segunda-feira, 14 de abril de 2014

REI SALOMÃO: PERSONAGEM BÍBLICO A QUE COUBE A MISSÃO DE EDIFICAR O TEMPLO DE JERUSALEM


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Escrito por José Reinaldo Viegas Alves   
Seg, 14 de Abril de 2014 17:00
“Ao escrever a vida do Rei Salomão de um ponto de vista maçônico, é impossível omitir uma referência às lendas que têm sido preservadas no sistema maçônico. Mas o escritor que, com esta nota preliminar, as incorpora ao esboço que faz da carreira do sábio Rei de Israel, não deve de modo algum ser considerado responsável pela crença na sua autenticidade.”

(Albert G. Mackey, citado no livro “A Chave de Salomão” de Lon Milo Duquette)

INTRODUÇÃO
Cada vez que um novo tema pede passagem ou toma a dianteira em minha pauta, há uma razão especial. Não é de hoje que venho observando o quanto tem sido explorado a temática envolvendo o Templo do Rei Salomão nas incursões que empreendemos pelo universo cultural maçônico, seja através dos trabalhos, das leituras, das pesquisas, das instruções, etc. É claro, não poderia ser muito diferente, o simbolismo do Templo de Salomão é muito extenso, além de que é o arquétipo ideal e iniciático, e templo alegórico, pois, imagem e representação do Universo e da criação, adotado pela Maçonaria, utilizando aqui algumas das palavras constantes da descrição de Nicola Aslan.
Mas, o que sabemos do Rei Salomão, do personagem bíblico de nome Salomão, do homem Salomão, do Rei a quem coube erigir o Templo de Jerusalém? Em primeira instância, tudo o que sabemos vem das páginas da Bíblia e mais especificamente do “Primeiro Livro dos Reis” e do “Segundo Livro das Crônicas”. Em segunda instância, de antigos textos religiosos judaicos, islâmicos, cópticos e etíopes.
Para um nome que se transformou numa lenda, fica difícil separar o que é verdadeiro do que presumivelmente possa ter sido inventado. Tem quem diga exatamente isso, que ele é uma invenção.
Vejamos, a partir de agora, a história da vida de Salomão, as suas obras enquanto Rei de Israel, a sua tão decantada sabedoria e conhecimento universal, e o que foi dito sobre as suas virtudes e os seus defeitos.

SALOMÃO, UMA BIOGRAFIA
Salomão foi o décimo filho de David, e da segunda esposa favorita deste, Betsabé. Nasceu em Jerusalém, e o seu nascimento havia sido já anunciado na voz do profeta Natã a Davi: “...Tu derramaste sangue em abundância e fizeste grandes guerras; não edificarás casa ao meu nome, porquanto muito sangue tens derramado na terra, na minha presença. Eis que te nascerá um filho, que será homem sereno, porque lhe darei descanso de todos os seus inimigos em redor; portanto, Salomão será o seu nome; paz e tranquilidade darei a Israel nos seus dias”. (1Cr 22.8-9)
Foi o terceiro governante do reino de Israel, e o seu nome “Shlomo” em hebraico significa “pacífico”. Casou-se com uma filha do Faraó do Egito, mas, além dela, dizem que tinha mil mulheres.
A transição do Reinado de Davi, pai de Salomão, não foi nada tranquila. Vejamos o que diz o estudioso R.N. Champlin sobre este período da história: “Salomão teve rivais no trono e, na verdade, não era o candidato mais óbvio. Davi havia recebido uma revelação de que „Salomão era o homem certo para o cargo (I Crô. 22), e isso teve grande influência na escolha daquele filho em particular, entre várias possibilidades. Muitos de seus filhos foram eliminados violentamente.”
Vejamos agora os detalhes, segundo Giuseppe Crocetti:
“O argumento fundamental que essa seção desenvolve quase em filigrana, responde à pergunta: por que foi Salomão que sucedeu a Davi? A resposta é dada com uma espécie de elenco dos descartados: são postos de lado os descendentes de Saul (cap. 9 e 21), e os filhos de Davi, Amnon (cap.13), Absalão (cap. 14-20) e Adonias (1Rs, cap. 1-2); assim resta só Salomão que Davi faz proclamar rei solenemente (1Rs 1,34: „Viva o Rei Salomão‟).
