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Escrito por J. R. Guzzo |
Ter, 01 de Abril de 2014 09:08 |
O governo do Brasil criou uma certeza
nos últimos onze anos. Está absolutamente convencido de que o fato de
ganhar eleições lhe dá, automaticamente, razão em tudo; não pensa,
nunca, que o eleito representa todos, e não apenas os que são a seu
favor. Exatamente ao mesmo tempo, acha que quem discorda do governo
está errado por princípio.
É como na religião ─ se você não tem a mesma fé do vizinho, jamais
pode ter razão em nada. É um herético que está desafiando a vontade de
Deus, e um inimigo que tem de ser destruído. O problema é que existe aí
uma séria encrenca com os fatos, essa praga que só atrapalha o
conforto das ideias prontas ─ o Brasil, infelizmente para o governo, o
PT e seus profetas, tem heréticos demais.
Fazer o quê? O diabo, além de estar nos
detalhes, está nos números. No caso das eleições para presidente em
2010, a última medição objetiva sobre quem está a favor e quem está
contra o governo, a aritmética prova que ninguém é muito maior que
ninguém. No segundo turno da eleição, Dilma teve 55 700 000 votos e
José Serra ficou com 43 700 000; obviamente não dá para fazer de conta
que os votos do perdedor não existem. Na verdade, já é um assombro que
Serra, tido como um dos candidatos menos atraentes do planeta, tenha
conseguido esses espantosos 43,7 milhões de votos; positivamente algo
não deu certo do outro lado. Além disso, mais de 29 milhões de
eleitores nem foram votar, e outros 7 milhões preferiram ficar nos
nulos e brancos ─ ou seja, 36 milhões de cidadãos simplesmente não
votaram em ninguém. Resumo da ópera: de um eleitorado total de 135
milhões de pessoas, 80 milhões não votaram em Dilma.
Ficamos, assim, na curiosa situação em
que a maioria dos eleitores é considerada pelo governo como inimiga da
vontade popular ─ se não estão com a gente, reza o seu evangelho, só
podem estar do lado do mal. Lula, Dilma e sua máquina de propaganda, ao
que parece, resolveram lidar com esse despropósito inventando um
modelo de adversário fabricado na sua imaginação. “O ódio que alguns
têm de nós é ver a filha da empregada cursando uma universidade
federal”, disse Lula ainda há pouco. Mas por que raios alguém haveria
de se importar com isso? Quem vai se prejudicar se a filha da empregada
estiver numa universidade federal? Ou estadual? Ou particular? Por que
ficaria com “ódio”? Lula sabe muito bem que tudo isso é pura invenção.
Mas sabe também que a mentira viaja de Ferrari, enquanto a verdade vai
a lombo de burro; passa 100 vezes pelo mesmo lugar antes que a verdade
tenha conseguido chegar lá, e nesse meio-tempo falsifica até a regra
de três. Dilma faz a mesma coisa com menos talento. Outro dia veio com a
história de que só criticam a estratégia social do governo os que
“nunca tiveram de ralar, de trabalhar de sol a sol para comprar uma
televisão, uma geladeira, uma cama, um colchão”. Como é mesmo? Todo
mundo, ou 999 em cada 1 000 brasileiros, tem de trabalhar para comprar
qualquer dessas coisas, já que nenhuma delas é dada de graça a ninguém.
Mas e daí? O que interessa é vender a ficção de que só o governo é
capaz de ajudar os pobres ─ e só pode discordar disso quem nunca
trabalhou na vida.
Essa montanha de dinheiro falso é
engolida com casca e tudo no Brasil de hoje ─ e, conforme o caso, há
uma conta a pagar por quem não engole. O caso do músico João Luiz
Woerdenbag Filho, 56 anos, natural do Rio de Janeiro, conhecido do
público como Lobão e autor de uma coluna quinzenal nesta revista, é um
clássico. Lobão foi colocado no banco dos réus do Tribunal de
Inquisição formado na classe artística para decidir o que é o bem e o
mal no Brasil, e até hoje não conseguiu se levantar. É acusado do
delito de ter se vendido “à direita” ou apenas de ser “de direita” ─
coisa esquisita, porque se imagina que ele teria o pleno direito, pela
Constituição, de ser de direita ─ ou de esquerda, ou seja lá do que lhe
desse na telha. O que o resto do mundo tem a ver com isso? Mas Lobão é
um artista de fama, e um artista de fama não tem direito à liberdade
de pensamento e de expressão se ganhar o selo de “direitista”. Na
verdade, no Brasil de hoje nem se sabe o que é ser “de direita”; nossos
juristas diriam que o crime de “direitismo” ainda não está bem
“tipificado”. Tanto faz. Para a polícia política do PT, é criminoso de
direita todo sujeito que disser às claras que não gosta de Lula, nem de
Dilma, nem da sua inépcia, nem do PT, nem do governo, nem do “projeto”
do petismo, nem dos seus melhores amigos, que vão de Collor a Maluf.
Esperem a campanha começar.
Fonte: Veja.com
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