sexta-feira, 17 de abril de 2015

NOS BASTIDORES, CUNHA VEM DESTRUINDO SEUS INIMIGOS, UM APÓS O OUTRO


Ranier Bragon e Márcio Falcão
Folha
Quando o PT e o Palácio do Planalto mobilizavam ministros, cargos e verbas contra a sua candidatura, em janeiro deste ano, o então líder da bancada de deputados federais do PMDB não se cansava de repetir uma espécie de promessa: a interferência do governo Dilma Rousseff na disputa pelo comando da Câmara provocaria consequências.
NOS BASTIDORES, CUNHA VEM DESTRUINDO SEUS INIMIGOS, UM APÓS O OUTROEduardo Cunha derrotou o PT, o governo da presidente Dilma Rousseff e seus ministros no primeiro turno da eleição. Desde que se sentou na cadeira de presidente da Câmara, em fevereiro, trabalha para cumprir o vaticínio.
De cara, caiu o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS). Cunha nunca perdoou o fato de ele ter convocado uma entrevista coletiva, durante a campanha para a presidência da Câmara, para criticá-lo e defender a candidatura do rival, o petista Arlindo Chinaglia (SP).
O peemedebista reagiu na ocasião afirmando que Fontana era “fraco” e “desagregador”, e que o PMDB, dali em diante, não reconheceria mais a sua liderança. Após derrotar Chinaglia por 267 votos contra 136, Cunha manteve sua posição, levando a presidente a substituir o petista.
PEPE VARGAS E MERCADANTE
Nas conversas logo após a vitória sobre o PT, também não escondeu dos aliados que tinha alvos certos no ministério. Aqueles que, em sua avaliação, interferiram de forma indevida no processo eleitoral – Pepe Vargas, então chefe da Secretaria de Relações Institucionais, e Aloizio Mercadante, da Casa Civil.
Também viraram alvo de Eduardo Cunha dois ministros que patrocinaram uma frustrada operação para tentar esvaziar o PMDB criando um novo partido político, Gilberto Kassab, das Cidades, e Cid Gomes, da Educação.
Em relação a Pepe e Mercadante, Cunha se recusou a negociar ou conversar com ambos sobre a relação da Câmara com o governo Dilma.
Mais do que isso, ele colocou em pauta e operou politicamente a aprovação de projetos como o que obrigava o Planalto a colocar em vigor em 30 dias a renegociação de dívidas de Estados e municípios. Isso horas depois de Dilma ter dito publicamente que o governo não teria como financiar o custo da medida.
VARGAS FOI HUMILHADO
O gelo dado em Pepe Vargas, no papel o responsável pela interlocução do governo com o Congresso, levou o ministro à vexatória situação de se ver demitido pela imprensa na semana passada –deu lugar ao vice-presidente da República, Michel Temer, presidente nacional do PMDB.
Mercadante também se viu afastado das tratativas técnicas e políticas com a Câmara dos Deputados. Aliados do presidente da Câmara têm repetido nos bastidores, após a queda de Pepe, que “Mercadante é o próximo”. Além das sequelas da campanha, o chefe da Casa Civil é apontado pelos peemedebistas como mentor de outra operação anti-PMDB.
A tentativa de recriação do Partido Liberal teve patrocínio de Kassab e o apoio de Cid Gomes. Na visão do PMDB, o novo PL tinha o objetivo de atrair insatisfeitos do PMDB e da oposição para formar uma robusta sigla governista que diminuísse a dependência de Dilma do partido de Cunha. O PMDB questiona judicialmente a recriação do PL.

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