Amnon, filho mais velho de Davi, aproveitou-se injustamente de sua meia-irmã Tamar e depois a rejeitou com crueldade, embora pudesse tê-la pedido em casamento (2Sm 13.1-19); depois Absalão, irmão de Tamar, resolve em seu coração vingá-la e mata seu meio-irmão Amnon.
Absalão revolta-se contra o seu pai, o rei Davi (2Sm 15.1-6), e proclama-se rei após ter seguido para Hebrom, e vários eram os que simpatizavam com ele (2Sm 15.7-12), mas um mensageiro avisa a Davi sobre os planos de seu filho, e Davi foge de Jerusalém junto com seu grupo fiel de mercenários filisteus. As tropas aliadas a Davi esmagam de forma decisiva as tropas rebeldes de Absalão e ele é morto por Joabe, contra as ordens de Davi (2Sm 17.14-18.33).
Adonias, então, o filho mais velho dos sobreviventes, nos últimos anos do reinado de seu pai, formou em volta de si um partido forte e começou a manifestar pretensões, aspirando ser sucessor de seu pai. Foi apoiado por Joabe, comandante do exército real e de Abiatar, sumo-sacerdote, sucessor de Arão. Mas Bete-Sabé, incitada pelo profeta Natã, fala a Davi acerca da conspiração de Adonias para sucedê-lo no trono (1Rs 1.15-31). Davi pede a Zadogue, um dos dois principais sacerdotes, e a Natã para que fosse ungido rei o seu filho Salomão. Os partidários de Adonias prontamente o abandonaram. Salomão não faz nenhum mal a Adonias até então, mandando-o ir para sua casa (1Rs 1.53; 1Cr 23.1) Por causa da rebelião, Salomão foi coroado antes da morte de Davi. Não se pode falar com certeza quanto tempo depois de Salomão ser coroado, Davi veio a morrer. Antes de morrer, porém, Davi dá instruções e conselhos a Salomão. (1Rs 2.1-9)
A partir de Salomão, Deus estabeleceu um conceito novo para o seu povo: o de governo dinástico, e por quase quatrocentos anos, então, os descendentes de Davi seriam reis em Jerusalém.
O reinado de Salomão durou cerca de 40 anos (de 1009 a 922 a.C.), e nunca antes disso aquele reino havia sido tão extenso, pois, era dez vezes maior que aquele que o seu pai herdara.
Salomão se tornou o maior rei da monarquia hebraica: expandiu o território, introduziu cavalos e carruagens, além de várias inovações de caráter militar que o tornaram praticamente invencível. Dificilmente algum produto procedente do Oriente entrava no Egito, ou entrava na Mesopotâmia, procedente do Sudoeste, sem que fosse para enriquecer os cofres de Salomão.
Salomão desenvolveu um comércio marítimo em conjunto com os fenícios, que se tornou muito próspero, e trouxe com isso muito ouro ao tesouro de Jerusalém.
Estabeleceu relações comerciais com a Arábia e a África Ocidental, apostando em expedições marítimas. A cidade de Ezion-Geber, além de porto destinado à saída e chegada das expedições, era um centro de fabricação e refinação de cobre.
Entre as expedições que mandou realizar, estaria uma ao reino de Ofir, terra que não se conseguiu precisar sua localização exata até hoje. Mas, reza a lenda que procedentes de lá vieram para o seu reino 16 toneladas de ouro. Uma das probabilidades, entre muitas outras, tem-na como sendo o Peru.
Selou vários tratados, tanto com os grandes como com os humildes, mediante casamentos, o que fez ampliar a sua grandeza e garantiu-lhe períodos de paz.
Dos seus projetos de construção, o templo, sem dúvida, foi o mais ambicioso. Para esse projeto houve a criação de altos impostos e empregou mão de obra escrava, o que rendeu muitas reclamações de seus súditos. Ainda, mandou construir um novo Palácio Real para o Sumo Sacerdote, o Palácio da Filha de Faraó, a Casa de Cedro do Líbano e o Pórtico das Colunas. Também ordenou construções de fortes muralhas para a própria cidade de Jerusalém, e a fortificação de diversas cidades com a instalação também das torres de vigias.
