quarta-feira, 16 de abril de 2014

OS LOBISOMENS MODERNOS


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Escrito por Carlos Chagas   
Qui, 10 de Abril de 2014 08:51
Reconheceu o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Marco Aurélio Mello, que o Judiciário nada pode fazer para evitar que prefeitos,  governadores e presidentes da República se candidatem à reeleição enquanto  no exercício do cargo, sem se desincompatibilizar. Apenas uma emenda constitucional seria capaz de acabar com essa prerrogativa.

Fica evidente a aberração da regra eleitoral imposta ainda no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, casuísmo grosseiro que lhe permitiu permanecer oito anos no poder, apesar de eleito apenas para quatro, situação  adotada  pelo Lula e agora em vias de ser repetida pela Dilma. Sem falar no grande número de governadores e prefeitos reeleitos com a caneta na mão,  exercendo o poder em proveito próprio.  Só o Congresso poderia corrigir tamanha distorção, mas como deputados e senadores curvaram-se às imposições do Executivo, no passado, inexiste a menor hipótese de voltarem atrás. Correram favores e até dinheiro para a aprovação, na época, como correriam de novo, diante de uma tentativa de mudança constitucional.
O que serviu ao PSDB serve agora ao PT e mais servirá ao partido capaz de  ocupar o governo, no futuro. São dessas malandragens que criam raízes, quaisquer que sejam as  bolas da vez, pois qual a legenda infensa a proteger seus prefeitos, governadores e até presidentes da República?
A conclusão do presidente do TSE conduz à evidência de que a democracia, quando frouxa, presta-se a servir aos seus contrários. Nada haveria a opor à reeleição,  caso os candidatos em pleno uso do poder se afastassem por alguns meses para conseguir a aprovação ou o repúdio da nação. Não dá para engolir, no entanto,  a farsa de que durante o dia os mandatários exercem suas atividades de governo,  e à noite ou  nos  fins de semana, disputam as preferências populares  em igualdade de condições com os adversários. Em especial se em seus palácios continuam fazendo nomeações, distribuindo favores e  tratores, além de certificados de casa própria,  ao tempo em que horas depois  freqüentam palanques e vídeos, pedindo votos. Se não a encenação do  dr. Jeckill e de mr. Hide, é quase isso. Melhor dizendo, trata-se da transfiguração de  personagens que diante da  lua cheia começam a uivar e sentem crescerem garras,   presas e  uma vontade incrível de devorar o eleitorado.
Até os generais-presidentes rejeitavam a permanência, apesar das tentações. Juscelino Kubitschek teria sido reeleito com um simples sorriso, mas rejeitou a proposta. Pois agora, em plena vigência da democracia assiste-se à sua negação. Um dia, quem sabe…

Fonte: Tribuna da Internet

 
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