'ESQUEMAS ARDILOSOS', EDITORIAL DO ESTADÃO |
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Escrito por Estadão |
Ter, 08 de Abril de 2014 14:00 |
A polêmica decisão do presidente do
Senado, Renan Calheiros, de transferir para a Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Casa a responsabilidade de decidir sobre a ampliação
das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da
Petrobrás proposta pelo PT, é uma manobra claramente procrastinatória
destinada, com o incentivo do Palácio do Planalto, a diluir o impacto
do escândalo da Refinaria de Pasadena, que, graças às trapalhadas de
Dilma Rousseff, acabou criando riscos para o projeto petista de
perpetuação no poder.
Trata-se de mais uma chicana política dentre as muitas do amplo
repertório de que o notório presidente do Senado se vale para levar
vantagem em barganhas com o Executivo.
Há nesse episódio, porém, algo muito
mais grave do que a cumplicidade de Renan Calheiros com o Palácio do
Planalto para transformar em pizza as investigações parlamentares sobre
a Petrobrás. É a constatação de que o presidente da Câmara Alta não
hesita, por um lado, em desmoralizar o instituto da CPI, poderoso
instrumento de que os congressistas - em especial a minoria - dispõem
para cumprir com eficiência sua missão constitucional de fiscalizar o
Poder Executivo. E, por outro lado, Renan submete mais uma vez a Casa a
que preside ao vexatório exercício de se prostrar diante do Executivo.
Existe ainda nessa tramoia uma terceira e
mais grave ameaça às instituições democráticas. Se de acordo com a
esdrúxula interpretação de Renan Calheiros de que uma CPI sirva para
tudo, menos para investigar a fundo assuntos que incomodam um governo
que disponha de base parlamentar majoritária, está aberto o caminho
para que seja vedado à minoria o direito - mais do que isso, a
obrigação constitucional - de controlar os eventuais excessos da
maioria e dos outros Poderes. Um direito e uma obrigação, aliás, que
são garantidos à minoria pela Carta Magna quando estabelece que uma CPI
pode ser convocada por apenas um terço dos senadores ou deputados
federais, em suas Casas ou no Congresso Nacional. Há também no texto
constitucional, bem como na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
(STF), outras salvaguardas a esse direito da minoria.
Coadjuvantes da farsa, parlamentares
governistas tentam, com argumentos falaciosos, criar confusão em torno
do objetivo da CPI da Petrobrás, que, de acordo com a lei, deve ser a
investigação de "fato determinado". No caso, a controvertida compra da
Refinaria de Pasadena, no Texas. "Já que vamos investigar a Petrobrás,
por que não investigar também outros casos suspeitos?", pergunta o
senador petista Humberto Costa (PE). "Desejamos apenas ampliar o
debate", tergiversa Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Ora, se o PT quer exercer o legítimo
direito de investigar as denúncias de corrupção no Metrô ou eventuais
irregularidades no porto pernambucano de Suape, dispõe de maioria mais
do que suficiente no Senado e na Câmara para criar uma CPI para cada um
desses "fatos determinados". Quem é que poderia se opor a isso? Mas
transformar a investigação sobre a Petrobrás num "combo" é um deboche
que só pode desmoralizar o Congresso.
Além da proposta de CPI da Petrobrás
apresentada pela oposição no Senado, à qual o PT adicionou a
possibilidade de ampliar a investigação para abranger os casos de São
Paulo e Pernambuco, e que nessa condição será avaliada pela CCJ a
pedido de Calheiros, há ainda mais duas propostas, apresentadas na
Câmara, uma pelos governistas e outra pela oposição, de formação de
comissões mistas de senadores e deputados, dedicadas também à
Petrobrás.
Em resumo: já que o escândalo que paira
sobre a maior empresa brasileira não sai das manchetes, armam-se
esquemas ardilosos para dar à opinião pública a impressão de que a base
governista desenvolve corajoso combate à corrupção, estando, no
entanto, tudo armado para que qualquer CPI que venha a se instalar para
investigar a Petrobrás termine em pizza. E o pior é que esse atentado à
integridade institucional do Parlamento não está sendo perpetrado pelo
Executivo - que apenas o inspira. Sujam suas mãos membros do Poder
cujas prerrogativas democráticas deveriam proteger.
Fonte: Veja.com
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