Em se considerando toda a grandeza, a prosperidade, a sabedoria, as construções de um modo geral, nenhum outro rei poderia ser tão renomado ou comparado a Salomão. É dito que Salomão trouxe para Israel a “Idade do Ouro”, e que excedeu a todos os reis do mundo, tanto em riqueza como em sabedoria.
A SABEDORIA DE SALOMÃO
Salomão foi também o mais sábio dos estudiosos da sua época. Consta que seria o autor de 3.000 provérbios e de 1.005 canções. (1Rs 4.29-34) É provável que ele tenha ajudado na organização de vários livros do Antigo Testamento, embora seja praticamente impossível determinar com exatidão quanto do Antigo testamento tenha realmente passado pelas suas mãos. Tem sido atribuídas a ele três das obras constantes da Bíblia: Cânticos dos Cânticos ou Cantares, Provérbios e o Eclesiastes, mas, é muito difícil atestar sua real colaboração.
Salomão de acordo com as Escrituras foi um homem sábio, e por ter pedido a Deus sabedoria é que foi abençoado. Segundo a tradição judaica, não existiria bem mais precioso do que a sabedoria, o que, com outras palavras, seria como dizer que a fortuna do homem residiria na sua sabedoria. Há teorias que defendem a idéia de que as famosas minas de Salomão jamais existiram, assim como, ele não teria erguido tantas construções faustosas quanto contam, e nem tinha um tesouro fabuloso, pois, a sua verdadeira fortuna seria apenas uma figura de linguagem, estando relacionada a sua sabedoria.
É bem conhecida aquela situação em que Salomão dá uma mostra cabal da sua sabedoria e justiça, mas, para quem não a conhece, transcrevo-a em uma forma bem sucinta:
“Salomão foi confrontado por duas prostitutas, cada uma das quais tivera um filho e afirmava ser a mãe da única das crianças que sobrevivera. Ele resolveu o dilema ordenando que a criança fosse cortada ao meio, e que cada mulher ficasse com uma das partes: ao renunciar a seu direito, a verdadeira mãe se identificou.”

SALOMÃO E A MAGIA
É provável que Salomão não tenha nem tido envolvimento direto com a prática da magia, ou que tenha sido verdadeiramente o mago de quem tanto falam. Mas, chovem livros de ocultismo e matérias afins atribuindo-lhe poderes e grimórios (manuais de magia). Somente para constar, cito alguns exemplos desses manuais cuja autoria foi atribuída a ele: As Chaves de Salomão, Lemegeton, Shemhamphorash do Rei Salomão, O Livro do Trono de Salomão, O Livro de Salomão Sobre Pedras Preciosas e Espíritos.
Eu mesmo lembro um livro, que não deve ser muito difícil de encontrar, até pelo fato de que existem dezenas de versões. A que eu lembro de ter visto, fazia parte de um desses catálogos que vinham encartados em revistas em quadrinhos. Aliás, aquilo despertava uma curiosidade enorme num adolescente, e o título era: “As Clavículas do Rei Salomão”. Na verdade, essa obra não é de autoria de Salomão, e a sua origem e confecção, estariam situadas lá na Idade Média.
Há que se considerar, com referência a esse assunto, que na história do Ocultismo há sempre uma mina de ouro de livros antigos, que de uma hora para outra são encontrados, seus segredos revelados, e por aí vai. Então, do nada ressurgem, ou melhor, das cinzas. Sem falar que, Salomão, pode ter levado para si essa fama num período até mais recente do que os tempos bíblicos, até porque a Bíblia não menciona sua ligação com as artes mágicas. Há que se considerar também as famosas incursões ou retrospectivas que são feitas ao passado e depois montadas, quando em busca de personagens interessantes para servirem a uma determinada causa.
Na época dos romanos, Salomão adquiriu a fama de haver sido o mestre supremo da magia. Um talismã de bronze, pertencente à era romana encontrado numa escavação arqueológica, mostra sua efígie mexendo num caldeirão de encantamentos com uma vara alta. No primeiro século correspondente à Era Comum, o escritor e historiador judeu Flávio Josefo fez referências a alguns livros para a invocação de demônios escritos sob o nome de Salomão.
