente, vivíssimo, que levanta conclamando os homens para a grandiosa obra da divulgação da ciência, amparando os ginásios para que a sua luz se eternize e se transforme em felicidade eterna para a humanidade. Tenho concluído… Oriente de Barbacena –Minas Gerais.
Manifestação pronunciada em Loja na Sessão Econômica do dia 18 de maio de 1925.
Cópia da fala do Irmão Plínio Gomes da Silva
Orador da Centenária Loja Maçônica Regeneração Barbacenense.
Estudo e reprodução, com a grafia atual, efetuados pelo irmão
Geraldo Ribeiro da Fonseca, membro do quadro da Loja referenciada.

http://formadoresdeopiniao.com.br/portal/dia-13-de-maio-data-maconica-a-ser-comemorada/

Nenhum comentário:

Postar um comentário