Escreve Lon Milo Duquette em seu livro “A Chave de Salomão”:
“Pode-se dizer que o Rei Salomão é uma das figuras mais vívidas do Antigo Testamento, mas o Salomão bíblico é insípido quando comparado a Salomão o mago de outras tradições. O Judaísmo e o Islã parecem se fundir numa névoa mágica de fábula e fantasia na pessoa de Salomão. Ele é ao mesmo tempo um rei hebreu, um profeta de Alá e um audacioso sábio oriental. Salomão o mago falava com animais, voava num tapete mágico e fazia com que outros voassem até ele. Controlava as forças da natureza e Ra mestre dos habitantes do mundo espiritual, os demônios, afrites e gênios das Mil e Uma Noites de Sherazade. Nesses contos, é dito várias vezes que Salomão arregimentar os serviços de gênios e outros espíritos maléficos para construir o Templo de Deus. Aparentemente, os antigos não viam nisso nenhum conflito de interesses. Para eles, demônios, gênios e diabos eram representantes espirituais das forças cegas da natureza, que criam e destroem tudo no universo. Salomão era o instrumento de Deus na Terra e, se ele conseguia controlar os espíritos infernais para ajudá-lo a construir o Templo de Deus, então ele deveria ser parabenizado. (...) Mas nas mãos de um operador habilidoso, as mesmas ferramentas terríveis podem ser usadas para propósitos construtivos e justos _ incluindo a construção da Casa de Deus. (...) O Talmud judaico relata uma história memorável das negociações de Salomão com o arquidemônio Ashmodai numa tentativa de conseguir um verme mágico chamado Shamir. O Shamir tinha o poder de atravessar silenciosamente a pedra sólida, cortando-a com velocidade e precisão surpreendentes.”
Existe também uma versão que fala sobre Salomão ter convocado “gênios” por intermédio de seus conhecimentos cabalísticos, para que lhes ajudasse na construção do Templo. À determinada altura da obra, Salomão questionou os gênios sobre a falta de silêncio enquanto trabalhavam, e exigiu deles o silêncio. Os gênios se referiram a outro gênio que tinha conhecimento de outras técnicas para tal, e que fugira da convocação de Salomão. Descoberto o outro gênio, este teve de explicar como se trabalhava na pedra em total silêncio, e ele disse que o segredo tinha a ver com uma erva conhecida dos corvos cuja seiva amolecia a pedra. De posse desse conhecimento, a partir daí, os blocos de pedra eram amolecidos e os trabalhos passaram a ser executados em silêncio. Essa seria também a maneira pela qual os povos antigos, a exemplo dos egípcios que só dispunham de serra e brocas de bronze, conseguiam executar monumentais trabalhos em pedras.
A Bíblia não faz referências quanto à vivência de Salomão no Egito, ou sua ida à Memphis, lugar onde teria sido supostamente iniciado nos Grandes Mistérios.
O Irmaõ Joaquim Gervásio de Figueiredo em seu ”Dicionário de Maçonaria” comenta no verbete SALOMÃO:
“Seu nome está ligado a diversos graus da maçonaria, cuja paternidade alguns lhe atribuem. Mas, outros, e com mais razão, o consideram apenas um notável reformador hebreu da tradição dos mistérios egípcios, trazida uns quinhentos anos antes por Moisés, que fora iniciado nos mesmos (Atos 7:22), e foi o verdadeiro fundador dos Mistérios Judaicos, introduzindo-lhes a sucessão sacerdotal que recebera dos hierofantes egípcios. Durante sua longa marcha pelo deserto, Moisés ou seu irmão Aarão celebrou o essencial dos rituais egípcios em sua tenda ou templo portátil, o qual foi preservado na tradição hebraica do tabernáculo, porém em escala e esplendor bem menores.”
O TEMPLO DO REI SALOMÃO E A MAÇONARIA
Numa atmosfera de paz e prosperidade foi que Salomão deu início à construção e realização do sonho de seu pai Davi. Um templo digno de abrigar a Arca da Aliança e destinado à adoração ao Senhor Deus, que substituísse o Tabernáculo, o templo portátil utilizado durante a perambulação do povo hebreu pelo deserto à época de Moisés.
A madeira utilizada na construção veio do Líbano, preparadas por operários fenícios, que foram empregados na obra em grande número. Grandes pedras também eram cortadas e marcadas antes de serem enviadas para Jerusalém. Salomão fez um acordo com o rei de Tiro, Hirão, para o qual em troca da matéria prima e de mão de obra devia dar-lhe providências para a manutenção e o salário dos homens de Hirão, e ainda, para pagar o material destinado à edificação, devia pagar uma contribuição anual em trigo batido e medidas do melhor azeite. Salomão fez trazer um homem de Tiro para supervisionar a obra e um artesão fenício para executá-la. (1Rs 5.10, 18; 7.13)
Descreve a Bíblia que Salomão se utilizou de trinta mil homens para cortar madeira no Líbano, setenta mil homens para transportar cargas, oitenta mil cortadores de pedra das montanhas, e três mil supervisores de obras. A finalização do Templo ocorreu em pouco mais de sete anos.
Um aspecto interessante é que o relato constante na Bíblia é tão rico em detalhes no que tange as dimensões e ornamentação do templo, que os arquitetos modernos desenvolveram alguns desenhos e maquetes bastante satisfatórios.
O templo, no entanto, se manteve na sua condição original somente por 33 anos, embora em estado de decadência, tenha durado por quase 400 anos mais, até ser completamente destruído em 586 a.C. por Nabucodonosor, rei da Babilônia.
Reproduzo do livro “A Chave de Salomão”, na íntegra, estas linhas: “Não seria exagero dizer que o coração e a alma da Maçonaria estão nas seções da Bíblia que contam a história do Rei Salomão e o destino do magnífico Templo de Deus.”
E do “Vade-Mécum Maçônico” do Irmão João Ivo Girardi, podemos ler o seguinte:
“Na acepção maçônica: este templo é místico. É a imagem e representação do Universo e de todas as maravilhas e perfeições da criação, e a Maçonaria o tomou como protótipo para a ministração de seus ensinos e aplicação simbólica de suas doutrinas. Na Bíblia, é o templo que o famoso rei de Israel mandou erigir em Jerusalém, sobre o Monte Moriá, e cujos dados arquitetônicos a Maçonaria adotou para a formulação e perpetuação de seu simbolismo. (...) Na Maçonaria , esse Templo é um Símbolo e nada mais, apesar de ser um símbolo de um alcance magnífico: o do Templo jamais terminado, Templo que cada Maçom é uma pedra, preparada sem machado nem martelo, no silêncio da meditação. Sobe-se a seus andares por escadas em caracol, por espirais, que indicam ao Iniciado que é nele mesmo, é voltando-se sobre si mesmo, que ele poderá atingir o ponto mais alto, que constitui o seu objetivo. (...) O Templo de Salomão é o Templo da Paz, da paz profunda, rumo à qual caminham todos os maçons sinceros que se desinteressaram pela agitação do mundo profano. É nesse sentido, e apenas nesse sentido, que é preciso considerar o Templo de Salomão. Ele foi construído em sete anos, e sete é a idade simbólica do Mestre-Maçom daquele que chegou da Iniciação. O Templo de Salomão é construído de pedra, madeira de cedro e ouro. A pedra é a estabilidade, a madeira é a vitalidade e o ouro a espiritualidade em toda a sua perfeição e inalterabilidade. Para o maçom, o Templo de Salomão não é considerado nem em sua realidade histórica, nem em sua acepção religiosa judaica, mas apenas em sua significação esotérica, tão profunda e tão bela.”
AS MINAS DO REI SALOMÃO
Resolvi inserir um pequeno comentário sobre o livro “AS MINAS DO REI SALOMÃO“, para tentar explicar essa atração que consta no imaginário de muita gente, onde eu me incluo, e que está relacionada ao nome do Rei Salomão. Li em minha juventude, o livro de autoria do inglês Henry Rider Haggard, e lembro que na época foi objeto de muitas das minhas fantasias, pois, a exemplo de Arthur Conan Doyle, Edgar Rice Burroughs, Rudyard Kipling, Jules Verne e tantos outros autores que viraram “cult”, a fórmula que englobava mundos perdidos, civilizações esquecidas, expedições por continentes desconhecidos, aventuras, perigos, tribos hostis e tesouros escondidos, era comprovadamente uma receita de sucesso, ainda mais, sendo considerada a época em que foram escritas, onde muito restava ainda por ser descoberto no planeta, e a fome de conhecimento por terras distantes incendiava a imaginação das pessoas.
Mas, H. R. Haggard fez outras incursões ainda, com temáticas semelhantes e deixou indelevelmente marcados os seus leitores, incutindo em todos, acredito eu, o fascínio pelo nome de Salomão.
O Cinema também tem explorado bastante o assunto, e não é de agora. Constam no mínimo quatro adptações dessa obra realizadas para o Cinema. O personagem Alan Quatermain faz lembrar outro da atualidade, que é o arqueólogo e aventureiro Indiana Jones.
Quem sabe, há um fundo de verdade para essas histórias, ainda que os lugares não sejam os mesmos, ou as minas também não sejam exatamente iguais.
Entre os locais possíveis de abrigarem as minas do Rei Salomão, um deles seria uma pequena cidade do Iêmen chamada Timna, e que fica perto de Éilat. Mas, é somente mais um entre os que são cogitados.
Vejamos o que diz o pesquisador R.N.Champlin, agora de um viés histórico:
“As famosas “minas de cobre do rei Salomão” de fato existiram e não eram meramente uma história antiga que prendeu a imaginação dos diretores de cinema. A arqueologia demonstrou que foi realizada extensa mineração de cobre em Ezin-Geber. (...) os israelitas tiveram de apelar aos fenícios para realizar esta operação. Minerações semelhantes de cobre foram encontradas na Sardenha e na Espanha. Navios fenícios transportavam o cobre aos mercados de todo o mundo conhecido na época.”
Recentemente pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, chegaram à conclusão de que toda a exploração de minérios na região da Jordânia, que abrigava o antigo reino de Edom, começou ainda nos tempos do Velho Testamento. Utilizado o método do carbono 14 para avaliar a idade dos restos encontrados no local, encontrou-se como uma data provável para a atividade industrial na área, o período que vai do ano 950 a.C.(o que equivaleria ao auge do reinado de Salomão) até um final das suas atividades em torno de 840 a.C.
Artefatos tem sido encontrados em sítios arqueológicos africanos que são remanescentes dos períodos relativos aos reinados de Davi e Salomão, o que vem corroborar a cronologia bíblica.
Mas, nem todo mundo concorda com o que vem sendo descoberto. O arqueólogo e pesquisa israelense Israel Finkelstein manifestou-se assim sobre as conclusões no sítio de Khirbat em-Nahas na Jordânia:
“Aceitar literalmente a descrição bíblica do rei Salomão equivale a ignorar dois séculos de pesquisa bíblica. Embora possa existir algum fundo histórico nesse material, grande parte dele reflete a ideologia e a teologia da época em que saiu da tradição oral e foi escrito, por volta dos séculos 8 a.C. e 7 a.C. Os dados de Nahas são importantes, mas não vejo ligação entre eles e o material bíblico sobre Salomão”, arremata Finkelstein.

O OCASO DE SALOMÃO
Nem todos os magníficos projetos envolvendo construções ou as próprias exigências do seu exército conseguiram ser mantidas somente com os rendimentos que Salomão angariara e, numa ocasião ele teve de ceder 20 cidades galiléias para pagar suas dívidas no tocante amadeira e ao ouro necessários. (1Rs 9.10-14)
Consta que Salomão possuía um vasto harém, e resolvia algumas questões com nações circunvizinhas casando-se com suas princesas. Seu coração acabou sendo pervertido por algumas dessas mulheres, tanto que ele chegou a adorar os falsos deuses, a exemplo de Astaroth, dos sidônios, Moloch, dos amonitas e Camos dos moabitas, para os quais erigiu templos em Jerusalém. (1Rs 11.1-8; Ne 13.26)
As insatisfações com o uso da mão de obra escrava e a cobrança de altos tributos acabaram fazendo soprar os ventos da discórdia em seu reino, e plantadas as sementes de futuras rebeliões, pois, para cumprir os seus projetos de construções foram introduzidos um sistema administrativo complexo e burocrata, responsáveis pela implantação de impostos pesados.
Também muitos dos seus súditos se ressentiram em virtude dele mostrar claro favoritismo para com sua própria tribo, a de Judá.
Na opinião do pesquisador Raymond P. Scheindlin “Os sacerdotes locais estavam melindrados com a ascendência do Templo de Jerusalém e a diminuição de seus próprios status. Duas gerações de monarquia haviam transformado o Estado, de uma confederação tribal livre, de simples fazendeiros e pastores, numa máquina econômica socialmente estratificada, e sujeitas às necessidades de uma corte que estava se tornando cada vez mais estrangeira em tom e estilo.”
Nos últimos tempos, muitos de seus inimigos foram aparecendo e ficando cada vez mais ameaçadores. O efraimita Jeroboão encontra-se com o profeta Aías, e ouve a profecia de que receberia dez das tribos de Israel para ser rei, pois Deus estava irado com Salomão pelos pecados cometidos.
Cumpridos 40 anos de reinado, morre Salomão, e tem como sucessor seu filho Roboão. Após, ocorre o cisma nas Tribos de Israel, que originou o Reino de Judá (formado de duas tribos) e o Reino de Israel (formado de 10 tribos). Judá ao sul e Israel ao norte.

CONCLUSÃO
A civilização ocidental vem confiando na Bíblia há dois milênios, como fonte de informação histórica. Foi o primeiro livro impresso por Gutenberg, e muitos aprenderam a ler e a escrever em outros tempos com o propósito único de estudarem a Bíblia. Sem dúvida, era aceita a sua infalibilidade, pois, era a Palavra de Deus.
As referências a Salomão na Bíblia, das quais pudemos ver uma amostra, são muitas, e constam no Velho e no Novo Testamento, e não há como negar que Salomão deixou um legado. Errou por vezes, mas, seus feitos são bem maiores, com certeza.
Coube a ele uma tarefa gigantesca, o da construção do Templo de Jerusalém, da qual ele fez o empreendimento maior da sua vida e ao qual ele foi dedicado do primeiro ao último instante no cumprimento da ordem dada diretamente por Deus ao seu pai Davi.
Há uma carência de provas arqueológicas, de documentos, e isso é inegável, além de que não podemos ser cegos e surdos para outras opiniões ou teorias que vem sendo construídas. Os tempos são outros. Hoje em dia, parece que tudo pode ser contestado. Num primeiro momento, não sabemos o que pensar ou que conclusões tirarmos com tantas teorias ou informações novas que surgem. Mas, eu acho que no mínimo elas merecem ser lidas, claro que, não sem antes dar uma passada de olhos pelo currículo do autor. Como exemplo, vejamos as revelações que o escritor e pesquisador Lon Milo Duquette em seu livro já citado anteriormente, fez:
“Para muita gente, pode ser difícil acreditar, mas não há nenhuma evidência arqueológica que ofereça o mais leve indício de que Davi, Salomão ou os reinos dourados de Israel de fato existiram. Nenhuma menção ao nome de Davi foi encontrada na enorme quantidade de inscrições mantidas pelos egípcios e pelos assírios, que sobrevivem até hoje, ou das nações vizinhas, que foram supostamente derrotadas em batalha e que pagaram durante anos pesados tributos a Salomão; nenhum artefato grande ou pequeno desse poderoso exército israelita; nenhum objeto artístico; nenhuma carta endereçada a Davi ou a Salomão ou escrita por um deles, nenhuma menção a eles na correspondência dos reinos vizinhos.
Outra ausência notável é a de qualquer anotação a respeito de sete anos de impostos e taxas referentes ao trabalho de 183.000 trabalhadores como sugere a Bíblia, recrutados localmente e em países estrangeiros – documentos que deveriam certamente ser encontrados em abundância entre os registros remanescentes daquela época.
Considerando que a Terra Santa é uma área do mundo onde há séculos são feitas escavações que já revelaram milhares de artefatos que atestam a existência e estabelecem a cronologia de acontecimentos de culturas antigas, até mesmo pré-históricas, não é quase inconcebível que reinos tão celebrados e governantes tão poderosos como Davi e Salomão permaneçam completamente invisíveis para a exploração arqueológica? (...) Estou só apresentando um fato que qualquer pessoa objetiva, disposta a fazer uma pesquisa honesta descobrirá sozinha, ou seja, depois de séculos de escavações e pesquisas imparciais, não há até agora nenhuma evidência concreta que sugira que o Rei Salomão ou o seu magnífico templo em Jerusalém tenham sequer existido.”
Evidentemente há muitas questões em aberto. Assim como, há seguidores dos relatos bíblicos ao pé da letra e seguidores de métodos científicos modernos que são aplicados para determinar a veracidade de informações que estão lá nessa mesma Bíblia. Aliás, que nem sempre podem ou conseguem obter um resultado positivo. O positivo aqui seria a favor da Bíblia. Quem sabe o tempo nos reserve muitas das respostas que buscamos. Se as areias do deserto podem esconder cidades inteiras, certamente resta muito ainda por descobrir naquelas regiões.
De qualquer forma, Salomão foi um homem e como tal, com suas virtudes e seus defeitos, isso fica patente creio.
Salomão é reconhecido pelo mundo afora, e o seu nome é respeitado em muitas escolas de mistério. Nos lugares mais distantes, e até mos mais exóticos, pois, sabe-se que diversos cumes de montanhas são chamados de “Takt-i-Suleiman”, trono de Salomão.
Quando Deus apareceu-lhe em seu sono para perguntar-lhe o que desejaria ter, e Salomão respondeu-lhe que era a sabedoria, o seu pedido foi motivo de alegria para o bom Deus que lhe deu muito mais: riquezas, glória e prosperidade.
O Irmão e pesquisador Mário Name, escreveu um livro que se chamou “O Templo de Salomão nos Mistérios da Maçonaria‟,. Na pág. 148 ele diz:
“Apesar de suas falhas Salomão foi consagrado pela história como grande juiz, governante sagaz e pensador. Os analistas bíblicos atribuem a ele uma profusão de lendas, provérbios, salmos, canções e encantamento mágico. Ninguém pode negar que Salomão consolidou a monarquia, mas o excesso de poder econômico fez com que houvesse negligência em outros setores. A glória do Estado fora mais importante que as considerações com o homem isoladamente. A humanidade, de maneira geral, e a Maçonaria, em particular, tomaram Salomão como exemplo de sabedoria e de grande pacificador, o que, na verdade, não corresponde à realidade histórica. Entretanto, projetou seu nome através da história pela construção de um suntuoso Templo no monte Moriá, que serviria de modelo para a construção de quase todos os templos religiosos e iniciáticos através dos tempos e que chegou até nossos dias, com a mesma força mística que exerceu sobre o povo há três mil anos.”
Jesus, referindo-se a si mesmo, disse que: “alguém maior do que Salomão está aqui”! (Mat. 12.42)
Isso serve para ensinar-nos que, a verdadeira grandeza deve ser medida por padrões espirituais, e não materiais.
Fontes Bibliográficas:

Internet:
“A Vida de Salomão” artigo de Wagner Ricardo Jann – disponível em: www.teofilos.net/Material/A_Vida_de_Salomão.pdf
“Salomão” e “As Minas de Salomão” – disponíveis em: pt.wikipedia.org/wiki/As_Minas_de_Salomão
“As Minas do Rei Salomão: Mito ou Verdade?” – artigo de Rejane Borges – disponível em: obviousmag.org/.../as_minas_do_ rei_Salomao_mito_ou_verdade.html
Revistas:
“O Pesquisador Maçônico” nº 10 – “Salomão” artigo do Irmão Gilson Nascimento da Silva
“Universo Maçônico”, nº 4 – 2008 – “Salomão, Estórias, Mitos e Lendas” - Artigo de autoria do Irmão José Laércio do Egito
Livros:
ASLAN, Nicola. “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia” – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 2012
CALVOCORESSI, Peter. “Quem é Quem na Bíblia” – José Olympio Edidtora 1987
DUQUETTE, Lon Milo. “A Chave de Salomão” – Editora Pensamento – 2006
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. “Dicionário de Maçonaria” – Editora Pensamento
GIRARDI, João Ivo. “Do Meio-Dia à Meia-Noite Vade-Mécum Maçônico” – Nova letra Gráfica e editora Ltda. 2008
GREER, John Michael. “Dicionário Enciclopédico do Pensamento Esotérico Ocidental” - Editora Pensamento 2012
GROSS, David C. “Jewish First Names” – Hippocrene Books, INC. – New York, USA. 1999
MARQUES, Leonardo Arantes & COUTINHO, Emilia Aparecida dos Santos. “Compêndio de Religiões e Espiritualidades” - Ícone Editora 2010
NAME, Mário. “O Templo de Salomão nos Mistérios da Maçonaria” – Editora “A Gazeta Maçônica” 1988
SCHEINDLIN, Raymond P. “História Ilustrada do Povo Judeu” – Ediouro - 2002

Fonte: JBNews




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